Por: Clécia Oliveira
Querido Diego,
estou mais para sentir e viajar nos seus trabalhos do que para qualquer avaliação criteriosa, visto que nem estou à altura em termos de experiências e conhecimentos sobre arte. Nesse caso, falo mais das artes plásticas, que me dizem tanto, mas, meu julgamento passa mais pelo ponto de vista estético e nem tanto pelo técnico, apesar de perceber diferenças, apuração, qualidade entre outras coisas. Há artistas famosos e idolatrados que já pintaram quadros que “não têm graça”, no sentido de não causar impacto ou de não percebermos muitas singularidades. Isso acontece também com músicos, poetas, cineastas, etc. É claro que o valor do artista não muda porque não emocionou em um ou outro trabalho e não dá para todos serem os mais incríveis do mundo. Mas, antes que pense que descerei a lenha em algum trabalho seu, digo que, em relação aos que conheci pela internet, há identidade, sentimentos diversos e profundos, histórias de vida, visões a respeito de sociedade, mundo, e por aí vai. Não passa pelo “sem graça”. Algumas obras são mais explosivas, outras mais singelas ou carregadas de doçura ou de dor, mas todas dizem algo. E o mais interessante é que não cessam. Observá-las em outros momentos rende mais interpretações ou viagens. As impressões e análises podem variar, é claro, dependendo do público, mas alguma coisa acontece. Você tem muito para expressar. E, como você mesmo já disse, se preocupa de fazer da melhor maneira, procura se aprimorar. Acho que você explora várias linguagens, técnicas, formatos para a arte dar conta de sua multiplicidade. Particularmente, tenho carinho especial por algumas telas, mas também não quer dizer que sejam as minhas preferidas ou talvez sejam sim; e nem que acho que sejam as melhores... É que tem outras que me intrigam tanto que estão em outro patamar. Parece que preciso chamar de outra forma e não de “carinho especial”. Na verdade, nem tenho que chamar de coisa nenhuma. Só continuo a rodopiar pensando nelas.
Algumas pinturas têm angústia e sofrimento, mas, ao mesmo tempo, têm cores fortes, quentes, que também podem se relacionar a outras representações do vermelho, laranja, que vão além do sangue, fogo, de arder no caos; podem ir para as paixões e até para algo cheio de vida ao invés de morte.
Com os poemas, acontece algo parecido. Gosto muito do casamento construído quando entrelaça cada palavra e o resultado no todo ou nas partes. Sinto a lascívia, a doçura, o sombrio, a dor, críticas, inquietações e tantas outras coisas separadas ou misturadas que me fazem relacionar essas características ao que já conheço de você. Mas, vamos deixar os poemas pra outra hora.
CARINHO ESPECIAL
Título: Conexão
Técnica: mista sobre tela
Dimensões: 50 x 40 cm
Artista: Diego El Khouri
Título: Clown na chuva
Técnica: óleo s/ tela
Dimensão: 80 x 100 cm
Artista: Diego El Khouri
Título: Meditação ( A deusa da poesia )
Técnica: Óleo sobre tela
Dimensões: 80 x 100 cm
Artista: Diego El Khouri
Título: Olhos vermelhos
Técnica: óleo s/ telaTamanho: 16 x 22 cm
Artista: Diego El Khouri
INTRIGANTES
Título: Fragmentos
Técnica: mistaDimensões: 100 x 70 cm
Artista: Diego El Khouri
Título: Espírito do Tempo
Técnica: Óleo sobre tela
Dimensões: 60 x 60 cm
Artista: Diego El Khouri
As intrigantes vão continuar me intrigando. Já virou um exercício particular. Você pode me contar o que quiser sobre essas telas e outras ou não me falar nada. Eu é que não vou perguntar... rs. Acho que obras são colocadas para o mundo para que as pessoas possam recebê-las e “acontecer”. O importante é que atinja e de alguma forma, principalmente sem explicações do próprio artista, mediadores, etc; salvo algum direcionamento essencial que o artista julga necessário. Mesmo assim, pode ser interessante saber sobre os processos de criação e de construção, sobre a (s) técnica (s) pra quem entende ou não, mas deixando que o público pense, viaje, sonhe...
* Clécia Oliveira: produtora cultural, jornalista, revisora de textos, consultora de produção textual e diretora da empresa Fio Cultural Produções no Rio de Janeiro (RJ)
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