quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

POR: JORGINHO ROCHA

No Natal interior despedaçado 
O sentido da faca cravada
Pra onde foram os bons velhinhos?
Estão vendendo bala nas esquinas,
Ou sentados nas calçadas?
Crianças deslumbradas com espelhos ao contrário contra o rosto
Olham para o céu e cantam "haleluia"
Pra onde foram os sonhos
Visto que por trás dos festões e luzinhas pisca pisca
Existe a fulga da loucura que carrega a solidão?
O choro dos bebês recém nascidos
A lágrima das mães abandonadas
O olhar vidrado dos pais de cansaço vivo
Brilham as luzes para o ano novo
Reluzem os espelhos de céu reflexo
O amor resiste
E sente a importância de todos os dias
E permanece
Esse eternamente vivo. 

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

ENTREVISTA COM O POETA RAFAEL VAZ

Por: Diego El Khouri

Conheci esse poeta  nas estradas da vida. Além de poeta é performer e zineiro. Abaixo a entrevista que fiz com esse "bardo louco" (e nesse link endereço do seu bloghttp://poetarafaelvaz.blogspot.com.br/) :




1) Como foi seu início na poesia e de que forma a literatura modificou seu olhar como artista?

Sinto me muito feliz que em fim alguém perguntou coisas a mim. A poesia nasceu da necessidade do silêncio. Meu contato no começo era apenas pelos livros do Vinícius e do Drummond e do Bandeira. Eu era chato e preguiçoso para ler mais livros. Quando me mudei para Goiânia ao dezessete anos, me senti um animal fora da selva e teria um longo tempo de adaptação, então escrever foi uma forma de não enlouquecer nesse processo, influenciando depois muito no meu trabalho e linha de escrita. A literatura com certeza foi a causa de toda loucura que é minha vida pois foi justamente minhas leituras que abriram os olhos e hoje ter me tornado o que os outros chamam de pessimista. Acima de tudo a literatura no liberta de muitas amarras e uma inclusive é, contra nós mesmos.


2) Você transita entre Altamira (PA) (sua terra natal) e Goiânia (GO). Qual a diferença da vida artística nessas cidades e o que é preciso ser feito para a população ter acesso à cultura?

Se essa pergunta fosse feita há alguns anos atrás, eu diria tristemente que Goiânia é um outro mundo. Goiânia é um outro mundo. Mas Altamira hoje tem uma cena poética maravilhosamente movimentada graças aos meus amigos poetas daquela cidade, como os meus amigos Aline e Fabiano Vitoriano, que comanda um sarau mensal na cidade. Eu nuca pude exercer a função de poeta em Altamira, gostaria muito um dia. Agora em Goiânia o meu processo está todo ligado a partir do momento que saio de casa. Minha conexão com a cidade é essencial para meu processo de criação. Eu deixo partes de mim por todo lugar que eu vou em Goiânia. Eu acredito que a cultura precisa falar a língua do povo. A população quer saber primeiro se vai bem recebida, bem tratada. Sempre temos um pé atrás com quem nunca nos deu nada. Sabe como é, né?

3) Agora falando mais especificamente de Goiânia. O que tem a dizer dos saraus que ocorre na cidade e dos poetas que ultimamente estão em atividade e que se apresentam nesses espaços?

Já faz uns três anos que temos nos decepcionados com esta cena que sobe,desce (literalmente) nos tem apresentado a poesia goiana. Temos um grande poeta de um livro só. Velhos burgueses barrigudos que só tomam chá na nossa Academia Goiana. E jovens poetas que não conhecerão estes outros. Somos cada um por si e todos por um poema eterno. Saraus já não nos satisfazem mais. Goiânia funciona a partir de como os burgueses querem que vivemos. Estamos todos perdidos. E em meio a tudo isso, eu deixo um lambe, um poema, um grito. Precisamos ocupar todas as ruas. Quebrar nossas tvs. Exagerar de arte e poesia toda e qualquer pedaço de cidade.

4) A idéia de "interferência artística" na cidade modificando o espaço é uma de suas ações rotineiras levadas sempre aos extremos das ruas: lambe lambes, fanzines, poesias na rua, etc. Nos conte qual a função  que a rua tem no seu processo  artístico e qual a importância que esse tipo de vivência tem em sua vida.

  Eu sempre gostei de caminhar e isso me levou a conhecer toda cidade. Minha ação pela cidade sempre foi um pedido de socorro, um "olha pra mim!". E foi assim, que depois a conexão se tornou mais forte depois das experiências de morar na rua que ocorreram tanto no Rio como em Goiânia. A rua é cheia de histórias bem mais bonitas que essa que o sistema cria para gente. Conheci pessoas maravilhosas que um dia gostaria de encontrar. São tantos os lugares que interferir que gosto de sentir que sou um pedaço da cidade.


5) Nos fale sobre o seu  zine "O ano que perdi amando". 

No início do ano eu passei por uma crise muito forte e acabei queimando todos os meus papeis e trabalhos e documentos e tudo que carregava. Virei um um poeta do zero. Depois de certo período de tratamento eu enfim fui reincorporado ao mundo dos poetas, com poemas que acredito serem bem mais maduros que os que queimei. e assim nasceu "O ano que perdi amando", de uma desilusão amorosa carregada de luxúria. Mas essas histórias terminam mal que pra acaba amando. e como poete eu contei. É meu preferido porque é o tipo de poesia que me agrada.



6) Como você, estudante de artes visuais em licenciatura, encara o poder revolucionário da educação? De que forma pensa em contribuir nessa questão, ainda mais sabendo que vivemos em um Estado que manipula o ensino desde a base?

A Licenciatura tem sido uma grande surpresa pra mim. A educação é realmente transformadora e poucos de nós sabemos as armas que temos nas mãos. O Brasil é um país jovem e ainda temos muito para aprender. Acredito que devemos educar para tornar as pessoas mais críticas, observadoras e questionadoras daquilo que pedem para que sejam suas vidas. Os sistema vem apelando cada vez mais na imbecilização do povo e podemos está voltando para a década de 90. Todos os prédios públicos estão defasados e devemos cada vez mais trazer a escola pra rua, chegou a hora de os brasileiros se conhecerem.

7) Qual a sua opinião sobre a descriminalização e legalização da maconha?

Existem dois tipos de pessoas no mundo. Maconheiros e Caretas. Só quem crítica é quem nunca fumou. Procure um especialista contra e nunca achará. Eu fumo por causa da ansiedade, a maconha me deixa mais calmo e alegre, me permite não me matar. Penso demais. Cada vez mais as discussões vem tomando mais espaço e muitas pessoas já sabem ouvir os argumentos. Uma dica que posso dar é fumar ao ar livre, é a melhor forma. Legalização é importante para tentarmos desmembrar as redes de tráficos que nos colocar numa cena totalmente errada que é cada vez mais a negação de um povo que vive em torno dos centros urbanos. E mata muitos jovens que sonham apenas em ganhar um dinheiro pra ajudar alguém.


8) Como você pretende morrer?
Ultimamente venho pensando nisso. Já tive um nó em casa, mas percebi que não tenho coragem. Sempre pensei que só teria coragem com um tiro na cabeça, ouvi dizer que dura três segundos, isso eu aguento. Mas do jeito que sou, acho que um dia irei errar e bum! será overdose. kkkkkkk
Ps: Me enterrem pelado.
     
9) Uma grande imprudência.
Minha maior imprudência é não sacar as mulheres que me dão mole. Com certeza, as decepcionei. Espero que elas me deem outra chance.

10) Uma poesia de sua autoria.
por várias vezes questionei
meus poemas, minhas ações.
já quis parar.
a vida cheia de coisas boas,
maravilhosas, estava
em desvantagem contra
as coisas que os homens
faziam para controlar
sua vida.
o que você deve fazer,
o que você deve ter,
eu estava sendo engolido
por tudo isso.
por todos.
você senta na calçada
e espera que algo aconteça
e nada acontece
e você cria um deus
e reza a ele
e ele te manda esperar,
porque primeiro ele também
precisa existir, já que os homens
também o corromperam.
as horas passam
e sua vida não muda
e você não consegue se
mexer porque o mundo
já está pronto para te
dar o próximo soco.


quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

THINA CURTIS, A SENHORITA ZINE

Por: Diego El Khouri

Tive o primeiro contato com o trabalho da Thina Curtis por volta de 2009 através do seu zine Spell Work. Em 2011 tive a oportunidade de entrevistá-la em  e tal material se encontra nesse link http://fetozine.blogspot.com.br/2011/08/thina-curtis-e-sua-arte.html. Abaixo mais um bate papo com essa grande figura do underground brasileiro:


1) Você começou com a Fanzinada em 2011. Evento que celebra o fanzine e que viajou para vários lugares do Brasil. O que mudou de lá pra cá? Quais as diferenças mais visíveis na produção de cultura alternativa no país?

As pessoas voltaram a olhar para os Fanzines, outras a conhecerem e a produzir.Com certeza a qualidade e a estética visual. x
Hoje temos muitas feiras, eventos direcionados a zines e publicações independentes, Livros sobre Fanzines.

2) Você promoveu oficinas de fanzine na Febem e em presídio feminino em São Paulo. Nos conte essa experiência e qual a força da cultura alternativa na reintegração do presidiário à sociedade?
Uma experiência bem marcante e de transformação na minha vida.

O preconceito das pessoas em relação a mim por estar nesse tipo de instituição também fica associado a uma pessoa marginalizada e literalmente subversiva, ou seja, que tipo de professora e mulher é essa que vai dar aulas para bandidos. Trabalhei com meninos e meninas, mulheres. porém, ter trabalhado com jovens grávidas e com bebês foi algo que mudou e tocou algo dentro de mim.Só tendo esse tipo de experiência você nota o quanto nossa sociedade e injusta, preconceituosa, machista, racista e homofóbica.Através dos Fanzines essas crianças-mães tiveram seu primeiro contato de afeto, direitos, cidadania, empoderamento.
Por meio de simples recortes e diálogos entenderam um pouco mais sobre-viver a vida, e que existe possibilidades fora do crime e drogas.Com uma linguagem de fácil entendimento que não intimida o autor eles tiveram também o primeiro contato com arte, cultura e principalmente aprenderam a gostar de ler. Viram-se pela primeira vez capazes de pensar, se sentiram gente.


3) Você diz que acredita em "arte engajada, na arte militante, na arte sentida, na arte vivida". Pra uns arte liberta, pra outros aprisiona. Vivemos em um momento de propagandas declaradas contra os artistas e qualquer pensamento libertador. O que fazer no meio de todo esse caos?

A arte em si e uma provocação de sentimentos, eu faço parte de uma geração marcada pelas lutas e engajamento ideológico vividos na ditadura, venho de uma época que discos era proibidos por conter conteúdo improprio, ou seja, falar das condições politicas de um pais em ditadura, hoje todos falam o que querem abertamente, mais ninguém se escuta e se respeita, as pessoas reproduzem o que escutam e textos que nem leem ou entendem, em nome da moral e bons costumes, como será que Shakespeare foi visto quando naquela época fez seus textos anárquicos, Dostoiévski, Michelangelo, Caravaggio, ou um quadro clássico como o Nascimento de Vênus entre tantos outros pintores, sem falar dos poetas, músicos, escultores e outras formas de arte.
4) Como anda as mulheres na fomentação e produção de cultura alternativa? Quais nomes poderia indicar?
As mulheres como sempre estão fazendo tudo ao mesmo tempo, na cultura independente mais ainda! São tantas, Ana Paula Francotti, Aline Ebert, Julia Leonel, Ca Clandestina, Simone Siss, Amanda Doria, Titi Carnelos, Bethania Mariano, Jessica Balbino,Ligia Regina Lima,Ivone Landim,entre milhares de outras...

5) Poesia.

Alice Ruiz(sempre),Jurema Barreto, Dalila Teles, Rosana Banharoli, Janaina Moitinho

6) HQ.
Fabi Menassi, Aline Daka, Germana Viana
7) Música.
Ratas Rabiosas, Corujas de Gothan, Odisseia das Flores, Camila Fernandes (Wonder Dark)
8) Epitáfio.
A arte para mim e abrigo, apoio, vida e esperança.
9) Você, como arte educadora, com que olhos observa o momento atual que o Brasil está passando e de que forma influência nossa relação com as artes?
Creio que respondi um pouco dessa questão na terceira pergunta, porém nesse momento de crises atrás de crises, da arte ensinada nas escolas públicas não ser considerada uma disciplina, somente uma diversão é algo que somente é vista em supostas datas comemorativas para decorar escolas e salas, sabemos que a arte vai muito além disso, a arte é uma síntese dessas ambiguidades, a arte permite mergulhar em reflexões sobre a condição humana, olhar ao entorno e o que a sociedade impõe.

A arte ela tem que Fluir, Fruir!

10)Por que ainda produzir, estudar e falar sobre Fanzines?
Fazer Fanzine não necessita de regras de estruturação para se fazer compreender e isso é mágico!
Qualquer pessoa pode produzir um Fanzine.
Temos muito ainda que se discutir e comentar, temos muito ainda para apropriar quando o assunto e fanzine.
"O pai das redes sociais” ainda tem um elemento diferenciado, a criatividade, o desejo de se fazer algo por experimentação sem seguir padrões, estéticas e justamente isso que fazem dos fanzines únicos.
Fanzines são essência.
Esse artefato simples que contem um cunho forte na educação, na arte e no conhecimento ainda tem muito a ser pesquisado e falado.
Pra mim é necessidade, faz parte de mim.
Quando estou produzindo um zine novo tenho a mesma sensação da criança descobrindo o mundo, e toda vez isso é uma descoberta, a gente nunca sabe onde vai parar um zine, sei que sempre tenho retornos deles de lugares e pessoas inimagináveis.


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

POR: DIEGO EL KHOURI

A academia embebida na noção torpe de superioridade não responde de forma clara os anseios da sociedade. O discurso inacessível pra grande população (tendo o estudo sabotado desde a base num processo de manipulação e alienação do poder sobre a massa) apenas cria segregação, que gera outros males ainda mais graves. E universitário (muitas vezes)  repete essas fórmulas segregadoras correndo o risco de ficar preso nessa bolha. Gente de 18 anos de idade não deveria entrar na faculdade logo de cara. É necessário primeiro "cair na vida/ deixar de ser broxa/ pra ser bruxo". Se abrir pra esse jogo complexo e perigoso chamado Vida.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A POESIA NA VIDA DA ESCRITORA MARISA VIEIRA

Por: Diego El Khouri

*Conheci a poetisa Marisa Vieira em 2013 nos saraus do Rio de Janeiro. Na época estava morando lá e nos apresentamos diversas vezes nos mesmos eventos. Mais uma grande alma que entrevistei.

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1)   Você transita muito bem entre Brasília (sua terra natal) e Rio de Janeiro (cidade onde mora atualmente). Quais as diferenças mais gritantes, dentro da poesia, nesses dois lugares e como foi seu início nessa "arte de lapidar  palavras"?

 Quando morava em Brasília, meus poemas não saiam das “gavetas, cadernos” e nem mostrava para ninguém,poucos sabiam que eu escrevia, na verdade, nem eu sabia hehe Então lá, no DF não tenho como falar sobre o circuito poético da minha época, atualmente sei que acontece um movimento forte por lá, poetas ativos como Marina Mara, Noélia Ribeiro…

Quando morava em Brasília, meus poemas não saiam das “gavetas, cadernos” e nem mostrava para ninguém, poucos sabiam que eu escrevia, na verdade, nem eu sabia hehe Então lá, no DF não tenho como falar sobre o circuito poético da minha época, atualmente sei que acontece um movimento forte por lá, poetas ativos como Marina Mara, Noélia Ribeiro…
Aqui no Rio, moro na Barra da Tijuca e costumo dizer que moro em “BarraSília” (com sotaque do Alberto Roberto) porque a Barra é igual, em minha opinião…
Meu início? Não recordo bem... cedo, dos 08 anos até uns 13 ou 14, morei com uma outra família, que não era a minha, mas era e minha segunda mãezinha, Dona Carminha, sempre recitava poemas em datas comemorativas, natal, aniversários, talvez tenha sido daí, mas não me recordo tão bem e nunca aprendi a lapidar palavras.

2) O que acha da poesia contemporânea? Quais nomes destacaria?

Em ebulição, muita gente boa, boa mesmo.
Tantos nomes a destacar…nossa‼! ARNALDO ANTUNES, assim mesmo em caixa alta.
Líria Porto, Luis Turiba, Tavinho paes, Chacal, Eduardo Tornaghi…amigos próximos como a Marina Mara que citei acima, é incrível, uma poeta que o Brasil precisa conhecer. Manoel Herculano, um poeta maranhense que tive o prazer de conhecer no Rio de Janeiro. 

3) Você é frequentadora assídua de saraus de poesia no Rio de Janeiro como, por exemplo, o Pelada Poética, evento criado e organizado pelo ator Eduardo Tornaghi (que ocorre toda quarta feira na praia do Leme),  Ratos Di Versos (um sarau bem conhecido na Lapa) e João do Corujão, sarau cujo padrinho é Jorge Ben Jor  e que acontece nas terças feiras de todo mês. Como se dá o diálogo com outros poetas e de que forma tais eventos influenciam no seu trabalho artístico?

Hoje não sou tão assídua assim, mas foi aqui no Rio, especialmente no movimentoCorujão da Poesia que conheci poetas e fiz amigos para a vida toda, digo que sou Marisa AC/DC (antes de depois do Corujão). Papo longo que não dá seguir aqui…
Os eventos de poesia não influenciam no meu trabalho, o Corujão sim, teve um papel importante, por me apresentar a vários poetas e foi através do corujão que conheci os demais eventos. Amo o Pelada Poética, o Mano a Mano com a Poesia, do Mano Melo, Sarau do Mello, do ator e poeta Marcello Melo, eventos que o Tavinho Paes sempre organiza e são sempre uma grande festa e surpresa, um dos melhores que acontecem no Rio do Janeiro. Dialogo bem com todos que conheço.


4) Você pensa no público quando escreve um poema?

Não penso.

5) Você acha que poesia atrai um público restrito? O que fazer para as comunidades  carentes terem acesso à cultura?

Sim. Fiz durante um ano parte da coordenação artística de um sarau chamado OPA! Ocupações Poéticas que acontecia todos os sábado no Monumento a Estácio de Sá (Aterro do Flamengo) e esse evento era muito especial, pois através do Dra. Thelma Fraga, era voltado para as comunidades carentes, levávamos sempre um grupo, como Cidades De Deus, Caju, entre outros…infelizmente após a partida rápida da Thelma, não prosseguimos com a OPA! Mas ainda sonho e tenho vontade de voltar a fazer algo do tipo, pois o que precisa para as comunidades terem acesso à cultura ir até elas e mostrar que as mesmas podem e podem muito.

6) Além de poemas, costuma escrever em outros segmentos literários?

 Não. E sou mais "frasista" do que poeta. Se bem que existe poeta de um verso só...

7) Livro  (s) de cabeceira.

Atualmente a Bíblia, Cem anos de Solidão e muitas matérias e artigos sobre marketing (finalizando a faculdade ufa‼!)

8) Uma lembrança inesquecível.

Bem falando de poesia, uma lembrança inesquecível foi o nascimento da OPA! No dia da ocupação do exército no Complexo do Alemão, passamos um dia inteiro falando poemas, ouvindo os moradores, mães, crianças, foi um dia rico, com muitos músicos, atores e poetas do Rio de Janeiro disponíveis para arte.

9) Uma poesia de sua autoria.

 Negra Vieira 

Sou mar
sou terra
sou ar
da atmosfera


sou rara
sou fogo
cara a cara
abro o jogo


poeta
riso franco
negra
em terra de branco

10) Uma frase pra finalizar.

Vou deixar duas e você escolhe:
Salvou-se, era a rima da família!

Desde o princípio, mesmo sem verba, nunca deixou de crer no verbo.
Marisa Vieira


quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

POR: ROGÉRIO SKYLAB

Estão me perguntando se eu não quero concorrer aos melhores do ano. Em qual categoria? Punheta? Aliás, é o único concurso de premiação que deveria existir. Quais foram os maiores punheteiros do ano? Aí sim. Devia também existir uma premiação pros que confeccionam a lista. Porque existe uma profunda relação entre os que confeccionam a lista (os arrombados) e o que fazem parte da lista (os punheteiros). A única premiação que deveria existir é essa. O resto é o resto. Teve um sujeito, certa ocasião, mais feliz do que pinto no lixo porque ganhou um prêmio na biblioteca nacional na categoria de contos. Estava saltitante. Espalhou por toda rede. Que vergonha. Senti pena do infeliz. Eu jamais leria esse sujeito. Todos os prêmios deveriam ser enfiados no cu. Porque é disso que se trata toda premiação. Quem vai ser o próximo premiado?

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

NÃO QUERO SER APENAS MAIS UMA ENGRENAGEM DESSA TERRÍVEL MÁQUINA DE MOER CARNE

eles me vêm com suas velhas morais e obrigações
o aceitam nossas opiniões
querem nos fazer acreditar que temos liberdade
mas isso não existe de verdade
somos livres apenas para fazer o que eles deixam
mas não são ao menos os que se mostram
existem mãos invisíveis nos controlando
estão controlando até o governo
um governo submisso a interesses mórbidos
estamos submissos a interesses escusos
o me curvo a essa falsidade
o acredito na falsa verdade que me ensinou apenas consumir
preciso mais, preciso existir
o vou me suprimir não vão me reduzir
enquanto um se ilude e quer entrar
outro percebe e luta para a algema arrebentar
pular o muro dessa prisão até destruir as paredes
e começar a demolição dessa sociedade ilusória
da mentira compulsória

sábado, 9 de dezembro de 2017

SONETO DA HORA FINAL


Por:  Vinicius de Moraes

Será assim, amiga: um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente
O beijo leve de uma aragem fria.

Tu me olharás silenciosamente
E eu te olharei também, com nostalgia
E partiremos, tontos de poesia
Para a porta de treva aberta em frente.

Ao transpor as fronteiras do Segredo
Eu, calmo, te direi: — Não tenhas medo
E tu, tranquila, me dirás: — Sê forte.

E como dois antigos namorados
Noturnamente triste e enlaçados
Nós entraremos nos jardins da morte.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A MORTE

A morte vem de longe
Do fundo dos céus
Vem para os meus olhos 
Virá para os teus
Desce das estrelas
Das brancas estrelas
As loucas estrelas
Trânsfugas de Deus
Chega impressentida
Nunca inesperada
Ela que é na vida
A grande esperada!
A desesperada
Do amor fratricida
Dos homens, ai! dos homens
Que matam a morte
Por medo da vida.
(Vinicius De Moraes; Rio de Janeiro, 1954)

terça-feira, 21 de novembro de 2017

A OBRA DO ARTISTA DIEGO EL KHOURI NA GLOBO NEWS

No começo desse ano de 2017 a Jornalista Elisabete Pacheco, que apresenta o programa Em pauta na Globo News, fez uma matéria interessante citando meu nome e trabalhos. Agradeço o respeito em relação a minha obra e é mais um incentivo para continuar no ofício labiríntico das artes. 
Nesse link a matéria:


http://g1.globo.com/globo-news/globo-news-em-pauta/videos/t/todos-os-videos/v/periodo-de-ferias-traz-atividades-culturais-que-saem-do-eixo-rio-sao-paulo/5608331/

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

PANELAS DE AÇO

Por: Marcos Alves Lopes

As panelas se calam quando os cassetetes comem.
O couro docente não escuta o som do panelaço.
No aço, a marca da colher encobre os braços. Pernas.
E não há borracha que apague o silêncio das louças.