sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ÚLTIMO POST

(Por Diego El Khouri)

O último post do ano com um poema que exemplifica toda minha poética.

CAMPOS DEVASTADOS

Escrever soneto sem métrica
é perder-se num abismo sem volta.
Eis o poeta devassado no caminho
aniquilando tua própria memória.

Minha escola é chula (rua futura).
De anjos a demônios imaculados.
Putas enroladas em cobras enormes.
Nietzche em campos devastados.

Minha arte (edifício em escombros)
fere minha alma, me humilha, me arrasa
na risada mais nojenta de um clown.

Ando down em botecos vermelhos.
Se passei para o lado do desespero
é falta de estilo o que quero que percebam.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

SONETO GINECOLÓGICO

(Por Queiroz Filho)
http://naudasrapsdias.blogspot.com/

SONETO GINECOLÓGICO

Não posso e já disse que não faço...
A culpa é toda dela... Não fiz nada!...
Sei que esse romance foi fracasso,
Mas ela inda crê em conto de fada...

Que sofra essa vadia espevitada!...
Passei e se quiser outra vez passo...
Rameira, meretriz, excomungada!...
Fodi e fodi gostoso o seu cabaço!...

O que filho da puta?... A sua cadela?...
Deve estar chupando mais dez machos,
Ou só se masturbando co’a novela!...

A três?... É a vida têm altos e baixos...
Apara no alto a porra e nem se mela!...
Aquele cú suporta até dois cachos!...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

JORGINHO A. ROCHA

Esse é o trabalho do músico e artista plástico Jorginho Antonio Rocha, conhecido também como Pog. Vocalista e baixista da banda Malzdreams, ele vem compondo canções, desenhos e pinturas numa intensidade única. Mistura de surrealismo, impressionismo, com arte abstrata, figurativa, rock n'roll e poesia, atitude grunge e essência filosófica. Escolhi uma série muito interessante para expor nesse blog. Tenho o orgulho e o prazer de ser amigo dele há 13 anos. Aí segue-se os delírios poéticos visuais desse grande irmão:

À vida: Liberdade!

Ao nascimento:Um sopro

À procura: Versos paralelos


Essência: Ao tempo, resiste



Fragmentos: Além dos olhos



Lembrança: Paredes do seu quarto

domingo, 26 de dezembro de 2010

ENTREVISTA

Eu tive a honra de ser entrevistado pela  grande artista  A wild blumen, que tanto admiro. Coloco aqui no meu blog a entrevista. Ela se encontra também nesse link:

http://vidavegetal1.blogspot.com/2010/12/uma-pitada-de-molho-livre.html

Diego, filho da exclusão. fale, um pouco sobre esta exclusão, quem são os que te excluem? Quais as motivações deste grupo?
Parece que a Morte, única deusa pagã que me abraça anda me espreitando desde meu nascimento como uma possessa sangue suga sem pudor e paz. Andar na corda bamba enfrentando situações limites é algo inerente ao meu espírito. Sofri desde bem novo o tão famoso bullying que hoje na mídia virou matéria de audiência. Chute na saco, cuspe na cara, humilhações diversas, exclusão total. Era visto como um ET. Um bicho coagido e sem graça. O palhaço sem humor, com uma cara de sonso que não sabia se portar como as outras pessoas em nenhum ambiente. O clown assustado. Meu grande pecado: gostar de arte. Ahh arte, grande filha da puta do caos dos sonhos! Isso desde bem novo. Primeiro veio a exclusão na família, depois fora dela. Em contraposição as humilhações que sofri eu ia compondo poemas, desenhando sem parar e tudo com uma abordagem totalmente transgressiva e dilacerante. Escrevi inclusive aos oito anos de idade um livro de 100 páginas chamado REI VERGONHA, onde revelo meu ego, minhas inquietações, revoltas e desejos. Apesar do título singelo o livro contava com cenas de chacina, suicídio e tinha nele embutido uma visão idílica da sociedade, um sonho de mudança e o amor dominando enfim todas as atitudes do homem. Uma ilusão naquela época ainda tão sonhadora. As porradas da vida me levaram ao punk rock e absorvi em minha personalidade toda aquela carga niilista e pesada do estilo e passei a  enfrentar as pessoas sem medo algum e minha poesia e desenhos nessa época começaram a ficar de fato indigestos para a sociedade geral. Depois foi a chantagem dentro da própria família. Eu perante a Morte, doente, com a boca no vaso durante quatro dias. Parentes rindo de minha condição inferior naquele momento. Erro médico. Dezesseis dias sem comer e sem soro e dreno. Trinta quilos a menos. Erro em cima de erro. Furaram meu intestino e minha alma. Nunca mais me equilibrei.
Quem mais te inspirou e quais os autores, músicos, artistas, enfim que mais te impressionam?
 O primeiro poeta que me chamou a atenção foi Fernando Pessoa. Eu devia ter uns oito anos de idade. Me marcou profundamente aquela sua linguagem irônica e intensa, embora pela idade, algumas coisas naquela época ficaram no ar. Depois, mais tarde, aos quatorze anos de idade, li dois sonetos do Augusto dos Anjos que me chocaram muito. Cheguei a vomitar fisicamente e psicologicamente. “Versos íntimos” e “Psicologia de um vencido”. Nunca mais fui o mesmo. Sempre encarei a arte como um núcleo visionário de mudança interior. Não admito a possibilidade de alguém ler Rimbaud e não mudar de vida. Eu encaro a arte como uma porrada. Uma ferida sem cura. Um desvio alucinante da mente. Assim como o sexo, as drogas, as bebidas, as sensações etílicas, os estados fantásticos, a poesia dá um barato fundamental pra vida, como já nos dizia Paulo Leminski. Mais tarde veio a literatura romântica, o simbolismo, surrealismo, todos movimentos de vanguarda, a geração beat, a filosofia de Nietzsche, Schopenhauer,o magnetismo poético de William Blake, a pintura de Frida Kahlo, René Magritte, Toulouse Lautrec, o rock n’ roll, jazz, bossa, nova, blues, a minha experiência pessoal com o xamanismo e ayahuasca, minha participação em escolas de filosofia, meus dias no hospital, minha revolta, o cinema de Glauber Rocha, Stanley Kubrick e Sylvio Back, os fanzines dos anos 70, Angeli, Glauco Mattoso, Marquês de Sade, Arrigo Barnabé, a MPB dos anos sessenta, as noites de porre, as ressacas, as horas angustiantes nos ônibus lotados, a agonia de um escritório asfixiante, e tudo, tudo isso me inspira e ainda me impressiona e me leva a criação. Eu faço poesia num desespero sem tamanho, numa dor sem igual; claro que há também momentos de prazer e realização, mas isso eu deixo bem vivo na memória para que eu não fraqueje e caia novamente.
 Um poeta e artista plástico, já li no seu blog muita coisa interessante e bastante visceral, de onde vem tua inspiração? Qual teu trabalho favorito na escrita e nas artes plásticas?
A minha inspiração vem de minha necessidade de respirar e não conseguir. De tentar me libertar e ver na imobilidade da existência um câncer sem fim. De me entregar à vida e me ver preso nas amarras da monstruosidade “burrocrática” e tecnocrática exagerada de nossos tempos. De olhar para o céu e clamar a divindade uma luz e só ver trevas. Mas parece que agora começa se apontar uma pequena luz e estou no seu encalço como um doente atrás da cura. De todos os meus trabalhos o que mais gosto é aquele que eu pego, vejo e sinto as mesmas sensações que senti no ato da criação. Enquanto João de Aruanda continuar me guiando penso que não desistirei dessa jornada tão cheia de espinhos. Parece clichê, mas ainda ei de respirar.
CAMA SURTA: um blog que muitos curtem mas que você classifica como desimportante e até como "cagatório de experimentos".  Por que esta definição tão crua?
Esse blog eu fiz com uns amigos, pois tínhamos um projeto de fazer zines e também divulgar na internet nossas idéias. Começou com o fanzine VERTIGEM. Mas vi que só eu estava empenhado, me dedicando o tempo todo, correndo atrás; abandonei o grupo e o projeto morreu. Depois criamos por insistência dessas mesmas pessoas o CAMA SURTA e nada. Esse blog é resquício dessa época. Depois de muito tempo, mesmo sendo leigo pra caramba em computador criei o fanzine impresso com esse mesmo título (CAMA SURTA), que defini como “folhetim coprofágico filosófico desimportante” ou cagatório de experimentos, que é pra combater essa arte extremamente técnica de nossos dias, uma volta a um certo  parnasianismo, mas um parnasianismo sem graça e pedante. “Poetas de gabinete”, pegando uma afirmação de Roberto Piva para traduzir como anda a poesia hoje --Totalmente racional. Por isso nesse fanzine eu trabalho na fronteira entre o belo e o torpe. Inclusive na capa da segunda edição coloquei a foto de um órgão sexual feminino e isso causou inúmeras polêmicas. A poesia do delírio dos ditirambos morreu junto com essa era pragmática e sem utopia. O mundo alternativo, ou underground, como queiram dizer, está aí para tentar resgatar os valores atemporais platônicos poéticos delirantes que foi esquecido ou camuflado. Mas Ainda há muita coisa boa por aí. O Fabio da Silva Barbosa, Eduardo Marinho,  Wagner Teixeira, Ivan Silva, Winter Bastos, Alexandre Mendes,  entre tantos outros artistas, que ainda fazem valer a voz da literatura abrindo os olhos das pessoas apontando para novos rumos que não seja apenas  a obscuridade desse consumismo exagerado, essa mesquinhez bandida,  e todas essas ilusões que só levam ao vazio e ao nada.
Teu mais novo projeto, Molho Livre, onde tive a honra de aparecer, tem causado controvérsia. Fale um pouco sobre os seus objetivos.
O blog Molho livre tem nada a ver com o fanzine. O molho vem da idéia “molho de chaves”, bagunça, loucura, junção, etc. Livre é a liberdade de imprensa que tanto valorizo e que hoje só existe na cultura alternativa. O fanzine MOLHO LIVRE  é uma revista de poesia visual, concreta, com poemas e aforismos. Um órgão de imprensa sem licença, como costumo dizer. O Cama Surta já é de entrevistas, poemas marginais, textos teóricos. Tive a honra de entrevistar grandes artistas como o Glauco Mattoso, A Wild Blumen, Queiroz Filho. O blog Molho Livre portanto, é uma mistura do Cama Surta e do Molho livre impresso. Difícil explicar essa bagunça toda né (risos). Meu novo objetivo é continuar editando zines, publicar livros e expor meus quadros.
Quais seus livros inéditos, "conta um pouquinho pra gente"!
Vou lançar, como disse, um livro de poesias em 2011 que desde a estrutura dos versos à linguagem, a colocação das palavras, tudo irá chocar os mais conservadores. Penso que esse livro irá me salvar. Será a redenção que necessito. O ar que busco e não encontro. Poderei exorcizar minha dor de vez. Meus pulmões irão agradecer.

A linguagem para você é uma questão importante no teu processo de criação, descreva um pouco este prazer e sua interação com outros escritores.
Pra mim, o mais importante é a música e não a rima. A poesia inclusive veio disso, dos trovadores, da melodia cantada. Mas acredito que para romper com os cânones da arte primeiro é preciso mergulhar a fundo no clássico. Hoje me dou o direito de fazer sonetos sem métrica, sem rima,  mas para isso fiz infinitos poemas metrificados. Ao escrever um poema eu sinto a canção vibrar minha alma  e meu corpo. É quase uma dança sexual de acasalamento. A palavra está me seduzindo e eu aceito  a sua corte. Mas é isso mesmo. A palavra tem que ser subvertida e a música em seu cerne deve mover-se como um deus possesso, o tão aclamado cântico dos ditirambos. A minha interação com outros escritores deve-se quase que unicamente a internet, pois nos poucos eventos de sarau que participo sou visto como um louco, demônio e sei lá mais o quê.

Inútil. O que você tem de mais criativo e interessante você define como inútil. Esta definição vem da incompreensão do teu trabalho pelos burocratas da mídia?
Em um mundo tão injusto e cada vez mais tecnocrático, onde cada pessoa é vista como uma mercadoria, uma carne de açougue, seria estranho ver a poesia sendo encarada pela sociedade como algo útil e necessário. Penso inclusive como Leminski que ela é uma das coisas que não precisam de justificativas. A poesia É e pronto. Da mesma forma que o orgasmo não tem explicação a poesia também não. E ainda mais sendo um poeta tão “indigesto” a inutilidade torna-se maior para os olhos das pessoas e principalmente os ”burrocratas” da mídia.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A FUNDAÇÃO KRIG-HA



(Por Raul Seixas, Paulo Coelho, Sylvio Passos, Christina Oiticica, Toninho Buda, Ed Cavalcanti)

Prefácio

Nós vos saudamos, Maria. Nós Vos Saudamos José. E nós saudamos os artistas brasileiros que tiveram o silêncio do resto do mundo quando seus trabalhos e seus corpos foram censurados, mutilados desaparecidos.

Manifesto

1 - O espaço é livre. Todos tem direito de ocupar seu espaço.
2 - O tempo é livre. Todos tem que viver em seu tempo, e fazer jus as promessas, esperanças e armadilhas.
3 - A colheita é livre. Todos tem direito de colher e se alimentar do trigo da criação.
4 - A semente é livre. Todos tem o direito de semear suas idéias sem qualquer coerção da INTELEGENZIA ou da BURRICIA.
5 - Não existe mais a classe dos artistas. Todos nós somos capazes de plantar e de colher. Todos nós vamos mostrar ao mundo e ao Mundo a nossa capacidade de criação.
6 - "Todos nós" somos escritores, donas-de-casa, patrões e empregados, clandestinos e careta, sábios e loucos.
7 - E o grande milagre não será mais ser capaz de andar nas nuvens ou caminhar sobre as águas. O grande milagre será o fato de que todo dia, de manhã até a noite, seremos capazes de caminhar sobre a Terra.
Saudação final do 11o manifesto.
Sucesso a quem ler e guardar este manifesto. Porque nós somos capazes. Todos nós, todos nós somos capazes.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

BRENFA




(Por Diego EL Khouri)

Mais uma vez no abismo sórdido
quando por fim me encontrava em paz
perdi os  resquícios de um momento bom...
Era a sua poesia, a sua beleza,
a sua prepoderância, ó Rio de Janeiro,
cidade bela, belas mulheres,
bundas e camarões,
lascívia e ilusões.
Como me senti leve nessa cidade?
Como me senti vivo nessa liberdade!
Eu, o poeta do cárcere, vil e amargo
sorrindo perante coisas simples e nobres.
Ó Rio de Janeiro,
perdi o itinerário
a eloquência das palavras
o amor e a tranquilidade.
Tinha infinitos versos no bolso da calça.
Tudo que passei e senti e vivi
eu perdi,
o que ficou é isso aqui
uma puta dor de barriga
e as coisas belas dessa vida.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

RIO DE JANEIRO EM DEZEMBRO

(Por Diego EL Khouri)

De braços abertos
e os sapatos apertados
vou para o Rio de Janeiro
com a cara embriagada
e a alma lavada.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

AI QUE LINDO!

(Por Diego El Khouri)

Tem dias que me sinto triste. Me dá vontade até de chorar. Tem dias que tô tão sozinho. Me sinto jogado às traças. Anem. O aluguel tá atrasado e o patrão me xingou todo. Um ó para mim. Tô usando a mesma cueca tem cinco dias. Pensa meu bem. Tá bom. Ela tá relada de bosta. Mas que que tem?As más línguas dizem que  Napoleão fedia pra caramba e nem por isso ele não foi o cara?! Que que isso gente? Me dá o direito de feder um pouquinho. Um pouquinho só. Num vou num casamento hoje mesmo. Ah nem. Você heim? Tá difiiiicil. Ui ui. Que chato! Comprei um Ray-ban. Fiquei uma gracinha não fiquei?. Tô parecendo o Edson Celulare naquela novela que ele pega a piteusinha da filha da Glória Pires. Hoje eu acho ela um horror. É bocuda demais. Pensa o que ela faz com aquela boca enooorme. Eca! Não quero nem pensar. Amor, por que você tá gemendo? Tá com algum problema? Você não tá querendo  voltar pra fazenda do pai não né? Neemm. Eu saí de lá moleque pra nunca mais voltar. Esse negócio de falar ôce pra lá, ôce pra cá nem rola. Poxa vida! Para com isso, meu bem? Não se alimentou direito não é? Tem dias que você fica chato e insistente. Tô com dor de cabeça hoje. Não insiste. Não insiste. Não vamos fazer amor hoje. É o último capítulo inédito da reprise daquela novela antiga. E acabei de almoçar. Dá congestão. E não faço amor sem uma palavra de carinho no cangote. O último animal que eu peguei, aquele troglodita safado, eu dei um pé servido na bunda gorda dele, aquele orangotango nojento parente do Tony Ramos. Eu quero ser amado. Sou hominho que tem um coração que bate. Não sou objeto de nenhum animal. Ah para com isso!! Esse bééééééééééé não vai me convencer! Não não e não! Aiiiiii!! Tira a boca daí!!!! Assim não resiistooo!!! Puxa vida!! Hummmm... deliciaa!!! Vai! Vai! Continua! Para não! Isso, meu bem! Vai me arrebenta vai!! Agora deixa eu por. Isso safadinho. Você sempre de quatro né. Esperto você. Depois que eu descobri os cabritos deixei de vez de comer orangotangos ou galinhas do galinheiro da tia Guilhermina. Eu te amo pra sempre meu cabritinho.
-- Béééééééééééé!!!!!!!!!
Ai Que lindo!!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

CARNAVAL

(Por Diego El Khouri)

O homem quer ser rei.
Rei de todo pecado.
Seguir a trajetória lúcida
do poeta embriagado.

Temos ainda cerveja,
poesia e abraços.
Um monte de balões
e traços mal desenhados.

Diante do homem, aquele
que tornou-se Deus
os olhos ficam parados.

Queremos  sim paz, alegria
nem que seja
 com os sentidos super alterados!

19, 11, 2007

REBOCO CAÍDO

(Por Fabio da Silva Barbosa)

quero um lugar onde a beleza não me incomode
com seus rostos bonitos
seus corpos perfeitos
quero um lugar onde aprecie os defeitos
onde possam os sujeitos
cantarem e rodopiarem
por todas as praças e campos
despidos
completamente nus
onde os excessos sejam adorados
os certos estejam errados
e haja um cultos aos depravados
o pudor seja execrado
o mal desmascarado
e os fúteis renegados

vamos para o mundo
onde todo Raimundo
não importa se sugismundo
nos abrace e faça um brinde
onde os sábios escrevam errado
e o esquecido seja lembrado
chega de ser deturpado
que se crie outro lado
e não se tenha mais cuidado

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

FESTEJANDO

Glauco Mattoso para Diego El Khouri; dia: 07,12,2010

 Para as commemorações natalinas, este é o meu desejo poetico:
 
FATAES NATAES [Glauco Mattoso]
 
Natal! Que desejar, sendo sincero,
a alguem que considero? Peço então
que aquelle homem do sacco vermelhão
penetre no buraco, dizer quero...
 
Da sua chaminé! Que ganhe, espero,
algum peru carnudo e, pelo vão,
lhe venha a pomba! Vão das pernas? Não!
Da telha! E agoure sorte á hora zero!
 
Emfim, neste Natal, eu lhe desejo
esguichos, gritos, risos! Fique claro,
refiro-me à champanhe! E vale o ensejo:
 
Pendure a meia usada! Assim, meu caro,
que a noite escurecer, eis o que almejo:
trocar por nova, e um mimo eu ganho ao faro!
 
 
///

domingo, 5 de dezembro de 2010

DEVASSANDO O POETA


ENTREVISTANDO O POETA QUEIROZ FILHO
(Por Diego EL Khouri)

Poeta ligado a métrica e a rima sem deixar de ser contemporâneo. Esse grande sonetista nascido no interior de Pernambuco e que hoje reside em Loi Mendes - Minas Gerais me concedeu uma entrevista que consta na segunda edição do fanzine CAMA SURTA. Para entrarem em contato com sua obra é só acessar o link: www.naudasrapsdias.blogspot.com.

  1- A contradição sempre foi conjunto da poesia. Principalmente quando o poeta se equivale da linha marginal que foi aquilo que impulsionou grandes obras do gênero. O paradoxo é a célula da poesia. Até mesmo a destruição da linguagem e do tema nobre que caracterizou o século XIX e que criou aquilo que chamamos de decadentes, poesia maldita, delírio poético etc. Você sendo um poeta filho de analfabetos, nascido no interior de Pernambuco, longe portanto  do eixo São Paulo e Rio, sonetista  ligado a métrica e a rima, com linguagem ao mesmo tempo formal  e coloquial, como  se deve seu ato poético e o que te chama a atenção em poesia tanto na parte de apreciação quanto de construção poética?
Realmente, são óbvias em minha poesia algumas contradições, creio que isso se dá devido ao fato quase desesperador de retirar de mim todas as possíveis cascas que ocultam de alguma forma o meu espírito e aquilo que realmente eu sou, ou que ao menos, ainda acredito ser, e em contrapartida, compreender o mundo ao meu redor o suficiente para sentir-se em paz consigo e com ele. Em outras palavras, poderia ser: - Destruir-se para reconstruir-se, constantemente, descrendo de toda e qualquer verdade absoluta e fazendo de minhas idiossincrasias tão simplórias, a matéria bruta de meus versos. Já quanto as minhas preferências de leitura, bem, o poeta que mais leio hoje é Glauco Mattoso e que é um dos meus preferidos, senão, o preferido, mas essa admiração na verdade não se deu tão facilmente, pois, desde 2001, quando esboçava alguns versos às escondidas, aquilo que lia de poesia me tornou um purista em relação à temática e que eram poetas como: Petrarca, Camões, Bilac, entre outros, claro que tal concepção se fez existir em decorrência do Platonismo que está explicito nos sonetos de Petrarca e Camões, todavia, em Bilac aquele erotismo ardente, chamava-me a atenção, porém, o meu puritanismo temático me inibia, até que decidi ler com profundidade os sonetos de G.M. e, eis que ali me encontrei definitivamente e me libertei dessa auto-censura.
     2-    A poesia em contrapartida com outras artes, ou “pseudo artes” está um tanto esquecida. Você acredita que ela sempre será uma arte para poucos?  Em resumo, você acha que poesia não vende?


Em minha concepção a Poesia sempre será vista pela maioria como um mero subterfúgio do ego, ainda que os grandes gênios, mesmo que postumamente, sejam colocados em seu devido posto provando-nos o contrário, o seu espaço sempre será o canto mais estreito da prateleira da estante. Portanto, a meu ver ela pode ter o seu espaço, contudo, jamais alcançará a notoriedade de outra arte do mesmo quilate, como, por exemplo, da música popular Brasileira, ainda que se sirvam da mesma ferramenta. E se formos falar em questão de vendas em termos nacionais, ou em relação a outros estilos de escrita, ela esteve e sempre estará abaixo da média nesse quesito. Infelizmente, devemos admitir: - Poetas e fantasmas, relativamente, sempre terão um grau de parentesco!
3 -     Você costuma dizer que "viver por ela ( a poesia) e para ela haja o que houver". A que preço acreditar ainda nessa coisa “inútil” que é a palavra?
   Bem, como para mim a Poesia jamais será uma arte tarifável, então, sempre irei acreditar nela, seja escrevendo, ou não, eu estarei ao seu lado, pois da mesma forma que minha língua pátria sempre será a língua Portuguesa, a Poesia sempre será a minha mais real paixão, visto que na minha visão uma acaba se tornando da a outra, a forma e o fundo, respectivamente.
                                                                                                                        
  4- Qual a maior imprudência da sua vida?
Pensar que a vida é uma imprudência e também que em nossa Era, rudemente mecanizada, não haveria de forma alguma espaço para a Poesia.
5-  Acredita na influência do mundo transcendental no ato de poetar?
Na verdade transcendentalismo ou metafísica, até, então, nunca me foram objetos de reflexão, mas vejo-os atrelados a arte poética em inúmeras épocas, talvez, porque esses poetas, rigorosamente chamados de metafísicos, como o grande poeta Português: Antero de Quental, buscaram sanar as suas angústias existenciais em um plano além do que é convencional para os demais poetas, pois quando se questiona a existência de um ser supremo, (o que ele fez exaustivamente), por exemplo, tende-se a cair em um terreno obscuro de uma consciência primitiva. Presumo que haja tal influência, todavia, em raros poetas como aqueles de estro elevado como foi Antero de Quental. Já, em meu caso, a única influência avistada é a vida em todas as suas fases e formas.
6- Qual seria uma Morte gloriosa pra você?
 Aquela em que a lucidez não me fugisse no exato momento  em que eu estiver partindo e obtivesse, assim, por último impulso reflexivo a lembrança mais preciosa e pura de toda a minha vida: o sorriso de minha Mãe.
7- A internet, uma revolução na minha opinião, tão importante quanto a queda do muro de Berlim, pois vem modificando rápido a sociedade devido o acesso veloz a qualquer tipo de informação, mesmo assim você pensa que está ocorrendo uma espécie de censura?
Decerto, há um grau de censura, que se faz existir pelo simples fato de ainda haver, mesmo na literatura, (o que supostamente, não deveria), o falso pudor dos poetas e críticos de “boa higiene”, e como quem defini o que é, ou não, literatura, é a classe dominante, o modesto espaço para a poesia sempre será preenchida por algum poeta, “funcionário público”, usando aqui uma denominação de Manuel Bandeira.
8- Por que trabalhar com o soneto, essa forma tão pura e metrificada, conhecida pela sua roupagem idílica e romântica e resgatá-la para o mundo contemporâneo com uma visão ácida e às vezes até violenta da vida
O fato é que desde o meu primeiro contato com a poesia, os primeiros poemas que li eram de ordem fixa, e o soneto sempre foi para mim o “rei soberano” de todas as possíveis formas de verso fixo, embora não despreze o verso livre, o soneto sempre será para mim a melhor roupagem para qualquer temática que eu venha a usar em minha poesia, e como já disse, os temas que introduzia em meus sonetos, eram por excelência, vistos como nobres. Até mesmo a mitologia Greco-romana era para mim um artifício obrigatório, mas essa minha postura retrógrado em relação a temática e ao meu estilo poético, se foi  diluindo aos poucos, quando, recentemente, inseri nela, palavras de baixo calão e temáticas em certo ponto escatológicas, aliadas a uma linguagem às vezes coloquial e, em outras, formal, como você mesmo já havia constatado.                                                                                                        
9- Você afirma que o fato de sofrer de epilepsia e sua ida a São Paulo aos dois anos de idade  afim de tratar desse mau foi decisivo para que te levasse a poesia.  Na sua obra poética onde podemos encontrar raízes de uma infância no interior, aquela idéia pura e inocente  que existe longe das metrópoles, pelo menos em teoria, ou a paranóia da cidade grande foi mais forte para explodir sua arte em forma de palavras?
Na verdade, o motivo de sofrer de epilepsia não foi exatamente o fator decisivo para que começasse a escrever, pois como pode ver, são raros os poemas em que abordo a minha enfermidade, todavia, a ida à São Paulo, com certeza foi, uma vez que a base do meu conhecimento e meu amor pela poesia, se deram através  disso. Agora, a respeito das raízes de minha origem, vejo que apenas em alguns poemas isto se revê-la por meio de uma tentativa de recriar artificialmente o sotaque típico do nordeste, sem que haja nesses poemas uma temática voltada para a minha infância, ou ao menos, uma fidelidade ao sotaque Nordestino. Até mesmo porque morei em meu Estado de origem, somente até os meus 2 anos e tive o meu primeiro contato com a poesia, apenas aos 20 anos, quando já estava definitivamente morando na periferia de São Paulo, aonde já me consideravam um Paulista paranóico por natureza.
10 – Pra terminar quais são seus maiores medos e obsessões e se são elas o alicerce ou não para continuar iluminando a vida com aquilo que alguns intelectuais chamam de Poesia?

Talvez, hoje, pensar em meu futuro seja o maior deles, pois não consigo de maneira nenhuma prevê-lo, ainda que hipoteticamente, enquanto, os outros, de tão pequenos que são não merecem, sequer, a minha atenção. Enquanto as minhas obsessões ganham força, através desse tal medo, quando a todo o momento busco desesperadamente não estar sozinho na vida, por mais que desejasse ser um nômade errante, ou então, um rústico neandertal enclausurado em sua caverna rabiscando códigos na parede. No fim, noto que essas sensações estão, com certeza, atrofiadas ao meu estro poético, contudo, não precisam de minha razão para existirem, já que sabem mais do que eu cuidarem de si próprias.  

      Outubro, 2010






sábado, 4 de dezembro de 2010

UMA LINDA MENINA

(Por Diego EL Khouri)

     Como sempre atrasado. Corria de um lado ao outro tentando me direcionar. Ela não ia esperar muito tempo pelo pouco que a conheço. Ameaçava uma chuva tímida. Aquelas chuvas que só aparecem de quando em quando para atravancar nosso caminho. Ela deve estar na segunda garrafa de cerveja olhando ao redor. Daqui a pouco irá se interessar pelo primeiro camarada que lhe sorrir e lhe apontar a atenção ao seu belo carro de uma marca cara entupido de som. Um filho da puta com certeza sem neurônios. Esse tipo comum que agrada as mulheres, principalmente aquelas que bancam de intelectual. Ela é uma intelectual de fato. Daquelas que não usam batom e não penteiam o cabelo. Mas é bela. Toma banho todos os dias e mesmo sendo a exposição nua e crua de uma bárbara ela é bela. E que lábios e que boca e que olhos! A minha noção  de bárbaro se deve a minha infância num interior vagabundo de Goiás. Lia e  lia e relia e me escondia nas história espetaculares dos livros de fantasia. Eu era estranho. Me sentia só e desajustado. O único da sala que não praticava esportes e não tinha cabelo no saco. Isso era terrível e inaceitável naquele ambiente tão inóspito para mim. A única coisa de grande que tinha era meu nariz e meu pau. Mas e daí?! este último ninguém  via. Não sabia ainda usá-lo de forma correta. Um bárbaro não entende nada. Não escuta nada.Apenas sua voz interior. Aquela voz que para alguns seria deus e pra outros o demônio. O bárbaro é um alienado de marca maior. Não se agrega a nada nem a ninguém. Muito menos a Deus ou o acaso. É vítima das injustiças do mundo, alheio a esportes e odeia tomar banho. Quando gosta de esportes pratica sozinho em total solidão. As pessoas não querem um perdedor no seu time. A cafeína é indispensável. Um bárbaro não pode dormir. Precisa primeiro ligar o rádio e ouvir aquilo que ninguém ouve. O abismo sem pelos e sem contornos e sem marca de sol. O abismo sem cabelos compridos e sem uma boca carnuda e vermelha e sem seios que saltem do roupão entreaberto insinuando uma volúpia que é a imagem exata da Morte.  Agora me lembro do réquiem de Beethoven. Isso se data de minha infância. A infância sempre. Eu chamaria de inferno de Dante. Cada nota parece um adeus. Cada parte da melodia um mergulho na inconsciência. Um desvio da mente.
     “Merda! Esse ônibus não passa logo!” Saí do meu serviço mais tarde do que o previsto. Sempre esse emprego pra me foder. Se esse emprego fosse pelo menos uma mulher linda, aliás nem precisava ser linda, bastava ter dente, iria fodê-la com toda a fúria que esse jovem bárbaro é capaz. Beleza! O “maledeto” está vindo. Pronto. Acabei de passar na catraca. Dois bancos vazios?!!! Isso é coisa rara. Melhor me acomodar logo. Que barulheira é essa?! Ai ai ai! Porque o povo não entra logo nessa porra de ônibus?!!! Sempre algo vem e me atrapalha. Será que deus é argentino? Não. Se fosse argentino ele já teria me matado. E quem disse que eu não estou morto? Com esse problema todo de flatulência que trago comigo... herdei da minha vó. Ela peidava muito! Parecia um exército todo destruindo bases rivais. É. E começou a merda toda! Sou ansioso pra caramba! Isso me leva ao famoso peidoril. Sempre busco me  conter. Aprendi ao longo dos anos a controlar um pouco esse meu defeito de fábrica. É só não mexer. Ficar quietinho, em silêncio, inaudível... mas por que essa gostosa tinha que sentar justo do meu lado? Deixa eu mudar a pergunta. Por que esse  banco vazio  aqui do lado? Caralho! Descobri! Eureca! Deus é argentino!!!
     Viva a Argentina!! Sem ela eu não teria vontade de peidar!! A peituda do meu lado sorriu para mim. Ela tirou da cara seu Ray-ban que mais parecia o óculos do Kamen Rider. O cabelo dela é de um loiro intenso e seus lábios de um vermelho escarlate mais vermelho  que o coração desse rapaz aqui passional. Mais um sorriso. Não devolvi. Permaneci sem mexer com uma puta vontade de peidar. Meu organismo todo tremia. Um movimento simples poderia ser fatal. Deixa eu desviar meus pensamentos. Deixa eu lembrar de algo. Hum... aquela festa que entrei sem ser convidado. Cerveja demais. Mulher demais. Viado demais. Puta demais. Bêbados demais. Em qual desses me agrego? Talvez bêbado demais. Estava algumas doses alterado e alguns dias que eu não fodia. Uma seca desgraçada. Nesse local nada de Beethoven, Stravinsky ou Vivaldi. Era só a nata da música brasileira. Os bregas dos bregas. Mas o que é brega senão isso?A noção sem graça e eterna da lucidez? Lembro muito bem dessa noite. Eu sempre depois de tomar umas me vem aquela vontade insana de mijar. Eu mijo mais que bebo. Apesar que bebo muito também. É um casamento que estipulei na minha vida. Certa noite (eu tinha uns dezessete anos de idade) eu apresentei meu mijo a cerveja. “Mijo, essa é a cerveja. Cerveja, esse é o mijo. E seja o que deus quiser!” aquela festa. Ahhh... Eu no banheiro dando aquela urinada gostosa e ao me voltar para trás para sair daquele banheiro fedorento (tinha bosta até no teto, não me pergunte como) eu vi um negão musculoso de uns dois metros de altura. “E aí rapaz, tira o pau pra fora! Eu vou chupar!” ele meteu aquela sua mão enorme cheia de calos e unhas e esmalte vermelho bem no meu saco. Se fosse a menina sentada do meu lado com certeza ia ficar de pau duro. Mas não. Tinha que ser um negão enorme e musculoso com um shortinho ridículo e careca com um batom super vermelho! Beleza. Tinha duas opções. Abrir o zíper, por meu pau pra fora, deixar ele duro e assim ele chupar pra me deixar em paz. Mas não ia dar certo. Ia broxar. Me desculpem não sou máquina. Eu custo a ficar de pau duro até com algumas mulheres. E não venham culpar o álcool por isso. A culpada é essas desgraçadas sutis belezas que não se preocupam em se  lavar e acham que temos que permanecer com tesão muito tempo ou até mesmo fingir o tesão que para nós homens é algo impossível. Às vezes penso se o homem fingisse orgasmo como as mulheres ia ser  tudo mais fácil . Tá. Isso é escolha pessoal. Vamos voltar ao negão viado. (Preciso não peidar. Pelo menos nesse “buzu” ao lado dessa linda mulher.) A mão dele no meu saco. buceta! Ele acha que vou ficar excitado  agarrando meu pau desse jeito?!! O máximo que pode acontecer é quebrar o dito cujo. Eu o empurrei e sai correndo. Os seguranças me viram e me pegaram. Fui expulso da festa a chutes, pontapés e xingos. O negão era o anfitrião da festa. Fico pensando... se eu o tivesse deixado dar uma chupadinha, uma simples chupadinha, quem sabe eu poderia ficar de boa na festa até amanhecer e beber e comer de graça a noite toda. Quando a gente é jovem é bobo. Não aproveita as oportunidades. O meu peido está fazendo zigue-zague dentro de mim. Aprendi isso na quarta série. Eu uso o poder da mente e um leve movimento de quadril quase imperceptível e o peido desce batendo nas paredes do estômago e saí de mansinho, de arsinho. O único foda é que fede muito mais do que aqueles rojões, mas como sou expert em peido sei me livrar disso. É só começar a ficar indignado com as pessoas ao redor e meter o pau em quem peidou. Isso sempre deu certo. Mas nunca antes uma gostosa ficava me encarando com lascívia no momento que eu precisava dar aquela baforadinha. Pronto. Mexer devagarzinho. Lembrar de lambada. Quase uma dança. Só que mais devagar. Bem lentamente. Quase parando. Um pra cá. Um pra lá. Um pra lá. Um pra cá. 1 e 2. 2 e 1. 1 e 2. 1 e 1. Buraco, cratera e o caralho!!!!!!!!!!!!!!! PUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! PUTA QUE PARIU!!! QUE PEIDO E QUE BURACO DESGRAÇADO. QUE MOTORISTA DESGRAÇADO! QUE VIDA MAIS FILHA DA PUTA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Acho que foi o peido mais estrondoso dos últimos cem anos na história mundial. Lembrou muito Pavarotti, só que um Pavarotti desafinado pra cacete. Olhei pra ninfeta de soslaio. O sol batia em seus cabelos dando um dourado mais intenso do que nunca. Sua boca era a volúpia real e seus seios sem mácula vestidos de uma nudez quase eterna e seus seios... Ah que seios! Que lindo seios! Que seios deliciosos! Eu estava mais vermelho que uma maçã. Fiquei uns 5 minutos sem olhar no rosto dela. E o povo puto da vida me chamando de sem educação. “A culpa foi do buraco seus estúpidos!” Em outra ocasião eu até poderia reagir. Mas ali não. Eu desejava ardentemente a rainha do meu delírio. Uma mulher nunca chuparia o pau de um cara que peida em público. Ela pensaria assim: “se ele peida sem nenhum pudor no meio das pessoas pensa o que fará na cama entre quatro paredes! E que saco fedorento ele deve ter!” Mais cinco minutos se passaram. O cheiro ainda se instalava naquele ônibus  super lotado. Resolvi olhar para ela. Mas não tinha coragem. Ela era linda demais. Tentei umas duas vezes olhar. Na terceira foi uma olhada rápida. Ela estava olhando para mim. Devia estar contrariada.O  meu cú  poderia ter um cadeado. Peidar só na hora que tirasse o cadeado e as correntes.  Então vai ou racha!! Olhei pra ela e ela olhou para mim. Ela tirou seu Ray-ban e piscou.
     -- Oi gatinho! Sabia que você é uma gracinha!
     E pegou na minha mão. Desesperado resolvi levantar do banco e sair de perto. Pensei: “se uma mulher ao ver um cara soltando aquele rojão ainda se interessar por ele no mínimo ela não lava a xoxota!” já peguei muita xoxota fedorenta. Mas minha cota acabou!
     A viagem prosseguia. Porque de fato era uma viagem. Mesmo daquelas intermináveis. Eu morava longe de tudo. Trabalhava longe de tudo.Me sentia longe de tudo. Era um escravo do capitalismo e me sentia devassado perante tantas injustiças. Queria ser um carrasco. O filho do demônio. A luz negra do ódio vestindo sua cueca suja e suas espadas de fogo. O terrorista que mata sem perdão. Um ser que age sem paixão. O hermético soldado das favelas e o cantador cheio de firulas com seu smoking e sua barriga de “lobó” e seu sorriso de sarcasmo e lascívia insana e intempestiva. Ser talvez o ser causador de todo o caos abrandasse a dor do meu coração ou pelo menos faria as coisas serem mais toleráveis ou divertidas. Mas bem. Pelo menos ainda tenho o álcool e uma buceta aqui e acolá pra passar o tempo.
     Agora falta pouco. Bem pouco. Minha musa está logo ali. Deve estar tri chapada e também puta da vida comigo. Uma bosta essa condução! O ônibus sacoleja mais que sambista de escola de samba carioca. Daqui a pouco chego no Terminal da Bíblia e é só andar um tanto até o bar onde se encontra a causadora dos meus delírios.. Último sinaleiro. Último obstáculo. A porta que me separa de minha deusa. Ela era assim, uma artista e eu seu bocó. É ilustradora, design gráfico, desenhista e estuda belas artes na federal de Goiânia; já está no segundo período e além de estudar na faculdade trabalha lá. Três vezes na semana de manhã. É um tipo de mulher que não se cuida muito, mas mesmo assim não deixa de ser linda. Transpira independência e altivez. Tem uns lábios que emanavam volúpia e uma pele de um branco que lembra funeral. Cabelos não muito grandes e pretos como as trevas. É magra feito aquelas modelos anorexias mas tem uma bundinha empinadinha. Um sinaleiro só... Vermelho. Só vermelho. Essa cor me lembra o sangue das batalhas de stalingrado que assistia nos documentários  com tesão masoquista.
     O coração acelera rápido e não há mais nenhum vestígio da fumaça fétida que emanei há alguns  instantes. Os minutos vão passando e o sinal ainda vermelho. Apenas vermelho. Sempre gostei dessa cor escarlate por causa dos filmes de ação do Arnold Schwarzenegger. E que belos filmes! Sempre fui um cara sensível. Démodé pra cacete! O que me dá uma característica comum em relação a ordem mundial é gostar dos filmes do Schwarzenegger. Ele é demais! Principalmente nas cenas de melodrama onde se exige muito do artista e ele é um cara com um talento raro. Cada personagem é diferente do outroo. Um talento que pesa mais de 80 quilos de massa muscular e algumas pepitas de ouro.
     Sempre odiei Shakespeare. Pra mim ele é um escritor enfadonho, viado e que não sabe enxergar as coisas belas da vida. Porra! De tragédia basta a minha vida! E que vida mais desgraçada eu tenho! Já to quase cochilando nesse ônibus sujo. Quase... quase... minhas costas doem e um suor fétido escorre de minha testa e de meu sovaco. Suor que lembra trabalho e trabalho que lembra serviço e serviço que lembra o lugar filho da puta onde me encontro, de segunda a segunda, dia após dia, hora após hora. Eu sou um cristão sem querer. Sempre viro a outra face para os meus inimigos. Não por escolha religiosa mas por condição existencial. E nesse momento meu maior inimigo é esse sinaleiro aí: Vermelho, insano e prepotente).
     CARALHOOOOO!!!!! O SINAL ABRIU!!!! Verdinho, verdinho. Sempre gostei dessa cor. Talvez minha ligação com a erva, sei lá. Essa cor sempre me leva a sensação de liberdade (além de sonolência). Mas agora não posso ser sonolento. Preciso ser firme e preciso. Ir atrás de minha donzela. Não sou nenhum príncipe. Estou muito longe disso. Mas tenho uma espada que vou falar pra você. Que espada! Ainda mais quando ela está em guarda, ereta como uma rocha. Povo lento! É preciso empurrar toda uma tropa para sair desse terminal, subir a avenida universitária, seguir sentido a minha musa que fica na praça perto da biblioteca da PUC, num barzinho onde os unversotários se encontram para conversarem. Sabe aqueles seus papinhos fúteis e sem graça né? Pois é... ela sempre está no meio deles... ninguém é perfeito... nem mesmo eu que tenho um pau grande.
     Empurrei uma velinha tão bonitinha. Mas foda-se! Sou capaz de tudo pelo meu ideal. Sou um pouco Maquiavel. É nessas horas que a gente nota o quanto faz falta academia. Um sedentário sofre demais nos momentos cruciais da vida. Corro e corro e corro. Espero um pouco. Os carros passam numa velocidade voraz. Mais uns 5 minutos para conseguir atravessar a rua. Chego enfim na Praça Universitária. Estava parecendo um molambo. Um grupo de capoeiristas zumbis com berimbaus incrustados ali todos os dias tocam uma música delirante e cheia de vida. Um canto repetitivo e uma dança magnífica. Mas não estou com tempo para isso. Um grupinho está bem ali fumando um. Ah pra isso sempre tenho tempo. Calma, calma. Meu foco hoje é minha princesa. O resto é supérfluo. Relaxa. Respira. Isso. Passo a biblioteca. No final da praça o bar dos marionetes que bancam serem marxistas sem nunca terem lido  uma obra sequer de Karl Marx.  Sou mais João Zeferina. Ele me ensinou a me masturbar com bucha de banho. A maior descoberta da minha vida além dos livros de Bocage, outra masturbação. O Brasil sim é um país sem memórias. Mas eu tenho uma memória, modéstia parte, bastante avançada. Lembro inclusive daquela bela trepada com a Aninha que nunca se realizou. Ela era tão safadinha. E eu tão certinho... Parece que minha vida não funciona. Igual esse refrigerador vagabundo que comprei do tio Carlos. Ele é um trambiqueiro de marca maior. Puteiro assumido. Agiota nas horas vagas. Querido pilantra. Minha família é o caos. Um mar em combustão tragando o Nada para a alegria do todo, de deus e do Silvio Santos, grande imperador da gravata verdinha.
     “Oh my honey! Fuck you!!” diz o céu sobre minha cabeça. Não pensem na minha cabeça. Esqueçam minha cabeça. Menosprezem minha cabeça. Tá. To ficando careca. Mas e daí? Sempre meu pinto terá mais de dezoito centímetros. E você caro leitor, que por falta de talento apenas lê? Diz que Paulo Coelho é bom sem saber que Paulo Coelho nunca escreveu na vida, apenas relincha e desmunheca nas escolas ociosas do saber. Passei pelas escolas de arte. Não faço nada. Sou o ator da vida. E nada de presunto. Preciso urgente de mortadela. Caminho. Caminho. Caminho. Caminho. Caminho.
  Caminho
             Caminho
                           Caminho
                                      Minho
                                              Inho
                                                    Inho
                                                           Inho
                                                                    Inho.

     Vou sozinho.
     Preciso chegar no meu caminho. Insisto nos passos retos e percebo que não sou eterno. O cansaço bate e o suor escorre. Não tenho sorte. Tá tudo tão  foda! Tão blasé. Tão sem graça...  Corro sem coordenação nenhum esbarrando em muitas pessoas, esses seres sem noção, bando de transeuntes múmias sem identidade. Pareço Roberto Carlos, aquela risada lembra minha amada. São tantas emoções e tantos passos e passos ao  local... cheguei!! hahahaha!! O bar está lotado! Cheio de jovens de gola pólo, camisa da Volcon e tênis Nike. Alguns de moicano se proclamando punks esperando o pai em seu conversível, último modelo do ano,  para levá-los pra casa. Universitário é uma raça sem caralho. Os rapazes fazem “xixi” e as mulheres “defecam”. Prefiro mijar e cagar. Soa melhor. Nada de exacerbismo formal. Postura “séria” e “compenetrada”. Como dizia o mestre, “bom é a língua errada do povo, ao passo o que a gente faz é simplesmente macaquear a sintaxe lusíada”. Somos macacos? Então cada um no seu galho. E se formos marionetes? Cada um no seu quadrado. Cada um no seu quadrado. Cada um no seu quadrado. “Eu não sou cachorro não”.
     Mais umas tropeçadas, uns encontrões,  uns esbarrões sem querer e pronto. Ali a deusa a. A deusa dos meus delírios. A minha musa.
     -- Oi, querida. Demorei?
     -- Imagina...
     -- Como foi seu dia?
     -- Trabalhei demais. Estou cansada... (bocejo)
     -- Hoje o trânsito estava um caos.
     -- Novidaaade.
     -- Bebe não?
     -- Só água. Nem refrigerante.
     -- Vou pedir uma Brahma.
     -- Garçom! Aquela Brahma gelada!! Hoje você está linda, querida!
     -- Por que? Ontem eu tava feia?
     -- N-não é isso... Tipo...
-- Tipo que você não sabe o que falar.
     -- Quer comer algo?
     -- Não.
     -- Nem espetinho?
     -- NÃO!
     -- Quer beber água então?
     -- NÃO!!
     -- Então vamos conversar.
     -- Você que sabe.
     -- Já ouviu o réquiem do Beethoven?
     -- Que bosta! Eu gosto é de Ana Carolina.
     -- Eu curto não. Ela me soa a sapatão.
     -- Tem preconceito?
     -- Tipo...
     -- Tem preconceito??
     -- Assim...
     -- Tem preconceito??????
     -- Não posso dizer que...
     -- TEM PRECONCEITO??!!!!
     -- Assim...
     Discretamente ela fez minha mão disfarçadamente pegar suas partes íntimas e algo crescia rapidamente em seu corpo e não era um bebê...  meu coração acelerava descompassadamente.. Depois eu percebi que ELE queria um oral, fomos para o motel e fiquei pensando no negão viado... esse traveco aqui pelo menos tem um rostinho bonitinho e geme fino...