pés descalços na areia porque há uma tonelada de angústia sobre meu dorso
ouvindo Moonlight Sonata; o desgosto como valsa primeira na madrugada infinda
cortes sombrios na barriga maltratada, miles davis me corta a alma
há muito falo pouco
não por solidão, raiva ou frustração
tão pouco por medo
falo pouco
porque olhos inóspitos da noite-tumulto
... me lancei
como feto
como morte
como leite desnatado
anjo desnudo
em fezes elipsoidais
falo pouco (hoje) pois me sinto pouco
toco estendido no chão de minha terra
discurso incisivo no ciso doente
é espírito em fogo, a brutalidade da manhã
e o dia que se sucede depois de terremotos
ouvindo ainda Moonlight Sonata devorando restos da noite
a rota da vida me esmaga no meio
cartilagens de gesso sobrevoando o âmago de casa
edu planchêz ao lado em sua morada
de panelas, pratos e garfos vivos
edu planchêz ao lado e sua poesia
quem comeu os rins achou a bandeja da eletricidade
poesia-fogo
roubo
tesão ilimitado
nueva palabra
a poesía es un mar embravecido
que hoje molda meu silêncio
pouco falo
muita vulva
nada falo
busco cura
falo nada
mutilado na mesa o cérebro
excrescência nojenta
de pelos imersos
como lautreamont me feriu
não mostrarei poesia alguma que esteja ausente de exaltação
deus mora no meu umbigo
parte do instinto que a alma propagou
cagando e andando
a última gota do vinho barato
quente
data de validade vencido
em são paulo me internei
doei todos meus órgãos
e como fantasma surrealista
mordo os dentes da madrugada
que hoje em jacarepaguá
encontra minha alma calada
contemplando as simples montanhas
que me levarão à linda baía de guanabara
e todas estradas onde busco felicidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário