(Por Diego El Khouri)
largos suspiros
na fronte desguarnecida de febre e cimento
olhos vivos perante a noite que se cala
vontade do silêncio se apoderar desse corpo cansado
silêncio esse, canto da inócua madruda
que vive dos cacos escarlates do barulho sujo dos carros,
da vizinhança que grita, de quem xinga, fala, esperneia, berra, esbraveja, deseja, maltrata, fala
e se cala
se cala
se cala
se cala...
e CALA-SE!
desses seres de barro submergido no inevitável me calo
(amargo)
pra quem, vagabundo assumido, me pinto cinismo
olho
insisto
visto
despudor. clarinete em fogo entre pernas
submersas línguas tétricas
de merda
airosa sombra
no vento que se cala
repito versos na madrugada ensolarada
e me dispo
xingo
insisto
há uma úlcera que não cicatriza no íntimo
e insisto
minto
vaporizo
fraticidas sonhos se lançam no caminho
silencio
insisto
escandalizo
deus sem barba no vazio
silêncio que grita
abrindo minha barriga ao meio
e me calo
me calo
me calo
me calo...
pra quem calou
sem medida exata do sentimento
da balança que te fez perpétuo
um CALA-SE
vivo quente e sem graça!!
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