sábado, 14 de maio de 2011

ALMA

(Por Diego El Khouri)

luto contra a maré que me molha o rosto
as convicções que me movem a alma
os dias devoram, trincheiras gritam
o dinheiro que ganho mesmo pouco me envergonha
nas noites turbulentas me perco na bronha
fomes e miséria do meu lado na minha boca molhada
rindo uma garganta seca da última batalha
SOU SÓ
granito na areia movediça do acaso
acaso eu to vivo ou sinto os sentidos me cortar a face?
a face me levar pra mata
sozinho o infinito xinga  albergues de aljôfra subteendidas
em inúmeras máscaras que me mata
 na mácula do dessabor caminho
                                      VOCÊ ESTÁ COMIGO?
                                       VOCÊ ESTÁ COMIGO?
quem me move nessa terra triste num beijo amigo?
sinto você nua como o abismo
você solidão sem roupa de linho,  elegânica
sem paz
sem um minuto de paz.
Agora é isso: a doença me lavando a alma,
a barriga inchada,  cigarro na face
que empunho vil
frouxo e sem graça
clown embriagado
que dança nas esferas subliminares
necessito de novos ares
venha Rio de Janeiro
preciso fugir dessa louca cidade!
Conexões, tubos, válvulas, ferros, chapas, fábricas, concretos, bombas, gaxetas, parafusos, porcas, arruelas, discos de corte, pistola de pintura, registros,  equipamentos, máquinas, 
MÁQUINAS, MÁQUINAS, MÁQUINAS, MÁQUINAS MÁQUINAS, MÁQUINAS , MÁQUINAS, MÁQUINAS
me aniquilam a cara
fatiam a alma
me roubam a paz.
Que paz?

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