segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

ODE A FERNANDO PESSOA

PorRoberto Piva


(1937  2010)


O rádio toca Stravinsky para homens surdos e eu recomponho na minha imaginação
a tua vida triste passada em Lisboa.
Ó Mestre da plenitude da Vida cavalgada em Emoções,
Eu e meus amigos te saudamos!
Onde estarás sentindo agora?
Eu te chamo do meio da multidão com minha voz arrebatada,
A ti, que és também Caeiro, Reis, Tu-mesmo, mas é como Campos que vou
saudar-te, e sei que não ficarás sentido por isso.
Quero oferecer-te o palpitar dos meus dias e noites,
A ti, que escutaste tudo quanto se passou no universo,
Grande Aventureiro do Desconhecido, o canto que me ensinaste foi de libertação.
Quando leio teus poemas, alastra-se pela minh'alma dentro um comichão de
saudade da Grande Vida,
Da Grande Vida batida de sol dos trópicos,
Da Grande Vida de aventuras marítimas salpicada de crimes,
Da grande vida dos piratas, Césares do Mar Antigo.
Teus poemas são gritos alegras de Posse,
Vibração nascida com o Mundo, diálogos contínuos com a Morte,
Amor feito a força com toda Terra.

Sempre levo teus poemas na alma e todos os meus amigos fazem o mesmo.
Sei que não sofres fisicamente pelos que estão doentes de Saudade, mas de
Madrugada; quando exaustos nos sentamos nas praças, Tu estás conosco, eu
sei disso, e te respiramos na brisa.
Quero que venhas compartilhar conosco as orgias da meia-noite, queremos ser
para ti mais do que para o resto do mundo.
Fernando Pessoa, Grande Mestre, em que direção aponta tua loucura esta noite?
Que paisagens são estas?
Quem são estes descabelados com gestos de bailarinos?

Vamos, o subúrbio da cidade espera nossa aventura,
As meninas já abandonaram o sono das famílias,
Adolescentes iletrados nos esperam nos parques.
Vamos com o vento nas folhagens, pelos planetas, cavalgando vaga-lumes cegos até o Infinito.
Nós, tenebrosos vagabundos de São Paulo, te ofertamos em turíbulo para uma
bacanal em espuma e fúria.
Quero violar todas as superfícies e todos os homens da superfície, Vamos viver para além da burguesia triste que domina meu país alegremente
Antropófago.
Todos os desconhecidos se aproximam de nós.
Ah, vamos girar juntos pela cidade, não importa o que faças ou quem sejas, eu te
abraço, vamos!
Alimentar o resto da vida com uma hora de loucura, mandar à merda todos os deveres, chutar os padres quando passarmos por eles nas ruas, amar os
pederastas pelo simples prazer de traí-los depois,
Amar livremente mulheres, adolescentes, desobedecer integralmente uma ordem
por cumprir, numa orgia insaciável e insaciada de todos os propósitos-
Sombra.
Em mim e em Ti todos os ritmos da alma humana, todos os risos, todos os olhares,
todos os passos, os crimes, as fugas, Todos os êxtases sentidos de uma vez,
Todas as vidas vividas num minuto Completo e Eterno,
Eu e Tu, Toda a Vida!
Fernando, vamos ler Kierkegaard e Nietzsche no Jardim Trianon pela manhã,
enquanto as crianças brincam na gangorra ao lado.
Vamos percorrer as vielas do centro aos domingos quando toda a gente decente
dorme, e só adolescentes bêbados e putas encontram-se na noite.
Tu, todas as crianças vivazes e sonolentas,
Carícia obscena que o rapazito de olheiras fez ao companheiro de classe e o
professor não vê;
Tu, o Ampliado, latitude-longitude, Portugal África Brasil Angola Lisboa São
Paulo e o resto do mundo,
Abraçado com Sá-Carneiro pela Rua do Ouro acima, de mãos dadas com Mário de Andrade no Largo do Arouche.
Tu, o rumor dos planaltos, tumulto do tráfego na hora do ¿rush¿, repique dos
sinos de São Bento, hora tristonha do entardecer visto do Viaduto do Chá,
Digo em sussurro teus poemas ao ouvido do Brasil, adolescente moreno empinando papagaios na América.
Vamos ver a luz da Aurora chispando nas janelas dos edifícios, escorrendo pelas
águas do Amazonas, batendo em chapa na caatinga nordestina, debruçando
no Corcovado,
Ouçamos a bossa-nova deitados na palma da mão do Cristo e a batucada vinda
diretamente do coração do morro.
Tu, a selvagem inocência nos beijos dos que se amam,
Tu o desengajado, o repentino, o livre.
Agora, vem comigo ao Bar, e beberemos de tudo nunca passando pela caixa,
Vamos ao Brás beber vinho e comer pizza no Lucas, para depois vomitarmos
tudo de cima da ponte,
Vem comigo, eu te mostrarei tudo: o Largo do Arouche à tarde, o Jardim da Luz
pela manhã, veremos os bondes gingando nos trilhos da Avenida, assaltaremos o Fasano, iremos ver ¿as luzes do Cambuci pelas noites de crime¿,
onde está a menina-moça violada por nós num dia de Chuva e Tédio,
Não te levarei ao Paissandu para não acordarmos o sexo do Mário de Andrade
(ai de nós se ele desperta!),
Mas vamos respirar a Noite do alto da Serra do Mar: quero ver as estrelas refletidas
em teus olhos.
Sobre as crianças que dormem, tuas palavras dormem; eu deles me aproximo e
dou-lhes um beijo familiar na face direita.
Teu canto para mim foi música de redenção,
Para tudo e todos a recíproca atração de Alma e Corpo.
Doce intermediário entre nós e a minha maneira predileta de pecar.
Descartes tomando banho-maria, penso, logo minto, na cidade futura, industrial
e inútil.
Mundo, fruto amadurecido em meus braços arqueados de te embalar,
Resumirei para Ti a minha história:
Venho aos trambolhões pelos séculos,
Encarno todos os fora da lei e todos os desajustados,
Não existe um gangster juvenil preso por roubo e nenhum louco sexual que eu
não acompanhe para ser julgado e condenado;
Desconheço exame de consciência, nunca tive remorsos, sou como um lobo
dissonante nas lonjuras de Deus.
Os que me amam dançam nas sepulturas.
Da vidraça aberta olho as estrelas disseminadas no céu; onde estás, Mestre Fernando?
Foste levar a desobediência aos aplicados meninos do Jardim América?
Dás um lírio para quem fugir de casa?
Grande indisciplinador, é verdade?

Vamos ao norte amar as coisas divinamente rudes.
Vamos lá, Fernando, dançar maxixe na Bahia e beber cerveja até cair com um
baque surdo no centro da Cidade Baixa.
Sabes que há mais vida num beco da Bahia ou num morro carioca do que em
toda São Paulo?
São Paulo, cidade minha, até quando serás o convento do Brasil?
Até teus comunistas são mais puritanos do que padres.
Pardos burocratas de São Paulo, vamos fugir para as praias?
Ó cidade das sempiternas mesmices, quando te racharás ao meio?
Quero cuspir no olho do teu Governador e queimar os troncos medrosos da floresta
humana.
Ó Faculdade de Direito, antro de cavalgaduras eloqüentes da masturbação transferida!
Ó mocidade sufocada nas Igrejas, vamos ao ar puro das manhãs de setembro!
Ó maior parque industrial do Brasil, quando limparei minha bunda em ti?
Fornalha do meu Tédio transbordando até o Espasmo.
Horda de bugres galopando a minha raiva!
Sei que não há horizontes para a minha inquietação sem nexo,
Não me limitem, mercadores!
Quero estar livre no meio do Dilúvio!
Quero beber todos os delírios e todas as loucuras, mais profundamente que
qualquer Deus!
Põe-te daqui para fora, policiamento familiar da alma dos fortes: eu quero ser
como um raio para vós!
Violência sincopada de todos os "boxeurs"!
Brasileira do Chiado em dias de porre de absinto.
Arcabouço de todas as náuseas da vida levada em carícias de Infinito.
Tudo dói na tua alma, Nando, tudo te penetra, e eu sinto contigo o íntimo tédio
de tudo.
Realizarei todos os teus poemas, imaginando como eu seria feliz se pudesse estar
contigo e ser tua Sombra.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

PRECIPÍCIO

Por: Diego El Khouri


o universo é lindo  
trás as cores do abismo
abismo-infinito
tão ríspido, insípido
  como gotas de cinismo
  numa clara manhã
                     de precipício.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

MIA LINZ E SUA JORNADA PELO PORNÔ

Por: Diego El Khouri

Dessa vez entrevistei mais uma renomada atriz brasileira de filmes pornográficos: a fabulosa Mia Linz. Vencedora de importantes prêmios, tive a honra de entrevistá-la e  conversamos sobre a indústria pornô, preconceito, desafios e curiosidades. Abaixo esse bate papo:




1) Como você chegou até a indústria pornô?


 Eu sempre fui consumidora do mercado adulto além de frequentar swing. Trabalhei como modelo e figuração até que conheci um sujeito que me levou para conhecer um diretor e sua produtora onde gravei uma cena por curiosidade e gostei.


2- Dentro da indústria pornô você procurou sempre diversificar sua atuação. Por exemplo, foi a primeira atriz a protagonizar uma cena de  tripla penetração. De onde você se inspira para quebrar esses tabus?

  Na verdade já gravei umas 3 ou 4 cenas que não se costuma gravar no brasil e isso chama muito atenção dos brasileiros porque nosso mercado ainda vive nos anos 90 e eu sempre fui consumidora e apreciadora do porno americano e europeu e tô sempre me atualizando.



3- Ainda existe preconceito com as atrizes pornôs? Quem sofre mais preconceito, as mulheres ou os homens?


 Esse papo de preconceito é algo "manjado" digo isso porque em toda profissão se sofre preconceito. É claro que existe, porém tem pessoas em profissões diferentes que sofrem muito mais preconceito da sociedade, ainda mais em países latinos.

4-  E na indústria pornô quem é mais valorizado: o homem ou a mulher?

  Acho que essa pergunta todo mundo sabe... a mulher né,  afinal quem vai receber mais assedio e todo tipo de falatório e fazer o papel de submissão é ela.



5- Você ganhou o prêmio de "rainha do anal" no reality show promovido pelas Brasileirinhas além de outras premiações como  o Sexy Hot. O que agrega esses prêmios em sua carreira e quais são suas próximas metas?

   Na verdade o premio é MISS BRASILEIRINHAS por vencer o reality. Essa história de "rainha do anal" foi algo que os próprios assinantes me chamavam assim, mas que ficou marcado quando o próprio Kid Bengala me chamou de "rainha do anal" após ter feito um anal ao vivo comigo. O premio sexy hot só consegui participar de uma categoria porque a produtora que deveria me inscrever não conseguiu me indicar a tempo, mas não me importei porque sei que essa premiação é muito burocrática e depende de 3 jurados técnicos que nem são do mundo pornô. Gostei mais do prêmio garota hard brasil 2018 porque além de dar a oportunidade de TODAS as atrizes do mercado participarem ele foi organizado por pessoas que são do pornô há anos e o publico quem decidia tudo. Minha meta agora, e sempre foi, o mercado europeu e já começo uma turnê em janeiro e logo depois o americano.


6- O orgasmo nas cenas dos filmes é real ou fictício? 

Eu sempre digo: o dia que eu precisar fingir em minhas cenas é sinal que já posso me aposentar e tentar outra carreira.

7- Normalmente as atrizes pornôs também trabalham como acompanhante e fazem shows. Você não costuma fazer nenhum tipo desses trabalhos. Por que essa opção?

  Para o brasileiro isso é normal, mas para o mercado gringo não. Lá fora eles dizem que se uma atriz pode ser acessível facilmente ao seu público como um agenciador vai vendê-la para grandes produtoras por mais? Claro que tem as que fazem porque precisam do dinheiro como muitas amigas atrizes que tenho. Mas aquelas que não fazem e são objeto de desejo do público vão valer muito mais e terão uma imagem de pornstar. Como não vivo do dinheiro do pornô porque já tenho a minha vida feita muito antes disso o meu foco é ser uma verdadeira pornstar dentro e fora do meu país e não uma garota de programa que grava pornô às vezes, então tenho que seguir os conselhos dos profissionais que por sinal estão dando muito certo e já inspira outras meninas é até atrizes veteranas do mercado.


 8- Qual a diferença do mercado gringo com o brasileiro?

Sem dúvidas a organização e a valorização, além de ter um órgão regulamentador (coisa que não existe no Brasil). O cachê é muito maior que qualquer outra produtora brasileira possa pagar. Você tem motorista, alimentação e hospedagem que são coisas comuns lá fora mesmo para um cena rápida e simples. O Brasil ainda precisa investir mais, tanto em produção como em artistas porque alguns     alguns produtores acham que ainda vivem no passado e não se atualizam.

9-  A cena mais difícil de realizar até hoje.


  Acho que ainda não tive, mesmo porque tudo o que faço no pornô já fazia anos antes no meu dia a dia. 



10. Fale o que quiser. Deixe seu recado.

  Me sigam nas minhas redes sociais instagram: @mialinz_ e twitter: @mialinz_oficial para acompanhar meu dia a dia e meus trabalhos e participem no meu blog onde falo da minha vida pessoal e de detalhes do porno que muita gente nem imagina no meu site   www.mialinz.com .

Att. Mia


domingo, 9 de dezembro de 2018

POR: EDU PLANCHÊZ

morei em Suzano numa chácara ( no bairro Chácara Mea ), ia de Suzano a Arturo Alvim de trem ), lá pegava o Metrô e descia na Paulista...muitas vezes tive q pular o muro da estação de trem em Suzano pq n tinha grana, lembro q o lado de dentro do muro q dava p estação era cheio de graxa p tentar evitar q as pessoas pulassem ele + a "gente" ligava o foda-se e pulava mesmo, n tinha outra alternativa, graxa, lama, merda n mata, o q mata é viver sem o teatro.
                        ( edu planchêz )






quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A FORÇA MÍTICA DO CANGAÇO

— Percepções sobre a HQ Mulher-Diaba no rastro de Lampião, HQ escrita por Ataíde Braz e ilustrada por Flavio Colin 

Por: Diego El Khouri




O meu nome é Virgulino
O lagarto nordestino
Ouça bem o que lhe digo
O cangaço é meu quintal
Meu sobrenome é perigo

Sandro Kretus


     Justiceiro para alguns, bandoleiro para outros. A imagem agreste e desoladora do nordeste. Bela por si só e rica em cultura e história. Óculos de 15 quilates na face queimada pelo sol. Cabelos à altura dos ombros. Aproximadamente 1.79 de altura em um corpo magérrimo. Fala mansa. Exímio sanfoneiro nos acampamentos. Poeta de olhar febril e intenso. Dançarino das rodas de boemia. Em alguns momentos era rápido e em outros momentos, devagar. Dedos enfeitados com anéis de ouro. Armado até os dentes. Estilista de sua imagem. Cabra macho e amante de belas mulheres. Justiceiro e politicamente incorreto. Religioso e supersticioso. A imagem mítica de um Brasil que se perdeu, ou melhor, se esqueceu de sua própria história.
O cangaço (que é o “nosso parnaso no universo”) trás em si características marcantes e que foi muito retratada pelo cinema. Quem não assistiu, por exemplo, o filme “O auto da compadecida” dirigido por Guel Arraes e baseado na obra do Ariano Suassuna? Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, carrega em seu peito a aura cultural do Brasil.
     Mulher-Diaba no rastro de Lampião, HQ escrita por Ataíde Braz e ilustrada por Flavio Colin retrata de forma fantástica todo esse mundo repleto de poesia, violência, magia e intensidade. O traço do desenhista parte de sutilezas, recriação do espaço, geografia e poética. A dita “língua errada do povo” perpassa pela obra dando uma carga fidedigna ao trabalho. Bom mesmo é a “língua errada” do povo, já o que fazemos é “apenas macaquear a sintaxe lusíada”.
     Colin acredita na pesquisa. Acha inclusive que é fundamental para se criar qualquer tipo de arte. Segundo ele, “a pesquisa te leva, não só a valorizar o trabalho e passar uma informação mais precisa e correta, como também a aprendemos. É subsídio para nossos futuros trabalhos”. Há um diálogo forte nessa HQ em parceria com Flavio entre o verbal e o visual. A expressão dos personagens (mesmo utilizando muito pouco de rachuras e sombra) dão uma toque expressivo para a obra. A falta de sombra tem justamente essa ideia: o clarão abraçando todo o espaço, um sol escaldante e característico do ambiente em questão. O Nordeste representado pela realidade e pelo sonho. O onírico é um dos tentáculos que os roteiro se utiliza muito bem ao longo da narrativa. Uma tendência cada vez mais forte entre os quadrinistas nordestinos, como por exemplo, Bruno Marcello, Rodrigo Xavier e leandro Moura.
Outra característica importante e que vale ressaltar é a influência do cinema nos traços dessa HQ. No primeiro quadrinho da página cinco fica bem claro isso. Aquela cena dos cangaceiros sobre seus cavalos, armados, de frente a uma casa, é uma imagem recorrente nos filmes inspirados no Lampião e também nas películas produzidas nos Estados Unidos que representam o faroeste, filmes estes também chamados de cinema western (que significa “ocidental”) e que refere-se a fronteira do Oeste Americano durante a colonização. Região também chamada de far west (extremo oeste). E a narrativa vai se construindo dessa forma. Os enquadramentos, as vestimentas da personagens, o jogo forte de luz sobre todo o papel, as onomatopeias (que resgata a tradição do estilo nas produções impressas dos gibis), o movimento voraz das cenas, a geografia da caatinga, que é um bioma exclusivamente brasileiro, marca a obra Mulher-Diaba no rastro de Lampião como trabalho genuinamente nacional (um tipo diferente de contar histórias e que pode sim atingir outros locais fora do país).
     O fantástico assume caráter mitológico quando este retrata o mágico delirante que dança na mente das pessoas do local. Nesse sentido, a cultura está no cerne da questão. O mágico e o fabuloso tem uma áurea genuína. Nele o “abstrato real” cria camadas de poesia e as metáforas contam histórias. Histórias com um fio condutor que unem as crenças, os olhares e as sensações. A HQ é feliz nisso. Nessas sutilezas que perpassam o imaginário humano e, principalmente, esse imaginário dentro de uma cultura determinada cria potência e é um resgate certeiro na ancestralidade. A hemoglobina dança sinuosa no ósculo vertiginoso da pretérita memória presente de um passado que nos une como cidadãos de uma mesma orbe.
     Ler Mulher-Diaba no rastro de Lampião é mergulhar na nossa própria história.

domingo, 2 de dezembro de 2018

MAIS UMA NOITE EM VÃO


Por Fabio da Silva Barbosa

os vapores da loucura tomam conta do ambiente

fumaça
tabaco
nicotina
mais um gole
fermentado
destilado
do outro lado

vozes se misturam a vários outros sons

calor e agonia

um bêbado arrota grosserias
a mulher quebra a garrafa na cabeça dele
o patife beija o chão