quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Outsider da galáxia de parnaso atravessando o século

 


por: diego el khouri


nasci ruínas. outsider da galáxia de parnaso. sempre estive pisando no chão da classe operária. em alguns momentos vagabundo do dharma a lá jack kerouac, em outros bukowski bêbado perdido na noite solitária dos viciados. vivi em mim todos os diegos possíveis, todos os cantos de morte, todos os gritos de prazer, todas as fomes do amor — de maldito imoral decadente ao trabalhador questionador desse capitalismo vil e inescrupuloso, até o artista incompreendido que causa burburinhos e lendas que muitas vezes nem compactuam com a realidade. ácido. língua-veneno. língua-fogo. língua-porrada. flâmulas flamejantes de intensidade selvagem. sensibilidade emancipadora. guilhotina. o ponto e a vírgula onde não se encaixam. sintaxe troncha. dor no estômago. gastrite. Fumo e cerveja. a noite fria transitando no calor dos corpos. cada dia mais isolado. pau na buceta. cheiro. gozo. palavras. voltar sozinho pra casa. ligar o chuveiro e não dizer mais nada.





Título: Blasfemo nr. 2
Editor: Diego El Khouri
Formato: 14 x 21 cm
Páginas: 12
Arte da Capa: Diego El Khouri
Gênero: Zine
Ano: 2022

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Diego El Khouri é premiado na categoria MELHOR FANZINE GOIANO no "I Prêmio Nacional de Fanzines e Artezines" realizado durante o IV Festival de Artes Ciberpajelanças / Editora Merda na Mão ocupando os espaços

 Por: Diego El Khouri




A arte sempre fez parte de minha existência. Muito cedo eu já sabia quem eu era e o que queria nessa vida. O primeiro livro que escrevi aos 8 anos de idade (uma obra com mais de 100 páginas ) já trazia um texto complexo, um linguajar vasto e que encerrava na história uma moral filosófica  e profunda. Claro que essa estranheza me trouxe inúmeros problemas familiares. Ser diferente é um preço alto que se paga nessa sociedade careta e reacionária. Vivi 1000 vidas em uma só, inúmeras situações nessa jornada louca do poeta errante. Mergulhei na adolescência no punk (não sou mais punk porque não sou museu mas o "faça você mesmo e a transgressão comportamental do estilo ainda permeiam meus passos e a Editora Merda na Mão, veículo de publicação independente criada com o grande escritor e irmão Fabio da Silva Barbosa, trás fortemente esses elementos contestadores). 


A vida como obra de arte, a estética paradoxal (do idílico ao torpe), me levou a vivenciar situações surreais mais loucas que qualquer biografia de artista maldito que se vê por aí: sexo desenfreado, drogas diversas , leituras obsessivas (cheguei a ler um livro por dia em longo período), viagens, exposições de pinturas, eventos poéticos, bares sujos, loucuras, transcendências... Tudo... Praticamente tudo que fiz na vida foi na busca de ter mais ferramentas para a criação. Realmente  poderia aqui relatar algumas passagens  de minha jornada nesse planetinha louco, mas quero me concentrar em um importante prêmio que fui contemplado esse final do ano de 2023.


Tive a honra de ser premiado no "I Prêmio Nacional  de Fanzines e Artezines" que ocorreu durante o IV FESTIVAL NACIONAL DE ARTES CIBERPAJELANÇA  na categoria  MELHOR FANZINE GOIANO com o zine FALA AÊ , PORRA!!! nr. 2 lançado pela lisérgica punk EDITORA MERDA - um evento organizado pelo grupo de pesquisas Criaciber realizado na Faculdade de Artes Visuais na Universidade Federal de Goiás e tendo como orientador o grande artista multimídia Edgar Franco, conhecido também como  Ciberpajé. Pra mim foi uma imensa satisfação receber tal reconhecimento, ainda mais nesse momento singular e complicado no qual estou atravessando. Esse grupo  apresentou 1 ano de pesquisa desenvolvido na universidade e o tema desse ano foi Arte transmidiática contra o binarismo anticósmico. 




Ao receber esse prêmio (que muito me emocionou) fiz um discurso inflamado contando resumidamente a história da Editora Merda na Mão, sobre essa ceninha tosca e careta de Goiânia e valorizando as exceções do caminho. Foi Phoda receber esse puta reconhecimento, ainda mais na semana que uma escritora da UBE (União Brasileira dos Escritores) disse que nosso trabalho não ia ser respeitado nunca e que parecia papo de "revoltadinho". Revoltadinho o caralho!!! É revoltadaço!! Mas avisem essa senhora que eu não inventei a subversão e temos conexões com a cena undeground transgressiva/underground do mundo como, por exemplo,  Seborreia Recife  aqui do Brasil ou a Murder Records da Holanda. A intenção é também  ser indigesto, porém o que mais  me impressiona é a falta de conhecimento histórico dessa galera com diploma e acesso a cultura. Pior ainda quando utilizam exemplos citando nomes como o  bardo Paulo Leminsk usando o poeta como exemplo de rebeldia bonitinha e comporta... com esse tipo de afirmação revelam ainda mais a falta de conhecimento. 

Preguiça  ou meramente preconceito? 



Não seremos nunca respeitados? Somos arte de combate e não buscamos tapinhas nas costas e nem aplauso da plateia. Estamos  fora de qualquer modinha! Nosso bagulho é outra coisa! É a clandestinidade, o desbunde, a imoralidade, o ódio aos senhores. Cuspir no sacrário, esquartejar a palavra, vomitar na cara sem graça da caretice... Porém,  mesmo tendo essa postura de enfrentamento fomos estudados em uma disciplina da  Faculdade de Letras de São Carlos (SP), dois  projetos de TCC , tese de mestrado, além de acervo em biblioteca federal, projeto pedagógico em escola pública  do Mato Grosso, etc. etc. etc.. É muita coisa e não vou me atentar agora nesses relatos. Aqui no blog e em todas as redes anti sociais estão todas as ações já desenvolvidas pela EMNM. 


Se quiser conhecer você que adentre esse labirinto!!



Foi louco perceber nesse evento que tinha uma galera de outros estados que conhecia o nosso trabalho. A ideia é essa mesmo: espalhar arte,  ocupar os espaços, dar um chute na bunda dos vermes. O mais phoda  foi ver uma galera de  apenas 18 anos de idade que foi ao evento porque curte  pra caralho o trampo da lisérgica  punk Editora Merda na Mão.


Temos essa ideia de enfrentamento e choque. O nome da editora já diz muito pra que viemos. Arte indigesta e ingovernável. Eu e Fabio estamos em dois grandes polos reacionários: Goiás e Rio Grande do Sul. Isso é bem simbólico. Críticas são bem vindas, mas já ouvi aqui nesse estado coronelista e moralista muito argumento  bizarro: que os palavrões e gírias que eu falo nos vídeos atrai os espíritos das trevas e isso afasta o  público, que nunca vamos estar  na modinha (hahahhahhahaha), que a editora contribui  com o fortalecimento do bolsonarismo porque é o momento de fazer arte fofinha e goodvibe para não acender a fúria ainda mais dos fascistas, que nunca vamos comprar um carrão com essa editora (povo viaja demais ) e  se nenhum autor que a gente publica não está ganhando muito  dinheiro está errado (publicamos geral sem cobrar nada)... Por incrível que pareça são comentários que ouvi aqui em Goiânia... Não precisa gostar, mas tenho preguiça de argumento burro...

Irônico: o zine FALA AÊ PORRA nr. 2 (a capa é uma xilogravura que fiz  no ateliê de gravura da  Faculdade de Artes Visuais na UFG, obra essa que é uma releitura de uma pintura minha, óleo sobre tela, da série Clown)  em uma das páginas trás essa crítica ácida e pesada que tenho com a hegemônica cena goiana:


Trecho do zine Fala Aê Porra!!! nr. 2


Capa do zine zine Fala Aê Porra!!! nr. 2

Título: Fala "Aê", Porra!!
Editor: Diego El Khouri
Formato: 14X21 cm
Páginas: 24
Arte da capa: Diego El Khouri



Título: Clown reflexivo Técnica: óleo sobre tela Dimensões: 100 x 80 cm Artista: Diego El Khouri










Espaço Ruptura Cultural




























* Quadrinhos que a EMNM ganhou do artista Alian


*Zines que a EMNM recebeu do zineiro e pesquisador Gazy Andraus







domingo, 29 de outubro de 2023

Artistas do infinito dialogando através de versos carregados de intensidade e hemoglobina

 Por: Diego El Khouri


Eu escrevi o texto Tesão simplesmente tesão por volta do ano de 2005. Eu tinha 19 anos de idade na época. Foi o texto que de minha autoria e que mais repercutiu nas diversas mídias: sites, blogs, revistas, jornais, livros e zines. Recebi também muito feedback através de mensagens  ao longo do tempo. 


Há poucos dias tive a grata surpresa (e imensa alegria) da  múltipla artista (escritora, agitadora cultural, DJ, etc.) Aline Pedrosa de Lima, também conhecida como Poetisa Punk, de Niterói (RJ), escrever um poema inspirado nesse meu texto que mencionei acima. É essas coisas que para mim são jatos de ânimo para continuar no labiríntico caminho das artes. Fiquei realmente em êxtase com a verve poética da Aline e também a forma como minha arte inspirou dessa maneira uma artista tão admirável. 


Gratidão, baby!


querida ativista das artes!



Abaixo meu texto seguido do poema dessa guerreira underground:


TESÃO, SIMPLESMENTE TESÃO...


(Por Diego El Khouri)


Primeiro é o beijo. A língua enrolada na outra. Depois as mãos unidas acariciando seios, lambuzando corpos, descortinando sexos.
Em seguida é a nuca seca pronta pra mordida e a mordida desenhando marcas bem no pescoço, próximo da face.

Depois é um tapa, um após o outro. A contração dos músculos; em posição a libido. O fogo e a brasa. O delírio e o orgasmo.
A música sendo ditada pelo ritmo dos corpos na cama, os gemidos - as trocas de carinho,
a eterna sinfonia dos amantes.
O vem e vai de almas e corpos desprendendo do âmago (numa violência quase suicida) um líquido que vomita agonia.
Olhos e quadris, prontos para o desejo.
Beijo e carinho: o sereno... estrelas, a noite, o luar, o brilho da manhã,
o desejo e o orgasmo.
Eu e você. Você e eu. Eu e você. Entrelaçados para sempre. Para sempre unidos. Para sempre sozinhos... para sempre...
Para sempre com você... eternamente só...
(...)












terça-feira, 24 de outubro de 2023

Nessa terça, 21:30, na Rádio Rota 220, o último programa Aleluia Nunca Mais estará indo ao ar


 


Parece que foi ontem que Fabio da Silva Barbosa e Flávia Iká estavam planejando mais este atentado da Editora Merda na Mão. A ideia apresentada a Diego El Khouri e abraçada de imediato aproveitou a oportunidade de espaço oferecida por Vivi Moreira na Rádio Rota 220. Desde o primeiro episódio,  contando com o apoio fundamental de Marcos Favela e seu Home Estúdio Popular, as apresentações insanas de Fabio da Silva Barbosa e Diego El Khouri marcaram bem o estilo guerrilheiro do submundo que acompanharia todos os 62 programas que buscaram explodir as bolhas e detonar as zonas de conforto.

Rafael Vaz assumiu a apresentação do programa de rádio da Editora Merda na Mão para que Fabio e Diego pudessem se dedicar mais aos outros tentáculos do projeto e apresentou a maior parte dos episódios que traziam do Grind ao funk, do crust ao rap, do metal extremo ao samba, do noise ao pós punk, do hard core ao crossover, do trash ao psicodélico, do eletrônico ao orgânico... e daí por diante. Um programa altamente desconfortável para quem não está a fim de sair da segurança de suas caixinhas de mediocridade. 

Depois foi a vez da fantástica e sem igual Megera Drag, a bruxa indomável dos quatro cantos do planeta redondo. Embora tenha sido uma rápida passada, a Megera deixou sua marca. Entre um e outro apresentador, Fabio e Diego vinham dar o ar de sua desgraça. Logo após veio Panda Reis, o cara que produz incansavelmente em várias frentes do underground.  É ele quem estará apresentando este último programa, demolindo tudo o que vê pela frente, com sua apresentação iconoclasta e sarcástica.



Um programa que marcou, entre outras coisas, por ser a união de vários projetos e pessoas para um determinado fim. 
A trilha sonora do fim do mundo foi, a cada capítulo, cuidadosamente montada por Fabio da Silva Barbosa, como um terrorista monta uma bomba.
Marcos Favela e seu fabuloso Home Estúdio Popular juntaram o monstro com perfeição e deram seu toque inconfundível.
E a Rádio Rota 220 escancara as portas para o tormento ser difundido.



Mais uma criação, produção e execução da malquista e desprezada Editora Merda na Mão.
O resultado de uma mistura explosiva de dois loucos incuráveis e indesejáveis. Os furúnculos que se arrastam pela terra devastada.