sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

AGRADEÇO À TODOS MEUS LEITORES


(Por Diego El Khouri)

Agradeço ao ano que se vai como a gotícula pungente de amor gasto. A primavera veio e assim me beijou para que meu coração pulsasse sem a descompassada visão dos dias perdidos. O grito espalha-se pela alcova suja e sublime onde anjos bêbados molestam a madrugada de nossos sonhos. Sonho fingido de outrora: agora quero lançar-me a desordem, a orgia socialista que come o ventre de  impulsos insensatos a qualquer hora do dia ou da noite. Amar a vida breve no encalço do êxtase. Braços soltos e a mente turva, assim pela fresta da noite meus amigos gargalham. Agradeço os amigos da arte e da vida que fiz esse ano, todos que leram meus fanzines, os projetos que participei, os contatos que fiz aqui, no Brasil e até fora. Muito sangue rolou, muito prazer também. Melancólico perdendo a personalidade vou sumindo nesse ano que me leve a outra sensação em 2012, um ano tão simbólico para uns e outros nem tanto.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

SEI QUE ESSE ASSUNTO VAI INTERESSAR A POUCOS



(Por Edu Planchêz)

"Os Xamãs eram peritos
na arte de controlar as condições do tempo
mas respeitavam a unidade ecológica.
O feiticeiro só interferia no tempo
após longo período de chuva ou seca."

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Sei que esse assunto vai interessar a poucos,
porque poucos estão realmente vivos,
untados ao catavento da grande estelar alma;
mas os pouco que aqui beberem lançarão seus olhares cadentes
na direção do outro para que aconteça o despertar

Se você acha que poesia é matéria para rodas literárias,
está em plano, em planeta errado,
deveria enterrar os pés no céu e a cabeça nas carnes do chão

Vou tentar em palavras me expressar,
mas vos confesso que é tarefa por demais complexa,
porque para me compreender, compreender Artaud e Jorge Luiz Borges,
deverás ingressar num juramento escrito com descargas elétricas
e elementos restritos aos mágicos que estão além do tempo
da vida e da morte, do azar e da sorte

Pense em abri com o sentimento uma porta de fogo terrível
na mais resistente das pedras,
pense em partir vossa cabeça em biliões de pedaços
no fundo abissal dos vulcões marinhos

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

OS ARI(ÂNUS) CELESTIAIS DANDO SEU PRIMEIRO AR DE GRAÇA

 
Aí segue-se um dos vários trabalhos de um grupo de artistas arianos que estão botando pra fuder, produzindo muita arte, inclusive  alguns zines  e livros estão pra sair. O Molho Livre irá registrar tudo:
Gozo completo, eterno e sobrenatural

(Por Anna Alchuffi, Ana Cristina Violeta, Diego El Khouri e André Seltz: os Ari(ânus) Celestiais:

As minhas entranhas se aquecem e me aquecem

como se fossem vinho quente
e meu corpo fica vivo quando estou contigo
produzindo orgasmo
e o líquido que sinto querer sair
faz fluir em mim com energia magnífica e magnética
levando-me de encontro ao êxtase da loucura e da luxúria

É que me completando contigo e deixando que você se complete comigo
chegamos ao cume do êxtase transcendental
gozo completo, eterno e sobrenatural
no qual nos diluímos e nos fundimos
nos tornando parte do todo.
· · há 17 horas

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

MEU AMOR

(Por Diego EL Khouri)

Meu amor
retalho na agonia da noite
teu cheiro
invade todo meu corpo
entre crimes e alívios
a humanidade
se encaminha de seus vícios
e eu me sinto perdido
barco naufragado no abismo
tu me usas como abrigo
e no beijo o néctar hedonista
que macula a carne de cinismo
brilha em minha alma dor e vazio
um brilho que corta como foice
e por isso mesmo vencido
ou até mesmo vendido
eu te digo:
o que há de certo
ou de errado
nas escadas frias
da tarde da noite?

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ANNA ALCHUFFI E A FORÇA DE SUAS PALAVRAS

(Por Diego EL Khouri)




Ana Alchuffi: artista visceral, roteirista, agitadora cultural, vestida no niilismo punk e nos amores tórridos da mpb, poetisa intensa (expressão esta que ela detesta, já que acredita que a palavra poeta basta para definição do artista que faz versos, ou seja, colocar homem e mulher ao mesmo lado).  Conheci essa garota nas minhas andanças na boemia de Goiania entre um copo e outro de cerveja. Menina inquieta, contestadora, e que apesar da pouca idade (19 anos) se mostra uma menina bastante inteligente e competente no que faz. Prestes a lançar um livro em São Paulo, obra que com certeza o Molho Livre não deixará em branco, me concedeu essa entrevista. EU inclusive postei um tempo atrás um texto sobre as impressões que tenho da  poesia da Anna Alchuffi e as sensações que em mim provoca: http://molholivre.blogspot.com/2011/08/anna-alchuffi-poeta-chula-e-profunda.html. Se liguem na profundidade delirante de suas idéias:

        Seu blog: http://recantomarginal.blogspot.com/

Filha de pastora, poetisa, lésbica e mulher. Há mais algo a ser dito sobre você?

 Ninguém deve ser a filha da pastora, e nem ser lembrado pela sua orientação sexual. Sou menina meio mulher, tento em vão lutar contra isso e contra meu ''adulto interior''.
Como surgiu a poesia em sua vida?

É tão difícil responder essa pergunta porque eu sempre gostei de ler e de música brasileira. Desde criança eu escrevia...Lembro que eu escrevia umas historias em quadrinhos para um amigo e ele fazia o mesmo , e nós trocávamos historinhas.Eu tive uma banda punk oitentista onde eu era compositora e cantora da banda, assim eu fui moldando meu estilo na pré-adolescência (aos 14/15 anos) por influência da rebeldia punk e hippie...e hoje eu acho que estou chegando ao meu próprio modo de fazer poesia.

E seu processo de composição?

Eu já tive uma idéia fixa de que a minha vida pessoal não deveria entrar em meu trabalho, mas hoje eu vejo a vida com outros olhos. A vida do artista, poeta, compositor, escultor, pintor e etc... quando é confundida com sua própria arte é muito mais intensa e essa ''pessoa artista'' consegue absorver uma porção de sentimentos, e ideias, e sua arte sempre esta em constante mutação, talvez esse é um dos segredos da criatividade!!!
 Geralmente eu demoro para produzir, exatamente por escrever por prazer ou dor...Mesmo quando meu trabalho tem um teor político ou ideológico o sofrimento e o prazer são inevitáveis.
Aos 15 anos de idade você liderava uma banda punk. Como foi essa experiência e o quais elementos que você trás dessa época   para a sua arte?

 Opa, eu acho que respondi isso quando expliquei como a poesia surgiu na minha vida. Foi através da banda que eu vi que poderia quem sabe ter um potencial....
No dia 19 de agosto de 2011 na Revirada Cultural em Goiania, você levou um tapa na cara ao ler um texto do escritor Marcos Alves Lopes intitulado "Goiano Pau no Cu". Nos fale desse evento e se acredita que ainda vivemos sobre o signo da censura, a censura moral e o apoio que recebeu de pessoas já consagradas como Angela Ro Ro e vários outros companheiros da arte.

  O Texto do Marcos relata realmente o domínio da cultura paulista sobre a cultura goiana, mas isso acontece no Brasil inteiro...a mídia impõe a cultura carioca e a paulista sobre nós de uma forma tão brutal que acabam engolindo a cultura regional de todo o país. E aqui em Goiás existe uma cultura maravilhosa ( como em todo lugar). O texto mostra o conformismo goiano, a forma como goianos querem ser paulistas, e a brutalidade dos bandeirantes sobre os índios , sim eu sei que eles trouxeram um ''progresso'' mas o Hitler também trouxe progresso para a Alemanha na época, não??
 Não digo nada sobre a Revirada Cultural, pois eu acompanhava o LETRA LIVRE que não se mostrou nem um pouco disposta na luta, e saiu junto com Pilatos em uma especie de mãos lavadas, e eu fui o Cristo.
 Eu fui a babaca que leu verdades e se fudeu, nem o Marcos se ferrou...Em uma terra como Goiás, o coronelismo do Marconi é uma bomba ninja. Mas eu sou a corajosa aqui, me sinto mais machão que muito homem...acontece aqui tudo igualzinho o texto do Marcos mesmo, parece que os goianos apaulistados não tem coragem nem de falar o que pensam e esperam alguém falar por eles o tempo todo, mas eu não!!
 A Angela Ro Ro como pessoa e artista foi muito agredida e difamada, ela sabia o que eu estava passando muito bem, e como uma pessoa mais vivida, o resultado foram conselhos, e conforto através disso tudo.
 Não quero mais tocar nesse assunto, já passou e eu estou com minha consciência limpa!!!!!!!!

 
Você em um texto diz que "não acredita em poetas que não fumam". Acredita que estamos vivendo em um processo de censura e privação dos prazeres individuais? Fale também sua opinião sobre drogas.

   A questão do '' não acredito em poetas que não fumem'' é muito além disso, é uma apelo a volta de um pouco de HEDONISMO dos artistas. Para mim o artista deve gostar exageradamente do prazer e da dor, só assim ele transparece os dois lados da moeda!!!!
 A primeira proibição anti-tabagista foi da Alemanha Nazista, e começou exatamente igual as campanhas daqui são hoje, era proibido fumar em escolas, universidades, transporte publico, nas ruas e até em bares. A campanha nazista envolvia a mídia de todas as formas, e gente influente...
 Livrar a massa de sentir prazer individual é mais uma forma dos poderosos do sistema lucrarem, pois a massa vai ficando cada vez menos ''preguiçosa'', vai agir  cada vez  mais como um robô e passará a trabalhar mais! Não é chocante que um jovem nos dias atuais que estuda e trabalha leva uma carga horaria de trabalho maior que operários da revolução industrial?
 Pois bem, eu gosto de prazer, e ele é necessário para tudo na vida e essa já é minha resposta para as drogas também. Cada um faz o que quer de sua vida, desde que não estrague a vida dos outros, NADA DE BEBER E DIRIGIR !! haha

A maior revolução de nossos tempos poderíamos falar que é a internet onde todas as informações ficaram mais rápidas. Mesmo assim acredita que ela tem como  função manipulação da mídia ou apenas uma ferramenta de entretenimento? 

 Mais é claro que a internet é uma ferramenta a mais para a manipulação, e ela me causa ainda mais medo. As gravadoras já estão adaptadas para a internet, jornais e revistas, sites  de entretenimento e etc..
 Esta tão na cara que essas redes sociais como o Facebook e o Orkut são formas de cadastrar as pessoas e saber de tudo da vida delas que chega a ser engraçado, é a tal historinha do '' grande irmão'' chegando.  SORRIA, VOCÊ ESTA SENDO FILMADO!!! Nada é tão inocente assim, acho que a pessoas tinha que pensar um pouquinho mais, né?


Qual é a sensação de ler suas poesias em eventos como na UBE (União Brasileira de Escritores) ou na Casa das Artes ( para evangélicos) poemas tão chocantes?

  O Sarau da União Brasileira de Escritores foi meu primeiro sarau, e eu estava tão tremula e tímida que queria sair correndo, tinha chegado atrasada e nem estava bêbada, rs. Gostei da reação do publico lá, foram educadinhos e conheci ''poetas de verdade'', hahahahahaha! (6)
 Na Casa das Artes eu me senti a vontade, o Diego ( Gummy) era um dos organizadores do evento, me deixou mais segura para ler o texto : SUA BOCETA, e também EU SER HUMANO, EU MULHER, EU LÉSBICA!... O Pessoal também foi muito legal e mente aberta, precisamos de mais cristãos como aqueles. Sou uma pessoa bastante tímida em publico, apesar de tudo...

Quais os escritores, músicos, cineastas que influenciaram sua obra?
  
  Ana Cristina Cesar,Lúcio Cardoso, Cazuza, Tom Zé, Angela Ro Ro, Ferreira Gullar, Glauber Rocha, Charles Bukowski, Arthur Rimbaud, Ana Zanatti, Caetano Veloso, Vinicius de Moraes... eita tem um monte de gente, uma salada em mim. E qualquer um que pareça para mim um (a) rebelde maldito(a) e vagabundo (a) tem um bocado de minha admiração.

Nos conte sobre seus zines e o que está por vir.

 Estou trabalhando em um zine  com um tema muito polemico e que pode me gerar alguns problemas: GERONTOFILIA!!! Estou estudando muito o assunto, que é complicado e é de difícil acesso. Parece que vai demorar para sair, pois além da complexidade do tema, os desenhos são criteriosos e o cartunista Ezekiel Martins estará comigo nisso...  
 Agora, eu estou pensando em acrescentar algumas coisas no '' APENAS UM RASCUNHO'' que comecei a fazer na sua casa e deixei lá guardado, esse ai sai logo porque afinal é só um rascunho rs.
E o manifesto cultural que você promoveu  na UGES ( União Goiana dos Estudantes Secundaristas) com a presença de vários artistas no meio alternativo?

  Artistas são explorados por produtores o tempo todo, gente que na maioria das vezes usa da boa vontade, trabalho, arte, disposição e amizade de artistas para se darem bem, e isso aqui é o que não falta! Sou indignada com isso, sabe? Depois do tumulto comigo, as vendas dos meus olhos caíram. ARTE NÃO É BRINCADEIRA, É TRABALHO E SOFRIMENTO, esses produtores parecem que nem sabem o que é isso, e ficam prometendo aos artistas que nem políticos. Cada dia mais eu caminho para a arte do lado negro, esses alternativos de cu e rola e suas roupas de 300 reais me irritam.
  O Manifesto Cultural na UGES Foi uma maneira dos artistas que não são da panelinha se unirem contra isso, foi uma forma a mais para trocar ideias, de fortalecer e unir esses artistas. Foi contra a censura e as panelas, e foi uma coisa feita com a colaboração financeira dos artistas, e que me deixou quebrada ate hoje.(RS)Arte é complicado quando você não abraça a corrente da mesmice.
 Conseguimos unir fotografia com o projeto ARTE 1 REAL,e através das redes sociais: quadros, esculturas, poemas, e música.
 E eu gostaria de agradecer ao ex-presidente da UGES o Diego (Catraca) que abriu o espaço para a arte sem qualquer intenção partidária por trás, ao Afonso Morenos do Capim Pub, e queria agradecer especialmente aos amigos: Heverton Marinho Lacerda, Ivan Silva, Kelly Gonçalves e a você Diego.


*a banda Nextor & seus mamilos no Manifesto Cultural na UGES promovido pela Anna Alchuffi
Cada dia mais você está indo para a prosa. Esse é o futuro da sua arte?

 Estou observando o mundo através de outras perspectivas, ou tentando sempre fazer isso. Logicamente com isso, haveria uma mudança significativa em minha escrita.
 Quero ser sempre diferente! Parece algo bipolar, não? Mas é porque, como Literatura é uma arte que pode bastante coerente e ao mesmo tempo incógnita; como escritora de histórias literárias eu devo fazer o mesmo comigo.
 Se estou escrevendo prosa, é porque estou sentindo que devo faze-la.
Até quando acreditar na poesia?

 Até quando eu ainda acreditar em mim e nas pessoas, no amor, na mudança, na loucura, na boemia, na fraqueza, na alegria, na tristeza e no amor. Ser poeta é permanecer com a alma jovem!!!!Abraços Diego, meu irmão de coração!!!

domingo, 18 de dezembro de 2011

RESQUÍCIOS DO NADA

(POR DIEGO EL KHOURI)


                                 COMI


RESQUÍCIOS             DE              SEU


                    OLFATO


TRAVEI A INÚTIL BATALHA

DO
                  
                            NADA.


VI O QUANTO DEUS É OTÁRIO
POR TER FEITO O HOMEM
             TÃO ORDINÁRIO


NOS RETRATOS SISTEMÁTICOS
DAQUELES QUE REZAM SEM SAPATO

                            
VOLTEI


             MÚLTIPLO  ESCLEROSADO


ROENDO
               
              OS
                       
                        CACOS
                            
                             DO
                          
                                     F
                                   R
                                        A
                                 C A
                                 S
                                  S   O


QUE INUTILMENTE
        
                      OS ANOS REMENDAM


NA AVENTURA RIDÍCULA E MESQUINHA


                 DO
              
                                 NADA.
                                       

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

OS ESCANFANDRISTAS - CIFRÕES, PADRÕES E EXCESSÕES (DOCUMENTÁRIO)

Documentário universitário que discute os padrões da sociedade a partir da visão de artistas independentes. 
São depoimentos de profissionais das mais variadas áreas de atuação dentro da arte que, de alguma forma, usam seus trabalhos para denunciar a falsa grandeza das verdades absolutas e do medo de se fazer escolhas diferentes na vida.Num mundo onde a liberdade é caçada por cifrões e padrões, os personagens surgem como a exceção que procura enxergar um mundo novo com possibilidades ofuscadas pela superfície do comum.
Todas as imagens do filme foram produzidas com uma câmera amadora. Algumas delas foram extraídas de um arquivo pessoal que surgiu a partir de viagens, trabalhos de faculdade e situações cotidianas que antecedem a própria ideia do filme.

Entrevistas(de artistas):
Eduardo Marinho - Pintor, "arteiro e escrevinhador"(por definição própria)
Helio Bentes - Músico, vocalista do Ponto de Equilíbrio
Robson da Lua - Escultor de areia
Caio Correa - Músico, baixista do Scracho
Maria Paula de Oliveira - atriz
Rao Caiua - Artesão e Músico
_
Direção, Montagem e Edição: Victor Belart

Produção: Eduardo Viana, Rafael Martins Augusto e Victor Belart

Colaboração: Camila Montano, Igor Passos e Thaísa Pessoa

escafandrofilmes@gmail.com / victorbelart@hotmail.com





quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MANIFESTO DA PORNOESIA NO CAMPO DESABITADO DA MELODIA

 (Por Diego El Khouri)
***


-- Um apelo à pornografia poética.


Missionários da palavra
que travam a inútil batalha da gramática
reivindicamos a orgia socialista
quanto a felação sodomita
somos arcanjos sem papo na língua
quero a poesia cada vez mais vadia
um canto sujo e anarquista
que desenterre da barriga da hipocrisia
uma "verdade" que seja mais bonita
e tragam aos olhos poéticos estranhos medos
que clareiem na mente tanto a causa quanto o efeito
quero a poesia sem nenhum receio
somos seres de pele
aprisionados em mentiras tétricas
louvamos a poesia sem métrica
e aquela que mesmo dentro das regras
perverte os clichês e as frases belas
somos poetas da merda
esporramos pelas pernas queimamos mil cédulas
barbudos homens profetas mulheres sem pudor
num apelo rápido do bardo do século
enfiamos um palavrão desconexo
nas rimas perfeitas e nada belas
enfim quero a poesia suja e brega (!!)
uma explosão de enfinitas putarias
um canto sublime da revolução mística
budista marxista sadomasoquista
que purifique na alma  a agonia
um misto de pau, buceta e paraíso
a real essência da poesia
o caminho derradeiro 
      entre
                       a orgia selvagem
o inóspito campo desabitado
e a melodia sacana mergulhada em psicodélicas miragens.


*** Obra do pintor Toulouse Lautrec

domingo, 4 de dezembro de 2011

MONÓLOGO DENTRO DA NOITE INFINITA II

(Por Diego El Khouri digitado por Ivan Silva)

E se hoje eu, um burro bruto,
Não quiser fazer palhaçadas para vocês e então
Darei uma gargalhada e cuspirei com alegria,
Cuspirei no rosto de vocês 
Eu que sou um perdulário e esbanjador de palavras preciosas.
Maiakovski



hoje o dia está cinza
e nessa enfermidade sorrio
feito criança sem dente,
Deus sem reino, sem presente,
gozando sua inútil e ilusória realidade.
mais uma vez distante.
mais uma vez só.
sonhando com o amanhã
para que hoje, essa podre maçã,
não seja mais meu guia
nessa escuridão infinita.
mais uma vez doente.
mais uma vez só.
primeiro o orgulho.
depois o apêndice.
em seguida o fígado, erro médico,
a prisão, a dor, vômitos, espasmos
e hoje a face em fogo.
ardente a alma em combustão
imerso no fogo eu vi fênix
e agora começa a história de minha liberdade.
ascendam a vela e me conectem.

        minha

face

         roupa

             do

        vestuário

que se perdeu

nos

limites que as paredes

        me

f-i-x-a-r-a-m

      eu

          me

            libertei.

olhos fechados
pela escória
que devora minha memória

há 
um
destino
que
se
m
o
v
e

dentro da roupa que dorme
num abismo que nos acolhe
na criança sem nota
urinei na roupa sem demora.

hoje vetusto do absurdo
anjo do quarto escuro.
pássaro urubu que espalha poesias
no dorso de teu caos.

a poesia
                  como
                                     
                              fim
                                               
                                    o amor

                       o único
                             
                                   sim

ventres
perdidos

a vida
que se vai


                           e sorri.

sábado, 3 de dezembro de 2011

MONÓLOGO DENTRO DA NOITE INFINITA

(Por Diego El khouri digitado por Ivan Silva)

Senhoras e senhores
Trago boas novas
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva-viva!
Cazuza 



Os olhos da noite
atravessam meu fogo.
Durmo dentro de um raro conforto
e mesmo assim é tudo fogo.

Abertas essas janelas
nas horas vagas de tédio.
Um fogo queima e alivia
talvez um necessário remédio.

II

E a bunda chula
grudada nessa cama farta
no escuro da noite falida.

Poetas vagam nos vagões de descarga
alimentando o sereno
num trago voraz de veneno.

--esdrúxulos sentimentos--

(ao tédio que atravessa nossos crânios
um brinde subalterno!)

III

Risadas monódicas
na infância  que me beija.
Sinto a música ecoar a dança
na loucura que fez-me poeta

(língua ferina de merda)

mas 

                                        ainda

                                                                            resta

o amor.

IV

Língua nas trincheiras do acaso
meu Lar:
cortes profundos na alma.

VI

Reza à vela
olhos sem freio.

Nós cuspimos Deus (?)

Na órbita do céu da boca
dançando pelados
na fogueira que beija minha face.

VII

Último verso, último retrato
a mesma agonia.
Sem ti me sinto perdido.
Minha boca que não se alimenta sozinha.
Eu busquei o perigo.
Sou poeta sem vírgulas e sem rima.

VIII

primeiro me fechei à vida
apanhei no dia
beijei a doce melancolia
para que depois
ausente de mim mesmo
me lançasse à vida
me sentisse vivo
amasse o dia
esperasse a alegria
para que no fim
as cicatrizes roubassem
um pouco da minha energia.

IX

luta de classes
dentro do meu estômago
ó reinos desconhecidos
onde reinam a magia
quero o escarro dos seus limites

uns rezam, outros sonham.
eu digo: vixi!!

X

sou belo
quando me sinto eterno
e se estou enfermo
é que na verdade
para o poeta
só existe inferno

XI

a dor da face que 
    se perdeu
nem de longe é
a ausência do seu nome
é antes uma vontade súbita de chorar
solitário à deriva
como marionete suja, doente, desidratada e vulgar
calçando a bota
mais apertada do dia/ numa  prisão suicida/
assim sou eu:
travestido de cores
ausente de fome
profeta do álcool ditirâmbico
cicatrizes que se espalham
desse inóspito lar
minha
alma
C
A
L
E
J
a
d
a

( . )




Voltei das cinzas
para que em seus olhos, ó poesia
eu pudesse respirar
ato que há nove anos procuro.

Goiânia, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Bolívia e a  puta que pariu, me aguardem. 

2012 vou botar pra fuder!!



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

SITUAÇÃO INDÍGENA

"Cuidem com coragem essa terra (...) Cuidem bem de minha neta e de todas as crianças..."

(Por Kaiowá Guarani)

"Vocês não deixem esse lugar. Cuidem com coragem essa terra. Essa terra é nossa. Ninguém vai tirar vocês... Cuidem bem de minha neta e de todas as crianças. Essa terra deixo na tua mão (Valmir). Guaiviry já é terra indígena". Nestes termos se expressou o nhanderu Nisio, baleado, agonizante. Isso foi relatado aos membros do Conselho da Aty Guasu, que foram levar apoio ao grupo e se inteirar do bárbaro ataque. Conforme o relato, três tiros foram disparados em Nisio - nas pernas, no peito e na cabeça. Além do corpo de Nisio, mais três crianças que estavam chorando ao seu redor, foram jogadas na carroceria de uma camionete.
Polícia Federal, Força Nacional e especialistas estiveram no local da execução brutal do nhanderu Nisio Gomes, no tekohá Guaiviary, no amanhecer do dia 18 de novembro. Sangue Guarani-Kaiowá no chão. Rastos do corpo arrastado. Apenas constatações. Um pequeno resto da mata testemunhou mais um assassinato de seus seculares guardadores.
Matam e destroem a mata com a mesma desenvoltura e certeza de impunidade há anos, décadas, séculos. A revolta da Mãe Terra e de seus filhos primeiros chegará. Como diz a canção em homenagem a Marçal Tupã'i: "Chegará o dia em que o alto preço dessa covardia será cobrada pelos Guarani".
Enquanto isso, as lágrimas e o sangue continuam banhando esse chão em revolta, em gritos, em protesto. Os ouvidos do mundo não estão mudos. O clamor das vidas e da natureza sacrificada diariamente no altar do progresso, da acumulação do capital, do deus dinheiro, não permanecerão impunes!
Que o sangue de Nisio Gomes Kaiowá Guarani se junte ao coro dos guerreiros da vida para juntos nos unirmos no grito que ressoa mundo afora.


Agora eu:

Que sociedade é essa? Como poderia me enquadrar comodamente nela? Não, cara, eu sou um ser humano, não posso compactuar com isso, tranqüilamente, como tantos. Não faço parte consentida disso. Latifundiários bandidos são louvados pela mídia. E nós, pensando em consumo, em marcas, em futilidades, enquanto o extermínio prossegue em sua saga genocida, há séculos.
Eduardo Marinho

Documentário precisa de ajuda pra seguir adiante, atrás de alguma consciência.
Taí o link:

* retirado do blog do artista plástico, zineiro, ativista e pensador Eduardo Marinho