(Por Márcio Sno)
Grande Diego,
Uma das grandes vantagens do fanzine impresso é que você pode ler em qualquer lugar. Minha leitura acontece somente em ônibus, nas viagens diárias para o trabalho. E foi assim que li os dois números do Cama Surta.
O fanzine impresso por si só representa uma atitude de subversão, pois nele podemos expor ideias que vão contra ao stabilishment, que a grande maioria não se interessa, ou acha feio. O seu, além de ter isso como um princípio, ainda extrapola para uma temática/estilo pouco explorado mesmo em matérias de fanzines. Isso, para mim, é uma grande qualidade.
Gosto da forma que escreve: livre, com personalidade, fala de coisa picantes sem ser piegas ou mesmo forçando a barra. Mais um mérito. Nas entrevistas, suas perguntas fogem do "lugar-comum" em que os fanzineiros seguem quase que religiosamente: você é bastante criativo na formulação das perguntas e isso traz como consequência boas respostas. Afinal, responder a uma pergunta fora dos padrões é muito mais gostoso do que as padronizadas.
Ao ler as citações e poemas de poetas como Manuel Bandeira, Glauco Mattoso, a matéria com Rimbaudt e obras de Frida Kahlo e, em seguida, ler a sua entrevista no Reboco Caído, várias peças começam a se encaixar, e é possível perceber todo o sentido da sua produção literária.
Quero parabenizar pelo seu trabalho, você tem um talento muito bacana (isso não é "tapinha nas costas"), e que está no caminho certo.
Agora, vamos aos toques...
Sei que fanzine é algo absolutamente sem censura e qualquer ameaça à liberdade de expressão nesse veículo é algo a ser condenado. Porém, me causou muito constrangimento as fotos de sexo na capa dos zines. Pois, como eu disse, costumo ler apenas nos ônibus e tentar camuflar essas imagens pra mim foi um tormento! Uma vez eu lancei um zine chamado Pleasure, isso foi em 1993. Abusando dessa coisa da subversão e coisa e tal, eu resolvi colocar a foto de um homem nu na capa. Lembrando que naquela época não existia revistas nacionais com esse foco, não havia internet e a nudez masculina era um tabu. Mas eu fiz isso para subverter mesmo, quebrar os paradigmas! E fiz. Só depois que passei a pensar nessas pessoas que, assim como eu, leem no ônibus. Não estou com essa justificativa arrumando pretexto para te convencer a tirar esse tipo de imagem, mas é mais pra que o seu zine circule mais sem causar esse choque logo de cara (na capa).
Na introdução da entrevista com o Glauco, você citou que não mudou a gramática por conta da aversão do poeta à nova norma gramatical. Porém, como sabemos, ele utiliza de um recurso de computador "que fala" e vários vícios desse sistema ficaram ali que não tem referência com a nova gramática. Ainda levando em consideração que esse programa utiliza o português falado em Portugal. Portanto, acho que deveria ter dado uma revisãozinha antes de publicar. Já vi uma entrevista com o Glauco em outro zine que o editor manteve as mesmas coisas. Pode parecer boba essa minha observação, mas falo como quem já está envolvido nessas de zines e palavras há quase duas décadas: publicar dessa forma, sem dar uma revisada soa um pouco como descaso com o leitor, pois dá a entender que o editor do zine não se deu ao trabalho de arrumar o texto. Sei bem que não foi essa a sua intenção. Mas eu sempre penso da seguinte forma: se por um acaso eu esqueço o fanzine dentro do ônibus e alguém encontra e passa a ler. Ela pode ter a interpretação errada ao ver esse "deslize". Resumindo, é importante que sempre dê uma revisão geral antes de publicar.
Bem, acho que é isso.
Espero que tenha entendido as minhas questões, como te disse, as críticas são bem aceitas quando elas são construtivas e foi com essa ideia que as fiz.
Também desejo que continue com esse gás todo para continuar sempre publicando e colocando suas palavras para circular pelo mundo afora. Palavras dentro de gavetas só servem para as traças.
Parabéns pelo trabalho!
Abraços,
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ResponderExcluirflavia_perez@hotmail.com
e quero participar tbm rsrsrsrsrsrs
bjbjbj
Falou tudo.
ResponderExcluirMuito importante a forma como recebeu meus apontamentos.
ResponderExcluirDessa forma se move o moinho!
Grande abraço!