sexta-feira, 28 de junho de 2013

NAS MÃOS MONSTRUOSAS DE EL KHOURI

(Por Edu Planchêz)

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Diego El Khouri é o homem poesia, o cara palavra, os pincéis, a tela, o fanzine, a caricatura e as tintas. Poeta desvairado  devasso, capaz de tudo, de todas genialidades, de todos os erros, desvarios e deliriuns.  Diego El Khouri parado no canto da página, no meio da imagem raiada na luz virtual virtuosa. Ele é meu amigo irmão aliado, ele o é o planeta e vive nos beirais, nos liames do estar e do não estar: sua glória é destroçar o verbo derreter, multiplicar filhos gritantes por entre os dentes, pelas gengivas vaginas dos lares. Ele escreve com sangue, pinta com sangue, tem o sinal do anjo de asas negras douradas nas riscas dos olhos, o animal devorador de trovões urbanos, trovões que ora cantam, que ora urram, que ora fodem com o foder. Jean-Nicolas Arthur Rimbaud, veio de Charleville, Diego El Khouri dos meandros da mística Goiânia de todos pássaros-anfíbios comedores de lendas e arruaças. Quebrar tudo para continuar quebrando, construir tudo para... Suas palavras batem agora em minha porta, nas paredes dessa caótica e mágica casa em que deliro com meu filho Ícaro Odin Planchêz. A cidade, as cidades, não serão as mesmas quando o paladar da poesia pintura elaborada vertiginosa desse grilo falante, formar um redemoinho em torno de todos os cérebros esqueletos : não ficará ossos sobre ossos, madeiras sobre madeiras, metralhadoras sobre metralhadoras; apenas corpos sobre corpos, o foder sobre o foder. Diego El Khouri Roberto Piva Leão Tolstoi Lord Byron Allen Gisberg Caio Fernado Abreu Florbela Espanca Glauber Rocha Felini... As letras, as tetas do mundo encontram casa nas mãos monstruosas de El Khouri. Oswald de Andrade disse que ser gênio é uma bobagem, ser gênio é ser e não ser Diego El Khouri "menino deus do sexo azul dourado", ouço ele dizer: "de repente sou dragão da lua, sanguessuga sedenta de calor", os bilhões de pontos luminosos da abóbada celeste, "a lanterna dos afogados", o barco e o motor.

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 * texto  assinado por Edu Planchêz, poeta e vocalista da banda Blake Rimbaud. Texto que vai sair em um livro de poesias que estou prestes a publicar.  
Agradeço Edu Planchêz pelo texto! suas palavras gritam no interior da alma, no núcleo primordial da existência, na noite que jamais cessa. (Diego EL Khouri)


quarta-feira, 26 de junho de 2013

PEQUENINO CÉU QUE EM CADA MOLÉCULA ECOA

 (Por Diego El Khouri)


"Em forma de droga me adotou, me adornou
Partículas gotejantes no céu de minha boca
Vou sorvendo a cada instante droga em forma de veneno
Veneno de tinta que brilha, me entorpece me contagia".
                                                      Samira Hadara

pequenino céu que  em cada molécula ecoa
trazendo nos dentes poeira cósmica e tempestade
um saco de maconha, livros, camisinhas, guardanapos,
a sangue frio (nas hordas de banais fantasmas) dizimaste
numa onda vulcânica poetas que há anos vem  devorar me
alimentando todo tipo de veneno
que também me alimentaste tempos atrás

palhaço desajustado de barba mal feita
calça surrada e olhos negros
caminho na órbita elipsoidal dos desejos 
sem pudor ou pecado,
crisálida flor de delírio me consome
sou parto feio que entre o falo e a vulva se confunde

as coisas simples passam por mim
numa velocidade estonteante,
como não queimar arroz
não manchar calças com tinta
ou abaixar a tampa do vaso

minha mente voa como águia
para todos os lados
é lautréamont conduzindo vestes satânicas
os olhos vidrados de nero
nietzsche dançando nu na frente do espelho
a espinha dorsal que modifica o século
é alfred de musset na noite fria e bêbada
os raios azuis da divindade
a vagina quente e molhada
abertas feridas  nas ruínas tingidas de verde
hieróglifos decifrados
com a língua que  desenho
e capricho molestando
todos os delírios visionários
  
ser poeta nesse tempo de merda
“é dar de cara com Artaud
diante do hospício”
de joelhos contemplando o sol
a noite nupcial rebola
em cima dos meus sonhos

feridas que carrego
há exatamente nove anos
quando meu sangue me torturava
e chacoalhava meu corpo e alma

boca no vaso
quatro dias
e alguns meses
enjaulado


“sua multe inteligência
vai te levar para o buraco”
minha mestra me disse
na minha infância querida

seu crâneo tinha fraldas infinitas
seus olhos negros vultos
sua fala dança na atmosfera
“de infinitos girassóis”

sou apenas rei-pau
carl solomon
amante insaciável,
sou tudo que escrevo
tudo que falo
a ameba reluzente
e o fio da meada

acabo sempre falando sobre mim
dos olhos  cansados uivantes
do clarim espontâneo do orgasmo
das pedras macias da calçada
dos passos febris dos artistas natos

sou o meu próprio picadeiro
clown bêbado
b.b. king na cartola
e bob Marley na seda

atravesso o universo
num "rabo de foguete"
porque posso
porque sou
o ser, a fibra
o beijo ardente
a chegada,  a partida

abrem as portas
chego em terra nova
nova morada...

não esqueça o raio
este meu nome: pecado
 meu sonho é teu,
toda a vibração dos poros
os meus e o resto do resto
o silêncio berrado
o grito camuflado
a aurora sempre bela
os postes acesos do começo do dia
crianças nos sinais
pedindo uma nova sombra
a corrida forçada no bosque da freguesia
o vem e vai dos lençóis 
o fascínio do êxtase
(esse mundo que não nos pertence)...


e me resguardo...
me resguardo
na iluminação búdica
no crimes  presentes de arthur rimbaud
na camisinha sempre cheia de esperma
em tudo que vivi, tudo que vivo
meu novo e incandescente amor
na contra corrente sempre bem vinda
(vielas limpas e fedidas)
porrada na cara e nos vasos
das bundas de acadêmicos ventres

esse vai e vem nos pertence, samira
e todas as luas e estrelas são os nossos guias
pela floresta que tudo se encontra
dentro dessas grutas vazias
nas escadas de magias douradas
nos prédios dos elevadores adocicados
e nos canalhas que vencem na vida
porque sabem ser canalhas
e à vida empresto sua sordidez preclara
e todos os adjetivos ousados 
(chulos)

e mesmo que portas se fechem
e nos bares desapareça todo álcool,
esse vai e vem sempre será a chave
que nos guiará na floresta industrial
de nossos dias tão precários.



terça-feira, 25 de junho de 2013

A ARTE EXPRESSIVA DE BETI TIMM

(Por Diego EL Khouri)




Beti Tim, Nua Arteira, Nua Estrela. Vários nomes para designar essa artista que transita por inúmeros campos da arte visual. Sua arte carregada de erotismo assusta e choca os reacionários, embriaga os mais delirantes e surpreende os pensadores. Eis abaixo a entrevista que fiz com ela:



1)   fale sobre seu início na pintura, quais artistas  marcaram a sua formação e porque  Nua estrela em vez de Beti Timm.

Meu início nas artes foi muito cedo. Desde menina já desenhava. Durante a adolescência senti se  acentuar minha arte e tomar um linha definida, que seriam as figuras humanas, mais precisamente a nudez feminina. Esse foi um período conturbado e turbulento na minha arte. Sofri repressões por parte de minha mãe que dizia que arte não tinha futuro. Passei então a desenhar escondida, e tendo como inspiração, as revistas Grande Hotel da época, que tinham um conteúdo repleto de mulheres sensuais expressadas em desenhos. Sendo assim não tinha nenhum artista que me motivasse, porque não tinha acesso ao mundo das artes. Fui norteada pelo instinto. Depois disto houve uma interrupção de uns 30 anos e somente em 2008 retomei minha arte e com força total. Me inspirei principalmente em Milo Manara, de quem até hoje ainda bebo desta fonte da arte erótica. 
Primeiramente passei a usar Nua Arteira devido a uma oficina de grafite, Arte Urbana que fiz recentemente e precisava de uma assinatura pequena para usar nas ações de rua. "Nua" porque desenho, pinto o nu feminino e "Arteira"  por ser irreverente na minha arte. Nua Estrela surgiu depois que o Faceboock desativou o meu perfil de Nua Arteira, e então optei por Adequar o Estrela e não fugir do tema. Mas assino minha arte apenas como "Nua".


2) O que te motiva a produzir  e como é seu processo de criação?

Sou movida pelo instinto, pela fixação de me expressar através da arte. A arte para mim é como um vício. Preciso diariamente sentir, manusear as tintas ou mesmo lidar com os lápis e com tudo referente a arte. Meu ritmo de produção considero frenético, talvez devido a lacuna que tive no passado. Sinto a necessidade de recuperar esse período perdido. E como sou autodidata, passo a pesquisar sempre, buscando novidades, suportes diferentes, técnicas atuais que eu possa usar. O tempo pra mim na arte é pequeno e frágil.  E minha criação está sempre em frequência acelerada.

   3)  Se você tivesse de classificar sua arte, como a definiria?

 A celebração do corpo feminino unindo a ardente sensibilidade visual da mulher com olhar lúbrico e conquistador do homem. Uma ode ao voyeurismo, uma vassalagem à luxúria.

4 ) Na sua opinião, como anda o mercado de artes plásticas no Brasil?
Ainda limitado, muito restrito aqueles que têm contato afetivo ou econômico com os marchands e donos de galerias de arte ou responsáveis pelo gerenciamento dos espaços públicos de exposição. Inexiste uma política estatal abrangente para estimular o descobrimento e o florescimento de novos talentos.
5) Você consegue viver somente da sua arte?

 A exceção de um pequeno grupo de privilegiados, viver exclusivamente do trabalho artístico ainda é uma quimera em nosso país.

6)  Sua arte está povoada de imagens intensas cheias de volúpia, num erotismo tão intenso que reacionários  chamariam de indecente ou imoral. Pra você há alguma diferença entre pornografia e erotismo e qual a linha tênue que separa esses dois abismos?

Este é um dos meus maiores "problemas" na minha arte. Sou constantemente atacada, ofendida por grupos anônimos que desqualificam minha arte, chamando-a de obscena, ofensiva aos bons costumes. Mas passei a ignorar tais manifestações, justamente por crer que o imoral, o indecente está na visão obsoleta e ultrapassada de quem assim pensa. Não vou mudar minha arte em virtude de uma minoria que se diz ofendida e incomodada. Para mim não há diferença entre a pornografia e o erotismo, a não ser o uso do bom gosto, fugindo da vulgaridade. Portanto a linha tênue que separa os dois é o bom gosto. No entanto arte é arte, não importando como seja expressada.

7) De alguma forma a literatura e o cinema interferem em sua arte? Falo isso devido a postura dramática que vemos em alguns de seus  trabalhos. 

O meu trabalho é resultado das minhas vivências emocionais e culturais. Desta forma a literatura e o cinema influenciam o meu trabalho.
No campo literário destaco, entre muitas outros livros, o Amante de Lady Chatterley, de DH Lawrence, as obras de Jorge Amado, Anna Karenina, de Leon Tolstoi, As Relações Perigosas de Chordelos Laclos e, por último mas não menos importante, Madame Bovary de Gustave Flaubert. Aliás, como ele eu poderia dizer: Madame Bovary c´est moi. Os quadrinhos de Milo Manara, o trabalho de Guido Crepax, Robert Crumb e Carlos Zéfiro também são fontes de referência.

8) Qual sua maior imprudência?
Até hoje não cometi nenhuma imprudência quanto a arte. nesta área tudo é viável. Só tenho algumas restrições quanto aos editais para exposições que participei e não responderam as minhas expectativas.

9) Ainda vivemos sob o símbolo da contracultura?

Creio que sim. A verdadeira arte deve sempre navegar contra a corrente, chocar o bom-mocismo vigente; subverter a moral estabelecida, expor sonhos e desejos ocultos, recalcados, e, no meu caso específico, revelar o esconderijo onde habita o prazer da carne. Arte é subversão.



10) Diga qualquer coisa pra terminar.

Sou uma pessoa que respiro arte. A arte é como um vício maldito. Não encaro a arte como terapia. Quanto mais inquieta, arredia estou mais produzo. Na arte todos os meus delírios são externados e meus demônios exorcizados, ou entram em parceria comigo. Preciso da arte para sobreviver, para alimentar meus devaneios e minhas aflições internas. Minha arte é inquieta e crua, equilibrando-se entre o lúdico e o real.


segunda-feira, 24 de junho de 2013

RÁDIO BARATA LIVRE - BARATA SEM EIRA NEM BEIRA - PROGRAMA 19

Rádio Barata Livre - Barata Sem Eira Nem Beira - Programa 19

Rádio Barata Livre - Barata Sem Eira Nem Beira
Sexo, Poesia & Rock'n'Roll
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
Segundas, das 21 as 23 horas pela Stay Rock Brasil
Reapresentação, terças, das 16 as 18.
Programa Nº. 19 - 17/06/2013

Abertura:
Gil Scott-Heron - The Revolution Will Not Be Televised
"A revolução não vai ser televisionada, a revolução será ao vivo."

Bloco 1 -  A Arca do Barata (PI² ou Politicamente Incorreto ao Quadrado - 4)
- Howlin' Wolf - Spoonful (June'60)
- Leadbelly - House Of The Rising Sun (1944)
- Jerry Vale - Honey (I Miss You) 1968
- Carl Perkins - Honey Don't
- Red Foley - Smoke On The Water (1944)
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Bloco 2 - Bloco do Ouvivente: (Livro "Patrulha do Espaço no Planeta Rock")
Poesia: "A Batalha da Poesia"
- Luneta Mágica - Amanhã Vai Ser o Melhor Dia da Sua Vida - Astronauta (Banda de

Manaus por Genecy)
- Mugo - Screams (Indicado Diego El Khouri)
- Led Zeppelin - The Battle of Evermore (Samira Hadara para Diego El Khouri)
- Esperanto - Eleanor Rigby (Gigi Jardim)
- Suzi Quatro - The Race Is On (Izabel)

Bloco 3 - Uma Ilha / Um Disco (Parte 2)
- Black Sabbath - Black Sabbath - The Wizard
- David Bowie - Ziggy Stardust - Rock 'n' Roll Suicide
- Led Zeppelin - (4) -  Rock And Roll
- Grand Funk - E Pluribus Funk - I Come Tumblin
- Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon - Any Colour You Like

Bloco 4 - Uma Ilha / Um Disco (Parte 2)
- Grand Funk Railroad - Survival -  I Can Feel Him In The Morning
- Jethro Tull - Benefit - Teacher
- Tom Waitts - Heartattack & Vine - Jersey Girl
- Uriah Heep - The Magician's Birthday - Blind Eye
- Pink Floyd - The Piper At The Gates Of Dawn - Lucifer Sam [Mono Version]

Encerramento: Poesia: - "O Poeta, a Costureira e o Aprendiz"
Discurso do filme A Nascente - Ayn Rand com John Cage - Radio Music (1956)
Sonny Boy Williamson II - Eyesight To The Blind
Stan Getz - Bob Brookmeyer Quintet 1953 ~ Fascinating Rhythm




PS: Obrigado Luiz Barata por rodar a música que indiquei 
e obrigado Samira Hadara pela música dedicada a 
minha pessoa. Valeu! te amo! (Diego El Khouri)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

SALIVAS DO DESEJO

(Poema por: Samira Hadara/
imagem: Nua Estrela)


As máscaras de uso desuso em candelabros
Faces em chamas e olhos latentes
Pupilas delatadas, lábios espalhados
Dentes trincados e corpos desnudos
Cabelos molhados e de lado um desatino
Gozo celibatário, ilusão...se fora
Aflora toda minha raiva aonde meus braços não alcançam
E ao mesmo passo, laço, amasso e descompassos se desprendem
Com a simplicidade de um gato
Logo eu um Guepardo das noites desnudas
Morro sempre a perda de uma caça
O vazio se aproxima, meus cios se vão
E no contorno da noite paira solidão
Sorvendo meus  prazeres em partículas pequenas
Que gotejam
Gotejam
Gotejam
Gotejam
A saliva que baba os seios
Meus olhos buscam inquietantes preenchimentos
Olhos perdidos em paisagens vazias
Carnes  futres ,apenas apreciadas por chacais que rondam minhas planícies
E no olhar vespertino
Recoloco minha mascara
A esperança emerge
Meus lábios anseios

Outro recomeço.


terça-feira, 18 de junho de 2013

POEMAS DE SAMIRA HADARA



Órbita Perdida

Se todos os meus eus contidos em mim
atendessem as suplicas dos seus
ai tudo seria nosso.
Se todos os elementos com seus sacerdócios
pudessem me consumir
pediria com ardor o mais forte
não em sede e sim em fogo
ou em água
pois nelas afogaria meus lamentos
e queimaria minhas ânsias
sufocaria meus desejos sujos com água
e arderia em flamas meus gozos mais amargos
e assim sedentária com substância meus eus e os seus seus
ai tudo seria uno.

Samira Hadara


Contos de 1 Noite 
(parte I)


A beduína da esquina nas falas da medina
pensa baixo e sai da linha
ela quer dançar ela é festina
contos de fada safada ou assassina
apenas salina
ela quer um macho 
que a cubra por cima.

Samira Hadara

///

Canção interna

As horas vivem com pressa
Eu ando devagar.
Segredos moram comigo
Eu gosto de contar, pro céu.
A vida inteira é muito pouco só pra começar
Desvendar.
E quando os olhos se esquentam,
Eu perco a direção e a razão.

Mesmo se não for pra sempre
Volto pra te buscar.
Mesmo que eu siga em frente
Um dia vou te levar...
Quem canta seus males espanta.

///

Quando pus
O que dizer do pus?
Quando a imunidade baixa e a infelicidade entra, ai centra a falta de vitamina C.
Quando a bilirubina não se anima a derme chora.
Quando o corpo se apavora a cortisona implora e clama luz.
Quando a treva se instaura é pus.
Quando eclode a dor adormece tudo.

Quando tudo fenece, plaqueta some.
Isso é falta de amor.

Samira Hadara.


Parei de achar que tudo é perfeito
Que as pessoas precisam receber recompensas
Que o que voce faz de bom, as pessoas percebem
Que o amor te reconhecerá
Que o divino te abraçará
Que a sorte irá te sorrir
Só não deixwei de acreditar no sono, um balsamo pra vida
Um alívio pra morte.

Katerie Margie ( Samira Hadara, sempre)

sábado, 15 de junho de 2013

DOIS NOVOS TEXTOS DE DOIS RAIOS ELÉTRICOS




Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

(Por Samira Hadara)

Engraçado acreditar que no meio desta merda toda chamada BRAZIL, temos policiais, que é claro não andam de ônibus rsrsrsrsrsr, ganham super bem ( propina ajuda ) espancarem manifestantes ( mulheres, homens, estudantes e afins ), fúria incitada por jornais ditos "sérios no país" ( eles também não andam de ônibus ), pois aqui neste país andar de ônibus é para classe de MERDA como "eu", visto que em um país CIVILIZADO o meio de transporte público é primordial e necessário... Putz e o pior , nem posso me mudar de país, não tenho grana, rsrsrsr , mas precisamos mudar esta merda aqui, tenho filhos e futuramente netos, prezo por uma coisa melhor Chamada BRAZILSINHO.

Ter "PULIÇA" agindo deste jeito, ao invés de corroborar com o manifesto apenas com sua presença, já que precisam obedecer os caciques militares de cú na mão...e o pior, nem jornal esses merdas lêem, cômico se não fosse trágico.


Mas algum leu, instruiu, e lá se vão os paus mandados sem cultura e psicologia nenhuma para lhe dar com a massa, e pior menos ainda com a massa inteligente e reivindicadora.



( Samira Hadara)

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TARDE DE SÁBADO

(Por Diego El Khouri)

Bebendo cerveja com Samira Hadara. Dia chuvoso. Vejo pela janela fotos de manifestações desaforadas pelas praças sem pudor. Amo o desaforo, a catarse, e o torresminho mal passado durante o álcool. Os olhos precisam estar sempre abertos e a mão um convite a sacanagem. Agradeço o momento e o caos instalado nas ruas por uma juventude esperta que quer realmente fazer algo. Já me expulsaram de saraus, eventos, não entenderam e se irritaram com meu jeito "imoral" de encarar a vida. Mostrei meu desprezo me masturbando perante recintos de fraqueza orgíaca- suicida e comi o pão que o diabo amassou. Pão sem gosto e vencido. Amo a escória que quer se levantar com gritos de desordem e o bandido estético que mora na poesia cutucar as feridas dos desavisados mocinhos da cidade. Amo Samira Hadara pela mulher incrível e libertária que é. Amo seu jeito, sorriso e a forma como me beija e até seu ronco no meio da madrugada. Amo seu apoio em relação aos meus pensamentos e minha arte que mesmo perante paredes e agulhas pontiagudas busca sua voz. Amo as constelações elétricas de loucura e a forma como se dedica a mim e seus filhos. Te amo amor pra sempre e sempre serei seu poeta que não medi esforços pra te ver bem e feliz. Desejo todos os dias da minha vida ao seu lado. Sou um privilegiado. Meu amor por você não tem limites. É chama que não se apaga!


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sexta-feira, 14 de junho de 2013

TÍTULO DO QUADRO: LA BOEMIA

(Por Diego El Khouri)




A noite do boêmio que não dorme, pois a noite nunca dorme. A multiplicação valendo mais que a soma. Bares, bordeis, botecos. Todos se encaminham para sua própria devassidão. A bela boemia que desnuda a alma. O canto negro da noite lasciva.Técnica: lápis 6 B e vivência de boteco. Uma chuva fina para dar o ar melancólico. Casais se amando às escuras. Uns mais ousados do que os outros. “Deus do Boêmio! São da mesma raça/ as andorinhas e o meu anjo louro... Fogem de mim se a primavera passa, se já nos campos não há mais flores de ouro”. Esse meu quadro vez por outra me faz lembrar desse poema do Castro Alves, elogio a doce madrugada das possibilidades.(Diego EL Khouri)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

NO CRISTAL AZUL QUE TRAGO EM MEU PEITO...



(Por Diego El Khouri)


Que jamais se perceba
Umas gotas de sangue na gravura.
Hilda Hist

 no cristal azul que trago em meu peito
e nas pedras fúteis das ruínas também azuis
o sangue monumental das paisagens me subtraem
tolhem membros que precisam caminhar
arrasam plantações no centro do país
lançam corpos ingênuos na trincheira capital
e nas praias vermelhas onde o amor reside
  o mar insiste em secar

o que falar do azul celeste
e dessa roupa que cobre teu corpo?
o cetim dourado das manhãs límpidas
se perdeu na pintura de texturas estranhas

entranhas precisam de bocas para se esfregarem
línguas penetram fundo
no grelo da vida no mar
iceberg
cidades em escombros
tóxicas correntes de venenos
bilís fugitiva
/grudada
no quadro vivo de minha poesia
que exalam xingos e uivos

(peitos e bundas fazem parte da festa)


sem vínculo com neurônios comprados
ou partidarismo tolo de comunistas-nike
as estrelas azuis se mostram azuis
numa luz que nenhum ariano consegue alcançar

sol vermelho-ouro, tempestade-vulcão
a chama mais sacana
e corajosa que se encontra nesse palco

ato falho meu peito sente
e  folhas secas caem no colo
no turbilhão feroz que chamam Morte
o veneno-ópio
se digladia na cara dos acadêmicos
 desavisados

e eu vejo sangue
e  estrelas
 o mar
 o céu

carne podre
doirados  pelos
-- tic tac insuportável --
a música não pára

o morto caminha
sangue se esvai
tempo se morde

a chama vítrea que busco
o olhar que incandesço
me ferve e busca no enredo
da praça dos delirantes
uma forma de fugir e sumir
levando consigo
todos os presentes brilhantes
 as cores na palheta
onde represento pinturas de gosto vulgar

frases pichadas nos muros
janelas alheias quebradas
redemoinhos espalhados
por todos os lados
sexo na frente  dos guardas

na infância o tiro 
no futuro o passado

quantas vezes desafiei autoridades
pelo simples perigo de  sentir-se “além-homem”
como Nietzsche falava?

agora mais silêncio que grito
mais sono
(abismo)

Janelas coloridas
mergulham no conhaque
a raiva de ser poeta
e não palhaço

a noite se afasta
me persegue demônios
uivando para a  lua
a leveza e o olhar

um conhaque prateado
de  glóbulos quentes
entre a noite e o paladar
beija o que é belo e puro
e estrelas, estrelas
se esfregam em cus,
bucetas e falos
sentam, rezam
mas não se calam

olham, penetram
gargalham

sentam, rezam
não se calam

o tiro certo
a palavra errada
 o sonho inquieto
a nova miragem...

vomitar (!)

vomitar
pássaros no céu
com asas e tudo
dentes de raiva
cotovia assassina
bala perdida
 AR 15 
 poesia.