quarta-feira, 12 de junho de 2013

NO CRISTAL AZUL QUE TRAGO EM MEU PEITO...



(Por Diego El Khouri)


Que jamais se perceba
Umas gotas de sangue na gravura.
Hilda Hist

 no cristal azul que trago em meu peito
e nas pedras fúteis das ruínas também azuis
o sangue monumental das paisagens me subtraem
tolhem membros que precisam caminhar
arrasam plantações no centro do país
lançam corpos ingênuos na trincheira capital
e nas praias vermelhas onde o amor reside
  o mar insiste em secar

o que falar do azul celeste
e dessa roupa que cobre teu corpo?
o cetim dourado das manhãs límpidas
se perdeu na pintura de texturas estranhas

entranhas precisam de bocas para se esfregarem
línguas penetram fundo
no grelo da vida no mar
iceberg
cidades em escombros
tóxicas correntes de venenos
bilís fugitiva
/grudada
no quadro vivo de minha poesia
que exalam xingos e uivos

(peitos e bundas fazem parte da festa)


sem vínculo com neurônios comprados
ou partidarismo tolo de comunistas-nike
as estrelas azuis se mostram azuis
numa luz que nenhum ariano consegue alcançar

sol vermelho-ouro, tempestade-vulcão
a chama mais sacana
e corajosa que se encontra nesse palco

ato falho meu peito sente
e  folhas secas caem no colo
no turbilhão feroz que chamam Morte
o veneno-ópio
se digladia na cara dos acadêmicos
 desavisados

e eu vejo sangue
e  estrelas
 o mar
 o céu

carne podre
doirados  pelos
-- tic tac insuportável --
a música não pára

o morto caminha
sangue se esvai
tempo se morde

a chama vítrea que busco
o olhar que incandesço
me ferve e busca no enredo
da praça dos delirantes
uma forma de fugir e sumir
levando consigo
todos os presentes brilhantes
 as cores na palheta
onde represento pinturas de gosto vulgar

frases pichadas nos muros
janelas alheias quebradas
redemoinhos espalhados
por todos os lados
sexo na frente  dos guardas

na infância o tiro 
no futuro o passado

quantas vezes desafiei autoridades
pelo simples perigo de  sentir-se “além-homem”
como Nietzsche falava?

agora mais silêncio que grito
mais sono
(abismo)

Janelas coloridas
mergulham no conhaque
a raiva de ser poeta
e não palhaço

a noite se afasta
me persegue demônios
uivando para a  lua
a leveza e o olhar

um conhaque prateado
de  glóbulos quentes
entre a noite e o paladar
beija o que é belo e puro
e estrelas, estrelas
se esfregam em cus,
bucetas e falos
sentam, rezam
mas não se calam

olham, penetram
gargalham

sentam, rezam
não se calam

o tiro certo
a palavra errada
 o sonho inquieto
a nova miragem...

vomitar (!)

vomitar
pássaros no céu
com asas e tudo
dentes de raiva
cotovia assassina
bala perdida
 AR 15 
 poesia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário