terça-feira, 22 de março de 2011

21 DE MARÇO, DIA INTERNACIONAL DA AGONIA

Dia 21 de março, dia internacional da poesia. Dia também de meus anos, de meu inferno, de minha luz. O parto estranho na estranheza do século. Marca exatamente a data que me lancei a esse calvário tão fugaz e incerto. Sempre reneguei datas comemorativas. Reneguei também inclusive minha própria história. Sou apenas minha arte  e com ela amenizo minha dor, brinco com a  vida, exercito minhas taras. Sou o abismo e é nesse abismo que componho estórias, invento desculpas, traço idéias, esboço desenhos e  maltrato a idiotice que me aflige. Mas datas também marcam surpresas. E foi uma bela surpresa o soneto que o grande sonetista Queiroz Filho fez pra mim e as palavras também do amigo e carioca Fabio da Silva Barbosa. Resolvi então postar esses poemas e também mais outros que me foram dedicados nesse ano e no  ano passado. É bom saber que sou ouvido por um grupo de pessoas que não me enxergam apenas pela ótica do louco marginal, ainda mais pessoas que tanto admiro.

Ao Poeta
Diego El Khouri
(Por Queiroz Filho)

Se este artificialismo convincente,
Que chamam de amor, os miseráveis,
Não fosse só a desculpa decadente
De vergonhosos medos deploráveis.

Quiçá inda quisesses ser contente,
Pois libertando instintos insanáveis,
Vertendo em todo corpo inpertinente
Luxúrias quase não comensuráveis.

Os teus dias, Soldado, de embates
Com legiões de espectros edonistas,
Não mais seriam trágicos combates

Pois inda que furassem tuas vistas
E a tu'Alma cedesse aos desgastes,
Eu te daria a Fé dos bons Sofistas...

///
(Por Fabio da Silva Barbosa)


Hj é aniversário de um poeta
um artista que está além da forma
que não está aqui apenas para engrossar o caldo do conformismo
que não está aqui apenas para ouvir as palmas vazias dos que fingem
que não está aqui apenas para ser querido
Incomode incomodando os incomodáveis
Sempre entre dentre mentes
Destrua construa menstrua
E assim vai

URNA DA VITALIDADE
(Por Vicente Junior)

a Diego El Khouri, maestro das sinfonias de notas mudas, mas eternas

Saudado sejas, aspirante a eterno,
Espírito livre que enobrece o escárnio!
És espelho perdido nesse mundo cego,
O ébrio despertar de um visionário.
Algoz do eufemismo, és corpo etéreo,
Austera flâmula de dardos hilários.
Teu furioso pensar é um doce mistério,
A bíblia não escrita dos reis libertários.

Teus sonhos devoram a anã realidade
E teus versos nos sanam de toda ilusão.
Destruidor de estilos, nova identidade,
És verbo vivo, o valete da expolição.
Dilataste a pupila da vã mediocridade
E cunhaste o tesouro que é tua visão.
Aos que se somam à tua imparidade
Revela-se o ópio da plena comunhão.

Rimbaud vivente sem uma mortalha,
És jovial maldição; dos simples, a peste!
Lúgubre fulgor de ígnea contumácia,
Ferreiro das palavras e vulto inconteste.
Na coprofilia de tua cordial belisária
Apostamos a vida que não mais é inerte.
Sangras o sistema com a volúpia de tua ária
Dos novos despertos és o inevitável mestre


O Poeta [ao Diego El Khouri]
(Por Ivan Silva)

No mundo da alucinose
não tem o quê e nem o onde
crianças giram no carrossel
a noite é o próprio céu

Da conserva concentrada
o porre doce-amargo
não é nada de bebida
é o uno gosto da lume

O lustre do saguão, todo amarelo
"Olha lá, o único de chinelo"
Desinibido pela vida, embalsama o quimera

O mórbido embrião
Suicída!--escuta quieto,
--o instinto de quem tem a vida--
O Poeta de chinelo.




 POETA MARGINAL
 (Por Luciana Schlei)

Poeta marginal
que invade meus sonhos,
que me faz viajar em tua boca ,
cujas palavras me fazem sentir orgasmos,
Poeta das ruas,
que me deseja nua,
serei eu tua?
o teu kama sutra verbal,
na minha alma sensual,
cria uma atmosfera em meu ritual.
Poeta que me canta musicas de amor,
em minha janela tropical exponho meus sentimentos.
como lhe desejo,como lhe quero em meu peito,
abraçado ao meu corpo falando o que sentes.
Poeta de minha vida,
sejas meu,me possuas por inteira,
me cubra com sua excitação,
me enche de paixão e tesão,
me ame como as donzelas feudais
donzelas de amores proibidos e banais.
como lhe quero poeta em minha tenda de cigana,
para ler nosso futuro,a nossa cama.
Um amor eterno,a eterna chama,
que lhe chama...
poeta marginal deixe me fazer feliz ,
lhe deixar nas nuvens macias,
perca-se em minha pele morena
me complete por inteira
e me faça o seu paraíso.



2 comentários:

  1. É isso aí
    Tá tudo dito

    ResponderExcluir
  2. Aí vai mais uma à Diego El Khouri, grande amigo que me inspirou novamente a escrever e até criar um blog né?

    Poeta
    Inspirado és
    Poeta que celebra o Deus Dionísio
    Celebra orgias e luxúrias por acaso?
    Quem te percebe, te conhece
    De várias formas e performances
    Pela tua arte desvenda-te a ti
    Encontra essa criança que se funde
    Com o jovem louco, libertário
    Sem freios na língua, língua alada de Ícaro
    que se engole no seu céu da boca
    Sem descrições inabaláveis
    Sem convicções preconceituosas
    Muro de contradições
    Desejo de fusões
    Sua língua poeta,causa furacões, vulcões.

    Bju de sua amiga.

    ResponderExcluir