segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

FELIZ 2013 PRA NÓS, CAMBADA!!!!


Na última postagem do ano coloco aqui no MOLHO LIVRE, meu fanzine digital, um poema do irmão e amigo companheiro das artes Edu Planchêz, amigo que tive o prazer de acompanhar de perto e produzir juntos construções abstratas na calda do delírio poético  por 3 meses na minha última estadia no Rio de Janeiro. Hoje além de grande amigo é um novo irmão que conquistei em vida. E agradeço a todos leitores de meu blog, aqueles que comentaram, criticaram ou simplesmente leram as minhas postagens quase diárias nesse blog. Vamos em 2013, falange alternativa, juntar cada vez mais forças, cabeças e idéias no real proposito da arte que é função e não apenas entretenimento. Agradeço aos amigos de porre e poesia e as mulheres que nos inspiram a criar


ond the road futuro ( edu planchez )
'''''''''''''''''''''''''''''''''''''
dia de feira na praça seca, 
domingo de sol e chuva, 
eu indo para o japão que fica em madureira
pendido nas rabiolas das pipas,
nos rabos dos sardinhas de escamas verdes,
nos varais de coloridos panos,
nas cabeças das frutas e dos legumes,
no coreto dos muitos carnavais

não digo era, digo é,
o que é vivo na mente nunca passa,
nunca deixa de flutuar por entre as gerações,
por entre os coqueiros da minha verdade

a poesia é o maior dos amores,
a mulher, a mãe, o pai e o filho,
diego el khouri assinaria esses versos

aquele que assume a civilização
tal qual o faz bob dylan
para o sempre aflora setembros,
janeiros e dezembros
nos olhos dos que miram borboletas estrelas

passo a ponta do lápis de cor vermelha 
nas linhas que vou rabiscando
com o corpo beat,
ond the road futuro

( edu planchez )



E me acompanhem nesses outros blogs:

http://zinevertigem.blogspot.com.br/

http://fetozine.blogspot.com.br/

http://coletivozine.blogspot.com.br/

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

VALEU, POETA!!!!

------------------------------------------------------------------

(Por Ulisses Aesse)


Para o amigo, raio de Sol, do Céu, poeta dos anjos e demônios, Diego El Khouri:


meus anjos,
amigos
de céu.

vou singrando
nesse mar
de estrelas.

louco,
tropeçando
em mim

como se
soubesse
que você
está indo.

sinto,
sempre,
uma saudade
que me queima
por dentro.

como se
bebesse
o sol
de uma
só vez.


--------------------------------------------------------------------




Belo poema, irmão!!! e vamos beber o sol num gole só(l)!!!!
(Diego EL Khouri)

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

MERGULHO

Meu processo é contra o sono, o marasmo e o pensamento reacionário. Arte tem que fugir do lugar comum e da mesmice. O fato de não poder dormir é uma alegria e uma tragédia ao mesmo tempo. É através do não dormir que surgem as idéias, os tormentos e principalmente os pesadelos. Algumas pessoas temem o pesadelo, procuram fugir de sua dor, usam máscaras,se policiam, roubam ar alheio. Como não durmo meu pesadelo é o real, a centelha divina que me foi negada. Produzindo meus desenhos e quadros, trabalho minha psicologia visual e com ela transfiro para a linguagem do zine. Meu único compromisso é com a arte. Independente de qual seja. Produzo portanto meus fanzines durante as madrugadas solitárias, o frio escuro da noite, e o processo é baseado na forma clássica. Colagens, figuras desconexas, entrevistas, poesias, contos, delírios poéticos, sacanagens e por aí vai. Tanto o Molho Livre quanto o Cama Surta é dessa forma. Em ambos o que muda é a temática. Apenas isso. Mas algo irá mudar. O bom do fanzine é a metamorfose. “Somos tântalos na busca insaciável” como digo num texto. Meus zines são totalmente manuais e não procuro seguir uma forma rígida e contínua. Cada edição é um mergulho diferente, um novo desbravamento, a busca do diferente, do estranho, pelo olhar não familiar. Na constatação filosófica de Schopenhauer a arte opera como uma espécie de redenção e só nela reside a felicidade total. Se eu conseguir ultrapassar as portas que fecham a mente humana terei realizado meu objetivo.
(Diego EL Khouri)



Entrevista que concedi ao  law Tissot da Fanzinoteca Mutação em março de 2011:

http://fanzinotecamutacao.blogspot.com.br/2011/03/entrevista-com-diego-el-khouri.html

domingo, 23 de dezembro de 2012

POLITICAMENTE INCORRETO AO QUADRADO

link para baixar a primeira edição da revista virtual POLITICAMENTE INCORRETO AO QUADRADOcriada pelo grande poeta Carlos Barata Cichetto, revista que sou colaborador também.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

ENTREVISTA COM IKARO MAXX


   
(Por Diego El Khouri)

veJaM eSsA eNtReViStA qUe FiZ cOm Ikaro Maxx, pOeTa E mEmBrO dA bAnDa De RoCk N'rOlL THE NOYSY. 

         Para quem quiser conferir o som da banda é so acessar esse site:
FanPage no Facebook: www.facebook.com/TheNoyzy
             
   Muitos lhe apontam como herdeiro direto dos beatinks. O poeta paulista Ademir Assunção disse inclusive que você é "uma  mistura de Neal Cassady com Arthur Rimbaud". Disse isso ao ver  uma apresentação  sua em Recife, quando ao microfone  disse que leria um poema chamado  "As Estupradas", ficou em silêncio dois minutos  e soltou uns urros e voltou pra  platéia. Glauco Mattoso em outra entrevista me disse que a  função da poesia é "desabafar. Uma espécie de exorcismo, de catarse ". Já pra você, qual a função da poesia e se pensa como os beatiniks, arte não pode ser dissociada da vida?
   Acho que já me encontro num momento subjetivo mais apropriado para respondê-lo - algumas garrafas de vinho, cervejas & um bom whisky aqui para lavar! - de maneira a mergulhar com mais intensidade no universo de suas questões. Avaliando, no geral, estão realmente formuladas de maneiras simples, mas, abrindo gavetas & bolsões com ricos embriões de material para um debate interessante.
   E - risadas profanas de bêbado atirador de facas!!! - a pergunta sobre a "utilidade ou função da poesia" nos remete a vários endereços & criptografias - muitas delas renegadas, esquecida ou ofuscadas pelo silêncio palpável a respeito do tema... afinal, não se ouve falar sobre isso em mídia alguma (principalmente mass media..!), não é de se admirar que o cidadão mediano se equivoque ou cometa erros grosseiros ou, muitas vezes, não saiba reagir bem às palavras "poeta" & "poesia"! Não possuo uma visão estruturada segundo códigos ou cânones, nem no respeito a algo de tradição, nem em correspondência a modelos ou padrões científicos-filosóficos... creio que desenvolvi meu conceito quando cai de meu corpo natural inconsciente - ou seja, uma profunda experiência mágico & extra-territorial de meu Espírito - & acordei dentro de outros níveis psíquicos-existenciais...
   Nesse exato momento - & não falo de um acontecimento objetivo do tipo: "aaah, tive meu primeiro insight quando quase morri atropelado, ou etc...", na realidade foi uma soma fraturada de várias coisas que despertaram desconhecidos & enigmáticos blocos de consciência oculta... - eu sabia que não poderia voltar ao nível de existência da mera correnteza da vida... algo em mim tinha se transformando & de maneira profunda & radical. De certa forma, tomando isso como um fato a nível subjetivo,
   Como propiciador de uma guinada de percepção & atenção quanto aos fluxos, essa ruptura desabrochou um tipo de poesia que poderia sim se aproximar da abordagem dos beats... que, como eu, eram também profundos pesquisadores, inclusive de tradições iniciáticas, ritualistas, antropólogos do espírito, almas inquietas que não encontraram respostas para suas questões essenciais - tanto quanto angústias & alegrias excessivas! - em sua própria cultura... retomando um "conceito" (eu diria um estatuto não verbal, mas, puramente carnavalístico & místico-transcendental) como o homem inteiro em suas potências buscando alcançar o seu mais alto grau de cultivo, etc.
   Mas, posso estar apenas viajando... & desconstruiria tudo isso dizendo: "é... eu acho legal desabafar"... rsss

    2)      Como sabemos, você começou escrevendo poemas em guardanapos  e contas de bar. Mas o que o levou de fato a poesia?
   O que me levou a poesia?? - risada bárbara de hienas embriagadas! - Cara... escrever  em contas de bar foi um dos modos sutis que desenvolvi para me livrar de pagar algumas contas!! rsss... falo sério! Na época em que comecei a sair realmente, eu saía ou com muita pouca grana - trocados mesmo - ou sem NADA. Era jovem demais & também muito impulsivo... como estudava, não me permitiam arrumar emprego, daí tive que ficar numa situação na qual tinha que usar da inteligência para tirar o plus da vida! E foi assim... muitas vezes eu fazia como o cara do "O homem que virou suco" (& na época eu nem tinha assistido ainda!) & escrevia - claro, com a mente A MIL POR HORA depois de cervejas & mais doses & interações de todos os tipos com as mais diversas almas perdidas & achadas! Era o início do despojamento, primeiras relações sexuais, aplicação da filosofia na pura realidade um jovem deserdado espiritualmente de sua classe de origem &, por isso mesmo, livre para explorar as diversas searas da Noite. Aos 13 anos eu sofri um acidente numa aula de educação física - que eu evitava a todo custo por ter sido um moleque franzino de porte (baixo & magro mesmo, de dar dó!) & sem talento pra coisa & com muito mais aptidão pra música & pro desenho (desenhava já desde poucos meses de vida & tocava violão desde os 9/10 anos) ! - na sala do diretor eu vi um exemplar de Baudelaire intitulado "As Flores do Mal" & um do Goethe "Os sofrimentos do Jovem Wherter", que eu furtei enquanto esperava a minha hora de ser atendido & conseguir a minha dispensa. Quando cheguei em casa... devorei em 3 dias & 3 noites os dois livros & senti que tudo o que estava fazendo estava errado... que tinha nascido no século errado & no lugar errado, etc. Foi daí que se principiou tudo... as crises, as vontades absurdas, o descompasso & abismo entre minhas questões interiores & o mundo. VRRRRRRRRRRRRRUMMM... o chão me foi arrancado dos pés. Quando retornei a escola, voltei diferente... embora ainda começando timidamente. Fui deixando de ser uma besta de carga explorada & enganada (pelos marmanjos desportistas, no caso da exploração - & enganado por falsos flertes das garotas populares & bonitas pelos quais me apaixonei & que muitas vezes eu salvei de serem reprovadas em todas as matérias!) & já não me importava mais em fazer parte das turmas deles... Acho que foi aí o início da poesia...

   
     3)  Nos fale sobre sua banda de rock n' roll chamada The Noyzy e como surgiu.

  Ah... esse é o capítulo que tem me absorvido maravilhosamente nos últimos meses. Bem... eu já havia tentado & até já passei por vários projetos, seja de minha autoria, seja por convite de outros. Muitas vezes toquei em projetos por pura consideração às pessoas, mesmo não sendo um adepto do tipo de som. Comecei tocando em bandas punks sujas & toscas & vários outros mais "populares" (bem, não vou falar disso aqui... vou direito pro projeto atual). O The Noyzy é um power-trio... & a respeito de power-trios acho que não posso falar muita coisa, a não ser minhas próprias vibrações não-monocromáticas a respeito. É um tipo de grupo que possui certas limitações, por ser justamente composto por três pessoas & etc. Mas, muito LIBERADOR no sentido catártico & verdadeiro no que tange a espontaneidade permitida numa dinâmica dessas. Além de ser a coisa desnuda & exposta aos seus elementos mais essenciais – uma guitarra, um baixo & uma bateria. Bem... começou mesmo quando eu já fazia parte de outra banda & fui procurado por um guri que tocava anteriormente em outro powertrio. Ele queria originariamente só tirar um som, arranjou um baterista & nosso ritual consistia de ir ensaiar num estúdio tosco no meio de um bairro popular que é bem longe de onde moramos lá em João Pessoa. Encontrávamos-nos no Terminal Integração & íamos o caminho inteiro contando piadas & anedotas sejam pessoais, sejam de outras pessoas, artistas & etc... Perto do local do ensaio havia um depósito de bebidas & religiosamente a gente rachava as pratas para comprar duas garrafas de vinho barato ou de cachaça & começávamos a beber no caminho. Quando éramos atendidos uma cadela - que mais parecia um cavalo! - saltava na gente & nos enchia de baba... mas, nada disso mudava nosso bom humor... & a gente esperava bebendo ou já entrava & montava os equipamentos. Nessa época começamos a fazer jams que foram estruturando as nossas primeiras músicas... não tínhamos nome... mas, o nosso som saia algo como a mistura no liquidificador de algo vindo das garage bands da década de 60,70, o seattle sound, o punk, o post-punk, & também elementos da psicodelia, do noise japonês, da musica industrial, do rock alternativo americano & inglês, stoner rock, hard rock, etc... Desde o início começamos a compor em inglês... não sei porquê... talvez algo meu mesmo de ter certa facilidade ou ter o meu lado "estrangeiro" acentuado desde muito cedo por ter sido criado ouvindo The Who, The Beatles, Black Sabbath, Rolling Stones, Led Zeppelin, Pink Floyd, Rush, Yes, Emerson, Lake & Palmer, Free, etc. Talvez uma resposta natural ou um instinto, não sei. Mas, fomos nessa leva até que um dia tive um insight pro nome da banda... "Noise Vendetta". Achávamos fabuloso, mas, acabei descobrindo que já existia um artista (se não me engano, holandês) que já batizara seu trabalho assim. Daí... fui brincar de fazer essa coisa do The... como os The Doors, The The, etc... & distorci o vocábulo Noise para NOYZY para ficar mais nossa cara, rsss... manchar um pouco a vaidade gramatical com nossas verdades & diluições puras, tentando de alguma forma retratar o âmago & o caos que é o útero do rock'n'roll, assim como o da poesia, por que não? rsss... Se o caos (a confusão de todas as possibilidades) é o motor da imaginação... & a imaginação é a mão do conhecimento... então, tem algo a ver, né? rsssss.
  A banda passou por algumas formações... no caso, o clássico problema dos bateristas. Começamos com um Rodrigo, que é um cara excepcional... realmente gente-fina & tal, & que também escreve poesia. Tivemos que tirá-lo da banda por conta de uns problemas & uma aparente falta de dedicação dele ao projeto (mas, tudo foi esclarecido tempos depois & foi feito sem mágoas... tanto que quando o encontro, a festa & a bebedeira continuam as mesmas!), depois fizemos testes com mais dois bateristas até a chegada do Betto, que, quando chegou... mostrou pra que veio! Uma pegada forte & explosiva! Impressionou a mim & o Phelipe (baixista). Acredito que estamos com essa formação a uns 10 meses, se não me engano. Mas, com encontros cotidianos na maior parte do tempo & muito trabalho & exploração dionisíaca coletiva! Estamos pra fazer o lançamento agora no dia 12.12.12. Isso mesmo!! ahahahahahah, aproveitamos toda essa coisa de numerologia & profecias para fazer um lançamento. O EP vai se chama "NoYzY Is Fun" & a capa é um desenho meu do Allen Ginsberg (em algumas apresentações da banda eu também faço intervenções com poemas & performances, etc) segurando uma placa com o nome do trabalho. Fizemos com pouca grana, mas, é o que temos por hora... & acho que está legal para uma banda que começou sem apoio nenhum exceto a de poucos amigos (na pergunta sobre a cena eu esclareço melhor meu ponto de vista sobre isso... rsss).

    4)     Muitos críticos apontam a letra de música uma arte inferior a poesia escrita. O que tem a dizer sobre isso sendo que você transita pelos dois lados, tanto a escrita quanto a musical?

   Risos... Cara, é engraçado isso. Onde está escrito isso? Será realmente? Bem... o que percebo a respeito dessas opiniões é que os guardiões desse tipo de discurso na realmente camuflam uma coisa “territorialista” na linguagem... tentando proteger & pôr fronteiras nas expressões. Ao meu ver... nada disso existe, de fato. é pura balela... conversa fiada... fruto da jocosidade ancestral de alguns masturbadores da forma que querem resguardar um canteiro do cemitério da palavra poder regar & administrar frutificações podres, cárceres do Espírito, etc. E mais... diria que é reação de ressentimento à popularização de alguns cantores & letristas que conseguem expressar com versatilidade em música o que há anos estão batalhando durante para extrair do cérebro para canalizar na tinta pro papel. A dimensão de riqueza entre uma & outra coisa varia bastante... & as intenções & detalhes também são sutis. São como abóbodas ou curvas de alguma obra arquitetônica... ou como um simples silêncio em algum momento sugestivo da imagem transmitida... tanto no poema, quanto na letra cantada. Difícil dizer dessa forma, porque considero muito cantores & vocalistas/letristas como autênticos poetas, assim como escultores, cineastas, arquitetos (porra, o Niemeyer era um poeta, cara! - só como exemplo)... então porque toda essa coisa conservadora de dizer que - "nós somos os poetas, somos a elite do espírito, porque viemos antes dos cientistas, dos filósofos, dos sábios, etc)... pura babaquice que reflete uma ideologia pobre & até fascista.

   Bem... quanto ao meu lado pessoal (não que o dito acima também não seja, né? rsss)... não sei dizer quem veio primeiro... porque na época que comecei a escrever poemas - 13, 14 anos - também comecei a compor por um projeto de escola (banda que ficou no papel! ahahhaah) com meu irmão mais novo & uns repetentes vidrados em rock.. & bem... é uma pena não ter nada desse material guardado... por que deviam ser realmente canções & ensaios de melodias & letras que já demonstrassem uma chama... gostaria de poder acessar isso, só como curiosidade... mas, tudo se perdeu. Queria ver se evoluí alguma coisa... ou se apenas piorei! ahahahhaahah



    5)      Você pensa como Glauco Mattoso que "a poesia é para um pequeno círculo de apreciadores meio pirados, meio sonhadores, meio iluminados"?

   Cara... eis uma difícil questão. Porque eu vejo lados bastante variáveis & até controversos/contraditórios na poesia. Às vezes até lados que não se encaixam (à primeira vista!!!), ou que parecem se repelir, de tanto pantagruelicamente contraditórios que são! Há um lado místico da poesia, um lado "religioso", que é quase ou BASTANTE incompreensível para a grande maioria... há o lado Lúdico... que é justamente o TANTO FAZ & O FODA-SE DA LINGUAGEM PRO MUNDO, onde o próprio poema se instala como autarquia num campo sagrado da expressão humana & tanto faz se tem adesão ou não... há o lado apelativo, sentimental (que às vezes é realmente chato, porque é justamente o mais deturpado & pastichizado ad infinitum pela indústria cultural & pela sociedade do espetáculo, seja nas novelas, na música, na rádio, nos jornais, na publicidade, na criação de expectativas & padrões quantos aos papéis & o uso/avaliação dos sentimentos por entre pares, etc)... há o lado revolucionário que reflete os anseios de uma sociedade de se emancipar de seus valores brutais, defasados, de suas morais baseados em condescendência quanto às farsas, etc... o que busca a instauração de novos poderes, etc. A poesia se dá em muitos níveis... mesmo a última masturbação de um velho solitário antes de morrer é um poema... pois aquele ser abandonado pelas traças ou não aceito pelos seus iguais ainda se reconecta com a musa, com o desejo, para se sentir vivo. Enfim... O que se entende como poesia ou poema comumente é muito pequeno & inócuo, tal seja: um livro impresso com palavras pequenas, diagramado, geralmente muitas poucas palavras num espaço quase infinito (embora limitado pelas margens) que é página em branco! Essa é a percepção/leitura mais superficial do poema... pra se atingir a poesia mesmo tem que se descarnar a realidade & acordar dentro do Sonho. Isso sim, é a poesia VIVA. A poesia que nos toma & nos modifica pra sempre em outros & outros & outros & outros... indefinidamente! Ou, poderia dizer... assassinar os fantasmas & as formas que foram algemadas em nossas mentes & que encarceram nossos movimentos & explodirmos em dança tecendo novas possibilidades de Vida! (na realidade, essa é uma pergunta irrespondível... & cada uma de minhas tentativas afastaria o poema & nos daria matizes de sombra... ou, como prefiro dizer: o impulso de explodir & dançar nos ares!)

   6)   Como anda a cena alternativa na Paraíba?

  Ah.... tenho certeza de que minha caveira irá queimar mais ainda com a resposta dessa pergunta. A cena na paraíba? No que remete a quê? Música? Poesia? Ah... "alternativa"... então deve ser a da música. Porque em relação a poesia & teatro & outras artes, só se encontra - em sua graaaande maioria - a expressão pálida de uma tentativa de mainstream. Os poetas são todos - sem exceção... - uns velhos broxas babosos que se esqueceram que já estão mortos, no teatro eu ainda torço para que um grande amigo & gênio, Manassés Diego, continue produzindo & resistindo com o seu Grupo Cabala! Já em relação ao cenário alternativo, underground, rock'n'roll, etc... tem-se um panorama quase trágico se não fosse a coragem de alguns gigantes que se fazem de pequenos... pessoas que admiro com sinceridade, embora às vezes não a saiba expressar adequadamente (mais mesmo por timidez & talvez um pouco por teimosia; quanto ao orgulho, tenho minado, cada vez mais, o lado venenoso dele...). A cena alternativa daqui já entrou na moda da organização central da filosofia "fora-do-eixo", que, muitas vezes na prática, parece mesmo é algo que tem um eixo muito certo & decidido. Mesmo com um crescimento gradual & até determinada exposição - que eles dizem que tem, etc - o cenário vem, sim, crescendo, apesar das dificuldades... muitas bandas tem surgido, bandas antigas tem retomado as atividades... tudo isso na mesma velocidade da cidade... ou seja... sem tanta dinâmica! Mas, fora disso existem grupos & indivíduos que se reúnem vez por outra pra fazer o rock'n'roll acontecer sem frescuras... a "cena" mesmo está centrada no Centro Histórico, entre a Praça Anthenor Navarro & o Largo de São Pedro... algumas casas de shows & bares funcionando. Só que, principalmente na casa associada ao Fora-do-eixo, a rotatividade & a apresentação de novas bandas & etc, deixa a desejar, ficando sempre as mesmas bandas (geralmente de pessoas de lá) apresentando-se & entrando em circulação... em detrimento da demanda de tantas bandas que estão aí no cenário... seja de agora, seja de tempos... Acho que os ressentimentos & acontecimentos passados travaram as pessoas de se relacionarem para construir algo em conjunto como era antigamente. E, também, a coisa da "imagem", de limpar ou tecer um véu de Maya - justamente como as práticas governamentais, por exemplo, relativa a "limpeza urbana" para incentivar o consumo turístico dos espaços, tem se tornado um eixo mais essencial para eles do que a dinâmica social & a diversão/catarse da música. Não vejo nada de errado em querer "vender" sua música & viver dela... claro... até porque eu também tenho banda & nossa... viver de música é incrível & acredito que não é um "sonho" como querem fazer passar... existem múltiplos fatores para que isso se torne realidade. Acho que o know-how deveria ser revisto & que os sentimentos de ciúmes & inveja & tudo o mais que retrai ou afasta ou transforma algo simples num labirinto que se tenta atravessar pisando em ovos poderiam ser descartados para a felicidade geral. Enfim... No mais, anseio ver as cenas em outros lugares & degustar bem cada diferença... porque já conheço o repertório dessas dinâmicas de tanto estar aí experimentando... rsss

   E... ah... provavelmente quer participar da cena & ler isso não vai entender que isso não é um "ataque", é uma avaliação de um ponto de vista & também não é pessoal, porque não direcionei a ninguém especificamente. Bem... o mais provável é lerem & dizer: "sabia... Ikaro é doido, louco, etc", pois é o que mais dizem de mim aqui. E eu só faço rir... talvez eles tenham razão! kkkkkkkkkkkkkkkkkkk (Se bem que ter razão não quer dizer muita coisa no que diz respeito a estar "certo" ou "errado"... Existe algo mais profundo, não é?)

   Quanto a indicações de pessoas & bandas (principalmente também os bons corações que estão escavando & buscando a sua expressão com honestidade)... aproveito a oportunidade para nomear alguns "bois" que mereceram serem ouvidos & antenados: Igor Von Richthofen (The Nardonis, Old Men School & Scary Monsters), Edliano (Musa Junkie), Dimitri Cabrail, Ronniely Diniz, Raffa cajú, Eveline Lucia, Anselmo (& o pessoal do Pogo Pub!! Resistência, galera!!), ílsom Barros, Alexandre Magno, Pedro Regada, Pride Of Mom, Ubella Preta (força rapazes!), CH Malves & Burgo, Matteo Ciacchi, Rafael Figueiredo, André Falcão, Marcelo Piraz, Homem Trapo, Daniel Santana, Naresh, Pão Mofado, etc, etc, etc... Bola pra frente.



   7) Você acha que existe lugar pra poesia no Brasil e no mundo que vivemos?

Lugar pra poesia? No Brasil? No Mundo? aahah... bem.... espero que nunca nos cemitérios, necrotérios! A poesia nunca está nas Academias...o que se faz ali é a exumação dos cadáveres... todo o Espírito que insuflava aquelas letras já era! Está em outro lugar! Basicamente está num Não-Lugar, se preferir... ATOPOS... acho que essa pergunta é sobre isso, não é? Não-lugar... utopias! Vivemos em tempos distópicos, desencantados (como diria Weber), um mundo onde as alternativas estão também no mercado de consumo: seja hippie, seja vegan, seja punk, seja espiritualista, seja new age, seja "mô-fi" (os típicos marginais que atuam por aqui & que aparecem nos programas policiais ao meio-dia), seja piriguete, etc. Tudo fetichismo transformado em possibilidades de mercado. Você continua pagando para acessar o que seria essa "liberdade". Mas... voltemos a pergunta... pra mim o mundo está se dissolvendo agora, está entrando numa nova etapa de esclerose & renovação... não culpemos os Maias, não culpemos Cristo, etc... culpemos a nós mesmos & nossa imbecilidade... nossa "Devolução", como critica a banda DEVO. Símios operando máquinas... qual queria que fosse o "resultado lógico"? Um belo pomar aberto em transes vertiginoso para livres cópulas douradas sem nenhum sinal de sombra nas nuvens? Bem... isso sim seria a poesia... mas, a face que os poemas tem que espelhar agora não deve ser a de nossa fraqueza propriamente... mostrar integralmente o Homem (a Mulher também, claro, a nossa linguagem ainda não criou o substantivo genérico para ser empregado indiscriminadamente sem carga de valor machista, sexista, etc!) continua sendo uma "tarefa inconveniente"... as novas gerações estão se cagando pra isso... a maioria prefere a perspectiva de que se malhar um pouquinho & saber aparecer num vídeo poderão ter a vida inteira ganha se entrarem num reality show ou se forem as novas Sandy & Justin Bieber! Os garotinhos da favelas querem & se espelham em Neymar! Roberto Piva sonhara em reencontrar jovens como os que ele conheceu... marginais que liam Dante & Goethe... garotos com um conhecimento da prosa alucinada de Rimbaud gritando das colinas que não seriam escravos & sim uma máquina humana de sonhos vivos & profusos... O Piva morreu, mas, sua poesia está aí... & pra mim, em termos de Brasil, é uma das mais poderosas! Junto a de Torquato Neto, Jorge Mautner, Raul Seixas & outros profetas prenhes de MANA. A poesia sempre terá lugar nos espíritos irrequietos & voadores... nos caras que cairão fora de alguma forma do blablaísmo atual & atuante, nos iniciadores de seitas fora-do-comum, nos artistas singulares & considerados inadaptáveis, nos iniciadores de comunidades agrícolas com base no respeito, no Amor & na tolerância, nos experimentadores da consciência & da hyper-consciência (ayhuasca, DMT, assim como drogas sintéticas também, por que não?). Muitos deles nem desconfiam... porque rastejam ou fazem vôos imperceptíveis dentro do registro da linguagem comum & cotidiana... mas, tem a flor louca da poesia no peito, em si mesmos, na mente... basta só descobrirem como regá-la corretamente & com convicção. rsss


 8)    Apesar do país ter saído da ditadura política, acredita que atravessamos numa época extremamente reacionária? E como anda vendo essa  geração de jovens  poetas que você também pertence?

Fiiiu... cara... o Brasil saiu de uma ditadura para outra (ou outras!). E o tom do que quero dizer não tem nada de - "antes era melhor". Porra nenhuma. Se tivesse vivido naquele regime, provavelmente eu teria dado um jeito de fugir ou de lutar com todas as forças - &, poderia me dar mal, de um jeito ou de outro. Não iria, de toda forma, aguentar ser um cidadão modelo & capado. Passamos por tempos demasiados contraditórios... enquanto se afunila mais as estruturas de base sociais & os antigos papéis vão sendo substituídos pelos novos, vemos a mentira do Discurso Oficial atuar & catalogar as coisas. Existe o tal "Crepúsculo do Macho", a ascensão das ideologias feministas, o neonazismo, a nova “classe média” que traz para a cultura seus valores empobrecidos, a defesa dos direitos das minorias, mas, ao mesmo tempo, uma patrulha ideológica imbecil & sem um pingo de inteligência que não reconhece nenhum valor individual, nenhuma possibilidade de alteridade do indivíduo que se auto-elabora no processo de vida social & cultural do cotidiano.. É como o discurso totalitário & totalizador da razão logocêntrica que se assume como parâmetro do "pensamento verdadeiro & oficial" & estigmatiza a parcela de si que possui a sensibilidade como eixo próprio & sempre mutante... a "loucura".  Os indivíduos que são naturalmente excêntricos, ligeiramente doidos, criativos, não-clichê na atuação dos papéis reservados por uma cultura de bovinização cultural é excluído & processado, taxado de "politicamente incorreto", imoral, etc.  Há um deslocamento perene da área do castigo & da punição & da exclusão propriamente dita por tipos silenciosos & invisíveis de castigos, como o peso sombrio dos olhares de soslaio, a risada de ridicularização ou descrença do potencial individual de determinados sujeitos, o próprio boicote & o falatório que "enche linguiça  ou extravasa pequenos acontecimentos como se tivesse caído a bomba atômica em seu quintal, etc... Pequenas coisas que vão reformulando o conceito de fascismo & totalitarismo... como, por exemplo, atitudes de pessoas ignorantes & avessas a convivência das diferenças que, num debate mesmo tolo, "não quer ouvir nem a sua opinião", por que você "pensa & fala demais" & "isso é chato", coisas do tipo. Vivo me deparando com situações grotescas ao ponto do ridículo vindo de indivíduos que se acham demais, mas, que no fundo, não são nada disso. Fora também o que se chama de ditadura publicitária & editorial, que boicota & simplesmente trata com indiferença - como se não existisse mesmo! - artistas que buscam com autenticidade expressar suas visões & fazer um trabalho diferente do que é o Padrão-Best-Seller para Boi Dormir. Vivemos, sim, uma época reacionária! Basta parar pra ver o surgimento de movimentos como esse do "Dia do Orgulho Hétero"... Se eu já acho "absurdo" um dia do orgulho gay (me entenda bem, antes de dizer que esse comentário é homofóbico, muito pelo contrário!), imagine um dia do "orgulho hétero"? Entendo & vejo sim o lado político das coisas... mas, veja só, nas mãos de quem está o poderio do Estado? Quem os apóia? Acha que é de interesse deles essas transformações? Na minha cabeça já vivo no "pós-machismo", "pós-feminismo", "pós-blablaísmo", "pós-tudo", apesar de saber que fora de mim tudo isso continua sendo um lenga-lenga chato que atrasa a vida de todo mundo & só trava os orgônios nos lugares errados. Rsss 
A pior das ditaduras sempre seja a dos Idiotas & Ignorantes, dos caretas que não tem pingo de humor... mas, tenho também receio da Ditadura dos Doutores que se portam como sábios... se bem que esses, se fossem sábios mesmo, abdicariam de todos esses lugares de poder... fariam algo no sentido do que fez Li Po... No mundo das “artes” o que mais vejo é Imbecilidade & mentes limitadas... “Francamente...”, como diz um amigo meu, poeta, Jean-Jacques..
Quanto aos poetas... devem se foder mais & alcançar outros cumes para atingir a experiência mais ampla de lirismo... Ficar lendo Bukowski, Pessoa, etc,  pela internet, wikipedia, ou orelhinha de livro no intervalo de uma aula... ahahaha... faz me rir, jovem... Aprendi mais sobre poema & arte fora da sala de aula, em companhias não recomendáveis & extremamente vivas & brilhantes do que vendo uma múmia vomitar... com todo respeito aos faraós (que eram deuses na Terra!). rsss.

   9)   Que poetas e músicos  marcaram a sua formação?
 Acho que sou um típico promíscuo em termos de referências... ahahha... porque influência mesmo eu considero meus estados interiores, meus sentimentos, meus insights... sob a influência da força torrencial deles eu produzo. Agora... referência se remete mais a variações de técnicas & estilos na composição... ou como, através de uma observação radical & um mergulho, absorvo as técnicas para poder no momento da criação me desnudar & fazê-lo! Assisti anos atrás um documentário com o Tom Zé no qual ele falava a mesma coisa, só que com outras palavras! O raciocínio é semelhante, analógico/análogo ao do cara. No meu caso eu sempre tive uma relação muito dúbia & infiel inclusive com o que eu chamava de "ídolos". Porque percebia as fraquezas & as falhas deles & sabia que não poderia colocar tais pessoas em patamares inexistentes & nem poderia lutar os seus combates... teria sempre os meus pra travar! Desenganei-me com muitos, mas, foi bom, porque vi o lado humanos deles... o lado falho & miserável, que me dizia... é... se ele conseguiram, porque você não poderia conseguir? E se você também pode, por que achar que você é o único que pode? Entende? Aí está toda a diferença. Como disse, meus primeiros heróis começaram na literatura & depois foram/migraram pra vida... aqui me explico: comecei admirando músicos por osmose, por conta da influência de meu pai & seus vinis. Aquelas capas & fotografias em revistas me fascinavam, muito embora eu mal entendesse do que se tratava. Mas, em filmes & em shows, eu achava "da hora" um cara com cabelos enormes & sujo, vestido de maneira diferente, empunhando instrumentos... com um cigarro no canto da boca! Wow... que legal, eu pensava, quando tinha 5 ou 6 anos de idade & anda escutava historinhas do "Barba Azul" em fitinhas K7!!  ahhaahhah  Eu passei a gostar de rock desde então... & meu pai tinham uns discos & vinis, & até revistas, com histórias & entrevistas de bandas & etc. Eu gostava muito - era fascinado, também - de ver as fotografias & ler as histórias dos grandes gênios compositores de música erudita... principalmente os da Era Romântica - Beethoven, Brahms, Chopin, etc - & ficava impressionado com algumas coisas... & via coisas semelhantes nos artistas que admirava no rock'n'roll também... nesta escavação encontrei referências de literatura & fui atrás... foi assim que me choquei com os cometas Baudelaire, Rimbaud, Goethe, os dadaístas, o Fluxus, Nietzsche, Sartre, etc... depois fui me aprofundando & ampliando meu escopo...

    10)   Seu epitáfio.

Cara... é um pedido complicado... mas certa vez vi um que me inspirou a escrever isso:

"De guerras acendi luminárias corrosivas no âmbito das Idéias
 Abracei o mundo como ousaria um Homem-Bomba &
 Explodi tudo em uma inexplicável Alquimia de Amor..."

Mas, poderia considerar várias outras opções - "Por dentro da carne nenhuma contradição - exceto a Morte - o calou..." - etc... tem tantas idéias que não saberia dizer com convicção & certeza plena - "É ISTO!" -  Ou então um belo ___________ (vazio mesmo) - engraçado que certa vez tive um som no qual via minha sepultura & lá tava escrito "Tu acha que morri é? LOOOOLL - deixa de ser limitado! Sai dessa... etc" & ter acordado morrendo de rir!)...  Deixa rolar... quero apenas VIVER & queimar tudo em novos derrames, sensações... talvez, nem me preocupe tanto com isso quanto antes...  É perder tempo pensar na morte agora... estou me sentindo bem, potente, cheio de vitalidade & energia (apesar de repentinas crises de tédio... isoladas...)!

    11)   Uma poesia.

Minha ou de outros autores? É difícil escolher, mas, gosto muito do poema do Iessenin chamado "Confissão de um Vagabundo"...
- de minha janela mijo na lua - (algo do tipo - estou citando de cabeça!), umas imagens (junto com o texto inteiro & vários momentos dele) que são alucinantes.
O "Pesa-Nervos" de Artaud. Porra... é foda dizer assim.

Meu... é difícil... não tenho favoritos, escrevo todo santo dia, geralmente. Meus poemas estão espalhados por aí... até já paguei contas com eles (quando os donos dos estabelecimentos se mostraram complascentes, claro) rss... estão espalhados em vários lugares do Brasil & até do mundo. Mas... vou citar um aqui:


ASSIM QUE QUERO QUEIMAR...

dentro de um coquetel tóxico de beijos
& centelhas de perdão adiado
numa lufada vermelha & acre tangendo
a órbita de seu gemido
afogado na câimbra dos espelhos tímidos
enquanto as montanhas morrem nos abraços dos lírios
& os sóis azuis acenam em suas pestanas frias
latido de donzela saída da coroação cirúrgica
dialetos dissipados no silêncio
entendimentos póstumos sobre temas & intrigas
olho escarrado de horizontes límpidos
pele bifurcada em trezentos espinhos
assim quero aninhar tua fragilidade
num leito de uivos
& desfazer cada uma das infinitas constelações
enquanto não dormimos

IkaRo MaxX


    12)   Uma bronca.

Blah... Bronca? Hmmmmmmm....





quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

P12 (PI AO QUADRADO) OU POLITICAMENTE INCORRETO AO QUADRADO - EDITORIAL



PI2, (Pi Ao Quadrado) ou Politicamente Incorreto ao Quadrado - Editorial

A tendência, quando se pensa diferente da maioria, é em determinados momentos nos considerarmos loucos.  Aquela coisa, que aprendemos desde pequenos, dentro dos conceitos da “democracia”, de que se a maioria pensa e quer uma coisa, esta coisa deve estar correta. Mas quando começamos a ler e pesquisar, buscando outros pensamentos de outras pessoas, acabamos por chegar a conclusão que, ou não somos realmente loucos, ou ao menos não somos tão poucos.

Quando comecei a explanar meus pensamentos, comecei a ser tachado de "Politicamente Incorreto" e na época nem sabia exatamente o que era isso. Havia conhecido o “Patrulhamento Ideológico”, ainda nos anos 1970, mas comecei a perceber que as coisas atualmente eram muito piores e mais danosas e perigosas. E também a perceber que existem, não apenas no mundo acadêmico e até na própria mídia, pessoas que também tem esse pensamento. Filósofos como o Luiz Felipe Pondé no Brasil e Roger Scruton na Inglaterra; e jornalistas como Walter Navarro. E mesmo dentre as pessoas, digamos, mais simples, pessoas comuns, que apesar de não estarem debaixo dos holofotes e na frente de microfones de rádio e televisão, também tem esse pensamento na contramão. Pessoas que questionam seu mundo e que não aceitam o que é vomitado e imposto a força. 

E foi baseado nisso que lancei a ideia desta revista. Aglutinar esse pensamento que não tem lado, não está nem à direita nem a esquerda, muito menos no centro. Ou se está de algum lado, é o do pensamento livre, coisa que tem sido combatido pelo poder dominante que descobriu que a melhor maneira de dominar as pessoas seria com a "pasteurização" e a uniformização do pensamento, nivelando por baixo os conceitos sociais e morais, transformando até mesmo coisas simples e necessárias como cantigas de roda e o humor em alvos de criticas, e até mesmo de processos. 

Aliás, os processos judiciais substituíram bem a chibata e a tortura nos porões da repressão militar. Antes, os que pensavam diferente do que era imposto eram torturados e mortos, hoje são processados, o que as vezes na prática significa a mesma coisa, impedindo até mesmo essas pessoas de sobreviver. 

Pensar e expor o pensamento livre, de fato, se tornou algo muito perigoso, como na "crimidéia" de Orwell. Pensar diferente está se tornando crime, a partir da premissa inventada de uma igualdade que não existe e chegando a absurdos de fazer com que as pessoas se sintam no dever de explicar porque estão usando a palavra "preto", em qualquer circunstância e por qualquer motivo. A coisa se instala na mente das pessoas, criando o pior tipo de censura, aquela que impede que o criador de usar determinadas palavras, formas e cores . Uma guerra suja.

E como não sou - a maioria de nós não é - afeito a armas, tiros e explosões, nos resta apenas uma forma de lutar nessa guerra suja: continuando a pensar e explanar seu pensamento das formas que ainda podemos. E esse é o motivo maior da existência de PI2, Pi Ao Quadrado, ou Politicamente Incorreto ao Quadrado. 

Luiz Carlos Barata Cichetto



Politicamente Incorretos:


  • Luiz Felipe Pondé
  • Walter Navarro
  • Luiz Carlos Barata Cichetto
  • Delciderio do Carmo
  • Toni, Le Fou
  • Renato Pittas
  • Emanuel R. Marques
  • Marcelo Moreira
  • Gabriel Fox
  • Diego El Khouri
  • Giovani Iemini
  • Wellington Vinícius Fochetto Jr.
  • Isaac Soares de Souza
  • Eliezer Soares de Souza
  • Joanna Franko
  • Alejandra Arce D Fenelon
  • Celso Moraes F.
  • Roger Scruton
  • Erika Zaituni
  • Carlos Crummond de Drummond



sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

RUBENS ZACHIS: MÚSICAS PARA PASSAR NA MÃO



Eis o primeiro trabalho solo de Rubens Zachis, 
ex baterista da banda 
Gore e membro e fundador da banda Cativeiro:







1 - Uma Certeza

2 - Se Um Dia Por Acaso Você Achar Que É O Fim

3 - Fim De Semana

4 - Pra Você Ver

5 - Fala No Meu Umbigo

6 - Minha Festa

7 - Os Homens Capim

8 - Htlv-3