quinta-feira, 19 de maio de 2011

DOBRA O CORPO DE SI E DO SINO DO CORPO DO HOMEM

(Por Ulisses Aesse)

(Nas vísceras padece um homem pegajoso)


Dobra o corpo do sino neste imenso

mundo
imerso no caos
e te prendes ao amor
fecundo que fenece
nestas névoas-flores de espinhos.

Amarás a quem?


Em sinônimo de sigo mesmos

ou no fundo andrajoso dos outros?

Fenece nos olhos imersos

— ilhados em lágrimas —
feito céu maravilhado
ou de um corpo em cio.

(Descobre a ti mesmo)


As horas em cristais

estigmatizam com doçura
as arestas do tempo
e no bate-bate de cores
amarás como ama a ti mesmo
no campo lindo e oblíquo de
teus seios.

Amarás a quem?


Em sinônimo de sigo mesmo

ou no campanário que destila
a vida de quem te ama?

(Fenece como pedra imolada

nos abismos dos corpos)

Amarás feito verdura no verão

à espera do sol que a frutifique
e a maravilhe
— em cachos —
como peixes que carregam
doçuras nas barbatanas de (amar-te)!

Amarás a quem?


Neste domínio de poucos,

concentrando a ilusão
de ser no tempo
rumo ao vento
com opacos seres nas mãos.

No corpo encontrarás fagulhas

que submergirão e ascenderão
em brasa o calor do teu amar-te.
Lubrificarás o ódio que tens em ti
e só em ti frutificarás.

Tu te prendes ao amor amado?


Nas flores fenecem os espinhos.


Amarás a quem?


(Nas vísceras, tortuoso,

padece um poeta em fiapos,
e o céu e o mar destinam seu ser)

Ameaça-te a não ouvir

o sino, também,
é grande o desgosto pelos
dings-dongs que acolhem
em nosso peito
e no revérbero do sol a pino,
todo jovem
padece a sino.

E no caminho simples prende-te

ao tempo trazendo no mesmo
a estranheza das almas
e aos elos que traduzem
em dois versos antigos:

Amarás a quem neste mundo

imerson em caos e abismo?

Dobra o corpo de ti e do sino

ao corpo do homem e alegra-te
em ofertar-te,
soltando risos
livres pelos lábios.

E pergunta a ti mesmo:

A quem amarás?

Ave, geral.

De bando e raça (a vida roça
a vida de amar-te)

No fundo do reflexo de (olhar-te)

como quem olha nas vísceras
um homem em andrajos
a amofinar-se em desejos

Dobra o corpo menino

ao amor ubíquo
e sibile a todos e a ti mesmo:
Amarás a quem
neste mundo de abismos?

E por trás do homem

o silêncio caminha
sem si e sem pernas
para (amar-te),
sem tempo e sem ódio,
o lado do silêncio de agora,
o lado do amor de amanhã.

Amarás a quem,

neste tempo de espantalhos?

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