segunda-feira, 18 de junho de 2018

CANDELABRO ACESO

(Guru underground) Por: Diego El Khouri guru das noites malditas lisergia pura de encantos mil outsider "vagabundo do dharma" sax translúcido-não-lúcido "seja dionisios" na terra, no céu no encontro dos mares guru underground "vá de retro, satanás!" esse blues, essa noite esse "raio de sândalo" essa tempestade selvagem que descreve nas bacantes eurípedes, o poeta trágico, é sina de bardo: caminho do Sol levante sobre o céu lilás o espírito de neal cassady mergulha em cada palavra em cada símbolo vivo em cada gole de veneno, vidas testemunham os moinhos, café quente na caçarola bêbados em bares de solidão marias bonitas prenhes da luz do último tiro de espingarda desse cão farejador filhos da puta da última estância no recôndito transcendental dos filhos de nitiren encontro abrigo e leito, as muralhas da poesia subversiva que fez casa e gerou sementes trouxe à tona (sempre) o dionisíaco que habita em nós "um bom trago desse veneno!" as vísceras esfacelam páginas amareladas pelo acaso — pelo tempo de proust e bergson a não linearidade cronológica que esmaga as massas no medo fabricado pela dependência crisálidas flores, "clísteres de êxtase" vulvas molhadas pelo desejo mortal de perpetuação (delírio, fogo) deuses famélicos obsoletos demoníacas formas de visão augustas ruas fétidas-sublimes "a arte dos quatro ventos" homem canábico (tv quebrada) encerra nos olhos o olhar tempestivo boca seca, suspiro da noite o grito da noite, a fome na noite a escuridão gélida da noite nesse quarto, nessa sala nessa parede ensimesmada areia movediça, planície azul arrepio na nuca, allen ginsberg, "a ditadura do rosto humano" nos pegou de assalto? piva enfiado no (cu)me da morte na praça da república do delírio willer com seus demônios a la nietzsche bebe o mijo de marquês de sade homem prolífico da anarquia "deus boêmio" fratricida, a poesia é como o ácido escriturário da loucura "traficante das palavras" no calabouço dean moriarty william burroughs e Lorca gritam, suas vozes ultrapassam planícies tristes mulheres dançam clowns ultrajantes gargalham e eu aqui "dando milho aos pombos" produtores sangue-sugas angélica idiotia patológica arsênico metaloide condutor do mais intenso calor assim no "teatro da crueldade" na porrada no meio do estômago na abstração da forma semi nua nos abismos que separam "a via crúcis" do corpo e da alma um poeta se apresenta se investiga, se desnuda porque a nudez é necessária como um sopro no raio de sol beijo quente colhido na manhã translúcida dos amores loucos nuvens elétricas adjacentes reverberam no orbe estrelar dessa cristandade mórbida o sacrifício e o vinho (lado a lado) numa comunhão bizarra entre o céu e a terra. pela cripta de bocage no "férvido transporte" do êxtase supremo rubens zachis mescalina na ponte circular dadaísta nos rodízios suicidas no trapézio torto da morte na clínica psiquiátrica em algum ponto da cidade dependurado cabisbaixo em posição de lótus (vista embaçada) 180 graus para a direita face no chão lentamente, lentamente, lentamente... o pássaro de edgar allan poe na janela espreita olhares devora a nossa comida revira gavetas , armários e a gente nem nota e a gente nem percebe o pássaro de Edgar allan poe à noite aparece, invade à janela bebi a nossa bebida revira nossas entranhas e a gente nem nota e a gente nem percebe quando amanhece (luz do céu) o pássaro de Edgar allan poe (palheta e pincel em riste) assovia um canto baixinho e a gente nem nota a gente nem percebe quando anoitece (trevas no céu) o pássaro de edgar allan poe fuma o nosso cigarro veste nossa roupa e a gente nem nota a gente nem percebe o pássaro de edgar allan poe "como um velho bandido" na encruzilhada (olhar vivo) espreita a lua louca vadia, os sinos delirantes da aurora transpostos no mármore da noite no raio ígneo de iluminação o pássaro de Edgar allan poe é eu e você, irmanados no canto amarelo da página emergidos em êxtase supremo dançando aqui e acolá a dança ditirâmbica ancestral que pulsa nas veias dos poetas dos lunáticos e amantes como Shakespeare falava lágrimas lânguidas lascivas lustram a face niilista do bardo (aquele que anda sobre a brasa multifacetado de linguagens) eis aqui o bardo-bárbaro paracelso-laboratório-hospedagem na gaiola livro umbral city kit cheque navalha na porta do mercado zincum in Brazil, the word louco perambula nas ciências malditas rubem zachis no hospício disse "mas quando for o fim quem sabe alguém vai se lembrar de mim? do nada que eu sou" das minhas semelhanças com o abismo rubens zachis mescalina suicida I don't khown I don't khown que caminhos te levam às plagas escarlates purgatórias de alghiere? há alguma Beatriz? Alguma dulcineia? paixão? beijo? amor? carinho? "moinhos lindos" translúcidos transitam no trânsito tântrico tétrico torto triste travado tempo tento flutuar pela abóboda celestial atravessar para o outro lado cuspir em bandeiras e estados (suas mãos manchadas com o sangue dos índios kaiowas suas mãos maculadas pela escravidão pelos séculos de mortes estúpidas/absurdas) um olho de tigre tik tak remember la contradición pueril sociedade sonora primitivista selvagem blake rimbaud na cidade ensolarada do rio de janeiro naquela jacapaguá de atribulações "dentro dentro dentro dentro da américa pré colombiana" "o amor das américas nos embala" a fibra ótica solar nos envolve clarão/budhi/ fogo/mel/ dança reino incerto de doce insensatez quem pariu o desespero ambulante da noite? quem tragou para dentro de si as últimas gotinhas desse amor? quem trouxe para perto do peito as fotos vibrantes daquele lindo fevereiro? quem alimentou espasmos de susto quem cuspiu altares aveludados de um veludo que enforca e asfixia? quem suspirou paixões de terceira classe com bazucas de ferro em recintos de vinte mil decibéis? quem dançou na ponta do pé um "samba bravo violento" sobre brasa quente? quem crivou de bala a manhã sem graça repleta de crianças sem estômago e voz? quem engoliu as pirâmides de El Cantare nas ruas sujas de Goiânia ou em qualquer outro lugar? quem deflorou a "flor imunda de jade" "numa manumissão schopenhaueriana" de doce tato, vil e sem cor? quem entortou a língua, feriu e cuspiu trânsfugas existências do abismo em finos cortes na alma e no corpo? quem fez promessas de amor a luz da lua com os lábios grudados na avenida anhanguera ou em algum beco dessa cidade bela? quem esporrou calor no trânsito vulgar que escarneceu os sonhos de outrora e empurrou para a fila do cinismo entes queridos nos sanduíches da lamentação? quem no sacrário abre as portas e entorpece o dia? quem em vã ilusão entregou ao firmamento a cara desnuda de cristo "no país dos banguelas"? quem quebra garrafas e desliza sobre rimbauds nos foscos fúnebres no néctar verde do mar? quem tropeça-cai-levanta-mexe-sobe-volta-corta rasga o céu e alimenta a hóstia sagrada da purificação? quem, como vulcão, explode e como vulcão vê a desordem e a ordem vigente (vi gente- vi gente-vi gente morta, morta nas favelas e quebradas voando e caindo em todo o lugar em todo lugar: voando e caindo) seus olhos atravessam cascatas acordes sonoros de energia solar somente semente, grão de areia e nada mais... esses olhos, olhos negros, negros de trevas tétricas trevas, paraísos maiores são olhos que envolvem e movem e traçam paisagens, lançam âncoras ao mar esses olhos negros, trevosos rasgam meu peito, esbofeteiam minha cara me abraçam esses olhos olhos negros, serenos — frios e quentes como todo olho deve ser (?) —


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