sábado, 29 de fevereiro de 2020

DECRETO OFICIAL DE COSMOSTOPIA

Por: Ikaro Maxx

se um dia
me tornar prefeito
na Cidade dos Sonhos


vou instalar
pianos
para seus gritos
em cada esquina


muros nos quais
poderemos
atirar nossos carros


terrenos baldios
para incendiar
com corpos em volúpia


mercados para almas
clínicas para cirurgia plástica
de caráter
removedores de passados


tiros ao alvo
com pistolas
inocentes
que
não matarão
animais


na próxima esquina
você encontrará
a pessoa
que te ama


ah,
assuma que nome
você quiser
&
me chame como quiser
só não diga
que na poesia
tal coisa é impossível



às 15h58
27 de fevereiro de 2012
IkaRo MaxX

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

EDU PLANCHÊZ ANIMAL POÉTICO

Por: Edu Planchêz 

  eu sou gênio? gênio parasita 
que segundo meu pai,
sempre se encostou nas pessoas 
porque nunca teve pique para trabalhar, 
ter uma vida normal, de cidadão comum, 
de pessoa digna, 
mas apenas consegui encarnar o vagabundo, 
o do contra, 
o rebelde que pensa demais 
que é algo proibido para um filho mais velho, 
para um homem responsável 
que deve ser exemplo 

devia andar mais arrumado, pentear, 
cortar os cabelos,
consertar os dentes, ser mais limpo, 
falar menos para não incomodar os que  dirigem 
por essa ruas cheias de curvas 
do rio de janeiro da puta que pariu

( Edu Planchêz animal poético )





quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

ZÉ DO CAIXÃO

Por: Diego El Khouri 

é importante ser morto-vivo
abrir as portas do abismo
com o peito tatuado
de sonho perdido

é dançar na chuva 
se lambuzar de cinismo
com o pênis tão fedido

é comer batata frita 
na panela tão  vazia
de visões suicidas

é nadar contra a corrente 
jamais escovar os dentes 
comemorando tristes 
carnavais

quero correr nu
pela avenida 
da anhanguera
à vila alzira
sem nenhum
encontro marcado 

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* Eu escrevi esse poema, por incrível que pareça, cerca de meia hora antes de saber de seu falecimento...





* José Mojica Marins, 
 Nascimento: 13 de março de 1936
Morte : 19 de fevereiro de 2020 

domingo, 16 de fevereiro de 2020

DESTROÇOS

Por: Diego El Khouri 

Preservo o olhar pervertido perante os destroços  que estilhaça  vento e pólvora. A língua profana do lagarto, os sete cérebros atrás das cortinas e a escama de peixe nas quebradas alimentam a máquina, __ puta esfinge capital. O tirano e seu cabelinho corte nazista  vomita merda e seu vômito não tem o brilho e muito menos a sabedoria fulgurante  da poesia. __ verme imbecil __ mentiras nos trajes fúteis da hipocrisia. Facínoras fascistas fazem a fome fantasiar higiene assassina  __ forc(ç)as do estado. Iluminação explode (!!!!!!), se impodera (ainda. ainda?)  mesmo com os  tentáculos nas sombras  arquitetar ilusões, promover misérias e enriquecer seus mórbidos interesses.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

NAS CONSTELAÇÕES ANÁRQUICAS DA POESIA

Por: Diego El Khouri

nas constelações anárquicas da poesia
um bêbado-poeta-bandido
sob o fel dos arranha-céus
arrasta nuvens dionisíacas
para dentro dos ventres tristes
sísmico sol, rebanho de fetos
abortados pelas quimeras
era das nucleares fomes
das incontáveis tragédias
do sangue sagrado operário
— outsider da galáxia de parnaso 
sombras sonoras
bodisatva do infinito
risco no céu, um raio
cometas
                   delirium tremens
o precipício...

precipício I

de tanto voar caí
pelos abismos me perdi
senti o que pude aqui
para não me tornar um faquir 

precipício II

diabos e serpentes
axioma infernal
lentes
e coisas fúteis
foram
os desertos
(caprichos da lei?)

precipício III

glandes grandes bocas
fogo fátuo
fulgurante
essa carne rasgada
esse pedaço de instante

precipício IV

quente e morno é o cu
que custo a pensar
que cu é quente
por que  morno?

precipício V

antes que dante me cale
leve as almas
e os artelhos,
as louças estão na mesa
e o coração
                    no assoalho

precipício VI

silêncio de terra
em erupção
chamas traiçoeiras
(ah, quanta ilusão!)

precipício VII

virgílio, o poeta do caminho
caminha nos vidros
esfumaçados do agora

precipício VIII

pelo inferno que fere
"prefiro ferir a fenecer"
deixei na escola todo meu medo
de viver só por viver

precipício IX

burocrata da cultura
ou coqueluche do estado
queima, derrama sangue aqui, ali
jamais respinga no senado

precipício X

na madureza do tempo
no abrir das janelas...
causa pranto ou espanto
o ruir do século?

ABISMO-VOLÚPIA

Por: Diego El Khouri

sou um tanto de abismo e um bucado de volúpia. uma dorzinha no peito faz parte de todo outsider da galáxia de parnaso. a chuva molha, me lambe os cabelos, abro a garrafa da solicitude , me embebedo das horas de amor, secular vento suave intenso... deito em tempo para o que se sente e o que se fala sinta. quantas cusparadas nas portas dos sacrários?quantos chutes nos bagos da caretice? quem fere fomes fobias fenece frias fobias? solto o dia, a noite dança. seu pelo, portas, ancas. boca quente, dentro o sereno. duro fato. te desejo mesmo que a faca revele toda a hemoglobina que resta.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

PERTO DE QUALQUER COISA

Por: Diego El Khouri 

que pétalas de fumaça urram vespas em voluptuosos altares? que fome senil de vida arcaica senhores pálidos vociferam em palanques e palcos? que falta de ritmo falta à poesia para sair da zona confortável? que amor esse que  me sussurra tempestades no olho febril da artista de traços atemporais? que olho-vivo sobrevive ao redor dos pivetes abandonados nas periferias das cidades? que xadrez esse que coronéis barrigudos perante multidões de desnutridos arquitetam levianas fábulas? que   ventres se alimentam  de  feijõezinhos esquecidos nos lixos das praças? que pensamentos me devoram perante esse deserto que a  miragem redesenhou na perversa  pós modernidade ? que blues  rascante risca a paisagem com sua melancólica gaita? que vento voraz veste vozes vivas no vórtice  veloz    vil volúvel -- ventre vestido de vento na  vetusta  velocidade ? que ainda é cedo ou tarde (?). Fato não é verdade. vozes vacilantes  se quebram no ar.  os moinhos ainda tem vento. a palavra ainda carrega êxtase e tempestades.  resistência  resiste. resistência  existe. ou volto a ver o rabo perverso  do fascismo crescer?

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Diego El Khouri; 
04, Fevereiro,  2020; Ap. de Goiânia.  Perto de qualquer coisa de algum lugar.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

À MAYTE GUIMARÃES

Por: Diego El Khouri

olho que beija sua face. íris cristalina de desejo e afago. chamas de um fogo embriagante. boca. boca que nectariza os passos. boca vermelha. sangue, hemoglobina. boca que embriaga e seduz. volúpia insana. corpo em erupção. tesão e carinho. necessidade de eletricidade. peito com peito. alma envolta em alma. epiderme louca na paisagem insubmissa da poesia-vertigem. te olho com olhos felinos. essa minha boca persegue todo seu corpo. à distância te vejo perto. perto te sinto dentro. boca, te quero nua.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

NEM PROSA, NEM POEMA

Por: Diego El Khouri 

À Mayte Guimarães

sou aquele que te olha com os olhos dos olhos  dos olhos da beleza. Sou aquele que te acaricia de cima à baixo atravessando os limites abstratos da alma. sou a fome dos seus abraços,  esses braços lindos na qual sonhei  sentir, o beijo da ventura  escarlate na hemoglobina que sente a eletricidade da vida .  sinto vc, Mayte, viva em meu peito para a moldura e o conteúdo  das artes.
  a poesia, que sua epiderme na minha epiderme  se embriaga, é intenso e suave .  o vento voraz da paixão que não cessa de nos iluminar. sou qualquer  coisa. paraíso e abismo. até fragmentos desse texto que escrevi no impulso que não carece  de consertar. Segue em frente essas  palavras. nem prosa, nem poema. pensamentos  nessa tarde ensolarada.

Ap. De Goiânia; 04, Fevereiro, 2020





segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

OLHAR

Por: Diego El Khouri

o olho que olha

    o olho do agora

não é o olho

             que olha

o olho

         do agora

porque o olho

           que olha

        o olho

     do agora

      não é o olho

     que olha

  o olho

      do agora