Por: Diego El Khouri
Boca nua
(no céu da boca)
toda nua
boca chula
(poesia crua)
nua nua nua
— te quero
te investigo
nos delírios
do absurdo.
Por: Diego El Khouri
Boca nua
(no céu da boca)
toda nua
boca chula
(poesia crua)
nua nua nua
— te quero
te investigo
nos delírios
do absurdo.
Alexandre Mendes foi um dos primeiros apoiadores da ideia Coletivo Zine. Quando a ideia surgiu, de imediato animou a participar. Assim, esteve presente ativamente nas três edições impressas que foram lançadas, colaborando com textos, ilustrações, HQs, e ajudando na impressão e distribuição dos zines.
Infelizmente, esse grande artista e ser humano nos deixou em 2017. Como Alexandre já havia enviado material pra uma possível quarta edição, foi então lançada na época uma edição especial do Coletivo Zine, uma coletânea de suas participações. Foi feita também nesse blog uma devida homenagem.
E agora, a Editora Merda Na Mão, uma iniciativa de outros dois importantes participantes do Coletivo Zine, Diego El Khouri e Fabio da Silva Barbosa, lança o livro CAVIDADE, reunindo textos marcantes do Alexandre. Uma obra imperdível para os apreciadores de literatura underground autoral.
Mais informações sobre o livro e para contatar a Editora: https://editoramerdanamao.blogspot.com/2020/12/cavidade-obra-postuma-do-alexandre.html e editoramerdanamao@gmail.com .
Instagram da Rádio SP 160 https://www.instagram.com/radiosp160/
Por: Millôr Fernandes
As Feridas
Viajo num barco pequeno
Junto aos periféricos
Navegamos pelas feridas
Incicatrizáveis de nossa existência
Vemos, sobretudo, o sangue quente
Passando por nossas veias
Feito os rios que banham
Toda a America Latina
Corre pela epiderme
As vivências duras
Que roem o coração
E assombram
Até mesmo o sol
Que nascerá amanhã
Com as incertezas de ontem
Porém, seguimos, juntos
Por nossas feridas
Sobre essa nau capenga
Pelo imenso oceano
Da desesperança
Tentando desbravar o
Início da vida,
Buscando construir a
Primavera periférica
Guilherme de Andrade
Boquete especialista exige a estreita
fimose, pra que a glande não atrite.
A pele se arregaça até um limite
que a língua, na faxina oral, respeita.
Ao bico de chaleira se sujeita
quem chupa, sem direito a dar palpite.
Sebinho que no vão se deposite
vai sendo removido, e a boca aceita.
Bombeia a rola, lenta, sob o lábio,
abrindo-se o prepúcio no vaivém.
A mijo o sêmen sabe, e o sebo sabe-o.
Humilha-se uma boca muito além
da suja felação, e, até que acabe-o,
seu ato animaliza onde entretém.
À Carolina Alves
Por: Diego El Khori
olhar que fala
madrugadas
(tempestades e orgasmos)
boca que grita
o silêncio
(céus e mares)
Por: Guilherme de Andrade
Era uma noite de verão
Helena, resolveu sair de casa
E subir o morro até o topo
Sentou -se no campinho
Ficou olhando o céu
Encarando as estrelas
Em um súbito momento
Passa rápido, tão veloz
Quase Helena não vê
Uma estrela cadente
Em seu coração,
Em plena noite de Janeiro
Helena faz um pedido
- Quero que a violência
Não assole mais a favela
Por: Edu Planchêz Maçã Silattian )
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bombardeiros invisiveis
que você não vê mas os sentem...
o tiranosauro rex foi extinto por meteoros,
por trombetas astrais, por aliens,
pela força da retração expansão...
nós estamos sendo extintos pela politica,
pela burrice dos que compreendem
que se proteger usando máscaras e isolamento social
indica que a pessoa que isso faz é do partido dos trabalhadores,
e que ser do partido dos trabalhadores é crime terrivel,
assim as velhas máquinas de guerra
vindas do sangue derramado no passado da extrema crueldade
capitaliza esses graves dias usando o exterminio em massa
em nome do lucro, em nome do demônio do sexto céu,
e o demônio do sexto céu para agradar seus seguidores crápulas
defeca pela boca, fala pelo ânus,
toma banho de merda enterrando cloroquina em nossos rabos
terei que recorrer a castro alves e a victor hugo e falar,
desgraçados, miseráveis, cegos de tudo,
homens e mulheres vermes,
vocês caminham para os braços da morte espalhando a morte,
não saberei ao certo dizer se é loucura
ou imersão aguda nas trevas