segunda-feira, 22 de outubro de 2012

COMPREM, BANQUEM, ME ALIMENTEM

(Por Diego EL Khouri)

Ninguém percebeu os esforços sobre-humanos
que me foram necessários para ser
igual aos outros.
        Charles Baudelaire

Com o rosto amassado
na retumbante madrugada
vejo os cindo dedos de minha mão direita
pressionados firmes em minha face amarga.

E choro compulsivamente em silêncio.
Por que Marcela, vês em mim a Liberdade
se as grades fazem parte do meu dorso calejado?
Por que me olhas assim espantada?

Não percebes o quanto sofro,
o quanto me maltrato?
A primavera sutil vem, eu sei,
mas o que isso importa nessa cidade?

Não há mais vida nem morte.
Só os dedos cravados em minha face.
Um egoísmo brutal e safado
que me faz igual a esses poetas sem graça.

Avenida Goiás. Na esquina me embriago.
Vender poesias pra leigos é o que mais faço.
Entre eles eu fico em silêncio,  calado.
Me confundo com o barulho dos carros

e a fumaça que vomitam da cannabis.
Como disse; poetas sem graça.
Em vez de me tratarem como louco
quero que apenas comprem meu livro num preço nada camarada.

Um comentário:

  1. Muitos assim existem. A arte é um suicídio com bala lenta. Mas a verdade é que isso inspira, prova disso são estes versos escabrosos. Parabéns!

    De um poeta sem graça ao poeta,

    Vi
    bardodataverna.blogspot.com

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