quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

SEM TÍTULO - PRA QUÊ TÍTULO?



(Por Diego El Khouri)

estou morto, enterrado nas ruínas que eu próprio construí ou destruí, dá na mesma. De "perdulário do caos esbanjador de palavras preciosas" me tornei um exímio inimigo de mim mesmo. Talvez por seguir a vida de olhos abertos perante a arte e o desconhecido mistério dos sentidos denominando minha atenção à construções belíssimas de amor e poesia ou por não me enquadrar a "comum realidade da existência ordinária" como falam por aí... os meus olhos de vidro vão me derrubar na calçada como já fizeram muitas vezes no passado... tenho dentes cerrados... uma intolerância cada dia mais a mediocridade e uma paciência que se esgota a cada dia de trabalho em profissões sem nenhum acordo com meus desejos... noites de convulsões - poderiam ser apenas meros desvios poéticos, mas não... tudo que pego se transforma em cinzas... cada dia mais bêbado porém mais coerente ainda, essa é a roda da fortuna, a riqueza pelo próprio domínio em apalpar a própria ideologia... pontos de interrogação  são meros desvios de ideias... chegar à essência leva tempo ou ânimo... não tenho nenhum dos dois... quero parar na reta da estrada, "nas curvas de santos" ou na puta que pariu... abro violentamente sua vagina e nela me abrigo... voltar a ser feto, ter olhos esbugalhados e nudez sem pecado... nadar na placenta, esquecer ou começar tudo novamente; nada de reflexão, ser cego e surdo como deveria ser desde o início... minha genética faz muito bem nesse sentido... destinado ao próprio umbigo e espelhos quebrados... fratricida convicto com discurso niilista de quem ainda não encontrou abrigo... seu colo me excita e me conforta... sou seu bebê que chupa seus seios e acaricia seu rosto com espanto e cinismo... uma estátua parada no caminho...  bebê que  lambe, protesta, briga, xinga e se encontra em vil abismo... uma mão, um abraço, um carinho... a cachaça, as estrelas, esse olhar parado e a voz que ressoa em ambiente vazio... cigarros em profunda reprodução... feto abortado que pega ônibus todos os dias e acha engraçado a vida...  que vida ?!!!


Um comentário:

  1. A morte parece ser mais bela para você.
    A face da morte é a que mais lhe agrada
    ou que te seduz.
    É pra ela que você se entrega
    nela você se joga sem pensar.
    Tudo bem, você tem razão, a vida é insonsa
    falta glamour e estilo pra vida,
    ela é muito careta e pede para você se adequar a alguns parâmetros que você não está a fim.
    Mas o que fazer, meu bem,
    se é a vida que você tem?
    Se é a vida que te quer?
    Se é a vida que te oferece a mão?
    Vive, amor! VIVE!!

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