(Por Diego El Khouri)
Pessoas pensantes pensam
no lar expulso do ventre
na paisagem que nunca se
desnuda
no calor intenso dos
trópicos
na cara banhada de sangue
dos indigentes na sala
nobre do inferno.
Pessoas pensantes erram
na tenra infância dos amores
no destino recortado da
aurora
na pintura multifacetada
de cores
no leite branco que
escorre lento de seus corpos
nos astros azuis que
choram
na massificação idiota da
mídia
no lado oposto onde ratos
vivem.
Agora minha mulher,
cabelo amarrado,
de calcinha e sutiã,
faz a comida que
alimentará minha alma,
a limpeza que
tranquilizará o norte;
no instante derradeiro da
lua
ela tece cores bonitas no
âmago do meu peito.
O cachorro Pingo, louco
que é,
inutilmente tenta foder
e surpreendido fodido é
pela sua estrutura frágil
e pequena
- me comovo com a
poeira chata
que lambe seu corpo
nessa jacarepaguá de
atribulações.
Canto, uma música
baixinha no ônibus
- “como um rato de
bueiro, como um gato de calçada" -,
indo para Quinta da Boa
Vista
desenhar caras, dentes e
pernas.
Sou o escrivão do
presente, futuro, passado.
Scarlett O' Hara
que se perdeu na roda da
vida.
Amante ardente... muitos
olhos
grudaram em meu pênis
e nem em Santo Antônio de
Goiás
quando nu lia meus versos
pude ver minha própria sombra...
“O silêncio é uma
confissão”.
O meu se encontrou no
ventre do lar
na aparição de pus e
sangue
nessa família nojenta que
me viu crescer.
Sou pai e mãe do meu
destino
deus de braços abertos
cuspindo fel e poesia.
Reconhecemos diamantes
e pedras preciosas
pois, anjos encarnados,
somos diamantes e pedras preciosas
queiram ou não queiram.
Reconhecemos diamantes
e pedras preciosas
pois, anjos encarnados,
somos diamantes e pedras preciosas
queiram ou não queiram.
Ao lado a tia
punheteira
que me torturava
enquanto sofria de
apendicite supurado
num quarto de apartamento
anos atrás.
Edu Planchêz diz
que temos que ter mais
tempo
para adorar as flores
“sentar na calçada sem
qualquer preocupação,
saboreando amoras bem maduras...”
saboreando amoras bem maduras...”
Estou sentado agora
num tapete de pregos
lendo “assim falou
Zaratustra”
pela milésima vez
fumando o cigarro
que nunca mais fumarei,
pelo menos até a próxima
estação
até o próximo limite da
dor
até que alguém venha me
socorrer
e me entregue todo
dinheiro roubado
daquele velinho alí na
porta do mercado
empurrando seu carrinho
de compras.
Se a sombra vil atravanca
meu caminho
por que não colocar o pé
na frente
e trazer para dentro de
meus olhos
as estradas cintilantes
que outrora vi na infância?
Por que também não ferir
pessoas
cuspir na porta do
paraíso
mostrando a
bundinha pra deus?
Eles sabem muito bem o que fazem
esses padres em passeatas
pela diminuição máxima do prazer...
Estou do lado oposto
disposto a tudo (!)
inclusive a negar o sangue
e o dna que me impuseram
sem meu consentimento.
Meu pau duro segui firme
e não posso voltar atrás
muito menos beijar as bocas carnudas
das mulheres doentes nas esquinas
grávidas da miséria persistente
e muito menos olhar pra trás e ver a cara
das mulheres doentes nas esquinas
grávidas da miséria persistente
e muito menos olhar pra trás e ver a cara
de parentes que me roubaram tudo
tudo tudo tudo tempos atrás.
Desconecto o cabo, desligo a tv;
não adianta cuspir sóis se a lâmpada queimou
a intensidade inconsequente
que me ensinou a viver.
Desconecto o cabo, desligo a tv;
não adianta cuspir sóis se a lâmpada queimou
a intensidade inconsequente
que me ensinou a viver.
Como sempre visceral direto do âmago da realidade!
ResponderExcluirUma odisséia..rs...gostei muito!
ResponderExcluirAlexandre Pedro
Diego El Khouri, porra, caralho de poeta filho mais q puta, vagabundo mais q luz, irmão da trevas iluminadas, te amo.
ResponderExcluirEm imersão ao passado...lago escuro e absal do inconciente ferido. Te amo mmais que tudo poeta.
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