Por: Diego El Khouri
À Marília Costa
penso nas dores
que te atormentam o espírito
sinto teu peito
e as agonias
que chacoalham o silêncio
no tempo do sereno
na madrugada dos aflitos
nos arroubos dos poetas
na mendicância do século
penso nos teus cabelos revoltos
pela madrugada fria em pirenópolis
e na manhã conturbada
que te fez carne e espírito
gritos, xingos e lamentos
no ano sinistro do fascismo
__ um instante no tempo! __
beijo longo na distância do corpo
navios que nos transportam
na imaginação real do surreal
eu, um bardo
das constelações anárquicas da poesia
te contemplo na sutileza
da eternidade do momento
te sondo e investigo
esse papo, diálogo cristalino
límpido como manhã de sol
em algum lugar longe da metrópole
você em pirenópolis
das cavalhadas e cachoeiras
translúcidas da natureza-viva
eu em aparecida de goiânia
cidade das indústrias e do céu sujo
da poluição, câncer e temor
te Contemplo
porque é preciso sentir o amor
mesmo nas ruínas do tormento
*Foto: Marília Costa