(Por Diego El Khouri)
Minha arte não expande pois falta capital. Anjos podres devoram as leis do acaso com suas presas de metal e não tenho dinheiro. Escrevo uma, duas, dez poesias por dia e não tenho dinheiro. Me sondo, me investigo, me testo, me entrego e não tenho dinheiro. Amo uma, duas, três, um bocado de mulheres e não tenho dinheiro. Bebo pra cacete com minha garganta de deus possesso e não tenho dinheiro. Me como, me cuspo, me devoro e não tenho dinheiro. Minhas veias tilintam ao descaso do século e não tenho dinheiro. Me lavo, me sujo, me deito, me trepo e não tenho dinheiro. Sou feito fêmea com as molas da lascívia nas costas e não tenho dinheiro. Sou feito você e eu; de madrugada corvos beijam minha boca e liquido as compras do Supermercado Real e agora sim, meus amigos desordeiros, eu não tenho dinheiro... e esqueçam fanzine, esqueçam... eu não tenho dinheiro.
Bem vindo ao deserto do real. Mas antes de causar qualquer desânimo, isso causa inconformismo, que é um dos passos para a revolução.
ResponderExcluirCarpe diem!
Estar sem dinheiro é o preço a se pagar por não nos vendermos
ResponderExcluirDinheiro é um dos meios de pressão contra os que resistem
É um preço barato a pagarmos por mantermos nossa moral e consciência tranquila
Falou tudo, Fábio. Dinheiro, certificados, gramática, formatação, armas dos picolés de xuxú para reprimir o artista.
ResponderExcluirgostei.bem legal.
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