*Conheci a poetisa Marisa Vieira em 2013 nos saraus do Rio de Janeiro. Na época estava morando lá e nos apresentamos diversas vezes nos mesmos eventos. Mais uma grande alma que entrevistei.
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1) Você transita muito bem entre Brasília (sua terra natal) e Rio de Janeiro (cidade onde mora atualmente). Quais as diferenças mais gritantes, dentro da poesia, nesses dois lugares e como foi seu início nessa "arte de lapidar palavras"?
Quando morava em Brasília, meus poemas não saiam das “gavetas, cadernos” e nem mostrava para ninguém, poucos sabiam que eu escrevia, na verdade, nem eu sabia hehe Então lá, no DF não tenho como falar sobre o circuito poético da minha época, atualmente sei que acontece um movimento forte por lá, poetas ativos como Marina Mara, Noélia Ribeiro…
Aqui no Rio, moro na Barra da Tijuca e costumo dizer que moro em “BarraSília” (com sotaque do Alberto Roberto) porque a Barra é igual, em minha opinião…
Meu início? Não recordo bem... cedo, dos 08 anos até uns 13 ou 14, morei com uma outra família, que não era a minha, mas era e minha segunda mãezinha, Dona Carminha, sempre recitava poemas em datas comemorativas, natal, aniversários, talvez tenha sido daí, mas não me recordo tão bem e nunca aprendi a lapidar palavras.
2) O que acha da poesia contemporânea? Quais nomes destacaria?
Em ebulição, muita gente boa, boa mesmo.
Tantos nomes a destacar…nossa‼! ARNALDO ANTUNES, assim mesmo em caixa alta.
Líria Porto, Luis Turiba, Tavinho paes, Chacal, Eduardo Tornaghi…amigos próximos como a Marina Mara que citei acima, é incrível, uma poeta que o Brasil precisa conhecer. Manoel Herculano, um poeta maranhense que tive o prazer de conhecer no Rio de Janeiro.
3) Você é frequentadora assídua de saraus de poesia no Rio de Janeiro como, por exemplo, o Pelada Poética, evento criado e organizado pelo ator Eduardo Tornaghi (que ocorre toda quarta feira na praia do Leme), Ratos Di Versos (um sarau bem conhecido na Lapa) e João do Corujão, sarau cujo padrinho é Jorge Ben Jor e que acontece nas terças feiras de todo mês. Como se dá o diálogo com outros poetas e de que forma tais eventos influenciam no seu trabalho artístico?
Hoje não sou tão assídua assim, mas foi aqui no Rio, especialmente no movimentoCorujão da Poesia que conheci poetas e fiz amigos para a vida toda, digo que sou Marisa AC/DC (antes de depois do Corujão). Papo longo que não dá seguir aqui…
Os eventos de poesia não influenciam no meu trabalho, o Corujão sim, teve um papel importante, por me apresentar a vários poetas e foi através do corujão que conheci os demais eventos. Amo o Pelada Poética, o Mano a Mano com a Poesia, do Mano Melo, Sarau do Mello, do ator e poeta Marcello Melo, eventos que o Tavinho Paes sempre organiza e são sempre uma grande festa e surpresa, um dos melhores que acontecem no Rio do Janeiro. Dialogo bem com todos que conheço.
4) Você pensa no público quando escreve um poema?
Não penso.
5) Você acha que poesia atrai um público restrito? O que fazer para as comunidades carentes terem acesso à cultura?
Sim. Fiz durante um ano parte da coordenação artística de um sarau chamado OPA! Ocupações Poéticas que acontecia todos os sábado no Monumento a Estácio de Sá (Aterro do Flamengo) e esse evento era muito especial, pois através do Dra. Thelma Fraga, era voltado para as comunidades carentes, levávamos sempre um grupo, como Cidades De Deus, Caju, entre outros…infelizmente após a partida rápida da Thelma, não prosseguimos com a OPA! Mas ainda sonho e tenho vontade de voltar a fazer algo do tipo, pois o que precisa para as comunidades terem acesso à cultura ir até elas e mostrar que as mesmas podem e podem muito.
6) Além de poemas, costuma escrever em outros segmentos literários?
Não. E sou mais "frasista" do que poeta. Se bem que existe poeta de um verso só...
7) Livro (s) de cabeceira.
Atualmente a Bíblia, Cem anos de Solidão e muitas matérias e artigos sobre marketing (finalizando a faculdade ufa‼!)
8) Uma lembrança inesquecível.
Bem falando de poesia, uma lembrança inesquecível foi o nascimento da OPA! No dia da ocupação do exército no Complexo do Alemão, passamos um dia inteiro falando poemas, ouvindo os moradores, mães, crianças, foi um dia rico, com muitos músicos, atores e poetas do Rio de Janeiro disponíveis para arte.
9) Uma poesia de sua autoria.
Negra Vieira
Sou mar
sou terra
sou ar
da atmosfera
sou rara
sou fogo
cara a cara
abro o jogo
poeta
riso franco
negra
em terra de branco
sou terra
sou ar
da atmosfera
sou rara
sou fogo
cara a cara
abro o jogo
poeta
riso franco
negra
em terra de branco
10) Uma frase pra finalizar.
Vou deixar duas e você escolhe:
Salvou-se, era a rima da família!
Desde o princípio, mesmo sem verba, nunca deixou de crer no verbo.
Marisa Vieira
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