quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PIO VARGAS (1964-1991) - O METEORO DA POESIA INSUBMISSA

(Por Diego EL Khouri)

deve haver uma forma
de concluir sem finalizar
PIO VARGAS



Pio Vargas atravessou as galerias intransponíveis da arte para fazer de sua vida uma experiência poética única. Vindo de uma cidade do interior de Goiás chamada Iporá, esse poeta dispertou na cidade uma euforia cultural com seus inúmeros projetos e  sua sede intensa de fazer barulho. Levando uma experiência completamente boêmia em Goiania, fequentando bares, clubes, promovendo eventos, recitais,  festivais de música e semanas culturais pelo interior de Goiás, esse bardo bêbado-iluminado deixou seu nome cravado na história da arte nacional. Morto aos 26 anos de idade de overdose de cocaína, esse poeta maldito deixou uma obra de  qualidade ímpar. Obra que impressionou inclusive Leminski: Pio Vargas tem um “eu” coletivo tão forte que chego a vê-lo muitos. De sua poesia consigo extrair a certeza do que digo, insistente: há uma geração recente que usa e abusa da modernidade, fazendo dela o principal elemento a interferir na criação.  Este Pio Vargas me trouxe uma poesia fascinante que não se atrela a falsos modelos de invenção, mas flutua, inventiva, com os mais amplos e possíveis signos do fazer poético.”

Para deleite dos leitores, aí segue-se alguns de seus versos:

SUCESSÃO

Depois que eu voltar
de dentro das molduras
apago os meus retratos
invento outras figuras

convoco os meus fantasmas
convido mil demônios
e dou posse a todos eles
no governo dos neurônios.


ODE ANALGÉSIVA

I

a pátria é o embaixo das roupas.

é lá que dói e se desfazem
as linhas mínimas do ventre
o lacre avesso do silêncio
e o destino de selo intêmpere.

é lá o magazine de medos
onde quem sabe há calado
na caricatura de seus becos
ou no domicílio de seus fados.





II

eu não sei o que floresce
no abandono das pedras
e não me ocorre saber
que objetos compõem
as neuronias vitrines
da dor e suas glebas.

há mais de sabor
em não saber
e mais de ardor
em não urdir
o que vai pelas covas
do promontório,
o que fica de espanto
nesse alento provisório.

não me ocorre o que fenece
nestes dias rotundos.
o possível deus que me parece
é outro — a réplica do fundo.
         ao milagre de ser vário,
         o abismo : albergue estacionário.


Poema 999 (ou: concepção tumular pra que ninguém alegue ignorância):

Quando eu morrer
escrevam no meu túmulo:
aqui dorme pio
que era poeta nas horas vagas.
O que distanciou de tudo
pra continuar mudo
com suas amarras

Aqui dorme alguém
que era de todos
e pertenceu a ninguém
que imaginava muito
mas só tinha um corpo
que casualmente se tem
que fazia poemas
só para esquecer os dilemas
do que era um e quis ser cem.

Pensando bem
escrevam mais:
aqui dorme pio
o que em sendo um
foi quase mil.



O fogo nas vísceras

I

pode haver o momento
de transportar o súbito fogo
sem haver a ruptura
de gesto e culpa,
flancos do mesmo jogo.

o tédio se derrama
em todas as direções
e como flagelo
é incenso nos sentidos
ou fragmento de opções?
pode haver
o súbito fogo
em sendo mero silêncio.
O tédio é bélico:
Ogiava de alvo pênsil.

II

o que pode haver
de humano no sentimento
senão a inquietação?
todo o resto
é crochê de desejo
desenhando caminhos
na hipótese da emoção.

(...)

se o flagrante
é uma colisão de evidências
pode haver o momento
de transportar o súbito fogo
no porão de fugas pensas.

III

o fogo e o tédio
são produtos sem mídia,
salvo suas cores
pródigas e ingênuas
no painel de dores tíbias.

pode haver o momento
de palavras ajustáveis
em cada frase,

o momento de sombras
em transparente corpoquase
sem que isto denuncie
ruptura de gesto e culpa,
extremos de mesma base.

IV

cada um se mata
o suficiente
para continuar vivo.

cada um possui
a duopção de fogo e tédio,
esses alheios do alívio.

contudo,
na dor e seu compêndio,
resta saber
quem existirá depois do incêncio.

ANALEPSIA DO ABISMO

I

enterro vivo meu gesto.

até aqui trouxe dias e palavras
         como signos ambíguos
         débeis mapas
         argumentos evasivos
         o resumo inconcluso
do que julguei abismo
                   e superfície.

habita o âmago
no mais raso da face:
         por isso trago à tona,
         elo de sangue e aspereza,
         a pugna de meus retratos
                   atônitos.

II

mantenho obtuso meu traço.

a memória constrói
espúmeos fantasmas
com os quais divirto
o inverno de meu plasma.

esse cotidiano agrário
foi o que sobrou como futuro
o meu sangue sem calvário
regando vales no escuro.

III

interno e vasto é meu grito.

até aqui trouxe dois olhos
e a visão cíclope dos pesadelos
como quem espalhou lâmina e dilúvio
para envenenar
o próprio espelho
ou se ferir em gumes turvos.

viver é um risco
na ordem dos calendários.

por isso abrigo incerto mangue,
condomínio de alheios viventes,
para manter a humanidade mesma
nos outros eus mais diferentes.

IV

mantenho obscura entrega.
pouco importa
um punhado de vales
para o adejo da carne.

é bem outra
a personagem que me assombra:
         a dor em vestes dúbias
         no endereço noturno
         da face plúmbea.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

SUA VULVA MOLHADA

(Por Diego EL Khouri)

Línguas travadas
te chupo a alma embriagada
em pelos úmidos de orgasmo.

Estás excitada com a  boca no falo
e nem por isso bebes o pecado.

Amantes do insondável
nos lambemos numa loucura sem tamanho
jóias de um elemento novo
nas Tuas costas te arranho.

A minha porra está presa
como nunca esteve antes
é uma teimosia desse deus
preso num inferno de Dante.

Cagando e andando
pelo espaço que se perdeu
eu sou meu deus

espécie de anjo embriagado
com a mão no caralho

chupando sua bela vulva cabeluda
numa obsessão freudiana de tarado.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

POR MIM, PELO MUNDO, PELO SER HUMANO

( Por Eduardo Marinho)






          Quando fui exilado da família, como traidor, passei a considerar minha família a humanidade inteira. E, vivendo entre os mais pobres, mais discriminados, mais maltratados da sociedade, durante muitos anos, passei a questionar essa estrutura social que deixa tantos dos meus parentes em situações tão injustas, de ignorância, miséria e pobreza, de exclusão, discriminação e preconceitos, desrespeito, humilhação e violência.
          Como se permite tanta fragilidade sem proteção? Como se maltrata os períodos mais frágeis da vida, a infância e a velhice? Como ficar indiferente diante de tanto horror e barbárie? Como podemos, nós todos, como grupo humano, aceitar conviver com esses absurdos, sem questionar as causas?
          Não posso respeitar uma sociedade que não respeita a minha humanidade, que produz seu próprio câncer e usufrui dele, com avidez vampiresca. Não posso assimilar, nem compartilhar dos seus valores, que se desmoronam à primeira análise.
          O produtivismo europeu deliberou e implantou o consumismo, através de técnicas de publicidade e propaganda. O consumo e a posse foram transformados em valores sociais máximos. A miséria é encarada como uma lástima inevitável e inexplicável – pois é uma necessidade desse sistema perverso. A propriedade é símbolo de valor pessoal. Honestidade, solidariedade, lealdade, compaixão, afetividade são qualidades para serem hasteadas em bandeiras, formando um cenário de aparências, sem relação real com as práticas cotidianas. Deus é prisioneiro das igrejas.
          O império estadunidense é o discípulo que superou o mestre – claro que se aproveitou de um momento de fraqueza, quando o mestre estava estropiado de tanta porrada que tomou, na 2ª guerra mundial. E, ainda assim, precisa da sua aliança contra os povos do mundo, em busca das riquezas dos seus territórios. São os impérios do norte.
          Com suas mega empresas transnacionais, industriais e financeiras, e seu poderio econômico e militar irresistível, interferem nos poderes locais. Infiltram-se em todas as áreas estratégicas dos países, através de elites locais cooptadas e regiamente recompensadas. Sabotam todos os investimentos nas populações, chamando-os de “custo social”. Tomam as comunicações através da mídia privada, criminalizam todos os movimentos em defesa dos interesses dos povos e constroem valores de consumo, valores culturais e objetivos de vida, com o massacre midiático. Seus representantes, defensores e servidores locais nutrem um ostensivo desprezo por seus compatriotas e uma subalternidade igualmente ostensiva pelos senhores estrangeiros.
          Colocar-se contra a corrente é despertar contra si a estranheza e a discriminação. É ser qualificado de louco ou nocivo, ser banido e evitado. É sofrer o assédio das tentativas de recondução, é ser suspeito de psicopatia ou influência demoníaca. Colocar-se a favor é trair os mais fragilizados, é abrir mão da própria dignidade, ganhar em matéria e perder em espírito, em sentimento e moral, é escolher uma vida suja e sem sentido, fantasiada de ostentação, desperdício e falsa superioridade. Como os cães em grupo, sabe-se pra que lado se arreganha os dentes e pra qual se abana o rabo e se dobra a coluna.
          As opções estão postas. Eu me recuso a participar de grupos favorecidos com essa estrutura, tenho vergonha de ostentação, não gosto de lugares com seguranças e tenho nojo das salas VIP. Não estou aqui pra curtir a vida, estou pra ser curtido por ela.
          E que ninguém pense que condeno os usufrutuários dos benefícios em que se transformaram os direitos tomados da maioria. Os sentimentos de superioridade, a arrogância grosseira e o usufruto excessivo cobram seu preço ali na frente, no corpo afetivo-emocional, na insatisfação permanente, nos incômodos de consciência reprimidos, em angústias sem explicação aparente. Estes beneficiários existem porque a estrutura assim o permite. Mas quem sustenta os poderosos são os subalternos, os explorados. A submissão permite a opressão. Se os explorados não colaborassem com os exploradores, a exploração desapareceria.
          Por isso a mídia se esforça tanto pra desagregar os movimentos, distorcer a realidade, gritar contra qualquer mudança que favoreça o povo. Pra que não se tome consciência da realidade, pra que se mantenha o poder econômico no comando do mundo e das sociedades, pra que se mantenha a barbárie contra a maioria.
          Como impedir mudanças, porém, se tudo muda, até os minerais? Os avanços ocorrem em movimentos ondulatórios e sem controle, embora haja interferências sutis e violentas, diretas ou indiretas, para a contenção. Temos exemplos disso, na América Latina. Enquanto a mídia vocifera, histérica, os processos caminham com suas próprias pernas. Não desanimemos, todos os que trabalhamos por essas mudanças tão necessárias na formação da mentalidade, da sociedade e da própria humanidade.
          Não sei quando a sociedade se tornará mais humana e solidária. Não sei quando se tornará inadmissível um ser humano em condição de miséria, se daqui a dez, duzentos, quinhentos ou mil anos. Sei que trabalho nesta direção, desenvolvendo valores que considero humanos a partir de dentro de mim mesmo e, só daí, para o mundo – pois creio que, se você não vive profunda e sinceramente aquilo que você acha que todos deveriam (embora sem cobrar de ninguém), seu ser perde a força da sinceridade e o trabalho perde alcance - não em número, mas em profundidade.
          Não trabalho para ver os resultados. Trabalho pra dar valor à minha vida. Por mim, pelo mundo e pela minha família humana.

                                                                                                  

terça-feira, 22 de novembro de 2011

PAREDES

(Por Diego EL Khouri)

As

                                                 paredes
                     me
                               sufocam
         me

             prendem
tolhem

meus
           membros
me

            deixam
                               desatento

                                                cego
              sem
              voz
              sem
              fome
               sem
             sede
                          o
                                  corpo
                                   dói
          a
       pele
       vibra
o
pinto
cai
                                 a
 morte
come

                                                       o
                                                               desejo
                                                                     some

                a
             forma
                  toma

                                                         explode
                                                                               corta
                                                                               estupra
                                                       engole
                      prende

              cessa
               o
                  ar

                                  naufraga

                                        a
                                            
                                             voz
me
deixa
disforme
inquieto
sem
 sossego
sem
 lei
nem
deus
                        o diabo

                                                  ao lado
 coração
apertado

                                        to

                                                             morrendo
eu sei
vivo
da
                angústia

que sei,

             não sei
acabei
de
 ver

                                                                  os
                                                  olhos

                                                                 são
                                 belos

                                           como

                   fome

                                         passageira

seu
 destino
                                                         cristo

                                                                         desalento
voragem noite e vida

               estou morrendo

                                                       sem

                                                                amor

                                                                                                                       sem

                                                                                            paz

                                                                 sem
                                                   sonho

                                                sem

                                           nada.

                                                                      Alguém irá me arrancar a voz?

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ας γίνει έτσι, αμήν.

(Por Diego EL Khouri)
 

     Na língua encontro

mil chagas
                          mesmo nesse retrato bem gasto

política é pura sacanagem
inóspito campo não habitável
mistura de vulva, delírio e caralho
é a poesia que nessas linhas retrato
chiste rimbaudiano
clemência socialista
azedume schopenhaueriano
concretismo cheio disso e daquilo
viagem vanguardista
       no
 cume
 do           fígado
fragmentações xamânicas
dharma todo errado bodisatva embriagado
bagulho, prisão, tortura e pecado
a perversão dentro de uma visão imaculada
paródia baudelariana beatniks tique tiques fetiches achortes pirâmides cortes pranto partos espanto
siririca dominical propulsão clássica hermetismo dislexo
plágio sem dó nem piedade (!!)
galinha sem canto nas asas da noite.

 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

LSD - MATÉRIA TEMPO

(Por Diego El Khouri)




Tempo & espaço -
no olho de deus
a matéria é tempo
evolução
através do concreto


Tempo e espaço
no ventre do rei


matéria & tempo
na flor que roubei


amor Imaculado
                          chapado
na sabedoria exorcizada
bagos apertados


voo rasante de rapina


há um tempo em que a dor
e o Amor
se fundem


aí é matéria de deus
homens que residem na morada
sua casa
I Ching tarô ayhuasca misticismo


o universo dentro do umbigo


LSD na porta do céu


droga não é recreação
é realidade dentro da alucinação


cogumelos nas sombras da noite
o vulgar passa dentro na fábrica
no escritório sem barba


amar seu olho em êxtase
-- cabelos de fogo


corpos em volúpia
se transmutando em um só
os dentes na
pele


orgasmos múltiplos
na estrada da noite

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

ALIMENTOS: ESTAMOS INFORMADOS SOBRE O QUE É REALMENTE IMPORTANTE?

Por: Winter Bastos


Nunca vejo televisão. As pessoas me dizem que, procedendo assim, ficarei desinformado sobre coisas importantes. Prefiro não argumentar muito e simplesmente sigo na minha opção de boicotar a TV.

Mas o fato é que todos esses "vedores de TV" não me parecem tão informados assim. Quando estou no supermercado, por exemplo, sempre puxo papo com alguém que esteja perto dos vidros de óleo de soja. Escolho uma embalagem de óleo e mostro para pessoa, perguntando se ela sabe o que significa um pequeno triângulo amarelo estampado no rótulo. Até hoje ninguém soube me responder o que sinaliza tal selo amarelo com a letra T maiúscula.

E você, caro leitor, sabe o que significa esse sinal?

Significa que o alimento contem material transgênico. O fabricante não quer que você saiba disso, nem as "informativas" emissoras de TV, patrocinadas pelos monstros do agronegócio.

Depois de muita luta, movimentos ecológicos conseguiram pressionar o governo e, hoje, os empresários são obrigados a imprimir nos rótulos tal símbolo padrão. Este, por imposição legal, tem de ser usado nas embalagens de produtos transgênicos destinados ao consumo humano e animal.


Foi árdua a luta para conquistar a obrigatoriedade do selo. Lembro que ativistas, munidos de adesivos, se organizavam e entravam em supermercados grudando o triângulo nos produtos transgênicos. Enfrentavam seguranças do mercado e até a polícia. "Não estamos destruindo nada, apenas informando a população", diziam enquanto continuavam a colar o adesivo nos produtos transgênicos. Eram levados para a delegacia, mas sempre se voltava para a mesma louvável ação direta em favor do selo.

Hoje o selo é obrigatório. Mas pouquíssimos sabem o que ele significa. Que tal você reproduzir este texto e informar outras pessoas? Ou então escreva seu próprio texto, que tal? Você pode até incluir informações sobre o que são transgênicos. Vá lá. Pesquise. Você mesmo pode fazer, não precisa de mim para isso. Só não acho que seria boa ideia buscar informações sobre transgênicos na televisão... Bem, você que sabe.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

LIQUIDIFICADOR ASTRAL

(Por Diego El Khouri)

Liquidificador astral

dentro

                                                                        do abismo

                    paredes facetadas

entre elas minha alma esquartejada

                          xingada

vilipendiada

estuprada

na esquina de baixo

            caralhos

apertados no assoalho

ele ali esbelto, calvo, depilado me enfia a faca prateada

 com o luar belo com sua cor azul iluminada

misturadas num verde pardo

                                       paredes facetadas

eu não enxergo mais nada

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

                                                             MORRI POIS BEM

ninguém percebeu meu fim

o estupro de meu sangue irmã de meu gênio
longe da minha essência
é culpa das lágrimas que chorei
e do pranto que amarguei
fibromialgia da  mãe que assassinei
a punheta em noites sedentárias ao meu lado
titia fanfarreira psicopata
enfia o dedo na buceta do pecado

perseguições atrás de meu rabo

                                     "deitado eternamente em berço esplêndido"

com várias agulhas pontiagudas
as paredes se fechando
meu olhar me levando
me puxando me tragando me sugando
um último fumo

                                                              ó Mary Jane
                                                          me ame me seduz

           pois esse puz que colocaram
             é a grade que me mata

eis me aqui nu e sem graça
de pinto murcho e desanimado
perante espelhos quebrados
meu pinto murcho é minha alma
que retrata meu lado retardado
essa alma embriagada
ela me leva ao passado
e me cospe na madrugada
nesse espelho petrificado
de um sonho imaculado

fraticidas ilusões

                                                 vou-me embora pra longe
sinto-me vago

derrotado.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

REVOLUCIONÁRIA VOLTAGEM MARXISTA VI

(Por Diego EL Khouri)
Obs: fiz esse desenho em 2008,
                                                                              técnica: lápis aquarela  
                     
                 Te aperto contra meu peito
           numa madrugada de desespero
     sou seu poeta sem freio
na melancolia do desejo.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

JÓIAS DO TEMPO

(Por Diego El Khouri)

Me            despeço

de

              teu peito,

                                                     anjo das ilusões tardias.


             seus olhos
:madrugada soturna do sonho fingido


ao limite do tempo me fixei na imagem real
do palhaço burro e retardado que sou

grávido do espírito santo

          as
               multi
    cores
                   da

             dor bandida

                   são reais

aos anais da história vai a poesia de lambuja
chupando caralhos
numa tarde infinda

                            olhos 3 D
viagem lisérgica


sou

 todo amor

              quando sinto
seu

calor

             ao lado dessa cama

 imaculada
                                 pastos de cinza
voragens

                suicidas

da saia que abaixa e o dia que sobe

                                                   QUERO ANTES REVOLUÇÃO!!!

Revolução

                        
             :
                      meu lar

petrifica o vazio
             moldando-o em doses garrafais
de um elemento quadrado
que se encontra no interior da mata
na sua mata verde de cannabis

um anjo bateu à porta

sou eu nu sacudindo as jóias
que fizeram de seu orgasmo tempo perdido

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

REVOLUCIONÁRIA VOLTAGEM MARXISTA V

A KELLY CRISTINA GONÇALVES

(Por Diego EL Khouri)

Seios e olhos na janela da noite
sou seu poeta das eternas horas
o bardo insubmisso sem nenhuma ordem
mergulhado em infinitos cortes.

Vejo pelas grades dos olhos
toda sua alma
que é brasa - chama viva -  desordem

sou seu poeta das últimas horas.

De olhos fechados vejo virtudes
que em seu peito arrebenta
sinto, como quem investiga, os contornos de suas idéias
e a forma como pensa e deixa transparecer.

Você faz da poesia
um mergulho divino

é a paisagem bela
que vive alheia ao abismo.

É vida e luta
no campo marxista.

É o coração febril
abraçado num céu de anil.

Te ver é te sentir
o
         infinito

                     é
         assim

nos seus olhos de marfim
em cima de uma cama de cetim

                o desejo é
 assim
uma abóboda de cristal
envolta em nuvens densas sem fim.

Te sentir à distância
é a presença pulsante
numa garrafa sublime de cânticos.