domingo, 28 de março de 2021

À Janaína Gomes

 Por: Diego El Khouri

Boca nua

(no céu da boca)

toda nua


boca chula

(poesia crua)

nua nua nua


 —  te quero

te investigo

nos delírios

do absurdo.




CAVIDADE, livro de ALEXANDRE MENDES

Por: Wagner Teixeira

Alexandre Mendes foi um dos primeiros apoiadores da ideia Coletivo Zine. Quando a ideia surgiu, de imediato animou a participar. Assim, esteve presente ativamente nas três edições impressas que foram lançadas, colaborando com textos, ilustrações, HQs, e ajudando na impressão e distribuição dos zines.

Infelizmente, esse grande artista e ser humano nos deixou em 2017. Como Alexandre já havia enviado material pra uma possível quarta edição, foi então lançada na época uma edição especial do Coletivo Zine, uma coletânea de suas participações. Foi feita também nesse blog uma devida homenagem.

E agora, a Editora Merda Na Mão, uma iniciativa de outros dois importantes participantes do Coletivo Zine, Diego El Khouri e Fabio da Silva Barbosa, lança o livro CAVIDADE, reunindo textos marcantes do Alexandre. Uma obra imperdível para os apreciadores de literatura underground autoral.

Mais informações sobre o livro e para contatar a Editora: https://editoramerdanamao.blogspot.com/2020/12/cavidade-obra-postuma-do-alexandre.html e editoramerdanamao@gmail.com .
















PROGRAMA ESGOTO BASTARDO


Em 03/04/2021, acontece a décima sétima edição do programa Esgoto Bastardo, na Radio SP 160. Devido a todos os contratempos causados pela pandemia, será a primeira edição de 2021.
Programa Especial tocando sons da banda Osbcure Relic de Duque de Caxias / RJ
Reprises programadas:
Domingo 04/04/2021 as 15h
Quarta-feira 07/04/2021 as 23h:30min
Esgoto Bastardo rola aos sábados a partir das 15h, tocando meia hora de sons selvagens extraídos das entranhas sujas do subterrâneo e tem reprise aos domingos no mesmo horário.
Para escutar o programa você pode baixar o app pelo link https://play.google.com/store/apps/details?id=net.onlineradioapps.sp160  ou direto no site: https://radiosp160.com
Instagram do Programa: https://www.instagram.com/programaesgotobastardo/
Instagram da Rádio SP 160 https://www.instagram.com/radiosp160/


Em 10/04/2021, acontece a décima oitava edição do programa Esgoto Bastardo, na Radio SP 160. 
Programa Especial tocando sons da banda Blasthrash de São Paulo / SP
Reprises programadas:
Domingo 11/04/2021 as 15h
Quarta-feira 14/04/2021 as 23h:30min
Esgoto Bastardo rola aos sábados a partir das 15h, tocando meia hora de sons selvagens extraídos das entranhas sujas do subterrâneo e tem reprise aos domingos no mesmo horário.
Para escutar o programa você pode baixar o app pelo link https://play.google.com/store/apps/details?id=net.onlineradioapps.sp160  ou direto no site: https://radiosp160.com
Instagram do Programa: https://www.instagram.com/programaesgotobastardo/

Instagram da Rádio SP 160 https://www.instagram.com/radiosp160/  

quinta-feira, 25 de março de 2021

DIREITO AO PALAVRÃO

Por: Millôr Fernandes



Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos.

É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a “vulgarização” do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.

“Pra caralho”, por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que “Pra caralho”? “Pra caralho” tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via- Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do “Pra caralho”, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso “Nem fodendo!”. O “Não, não e
não!” e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade “Não, absolutamente não! “o substituem. O “Nem fodendo” é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo “Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!”. O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o “porra nenhuma!” atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um “é PhD porra nenhuma!”, ou “ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!”. O “porra nenhuma”, como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos “aspone”, “chepone”, “repone” e, mais recentemente, o “prepone” - presidente de porra nenhuma. Há outros palavrões igualmente clássicos.

Pense na sonoridade de um “Puta-que-pariu!”, ou seu correlato “Puta-que-o- pariu!”, falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba… Diante de uma notícia irritante qualquer um “puta-que-o-pariu!” dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso “vai tomar no cú!”? E sua maravilhosa e reforçadora derivação “vai tomar no olho do seu cú!”.Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando,passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: “Chega! Vai tomar no olho do seu cú!”. Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face,olhar firme,cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: “Fodeu!”. E sua derivação mais avassaladora ainda: “Fodeu de vez!”. Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? “Fodeu de vez!”.

Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de “foda-se!” que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do “foda-se!”? O “foda-se!” aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. “Não quer sair comigo? Então foda-se!”. “Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!”. O direito ao “foda-se!” deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!. Grosseiro, mas profundo…

Pois se a lingua é viva, inculta, bela e mal-criada, nem o Prof. Pasquale explicaria melhor. “Nem fodendo…”
(Millôr Fernandes)


Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos.

É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a “vulgarização” do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.

“Pra caralho”, por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que “Pra caralho”? “Pra caralho” tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via- Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do “Pra caralho”, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso “Nem fodendo!”. O “Não, não e
não!” e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade “Não, absolutamente não! “o substituem. O “Nem fodendo” é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo “Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!”. O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o “porra nenhuma!” atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um “é PhD porra nenhuma!”, ou “ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!”. O “porra nenhuma”, como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos “aspone”, “chepone”, “repone” e, mais recentemente, o “prepone” - presidente de porra nenhuma. Há outros palavrões igualmente clássicos.

Pense na sonoridade de um “Puta-que-pariu!”, ou seu correlato “Puta-que-o- pariu!”, falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba… Diante de uma notícia irritante qualquer um “puta-que-o-pariu!” dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso “vai tomar no cú!”? E sua maravilhosa e reforçadora derivação “vai tomar no olho do seu cú!”.Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando,passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: “Chega! Vai tomar no olho do seu cú!”. Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face,olhar firme,cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: “Fodeu!”. E sua derivação mais avassaladora ainda: “Fodeu de vez!”. Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? “Fodeu de vez!”.

Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de “foda-se!” que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do “foda-se!”? O “foda-se!” aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. “Não quer sair comigo? Então foda-se!”. “Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!”. O direito ao “foda-se!” deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!. Grosseiro, mas profundo…

Pois se a língua é viva, inculta, bela e mal-criada, nem o Prof. Pasquale explicaria melhor. “Nem fodendo…”

segunda-feira, 22 de março de 2021

E a fanzinoteca da Itália continua apoiando a divulgação dos nossos lançamentos

 



Revolucionando me


Por wagner nyhyhwh

Após uma sangrenta revolucão
Enfim
Livre
Libertei me de mim
Tudo passou a ser tão fascinante
Pude me dedicar ao antigo sonho
Escalar paredes
Mas quando comecei 
O susto
Não havia parede
Então caí pra frente
O chão me abraçou
Tão gostoso
Que decidi ali ficar
Comecei a rastejar e me esfregar no solo
Pensei então
Em rastejar até dar a volta ao mundo e retornar ao ponto de origem
Entraria pro guiness
Iniciei a jornada
Então percebi
Antes de dar a primeira rastejada
Que já havia concluído a missão
Já estava de volta à origem
Me senti
sábio forte experiente
Absorvera o conhecimento de tantas nações
Agora sim estava pronto
Pra me implodir
E me bigbangear
Eu em expansão
Renascendo a cada dia

segunda-feira, 15 de março de 2021

EMLIVROEMBREVE - Guilherme de Andrade

 As Feridas


Viajo num barco pequeno

Junto aos periféricos 

Navegamos pelas feridas

Incicatrizáveis de nossa existência 

Vemos, sobretudo, o sangue quente 

Passando por nossas veias 

Feito os rios que banham 

Toda a America Latina 


Corre pela epiderme 

As vivências duras

Que roem o coração  

E assombram

Até mesmo o sol 

Que nascerá amanhã

Com as incertezas de ontem 


Porém, seguimos, juntos

Por nossas feridas 

Sobre essa nau capenga

Pelo imenso oceano

Da desesperança

Tentando desbravar o

Início da vida,

Buscando construir a

Primavera periférica

Guilherme de Andrade 

quinta-feira, 11 de março de 2021

SONETO 673 FIMOSADO



Boquete especialista exige a estreita
fimose, pra que a glande não atrite.
A pele se arregaça até um limite
que a língua, na faxina oral, respeita.

Ao bico de chaleira se sujeita
quem chupa, sem direito a dar palpite.
Sebinho que no vão se deposite
vai sendo removido, e a boca aceita.

Bombeia a rola, lenta, sob o lábio,
abrindo-se o prepúcio no vaivém.
A mijo o sêmen sabe, e o sebo sabe-o.

Humilha-se uma boca muito além
da suja felação, e, até que acabe-o,
seu ato animaliza onde entretém.


sexta-feira, 5 de março de 2021

TEMPESTADE

À Carolina Alves

Por: Diego El Khori


olhar que fala

madrugadas

(tempestades e orgasmos)


boca que grita

o silêncio

(céus e mares)





NOITE ESTRELADA

Por: Guilherme de Andrade 




Era uma noite de verão


Helena, resolveu sair de casa


E subir o morro até o topo


Sentou -se no campinho 


Ficou olhando o céu 


Encarando as estrelas 


Em um súbito momento


Passa rápido, tão veloz


Quase Helena não vê 


Uma estrela cadente


Em seu coração, 


Em plena noite de Janeiro 


Helena faz um pedido


- Quero que a violência


Não assole mais a favela

DEFECA PELA BOCA, FALA PELO ÂNUS

Por:  Edu Planchêz Maçã Silattian )

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bombardeiros invisiveis 

que você não vê mas os sentem... 

o tiranosauro rex foi extinto por meteoros,

por trombetas astrais, por aliens,

pela força da retração expansão...

nós estamos sendo extintos pela politica,

pela burrice dos que compreendem 

que se proteger usando máscaras e isolamento social

indica que a pessoa que isso faz é do partido dos trabalhadores,

e que ser do partido dos trabalhadores é crime terrivel,

assim as velhas máquinas de guerra 

vindas do sangue derramado no passado da extrema crueldade

capitaliza esses graves dias usando o exterminio em massa 

em nome do lucro, em nome do demônio do sexto céu,

e o demônio do sexto céu para agradar seus seguidores crápulas

defeca pela boca, fala pelo ânus, 

toma banho de merda enterrando cloroquina em nossos rabos


terei que recorrer a castro alves e  a victor hugo e falar,

desgraçados, miseráveis, cegos de tudo,

homens e mulheres vermes,

vocês caminham para os braços da morte espalhando a morte,

não saberei ao certo dizer se é loucura 

ou imersão aguda nas trevas