Meu processo é contra o sono, o marasmo e o pensamento reacionário. Arte tem que fugir do lugar comum e da mesmice. O fato de não poder dormir é uma alegria e uma tragédia ao mesmo tempo. É através do não dormir que surgem as idéias, os tormentos e principalmente os pesadelos. Algumas pessoas temem o pesadelo, procuram fugir de sua dor, usam máscaras,se policiam, roubam ar alheio. Como não durmo meu pesadelo é o real, a centelha divina que me foi negada. Produzindo meus desenhos e quadros, trabalho minha psicologia visual e com ela transfiro para a linguagem do zine. Meu único compromisso é com a arte. Independente de qual seja. Produzo portanto meus fanzines durante as madrugadas solitárias, o frio escuro da noite, e o processo é baseado na forma clássica. Colagens, figuras desconexas, entrevistas, poesias, contos, delírios poéticos, sacanagens e por aí vai. Tanto o Molho Livre quanto o Cama Surta é dessa forma. Em ambos o que muda é a temática. Apenas isso. Mas algo irá mudar. O bom do fanzine é a metamorfose. “Somos tântalos na busca insaciável” como digo num texto. Meus zines são totalmente manuais e não procuro seguir uma forma rígida e contínua. Cada edição é um mergulho diferente, um novo desbravamento, a busca do diferente, do estranho, pelo olhar não familiar. Na constatação filosófica de Schopenhauer a arte opera como uma espécie de redenção e só nela reside a felicidade total. Se eu conseguir ultrapassar as portas que fecham a mente humana terei realizado meu objetivo.
(Diego EL Khouri)
Entrevista que concedi ao law Tissot da Fanzinoteca Mutação em março de 2011:
http://fanzinotecamutacao.blogspot.com.br/2011/03/entrevista-com-diego-el-khouri.html
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