quarta-feira, 30 de outubro de 2019

++++++++++++++++++++++++++++++++

Por: Simone Gomes Firmino 

Nasce ali. Ali onde? Qualquer lugar. Embaixo de uma ponte. Na calçada. Em lote baldio ou com muita sorte no leito de um hospital público. Sorte? Não há sorte. Público? Não há público. Ou melhor há público, este para presenciar o espetáculo do descaso. Descaso de quem? De quem deveria assegurar a segurança de nascer. É assim quando se nasce pobre, preta ou mestiça no país do carnaval. A pobreza e a pungente escravidão se tornam também um espetáculo assistido por um público, agora diferente, um: respeitável público! Veio a esse mundo para que? Não sei. Dançar talvez. Entremeio às literalidades sufocadas, de fato dançar. Dançar o que? Samba. Catira. Pagode. Forró. Axé. Frevo. Capoeira. Dança conforme a música? Sim e não. Posso dançar seguindo os passos dos meus ancestrais ou posso dançar criando meus próprios passos. Não é escolha. Porque escolha não tenho. É reexistir. É reconstruir. Mas, o que não existe? Eu. E o que foi destruído? O meu direito de ser gente. Alice! Alice! Quanta tolice!

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

NAM MYOHO RENGE KYO


Por: Diego El Khouri

O budismo entrou na minha vida e nada é por acaso. Existe a lei da atração. A imagem do Buda sempre fez parte do meu imaginário desde criança. Anos mais arte, mais precisamente no ano de 2009, estudante do curso de Filosofia da Nova Acrópole em Goiânia, tive mais contato com a história do Sidartha Gautama e a ideia do equilíbrio me impressionou muito. Sempre fui um poeta explosivo e uma pessoa impulsiva. Tatuei na pele o Buda e busquei, com tropeços no caminho, o equilíbrio que me faltava (ainda estou à procura). Em 2012 me mudei para o Rio de Janeiro, a convite do poeta cancioneiro budista Edu Planchêz  . Foi uma viagem convulsiva e cheguei no Rio cheio de problemas psíquicos e de saúde (só essa jornada daria um texto surreal e que pretendo, um dia, escrever sobre). Morei em um ap no bairro de Jacarepaguá e participei ativamente da cena artística do Rio. No mesmo apê morava o ator e clown Nélio Fernando, um paulista muito talentoso , o baiano de Feira de Santana Carls, estudante de cinema da UFRJ e a atriz carioca Gisela Macedo (também budista). Edu e Gisela me apresentaram o budismo de Nitiren Daishonin, que dentro das linhas budistas, foi um grande revolucionário. Foi perseguido, exilado por defender um budismo para todos e que qualquer pessoa poderia chegar à iluminação, tanto os plebeus e as mulheres (algo inaceitável para a época). Fui em reunião budista, mas insubmisso e desconfiado, não aprofundei na época. Em 2016, já de volta à Goiânia, de forma não muito consciente, comecei a praticar o Daimoku (mantra dessa linha budista) e comecei a pintar os quadros mais transcendentais de minha vida. Havia de forma implícita toda a carga de uma existência vivida nessas obras. O "budismo de mochila" dos beatniks (principalmente de Jack Kerouac e Allen Ginsberg) se mesclavam com as ideias de Nitiren e a busca pelo Sutra de Lótus. Essas obras expus em 3 lugares em Goiânia ( Galeria e Cultura e Cidadania do Procon, na 588 Art Show e também na Vila Cultural Cora Coralina) com o título "Estudos sobre o Tempo". A ideia da não linearidade do tempo trabalhadas pelo Proust e Bergson, foram fontes de pesquisa desse trabalho. Passei uma fase de aprendizado, conquistas e minha arte dialogando em vários lugares do Brasil e no exterior, com exposições elogiadas e criando diálogos interessantes com o público e obra. Precisava achar um local que pudesse estudar e praticar de forma mais sistemática o budismo. Com duas exposições em cartaz, e com uma vida intensa nas artes, entro na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás. Nesse espaço conheci uma moça, estudante do mesmo curso, e que descobri depois, que acompanhava o meu trabalho nas redes sociais. O nome dela é Nathália Eloá, uma moça talentosa e que nasceu praticamente dentro do budismo de Nitiren. Ela inclusive junto com a Emily fizeram um trabalho sobre minha arte para uma disciplina da Faculdade (esse material se encontra no youtube e no blog elkhouriartes.blogspot.com). Me apresentou o local e recebi o Gohonzon para a prática do Daimoku (esse texto é apenas um relato sobre minha relação com essa filosofia). Algumas tempestades aconteceram no percurso e sempre algo me impedia de consagrar o Gohonzon. A vida profissional e pessoal entraram em colapso, o fascismo mostrou novamente sua face no Brasil (e no mundo) e me deixei abalar por essas tormentas. Hoje, enfim, dia 28 de Outubro de 2019, consagro o Gohonzon e uma nova etapa da minha existência se inicia. Agradeço aos deuses pelo momento inesquecível. Nam myoho renge kyo


-------------------------------------







segunda-feira, 21 de outubro de 2019

MEU LIVRO FAVORITO


Por: Wagner Nyhyhwh

-Você está sempre lendo esse livro.
-Pois é.
-Já tá em que página?
-Na 200.
-É sobre o que?
-Não sei.
-Já está na página 200 e ainda não sabe sobre o que é o livro?
-Sim.
-Por que então continua a ler?
-Porque estou achando interessante.
-Como pode achar interessante se nem sabe sobre o que é o livro?
-Por isso está interessante.
-Quando terminar você me empresta?

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

ROGÉRIO SKYLAB BY DIEGO EL KHOURI

O PROCESSO:






Título: Rogério Skylab
Técnica: Óleo sobre papel
Dimensões: 420 x 297 mm
Artista: Diego El Khouri