quarta-feira, 1 de abril de 2020

POR: EDU PLANCHÊZ

contando pingos,
vírgulas e outros sinais ortográficos para ver, 
saber o que escrever por esses dias de muitas mortes,
de muitas linguagens, línguas exatas e distorcidas,
diante dos que estão isolados, 
diante das carreatas macabras 
dos que nos julgam pedaços de carne, 
objetos, braços mecânicos comandados 
pelos que dominam o dinheiro,
pelos selvagens que também vão morrer,
a morte, a velha morte,
não livra nem a cara da rainha,
nem o dono da mais prospera mina de diamantes,
nem os donos dos cachorros,
nem os cachorros,
e a morte fode o presidente, os filhos do presidente,
seus ministros, seus seguidores analfabetos

vá se foder classe média alta do esgoto,
fedemos da mesma forma,
cagamos a mesma merda, seja ela de caviar,
seja ela ( a merda ) de bafo de cachaça 
contaminada com a carne dolorida
dos animais trucidados pela inconsciência
dos que ainda não cresceram 

vá se foder reis e rainhas, princesas e príncipes,
habitantes das coberturas da ipanema cega,
vossa bossa velha arrasta com sua carreata macabra
os caras de cu lobotomizados por vossas ganâncias,
você acha que o fim chegou mais cedo,
não, chegou na hora certa,
de nada adiantara as montanhas de euros e dólares
que entopem seus intestinos sem poesia

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