terça-feira, 24 de julho de 2018

A ARTE DE DIEGO EL KHOURI

Por: Joka Faria

O vermelho sempre presente nas obras de Diego El Khouri. Poeta e artista plástico, mas artista com A maiúsculo.
Presença em várias redes sociais, nos alegra com suas obras.
Poemas muitas vezes longos, na velha linha Beat. Mas o vermelho em sua obra sempre me marca profundamente.
Arrisquei um poema para retratar sua arte.
Dias que descubro o YouTube com seus canais de arte. As bandas de Goiás nos revela um artista promissor e de imensa presença.
Edu Planchez que me falou desse poeta, mas Diego El Khouri flerta com inúmeras artes. Através dele, cheguei em Barata e Nua Estrela.
Gente nos descaminhos das artes. Em dias monótonos. Dias nefastos. Arte que nos liberta na obra, reflexão de Diego El Khouri.
Mais um quadro, suas tintas. Já andou pelas bandas do Río de Janeiro. Mas a velha Goiás é sua casa. E dali sua obra alcança o planeta.
Viva a arte de Diego El Khouri. Nessa jornada de Kaos, de Nietzsche e Jorge Mautner.
Que sua experiência na faculdade gere novas transgressões. Transgredir é preciso. Navegamos em águas incertas nessa democracia.
As redes sociais nos separam e nos aproximam. Viva a arte deste Goiano, além da velha música sertaneja. Goiás nos apresenta um artista pós-vanguardas.
Artista do séc XXI. Vá além dessa dimensão. Diego El Khouri, cuidado com portais!
Viva sua arte nessa hipermodernidade. No fim, cairemos na estrada e nos tornaremos pó, desse vermelho sangue de suas obras…Infinita estrada!
Joka Faria
João Carlos Faria
Julho de 2018

* Retirado do site cultural Entrementes:

segunda-feira, 16 de julho de 2018

AOS 88

Por: Ivan Silva

Aos 88 e ainda mantinha a disposição
de andar pelas ruas


todos os dias


vendendo cantigas que inventava cantando
e transcrevia na hora...


Ninguém comprava. Todos estavam certos
mesmo quando disseram "larga isso,
não dá futuro, vintém, dim dim!"


É, 88 anos de cantiga e caminhando,
na pindaíba, mas não deu o gostinho
ao bando de conselheiros. Viveu e morreu
cantando.

domingo, 15 de julho de 2018

TRÔPEGO

Por: Brasil Barreto

Neste mundo  torto,
fui  ficando manco
de tantos  tropeços
nas pedras  expostas
em restos  de caminhos,
quais, não os  mereço.


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* in  Farpas & Fagulhas; pág. 35

terça-feira, 10 de julho de 2018

RADINHO DE PILHA

Por: Rogério Skylab


Num lapso de instante...
Como quem lê um livro
entre duas estações...
Escrevo rápido pra não dar na pinta.

Escrevo como quem rouba.
Sem chamar nenhuma atenção.
Como quem fabrica uma bomba.
No meio do serviço, sem que ninguém me veja,

eu escrevo nestes segundos fugidios.
O que me coube neste mundo, heim?
Furtar ao tempo o instante.

Encosta o ouvido.
Estamos na época da alta definição.
Escuta esse radinho de pilha.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

MAIS UM PAPO COM O ARTIVISTA FABIO DA SILVA BARBOSA

Por:  Diego El Khouri 

Tive a honra de conhecer esse maluco  em 2009 através do zine O Berro que fazia em parceria com  Winter Bastos e Alexandre Mendes (há  8 anos ele produz o zine Reboco Caído na qual na primeira edição saiu uma entrevista comigo). O grande poeta Glauco Mattoso que me apresentou esse  puta trabalho. Depois em 2010 nos conhecemos pessoalmente quando  ele  morava em Niterói (RJ). Que noites de boêmia e trocas de experiências e trabalhos!  Hoje  Fabio  mora no Rio Grande do Sul.  O entrevistei, para esse blog,  três vezes (essa é a quarta).  Sempre sai coisas  incríveis  desse papo. Os convido a mais essa viagem no universo lúcido e emancipador  de suas palavras:

* Para viajar em   seu universo criativo:





1) Literatura

Nome pomposo. Certas palavras vão sendo utilizadas por grupos que a tornam desagradáveis. Sou contra toda forma de elite, seja financeira ou intelectual. Estas elites são falsas. Privilégios cuidadosamente cultuados para manter as coisas como estão. E, sinceramente, não gosto das coisas como estão. Para você ter uma ideia do que estou falando, dia desses fui convidado para um tal seminário. Falei em uma mesa junto com uns tais poetas. O primeiro que falou cagou tanta vaidade, encaretou tanto a poesia, que ao chegar minha vez me identifiquei como escrevedor e minha produção como qualquer coisa menos literatura. A gente acaba querendo se afastar destas palavras para não ser confundido com esses caras cheios de frufru que enfraquecem a ideia. Produzem algo vazio de significado. O que faço não é a mesma coisa que ele faz, entende? É outro processo. Tô mais pra autista que para artista. Agora, também é aquilo: Isso que pode acabar me fechando em mim, acaba sendo mais abrangente que muita coisa que se vê por aí. Nesse momento, muito artista passa a ter um autismo em grau mais elevado que o meu. Essa linquagem figurada de chamar o ato de se fechar como autismo nem é justa para os portadores da doença, pois, quando vamos analisar o quanto as cabeças que se julgam pensante estão fechadas, vemos que eles estão mais trancados em si do que os enfermos. Tudo gente hipócrita, perdida na umbigolândia. Não podemos confundir o processo de autoconhecimento com o processo egoísta que enfeia tudo. Em tempos como os nossos, onde o fascismo tenta botar a cabeça para fora do bueiro, por exemplo, onde estão os artistas? Onde estão os tais senhores de percepção apurada, por exemplo, se posicionando contra a direita imunda? Muito pelo contrário. Você encontra os caras covardemente não querendo falar de política. Onde estão os intelectuais enquanto imigrantes são postos em gaiolas nos EUA? Onde estão as tais cabeças pensantes enquanto roubam os direitos dos trabalhadores e a corrupção se solidifica a luz do dia? Onde estão os artistas enquanto ditaduras se formam a olhos vistos? Onde estão estas pessoas que se julgam tão importantes? Eu sei onde estou e sei o espaço que minha produção ocupa. Quem acompanha meu trampo também sabe. Tenho mais dois livros prontos e tô na correria para conseguir lançar ainda esse ano. São duas pequenas histórias que refletem muito do nosso mundo. Uma é uma saga urbana, sobre um cara bem ferrado. Outra é sobre um futuro distópico que tem muito a ver com nosso presente. Um dos muitos caminhos que a triste humanidade pode seguir. Eu me aventurando na área da ficção científica. Mas o caminho é sempre difícil para os que não se enquadram, para os que nadam contra a corrente e buscam não fazer parte das panelinhas.


2) Por que escrever?

Cada um com suas motivações e por vezes existem vários motivos em cada um. Eu escrevo por necessidade interna, por gostar dessa ferramenta... Enfim... Por que não escrever?


3)  Zines.

Gosto bastante destes meios de comunicação. Tem um grande cara, o Law Tissot, que certa vez me disse que gostava da idéia de ver os zines como garrafas lançadas ao mar. Também gostei bastante dessa idéia. Produzo o zine Reboco Caído há bastante tempo e já produzi outros pelo caminho. Existem ótimos zines por aí. Acho que é um importante meio de comunicação. Fácil, rápido e barato. É algo tão livre que existe em vários formatos e para diversos fins. Algo que cabe em várias definições.


4) Poesia.

Vide resposta sobre literatura.


5) Cinema.

Gosto bastante. O cinema nacional, para mim, é o melhor do mundo. Embora já faça algum tempo que esteja perdendo muito de sua essência, ainda existem caras na luta pelo verdadeiro cinema brasileiro. E isso não tem nada a ver com o doentio ufanismo patriótico. Quando falo da grande qualidade do nosso cinema, analiso realmente ingredientes muito peculiares dele. O protagonista de um filme nacional, por exemplo, não precisa ter super poderes, vir de outro planeta, ou possuir armas de raio laser. Ele é o porteiro de um prédio, o padeiro, o operário. Poderia citar aqui vários clássicos do nosso cinema. Filmes que mostram as coisas de uma ótica diferenciada, que não se encontra em nenhum outro lugar do mundo. Ver filmes como o Homem que virou suco, Lúcio Flávio, Pixote, O Rei do Rio, Pra frente Brasil, By By Brasil, Eles não usam Black-tie, Uma Onda no Ar e tantos outros, é um verdadeiro presente. E vir ao mundo é não perder a viagem. Chega a ser difícil buscar exemplos. A gente se sente injusto não cotando vários. Para citar tanta coisa boa precisaria de fazer uma lista enorme. Mas pensa em enorme. Tem muito documentário bom também. O excelente Vladmir Seixas tá com trabalho novo aí na quebrada. Fico triste quando vejo o pessoal jogando dinheiro fora querendo fazer filme estilo norte americano, seguindo o esvaziamento de sentido e significado que representa Hollywood. Não, que não existam bons filmes vindo de outros lugares. Claro que tem. Até dos EUA vem coisa boa. Mas realmente nunca vi nada como o cinema nacional. É algo lindamente combativo e com o que o espectador se identifica de primeira. Aquela coisa que você olha e vê logo que tem a ver, sabe. É algo até difícil explicar, de uma riqueza vastíssima.


6) Drogas.

Nome genérico para rotular grande variedade de substâncias. Existem as lícitas, as ilícitas, as que as pessoas fingem não ser drogas... Existem as ancestrais, que estão há muito tempo com a gente e fazem parte da história da humanidade. Plantas de poder são utilizadas por muitas comunidades antigas e vistas como fontes de conhecimento e saúde há gerações. Algumas destas plantas são utilizadas também em cultos religiosos. Existem também as que enriquecem a indústria farmacêutica, vendidas em drogarias. Outro dia passei por uma destas lojas onde tinha uma grande placa na porta anunciando promoção de remédio. Imagina. Esse meu livro que fala sobre um futuro distópico também discute isso, entre outras coisas. As drogas agem em nosso organismo de acordo com diversos fatores. Existem os fatores culturais, psicológicos, as pré disposições e até mesmo fatores físicos. Alguns conseguem lidar bem com certos tipos de drogas, enquanto outros se tornam verdadeiros escravos zumbis. O maior problema das drogas ilícitas hoje é o modo como são tratadas na maioria dos lugares. A ótica punitivista e preconceituosa é sempre prejudicial ao diálogo e ao conhecimento. O problema das lícitas é seu uso empresarial. Sempre que algo vira fonte de lucro e produção em escala industrial começam os problemas relativos a qualidade e veracidade das informações sobre. A cerveja, por exemplo. Droga largamente consumida e socialmente aceita, mas que hoje conta com o milho transgênico em sua composição em fábricas que produzem em grande escala.


7) Uma frase.

Não pode haver liberdade de reprimir ou tolerância com a intolerância. (FSB – Eu mesmo)


8- Militarização

Atraso

9- Reboco Caído

Vou utilizar uma definição que utilizei para ele no número um e que até hoje cai bem, por mais que tenham passado várias fases durante este tempo de caminhada: zine xerocado, dobrado e grampeado. Um lugar para tudo que vier na cabeça e passar pelo campo dos sentidos. Um ambiente plural, a favor da diversidade.


10- Um poema

Escolher um é sempre difícil, mas vou tentar. Restos Mortais Por Fabio da Silva Barbosa o homem de bronze deitado na calçada encostado na parede no meio da sujeira não desperta interesse ou mera curiosidade dos que passam apressados restos desprezados braços dobrados pernas encolhidas cada parte retorcida em uma tensão pacífica a chuva começa a cair molhando o cadáver que respira ofegante em um bailar de pele e osso


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domingo, 1 de julho de 2018

UM RASCUNHO DE MANIFESTO

Por: Joka  Faria
A poesia é indigesta e mortal. Nem sempre trata do belo e sim realidade crua. Retrato de nossa alma quase inexistente. Mergulha-se em abismos!
Felicidade é algo para tontos e fracos? Vivemos em guerras infinitas contra nossos inúmeros defeitos de fabricação. Não existimos, meras sombras, desespero.
Não sei criar rimas lindas e perfeitas.
Morro com o passar do tempo, sempre implacável.
Solidão, destino desumano.
Obervar, dissecar a vida, bisturi de incertezas.
Bebo constantemente da taça da desilusão.
Mergulho na noite fria e escura de um inverno quase permanente.
Meras sombras aqui e agora, almas corsárias,
“Filhos da Morte Burra”, santa crueldade de Edu Planchez.
Nas tristes manhãs do Rio de Janeiro.
Será que somos o morador de rua no ponto de ônibus, da avenida de nosso bairro?
Não se vê na dor do próximo, dores imperfeitas.
Canto canções nas pinturas de Davi F. F.
A poesia é indigesta!
Retrata nossa mortalidade.
Não existimos, meros nomes em documentos, trabalhadores braçais da decadente escola brasileira.
Não sabemos a língua do povo?
Barões de ossos, almas primitivas.
A poesia é indigesta, a poesia é para poucos.
Nunca escrevi ou li a luz de vela, como na imagem de um sarau por acontecer!
Canto canções, metafísicas de dor, desânimo na desumanidade nossa de cada dia.
Quero ler Piva, quero ler Piva.
Mergulho na caótica poética de Jacek Ricardo Sielawa que nos atormenta desde os anos 80, aponta o dedo para nossa zona de conforto.
A poesia é indigesta!
Como na “Canoa de Ossos” de Ricola.
Poesia indigesta, vômitos de incrédulos, zumbis, mortos.
Dedos apontados contra nossa ingenuidade… Indigesta, indigesta, indigesta.
Não somos, não existimos … meros retalhos de consumo … Redes sociais nos faz sentir pertencentes ao vazio.
Eu, mera dor, poesia indigesta.
Mera solidão, contestação, morte anunciada do fracasso da civilização.
Canções de almas perdidas, o que Diego EL Khouri faz na sagrada universidade federal, que termine o curso e pegue um diploma que não retrata a crueldade do não acontecer das escolas públicas.
Sempre estamos a mentir.
A poesia é indigesta.
Quem vai ao desconcertante ritual de um sarau a luz de vela?
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