quinta-feira, 25 de julho de 2013

MATRIARCA RAINHA



(Por Diego El Khouri)

À Zélia de Castro Khouri, minha matriarca rainha, amor e vida


Sigo penetrante na jornada de meus pés
na manhã febril de meus versos
do sempre decair de altura alguma
na fornalha quente da amizade
e nas perdas juvenis do  passado morto.

Fui filho, neto, irmão,
ferido anjo sem vestes e asas,
caminhei sobre solos devastados
de construções e fábricas perversas.

Hoje enfim, livre das amarras...
Assumi todos os crimes
até os não praticados
para cortar o anzol
que me ligava às ruínas
de um pretérito nefasto.

Sobrou no céu e na terra
seu sorriso pálido e extremamente belo
seu português bem falado
suas pernas inchadas
e sua fé inabalável.

Me colocou em seu colo
quando ainda não entendia o mundo
e nem poderia imaginar
que a frieza e a crueldade regia tudo.

Me deu de comida e bebida
limpou minhas feridas
quando aclamado de doença
era torturado por dementes.

Me ensinou a escrever meu nome
anulou todos seus sonhos,
esteve comigo sempre.

Minha avó querida
matriarca, rainha
meu sol e mar
Gaia e Atena
és anjo da vida 
e Madona do céu.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

IMPRESSÕES



(Por Simplista Manosimm) 


Quem poderia me dizer um dia que eu teria o prazer de ter a opinião sobre meu primeiro disco ('Simplista' - 2012) de um Mutante dos mais importantes do fabuloso grupo Tropicalista? Pois é, nas últimas semanas tornei-me amigo do genioso escritor e cientista, autoridade do áudio mundial, Cláudio César Dias Baptista! Muito educado e de uma hombridade e generosidade fora do comum Cláudio me apresentou um mundo novo, o qual desconhecia, e ouviu o 1º disco com cuidado e muito assertivo destrinchou em detalhes todos os detalhes pensado por nós ao longo de um ano e meio de trabalho. Impressões que me deixaram emocionado como ficaram igualmente emocionados e surpresos meus companheiros de gravação no mesmo. Depois dessa meu amigo, não preciso mais da opinião de seu ninguém acerca deste trabalho just like that! Logo abaixo estão as primeiras impressões de Cláudio: 

Desta feita consegui baixar sem problemas o "Simplista", em MP3. Eis minhas primeiras impressões:

Coração Meio Duro
Voz agradabilíssima, batida que me faz respirar... em paz. Letras sempre "ouço" na segunda experiência e o farei ainda hoje, mas não costumo comentar - há algo em mim que prioriza a melodia sempre, talvez condicionado desde antes de nascer, a ouvir música clássica no ventre de minha mãe, Clarisse, e música lírica na voz de meu pai. Lembro-me até hoje, com um ano de idade (sic) estar no colo de César a cantar com ele em latim!

Cromaqui
A linda flauta; o som me leva no ar à Arcádia... - e com grande felicidade vejo variar o estilo entre a primeira e a segunda composição; espero que continue a variar nas subseqüentes, porquanto na maioria das vezes, quando recebo músicas de presente, elas parecem todas "entreiguais" (neolgismo de Géa). Deliciosa canção, Cromaqui! O balanço não se atropela, é firme e ao mesmo tempo delicado; o som... ah, o som! É ótimo ver que o tratam coa devida consideração.

Preteritus
Órgão... não posso ouvir um, sem lembrar-me de Arnaldo. Bom destaque à voz principal e equilíbrio sonoro - estou a ouvir as composições no Sistema CCDB, aquele já lendário que não deu assistência técnica a partes fixas de 1972 a 2012, o qual tanta gente especializada e leiga afirma ser (ainda) o melhor que já ouviu. Gosto da paz que você e o conjunto vivenciam e transmitem ao tocar; é coisa interior, mas depende também de vivência musical. Adoro a marcação do contrabaixo, bem nítida mas sem estrondear.



Sambaqui
Expectativa, suspense... sugestão de Bealtes, sem plagiá-los, e isso é tão difícil quanto manter a boa afinação que o conjunto revela - melhor, é claro, ao pé da nossa, dos Mutantes, nos primórdios. Vou admirando as finalizações, todas perfeitas até aqui.

Superfície Surreal
Fantastica - Music From Outer Space, from Russell Garcia, o mesmo compositor da trilha sonora do saudosíssimo filme "The Time Machine" (1960), com Yvette Mimieux. Assim também, com a contagem regressiva, começa uma das canções de Fantastica... E "outer space" é claro que me lembra "Géa"... onde o "inner space" está interligado indissoluvelmente ao outro espaço e ambos são um só, como uma só é a alma desta composição. Grande idéia e realização a mudança do ritmo para o samba no final - mais surreal impossível; parabéns!

Surpresas de amor matinais
Amor... ah, o amor! Géa é puro Beldo, a palavra dos geóctones que se traduz por Amor. Novamente aqui vejo variar o ritmo e o estilo e dou graças por isso. Que bom ouvir variedade! Difícil interpretação vocal nos agudos; e o que é difícil fica horrível se não for perfeito como cá. O que me recorda Miguel Aceves Mejía, na interpretação de "La Malageña", de dar inveja aos mais afinados instrumentos musicais e cujo alcance não merece o dúbio rótulo de "falsete".

Água no Jacá
Muito bem disposta a seqüência das canções; abre-se espaço bem aqui para uma aceleração do ritmo, o que é feito. Eu gostaria de ouvir todas as canções em qualidade de CD ou DVD, se possível; porém, mesmo em MP3 como ora as ouço, sei completar na psique a profundidade que falta ao processo. Um "finale" como nas sinfonias: não poderia concluir melhor.


Café da manhã com nós dois
Simplicidade, Simplista, voz e violão - pra que mais no café da manhã, além de Ela pra gostar? Os outros instrumentos e vozes entram na hora certa, e ora me recordo de "The Ventures", pela batida firmíssima, guitarra de timbre inconfundível, sem que haja qualquer plágio ou referência explícita. Só que as altas freqüências ultrapassam com vantagem o que os Ventures podiam fazer naqueles bons tempos...

Calibre
Diálogo pra Mozart nenhum botar defeito, entre a guitarra e o contrabaixo, num equilíbrio perfeito de rimar com defeito e anulá-lo em primor. Gosto mesmo da interpretação vocal, muito firme e segura, afinada! Ah, como faz falta a boa afinação no que tenho ouvido por aí... De novo a guitarra me lembra os Ventures; desta linda vez, inda mais de perto. E que estilo de guitarra-base seria melhor? A bateria, pra mim que tenho ainda os reflexos nos pés e nas mãos enquanto ouço, é como se eu próprio tocasse, porque é como gosto. O som aqui 'tá uma festa; que bom!...


Cariocasta
Fernando: é difícil eu querer reouvir música e continuar reouvindo. A maioria é só pra vez primeira. Estas porei o computador pra chamar ao sistema de áudio, não só para ouvir com a merecidíssima atenção, como também para deixar ao fundo, inspirando-me no trabalho diário. E Cariocasta me lembra certo caos presente em certas canções de certo conjunto cujo nome não preciso repetir... Quanto à letra, como não ouço letras da primeira vez, fico devendo o comentário... inclusive porque sou paulistano, Dalgiza meu grande amor é mineira e nosso filho Rafael é carioca!

Conclusão: não tem conclusão... já que continuarei a ouvir sempre. Forte e gratíssimo abraço! Cláudio e CCDB (sic)

terça-feira, 16 de julho de 2013

LABIRINTO



título do quadro: Labirinto
Autor: Diego El Khouri
Técnica: óleo sobre tela

À venda (for sale)

email para contato (contact email): elkhouriartes@hotmail.com

quinta-feira, 11 de julho de 2013

CLARÃO

(Por Diego EL Khouri)



À Samira Hadara, minha tempestade


Não pude ver  seus olhos
porque seus olhos agora me pertencem.
Não pude beijar sua boca
porque sua boca me veste
e me sinto leve assim.
Não pude estar dentro de ti
porque  dentro de ti
vive  meu coração.
Imergi do declínio
que antes era  camisa de força
e me abalava a visão.
Não pude prestar atenção em você
pois você já é meu mundo
e minha ânsia de viver.
Segui a vida como um louco
e louco por você mudei até a  direção.
No deserto do Saara
também chamado alma de poeta
alguém bebe água
contrariando toda regra.
Algumas cordilheiras
ultrapassam o bom senso.
Alguns crimes nunca chegam ao fim.
Até mesmo o palhaço sabe chorar.

Posso não encontrar meu caminho.
Posso me perder mais uma vez no vazio.
Pode até a morte me abraçar novamente
e estragar o castelo de areia
que construí com sêmen e amor.
Pode vir até meus pés
bombas e terremotos
fome e tragédia.
Pode vir tudo,
qualquer traço de dor
que nada vai estragar
a felicidade do segundo
que agora vivo com você.

terça-feira, 9 de julho de 2013

FRAGMENTOS DE PENSAMENTOS

(Por Diego EL Khouri)

A internet se tornou um chute nos colhões carcomidos do poder. A população não aceitou mais ser tratada como lixo. Abriram os olhos e principalmente se indignaram. Como Marx dizia, "As revoluções são a locomotiva da história."A qualquer momento isso iria explodir. Lembro do Movimento Passe Livre e da internet possibilitando informações se cruzarem, correrem para todos os lados. Estive lá. Tomamos bordoadas da polícia. tentaram nos calar. E não iremos nos calar, isso é fato!! Somos raios, dinamites!! A massa passará de oprimida para dona de seu destino. Todas as portas se abrirão, todas... todas... nem que seja à força. 



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É preciso sempre estar nas ruas. Estamos num momento propício para que ações em coletividade tenham mais resultado. Falo em todas as áreas. É preciso botar fogo. Explodir as estruturas falidas. Golpear o estado com a beleza da consciência insubmissa e solidária. É preciso                    nos colocarmos no mundo que vivemos.



segunda-feira, 8 de julho de 2013

O TEATRO E O SEU DUPLO (REFLEXÕES SOBRE ARTAUD)




Autor: Diego El Khouri
Título do quadro: O teatro e o seu duplo (reflexão sobre Artaud)
técnica: óleo sobre tela
à venda (for sale)

email para contato (contact email): elkhouriartes@hotmail.com

quinta-feira, 4 de julho de 2013

SUBSTÂNCIA VIVA

(Por Sarah El Khouri)

Seguir na contramão de uma série de falsas verdades,
Induzir minha substância para deliberação.
Construir-me contra o que me curva ou me exalta.
Ser inteira ciente de que não sou ainda completa.
Reconstruir-me e embora sob escombros
ter consciência de tudo que o me liberta.

Sou constituída de tanta agregação turva,
embora a simplicidade extravase
o que há de mais vivo em minha natureza.
Sou um amontoado de ruas curvas, precipícios,
ladeiras, construções inacabadas, céu azul safírico.
Sou sonhos cessados, loucuras expostas,
devaneios sentidos, alegrias mortas,
feridas abertas que anseio por curar,
chagas que não evito fuçar embora sinta dor...

Sou o pensamento distante enquanto tomo café.
O devaneio inteligente enquanto bebo cerveja barata.
O olhar doce enquanto fito quem amo.
A nostalgia silenciosa num domingo parado.
A mudez sagrada quando olho o crepúsculo.
A nudez, a pele, o corpo clamando por outro.
O otimismo ativista por um mundo melhor.
Em mim há o palhaço, o triste, a santa, a vadia, o louco.



segunda-feira, 1 de julho de 2013

O MUNDO VISUAL DE CARLOS SARAMAGO

(Por Diego EL Khouri)


Carlos Saramago nasceu em 1972 em Abrantes, cidade portuguesa pertencente ao distrito de Santarém, na sub-região do Médio Tejo, na região Centro. Portador de epidermólise, doença, que além de bolhas no corpo provoca mutilações nas mãos, pinta desde muito cedo numa compulsão incrível. Sua arte (que perambula pelo surrealismo, retratos, caricaturas, óleo, acrílico, aquarela, azulejos, etc)  é uma exposição nua e crua de seus sentimentos e ideias. Uma arte intensa, rica  de beleza e espanto, que fascina e embriaga. Tive o prazer de entrevistar esse "contador de histórias" como ele mesmo prefere se definir. Eis abaixo a entrevista e algum de seus quadros:



 "eu sou metáfora de cada tela." Carlos Saramago
1) Comece nos contando como foi seu início na pintura e se houve algum tipo de repressão na família em relação ao seu dom.
Recordo-me que, na altura, não tinha nenhuma opção de escolha, devido à minha saúde. Mas sentia esta força que me empurrava para os desenhos. A minha família aceitou bem a minha escolha.
2) Quais suas influências no campo da arte e se passou pela sua vida algum mestre próximo com quem aprendeu a pintar?
Comecei por fazer desenhas da Marvel. Adorava todos aqueles heróis e até pensava que era um deles! (risos). Desenhava-os e recortava-os. Eram os meus brinquedos, porque não havia dinheiro para comprar outros.
Quando deixei a escola e fui até à Suíça, descobri os pintores de rua e travei conhecimento com Giorgio Rotilio e Samy. Comecei a pintar no atelier deles. Em 1993, o Giorgio convenceu-me de ir pintar para a rua a seu lado. Posso dizer que foi ele o meu mestre.


3) Quando pinta inspira-se numa temática, num objeto exterior a si, ou é puro exercício técnico e intelectual?
Costumo dizer que o facto de pintar é apenas curiosidade.
Sou autodidata  Esta busca de perfeição é a tentativa de elevar os meus sonhos e de torná-los reais.
É numa tela que a minha loucura se vê... o Ser que eu gostaria de ser.
A minha arte influencia todo o meu estado de espírito. Tento sair de dentro e colar-me numa tela. O meu interior visível.



4) O que pretende transmitir com sua arte e em que corrente se insere?

Bem, nunca penso nisso. Dizem que o meu estilo é surrealista, mas acho que é só o estilo de Carlos Saramago. Pedaços de sentimentos soltos que se misturam numa tela.
Acredito que, quando pinto, tento contar uma história, transmitir um pouco de mim. Cada um interpreta-me à sua maneira, lê o que sente naquele momento. Nunca arrisco dizer "estou aqui, e tu?". 
Uma pintura é apenas uma ilusão.

5) A arte transmite o contexto de uma sociedade. Na sua pintura portanto,  transita  inúmeros símbolos, pensamentos  e idéias. A catarse e imagens chocantes e intensas fazem parte primordial da sua psicologia visual e é uma produção extremamente constante.  Nos diga por quais  caminhos sua arte percorre e até que ponto sua vida particular ou traumas íntimos interfere no resultado final de um quadro.
Na realidade, penso ser o mesmo que todos vêm na minha obra. Muito comercial que desvia por vezes em caminhos mais íntimos... mais perigosos... que muitas vezes sinto... ou não...
Muitos trabalhos meus são apenas a tentativa de traduzir sentimentos alheios, apesar de colocar sempre algo que me pertence na tela. A minha vida reflete-se muito no que pinto.
Afinal, sou um contador de histórias.


6) Ainda se lembra do primeiro quadro que pintou?
Não me lembro. Perdi a conta  de quantos  trabalhos  pintei. Pinto desde os 16 anos e já não consigo recordar.
Sei que desenhei muita coisa má e muita coisa boa. Algures entre os dois, espalhadas, semeadas... um Carlos Saramago que ninguém iria lembrar...

7) Qual a maior dificuldade para quem escolhe a arte como profissão e não apenas hobbie? 
Sou da opinião que os artistas de rua são frequentemente indevidamente catalogados como "desenhadores sem futuro". Sou um desenhador de rua, mas reconheço que me dão valor pelo trabalho construído. Tive muita sorte de encontrar as pessoas certas.
Mas ainda há muito a fazer para provocar a evolução da mentalidade Portuguesa. Ninguém compra arte nem a considera como um investimento. O público costuma andar distraído ou finge sê-lo...
Quanto aos galeristas, admito nem sempre os entender. Continuam a ser abrutes da sociedade das artes, com critérios que deixam, muitas vezes, a desejar... Quem tem "nome" pode entrar! Os outros...
Viver da arte ainda é Surreal, mas é possível fazer da arte a nossa vida.


8) Quais artistas da nova safra  mais lhe agrada?
Dos Artistas-vivos portugueses, gosto da influência de Luiz Morgadinho, Fernando d' F. Pereira, Júlio Pomar, entre outros. A lista conta mais de 50 (risos)
E, claro, o maior surrealista de todos os tempos: Dali.

9) Qual seu livro de cabeceira?
O PROFETA de GIBRAN KHALIL GIBRAN


 10) Para terminar, quais são seus novos projetos e quando virá ao Brasil expor seus quadros?
Sou um aventureiro. Nunca sei onde estarei amanhã. Mas, num futuro próximo, já estou a estudar e sonhar (risos) fazer exposições na Espanha, na Suíça e na Inglaterra. Tenho alguns amigos no Brasil, país que irei descobrir em 2014, mas ainda procuro locais para poder expor lá.