Por: Diego El Khouri
Mais uma entrevista nas páginas delirantes desse blog. O mergulho na cultura e na arte que perambula e se fixa na sociedade. Cada humano é um universo. Cada universo uma visão. Dessa vez Regis Tadeu foi o entrevistado desse blog. Regis é um baterista, crítico musical e apresentador de programas de rádio, além de um grande colecionador de discos e cds. Como baterista, Regis tocou nas bandas Muzak, Subúrbio (considerada o embrião da banda Ira!), Ness, Made in Brazil e Jacqueline.
1) Você tocou nas bandas Muzak, Subúrbio (considerada o embrião da banda Ira!), Made in Brazil e Jacqueline. Como foi essa experiência e o que mudou, de forma mais evidente, na indústria fonográfica de lá pra cá?
As experiências foram sensacionais e ajudaram a moldar a personalidade musical multifacetada que carrego até os dias atuais. O Muzak acaba de voltar às atividades, inclusive, com o tio aqui novamente na bateria.
A mudança mais evidente foi o fim do monopólio das gravadoras na comercialização da música. Elas se tornaram meras distribuidoras, algo impensável décadas atrás. Em contrapartida, a maneira como o público passou a ouvir/consumir música piorou muito. Ninguém mais presta atenção a nada. As músicas simplesmente viraram “trilha sonora para alguma coisa que você esteja fazendo”...
2) Embora seja dentista de formação, estreou, a convite da revista Cover Guitar, como jornalista em 1994. Você costuma defender, em seu trabalho, a liberdade de expressão e a sinceridade e conhecimento por aquilo que se propõe a dizer. Como manter essa personalidade contundente em tempos tão reacionários como este em que vivemos ?
Muito fácil: basta não abaixar a cabeça perante o ‘bundamolismo’ reinante’ e sempre oferecer bons argumentos para embasar suas opiniões.
3) Você tem um discurso crítico bastante ácido perante a música brasileira atual. Afirma que vivemos um emburrecimento cultural em todas as linguagens possíveis da arte. A que se deve esse declínio cultural? Acredita que é um processo consciente de sabotagem do ensino criado pelo poder que controla a política (os financiadores de campanhas, etc.) ?
O declínio surgiu a partir do momento em que as escolas e faculdades diminuíram o grau de exigência para que os alunos fossem aprovados. Viraram “fabriquinhas de diplomas”, nas quais os alunos são tratados como “clientes/fregueses” e saem para o mercado de trabalho completamente despreparados em todos os sentidos, principalmente em termos de cultura. O termo “sabotagem” é muito forte, mas é inegável que um povo burro é mais facilmente manipulável por parte dos governantes, que é exatamente o momento que vivemos hoje...
4) E hoje em dia? Alguma coisa se salva na música atual? Poderia citar exemplos de bandas e/ou músicos (as)?
Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, a música brasileira vive um momento muito rico, mas que permanece totalmente afastado das rádios convencionais e das TVs. Um povo burro tem preguiça em pesquisar. Logo...
Eu levaria semanas citando ótimos exemplos da música brasileira atual. Prefiro que acompanhem a série “Música brasileira vai mal? Você que pensa...” que retomei agora em meu Canal no YouTube - https://www.youtube.com/RegisTadeuOficial - depois de anos escrevendo a respeito disso no Yahoo.
Eu levaria semanas citando ótimos exemplos da música brasileira atual. Prefiro que acompanhem a série “Música brasileira vai mal? Você que pensa...” que retomei agora em meu Canal no YouTube - https://www.youtube.com/RegisTadeuOficial - depois de anos escrevendo a respeito disso no Yahoo.
5) A UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) incluiu na lista de obra obrigatória, a partir do vestibular de 2020, o álbum Sobrevivendo no inferno, lançado em 1997, do grupo de rap Racionais MC's. Atitude que rendeu muitos elogios e também severas críticas. Qual sua opinião a respeito?
Uma
tremenda bobagem. O disco é ótimo e tem letras muito boas, mas dar
a ele a importância de outras obras literárias deixadas de lado é
uma afronta à inteligência. Certamente foi um tipo de jogada
popularesca cujo motivo foge à minha compreensão...
6) Nos primórdios de sua existência, qual disco (ou discos) te levaram a ter essa paixão por música?
Alguns
compactos dos Beatles – “Penny Lane”, “Strawberry Fields
Forever”, entre outros – e o primeiro LP do Black Sabbath.
Mudaram a minha vida para melhor...
7) O que acha dessas novas plataformas de música como spotify, deezer, etc.?
São
importantes para os dias atuais para quem tem um desejo de
conhecimento musical um pouco acima da média, mas se continuarem a
“trabalhar no vermelho”, serão substituídas por outros
formatos. Eu mesmo não uso nenhuma delas.
8) O que acha do sertanejo universitário?
Música
medíocres com letras cretinas para um público imbecil.
9) E o funk carioca?
Músicas
imbecis com letras pavorosas para um público retardado.
10) Qual preocupação tem ao escrever um texto? Em algum momento pensa no receptor?
Preocupação
zero. Escrevo o que me der na telha a respeito de qualquer coisa que
julgue pertinente em relação ao que eu penso e acredito.
Jamais penso no receptor. Se eu fizer isso, minha espontaneidade já estará comprometida.
Jamais penso no receptor. Se eu fizer isso, minha espontaneidade já estará comprometida.
11) Epitáfio.
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