quarta-feira, 30 de março de 2011

MOLHO LIVRE, O FANZINE

Esse é um dos fanzines que edito cujo título é o mesmo desse blog, Molho Livre. Lancei essa  primeira edição em dezembro de 2010 no Rio de Janeiro quando estive lá e logo sairá segunda edição.













domingo, 27 de março de 2011

AO FILHO DA EXCLUSÃO


(Em homenagem a Diego El Khouri)

Por: Alexandre Mendes

Artista desconhecido
o presente, presenteia-o
com o fogo dos céus do Olimpo
trazido por Prometeu
Não te aborreças por Heitor
e a Tróia fragilizada
desembainhe a sua espada
a peleja irá começar


Será belo o dia
em que todos os seres 
e também os não seres
decifrem as tragédias 
que contam em seus dizeres
palavras de sabor trazido das vinícolas
Baco pelo palco a rolar
contemporânea atitude maldita
Sofrer por amor, jamais odiar


Filho...Tu és filho da Exclusão
chinelo remendado de arame
blusa rota de furo sovaco
unha nua na ponta da meia
estômago de infinito buraco


Exclua o filho...
pois deve-se respeito ao pai
Atenas um minuto de silêncio
amor a sabedoria 
e nada mais

quinta-feira, 24 de março de 2011

SEM TÍTULO

(Por Murilo Pereira Dias)

Seres humanos complicados.... depositam concreto na liberdade semeada
grades fechando a visão universal... diminuindo o alheio semelhante.
..se distanciando....
ficando mesquinho....
absorvido em suas razãoes obsoletas
favorecido pelo medo do mundo dos outros
numa história de um unico personagem
uma arma social
um ser letal
não aprendeu valores
não recebeu flores
não teve amores
rumores de dores
horrores
seres que querem governar
dominar
retirar...extinguir...
é apenas o lado sombrio da vida...
de onde não extrai-se beleza
mas trai a si próprio ao ceder a certeza
precisa do caos...do fim da paz...
da destruição... exterminio
mas ao deitar não sente-se satisfeito
precisa estar desfeito
para que bem feito possa desejar
a mesma dor que há no peito
daquele que não aprendeu
amar... arrogante...ultrajante...
que julga no olhar...ser pensante intolerante
não vai me mandar...
ouse tentar...pretendo por mim essa guerra começar
sabias armas em argumentos preciosos
comece atirar ... ter acertado não significa matar
atire mais até esgotar
não tenho pressa desse lado
estarei vendo sua morte sentado
um reino afogado...
restam aqueles de fora da história
e aqueles que tentam reiniciar....
os que trazem na memoria
antes da vida começar....

quarta-feira, 23 de março de 2011

OBRIGADO

Mais um poema dedicado a essa ameba aqui ahahhahahaa. Dessa vez é a linda poetisa Ana Cristina. Uma escritora fantástica com uma obra que está aí fluindo em total itensidade de criação. Recomendo o blog dela: http://letrasvioletas.blogspot.com/

Poeta
Inspirado és
Poeta que celebra o Deus Dionísio
Celebra orgias e luxúrias por acaso?
Quem te percebe, te conhece
De várias formas e performances
Pela tua arte desvenda-te a ti
Encontra essa criança que se funde
Com o jovem louco, libertário
Sem freios na língua, língua alada de Ícaro
que se engole no seu céu da boca
Sem descrições inabaláveis
Sem convicções preconceituosas
Muro de contradições
Desejo de fusões
Sua língua poeta,causa furacões, vulcões.

terça-feira, 22 de março de 2011

21 DE MARÇO, DIA INTERNACIONAL DA AGONIA

Dia 21 de março, dia internacional da poesia. Dia também de meus anos, de meu inferno, de minha luz. O parto estranho na estranheza do século. Marca exatamente a data que me lancei a esse calvário tão fugaz e incerto. Sempre reneguei datas comemorativas. Reneguei também inclusive minha própria história. Sou apenas minha arte  e com ela amenizo minha dor, brinco com a  vida, exercito minhas taras. Sou o abismo e é nesse abismo que componho estórias, invento desculpas, traço idéias, esboço desenhos e  maltrato a idiotice que me aflige. Mas datas também marcam surpresas. E foi uma bela surpresa o soneto que o grande sonetista Queiroz Filho fez pra mim e as palavras também do amigo e carioca Fabio da Silva Barbosa. Resolvi então postar esses poemas e também mais outros que me foram dedicados nesse ano e no  ano passado. É bom saber que sou ouvido por um grupo de pessoas que não me enxergam apenas pela ótica do louco marginal, ainda mais pessoas que tanto admiro.

Ao Poeta
Diego El Khouri
(Por Queiroz Filho)

Se este artificialismo convincente,
Que chamam de amor, os miseráveis,
Não fosse só a desculpa decadente
De vergonhosos medos deploráveis.

Quiçá inda quisesses ser contente,
Pois libertando instintos insanáveis,
Vertendo em todo corpo inpertinente
Luxúrias quase não comensuráveis.

Os teus dias, Soldado, de embates
Com legiões de espectros edonistas,
Não mais seriam trágicos combates

Pois inda que furassem tuas vistas
E a tu'Alma cedesse aos desgastes,
Eu te daria a Fé dos bons Sofistas...

///
(Por Fabio da Silva Barbosa)


Hj é aniversário de um poeta
um artista que está além da forma
que não está aqui apenas para engrossar o caldo do conformismo
que não está aqui apenas para ouvir as palmas vazias dos que fingem
que não está aqui apenas para ser querido
Incomode incomodando os incomodáveis
Sempre entre dentre mentes
Destrua construa menstrua
E assim vai

URNA DA VITALIDADE
(Por Vicente Junior)

a Diego El Khouri, maestro das sinfonias de notas mudas, mas eternas

Saudado sejas, aspirante a eterno,
Espírito livre que enobrece o escárnio!
És espelho perdido nesse mundo cego,
O ébrio despertar de um visionário.
Algoz do eufemismo, és corpo etéreo,
Austera flâmula de dardos hilários.
Teu furioso pensar é um doce mistério,
A bíblia não escrita dos reis libertários.

Teus sonhos devoram a anã realidade
E teus versos nos sanam de toda ilusão.
Destruidor de estilos, nova identidade,
És verbo vivo, o valete da expolição.
Dilataste a pupila da vã mediocridade
E cunhaste o tesouro que é tua visão.
Aos que se somam à tua imparidade
Revela-se o ópio da plena comunhão.

Rimbaud vivente sem uma mortalha,
És jovial maldição; dos simples, a peste!
Lúgubre fulgor de ígnea contumácia,
Ferreiro das palavras e vulto inconteste.
Na coprofilia de tua cordial belisária
Apostamos a vida que não mais é inerte.
Sangras o sistema com a volúpia de tua ária
Dos novos despertos és o inevitável mestre


O Poeta [ao Diego El Khouri]
(Por Ivan Silva)

No mundo da alucinose
não tem o quê e nem o onde
crianças giram no carrossel
a noite é o próprio céu

Da conserva concentrada
o porre doce-amargo
não é nada de bebida
é o uno gosto da lume

O lustre do saguão, todo amarelo
"Olha lá, o único de chinelo"
Desinibido pela vida, embalsama o quimera

O mórbido embrião
Suicída!--escuta quieto,
--o instinto de quem tem a vida--
O Poeta de chinelo.




 POETA MARGINAL
 (Por Luciana Schlei)

Poeta marginal
que invade meus sonhos,
que me faz viajar em tua boca ,
cujas palavras me fazem sentir orgasmos,
Poeta das ruas,
que me deseja nua,
serei eu tua?
o teu kama sutra verbal,
na minha alma sensual,
cria uma atmosfera em meu ritual.
Poeta que me canta musicas de amor,
em minha janela tropical exponho meus sentimentos.
como lhe desejo,como lhe quero em meu peito,
abraçado ao meu corpo falando o que sentes.
Poeta de minha vida,
sejas meu,me possuas por inteira,
me cubra com sua excitação,
me enche de paixão e tesão,
me ame como as donzelas feudais
donzelas de amores proibidos e banais.
como lhe quero poeta em minha tenda de cigana,
para ler nosso futuro,a nossa cama.
Um amor eterno,a eterna chama,
que lhe chama...
poeta marginal deixe me fazer feliz ,
lhe deixar nas nuvens macias,
perca-se em minha pele morena
me complete por inteira
e me faça o seu paraíso.



sábado, 19 de março de 2011

POR: MURILO PEREIRA DIAS

....como achar que a busca pelo equilibrio existe?
tudo tornar-se-á após o inicio do caos...
fique de pé e una as duas pernas e os dois pés....
perderá o equilibrio em segundos, e assim iniciará a busca pelo conforto
depois de 5 minutos na cadeira troca-se de posição
o ser estático é o ser inanimado...toda animação vital provém do caos necessário
o desequilibrio antecede as conquistas equilibradas
num contraste que parece conflito assim como as guerras são as
maiores razões para a vida na terra...o auge do desequilibrio
em busca de sua paz...não haveria vida sem caos...se todos pensassemos identicos pensamentos,
não existiria a razão humana, as faculdades intelectuais
o ser humano jamais saberia o que é a liberdade
o ser humano jamais saberia que é humano
e enfim só teríamos ...o fim......
sem o seu inicio ...

quinta-feira, 17 de março de 2011

MADRUGADA INFINITA (Anjos de volúpia mergulhados no inconsciente)


(Por Diego EL Khouri)

Vamos meu bem, mergulhar juntos
na inconsciência
lambendo nossos corpos
a noite nos tem como parentes.


Pegada de sangue nas esquinas
matamos o passado para roubar o infinito
herdeiros do desconhecido
somos migalhas de um sonho fingido.

Brilha a lua no vazio
estrelas cintilantes, um desejo intenso...
Os postes permanecem acesos
acesos até o momento
que a lua nos ter por inteiro.

Sangue nos postes, nas ruas, nas esquinas
chuva de hemoglobina
somos dois astros em um
plainando num céu nada azul.

Mais um gole, um gole insano...
Bebendo em nossos corpos
a inconsciência nua
sem máscaras - o teatro da Morte.

E vamos juntos, bem juntos, meu bem,
um lambendo o outro
encaixados como dois animais
perdidos na inconsciência
naufragados na existência
abandonando a essência
aceitando ser apenas animais
orgásticos e sem pecados.

quarta-feira, 16 de março de 2011

DIEGO DE MORAES

Quem ainda não conhece, vale a pena conhecer o trabalho desse grande músico e poeta goiano e do mundo:

www.myspace.com/podeser

domingo, 13 de março de 2011

CAMA SURTA

(Por Diego EL Khouri)

Nós dois sozinhos no quarto
desenhando marcas na pele.
Coração pulsando, respiração ofegante.
Kama Sutra nenhum descreve essa cena.

As línguas se lambuzam enlouquecidas.
Eu por cima, você embaixo.
Olhos fechados, sinuosos.
Nossos corpos se encaixando.

O calor vai se moldando
aos movimentos que fazemos.
Que dure esse momento para sempre!

Alguns tapas na cara, outras mordidas.
Você, minha querida, parece que falece
e nem lembra que o Sol nos esquece.

sexta-feira, 11 de março de 2011

SARAU POR CASTRO ALVES PELA POESIA



O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, vereador Iram Saraiva, convida poetas e amantes da Poesia para um sarau, na próxima segunda-feira, 14 de marco, no Auditório Jaime Câmara, da Câmara Municipal de Goiânia.
A data, instituída como o Dia Nacional da Poesia, é a de aniversário natalício do poeta Castro Alves. Participarão associados e membros da União Brasileira de Escritores, Seção de Goiás, da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, do grupo Letra Livre e da Academia Goiana de Letras:
Aidenor Aires
Alcione Guimarães
Almáquio Bastos
Ana Cárita
Brasigóis Felício
Cadillac
Camila Leite
Carlos Willian
Clara Dawn
Coelho Vaz
Cristiano Deveras
Delermando Vieira
Diego de Moraes
Diego El Khouri
Edival Lourenço
Edmar Guimarães
Elza Nobre
Fernanda Cruz
Gabriel Nascente
Getúlio Targino
Heloísa Helena
Hercília Macedo Eckel
José Fernandes
Judith Furtado
Kaio Bruno
Leda Selma
Luiz de Aquino
Maria Helena Chein
Miguel Jorge
Placidina Lemes de Siqueira
Sônia Cury
Sônia Santos
Ubirajara Galli
Valdivino Braz
O evento está previsto para as 20 horas, com duração entre 90 e 120 minutos.

quinta-feira, 10 de março de 2011

FANZINOTECA MUTAÇÃO




Tive a honra de ser entrevistado pelo Law Tissot do blog  Fanzinoteca Mutação do Rio Grande do Sul, importante veículo de divulgação de fanzines que tem como apoio a Funarte (Fundação Nacional de Artes) e o Ministério da Cultura. Quem se interessar em ler a entrevista, ela se encontra nesse link:

http://fanzinotecamutacao.blogspot.com/2011/03/entrevista-com-diego-el-khouri.html?showComment=1299810547799#c3500806391051081304

quarta-feira, 9 de março de 2011

OFTALMOCONTO

(Por Alexandre Mendes) 
Contou os passos até o banheiro, se posicionou em frente à privada e urinou. Era cego, mas não de nascença. Uma pancada forte em sua cabeça, ocasionada por uma queda na infância, lhe privara da visão. Há muito tempo não fazia idéia do que era a luz do dia e todos os lugares que ele frequentava já eram previamente conhecidos. Contava os passos até os destinos desejados e orientava-se com seu bastão pelas ruas. Seu ouvido apurado tornou-se fundamental para sua locomoção.
Sua mãe, carinhosa e prestativa ao rebento, tratava-o como criança, mesmo após sua recente chegada na casa dos trintas anos. Auxiliava-o nas tarefas diárias e buscava a cura para seu problema, incansavelmente:
– Filho, confio em Deus e nos médicos! Com certeza você voltará a enxergar.
Apesar das dificuldades, o rapaz não reclamava da vida, pois a humanidade a sua volta estava sempre pronta a ajudá-lo em suas necessidades. Ia atravessar a rua e escutava: "Coloca a mão no meu ombro para que eu possa lhe guiar" ou então, andando pela calçada ouvia: "Desvia... cuidado com o buraco!"
Entretanto, ocorriam fatos isolados que ele não sabia o que realmente representavam, como o tilintar de moedas em uma esquina na qual sempre passava. Sua imaginação fértil levara-o a crer que talvez fosse um estabelecimento que usasse tal som a fim de convidar os clientes ao consumo. Outro fato que o deixava curioso era um grupo mirim de circo que se apresentava em um sinal de trânsito, no seu caminho. Frequentemente, um dos meninos o ajudava a atravessar a rua e durante o trajeto de uma esquina para outra, lhe revelou a atuação do grupo. Seu mundo real dividia o espaço em sua mente com um mundo imaginário.
Certo dia, sua mãe lhe trouxe uma boa notícia: o havia inscrito em uma cirurgia experimental, pela qual, possivelmente, recuperaria sua visão. Houve uma grande euforia. Entre gritos extasiantes e lágrimas escorrendo pelas pálpebras inúteis, o rapaz percebeu que não se lembrava de como era o mundo a sua volta, pois tinha apenas três anos quando havia ocorrido o acidente que o cegara.
Compareceu no dia marcado à sala de cirurgia e, um pouco antes de sentir a anestesia tomar conta de seu corpo e mente, foi tomado por dois sentimentos: o medo e a alegria invadiram seu ser. Algumas horas depois a operação foi realizada com sucesso. O tempo esperado por ele para a realização da cirurgia, somado à burocracia na saúde pública brasileira foram vencidos pela persistência do ex-deficiente visual.
Os dias seguintes foram fundamentais para sua recuperação. A ansiedade tomou conta de si durante todo o período, mas não o abateu por completo. Sabia que o dia em que voltaria a enxergar estava próximo. Achava incômoda a tala que envolvia sua cabeça na altura dos olhos, mas um flagelo necessário para se alcançar a felicidade. 
Quando chegou o grande dia, mal podia se conter. A tala intumescida pelas lágrimas foi retirada e o ex-cego pôde, finalmente, reconhecer a sua mãe. Um abraço apertado e demorado foi seguido por diversas perguntas, como qual era o nome das cores que ele começava a observar. Não satisfeito com o que aprendera, o rapaz decidiu fazer o percurso cotidiano, a fim de desvendar os diversos mistérios do caminho. Viu carros e pessoas em movimento. "Impressionante", pensou. A cada passo que dava, uma novidade descobria.
Alcançou a tal esquina em que escutava o tilintar das moedas e seu semblante esfumou-se. Com o corpo e vestes imundas; pele enegrecida pela sujeira; cabelo desgrenhado e odor fétido, encontrava-se, sentado na calçada, um mendigo cego. Imóvel como uma árvore seca, o único esboço de movimento que o infeliz reproduzia era o sacudir de uma lata na mão esquerda, tilintando moedas em seu interior.
O choque com a realidade o assustou. Jamais havia presenciado tamanha cena deprimente. "Um homem cego nessas condições! Como deve ser difícil a vida para ele."            
Afastou-se ligeiramente e prosseguiu seu rumo. Procurou esquecer o desgraçado que padecia na calçada. "Vou ver o tal circo mirim no sinal. Vai ser animador." Alcançou o tal semáforo e suas pernas paralisaram. Engoliu a seco e não acreditou no que viu: o sinal fechou e logo foi tomado por crianças seminuas, portando caixas de chicletes e pacotes de mariola, implorando por uma migalha a homens de terno em carros de luxo. Observou atônito, os vidros elétricos se fechando diante dos narizes que escorriam. De repente, uma pequena mão segurou na sua:
– Bom dia, moço! Deixa eu te ajudar a atravessar a rua – disse um menino de aproximadamente dez anos. Reconheceu a voz do garoto como aquela que lhe iludira com a estória do circo. Olhou para os seus pés sujos de poeira asfáltica. Suas pernas eram cobertas de relógios. Portava em sua mão direita três pequenas limões, instrumentos básicos para sua sobrevivência.
– Ué! O senhor tá me enxergando? – perguntou o pequeno miserável ao rapaz que, estupefato pela cena, largou sua mão e correu como um louco de volta para casa.
– Mãe! Mãe! Socorro! Quero voltar a ser cego!

terça-feira, 8 de março de 2011

ESCRITO AOS 6 ANOS DE IDADE

(Por Diego EL Khouri)

Viver de arte e não se corromper é dificil. Ainda mais nesse mundo frio e capitalista. Para muitos a visão é estabelecida pelos modismos e pelo que vigora na midia. Andar na contra corrente disso tudo é um ato de coragem. Às vezes a vontade  de despencar no abismo é grande, mas quando se está ligado nos desejos atemporais não desistimos. Me perguntam que retorno a arte me proporciona. Eu digo inúmeros, mas não me escutam. Encaram a vida apenas pelas estradas monetárias. Minha meta é produzir  arte, conscientizar os "cegos" escravos do sistema,  e o que atrapalhar e me impedir nessa luta, nesse ideal eu abandono de vez. Meu compromisso portanto é apenas com a Arte. Desejam que eu arranque isso de minha alma e de minhas ações, porém não é bem assim. Saibam enxergar minha meta, meu objetivo!!

 Fazendo uma faxina no meu quarto achei um caderno de escola onde contém contos, frases e poemas de minha autoria. Todos escritos aos 6 anos de idade (ainda sim querem que eu abandone algo inerente ao meu ser de uma vez??). Aqui transcrevo alguns sem nem tirar os erros ortográficos. Eis aí:





Meu nome é Diego El Khouri.
Vivo com papai e mamãe.
Estudo no Educandário Mundo Encantado.
Sou moreno, sou alto e  eu gosto de brincar.

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O vento passa...

Não passa sozinho.
Ele leva consigo as borboletas,
As plantas do mato ou de outros lugares,
Levando os óculos dos homens que usam

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eu chamo Pink.
Na casa de meu querido Lulu.
Eu gosto de caçar gatos feios, lindos e carecas.
Eu como leite e chupo osso.
Eu encontrei no mar a baleia assassina.
Ela era muito gorda, é claro ela é uma baleia.
Não. Porque ela gorda.
Ela me amassou muito.

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pequenino quer su burro.
dono burro
pequenino fofinho
grandão bonitão de peitão
pequenino
dono gordinho.



A liberdade

Sabem eu gostaria de ter uma liberdade. Eu vou contar uma história da minha liberdade que eu queria ter.
Eu queria morar numa fazenda bem grande mesmo. Eu queria andar de cavalo todo o dia, nadar no córrego bem grande, trabalhar e assim ir numa praia e num hotel. E voutar para a Orizona e comesar todo de novo e voar de foguete em todo lugar do mundo enteiro e ir no planeta saturno  e umas horas eu vouto a trabalhar muito e trabalhar na roça.

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Trapalhadas rurais

Era uma vez numa fazenda bem distante. Num banco um ladrão passou num banco, num banco passou no banco e daí o ladrão entrou nele rapidamente.
E o ladrão disse:
-- É um assalto medê todo o dinheiro do banco.
-- Aiiiiiiii, Socorro! Socorro! Socorro! Ioooooooooooo bum!
-- O meu carro de policia estorou, mas eu pego ele!
-- Ione, Luís  e Fabiu, vocês vão pegar o dinheiro!
-- E eu vou pegar ele vocês três já sabe!
-- Nossa é a policia, é o Ione, Luís, Fabiu e o Tião, droga!
-- Pega ele vamos turma!
-- O não, Socorro! Aiiiiiiiii!
Trinta dias depois
-- Ainda bem que prenderão ele.
-- Policia me mata, não agüento mais, tira ele!
E aí todos ficaram felizes para sempre.
Mas ele não.

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Sapo cururu

Ele vive na beira do rio.
Ele mora no fundo do rio.
Ele é bem verde, ele come muito
mosquito e ele ficou muito gordo,
tanto que mas ele comeu muito
o mosquito ele explodiu
de tanta gordura.

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As crianças brigava pelo caminhão.
A mãe dos meninos chamou atenção deles.
A mãe entregou um outro carrinho.
As crianças também brigavam pelo outro carro.

**********************************************

A menina corre feliz no campo de futebol

***********************************************

Paula encontrou um tesouro perdido numa caverna do pirata Barbanegra  dos homens dele.

****************************************************

Todos os alunos estavam calados na sala de aula.


Os peixes nadam livres e felizes no mar e no riu.

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Meus amigos e eu jomamos bola na rua.


segunda-feira, 7 de março de 2011

AO NÃO

(Diego El Khouri)

O direito começa na compaixão

a compaixão gera frutos

sombras nebulosas de mistério

o coração começa na alma

e espalha no corpo

gerando inúmeras sensações

a geração do desconexo

o sorriso começa na união

a união, esse poço subliminar,

começa longe da rima

aversa a ilusão

a cidade destempera o acaso

e o acaso tempera a solidão

somos resultado de uma civilização

presa na insana multiplicação

perdemos o ventre, o amor, a compaixão

o poder (empedrado no capital)

em verdes cifras de infinitas canções

pode ser a luz missionária de Platão

com o poder abraçamos o mundo

acabamos com a fome

abrimos as portas da percepção

difundido o amor

a não criminalidade

ao não analfabetismo

a não estupidez

a não competitividade

a não prisão

a não chacina dos jovens

a não miséria

ao não domínio estatal

a não desunião

a não mesquinhez

a não difamação

a não ostentantação

ao não militarismo obrigatório

ao não descaso nos hospitais

a não soberba

ao não puritanismo

a não falta de cultura

a não massificação da mídia

a não corrupção

ao não "jeitinho brasileiro"

a não censura moral

ao não desmatamento

ao não nepotismo

a não mortalidade infantil

ao não preconceito religioso

ao não racismo

a não homofobia

a não ignorância

ao não cartel

a não indiferença

ao não consumismo

ao não trabalho infantil

a não inveja

a não intolerância

a não violência

ao não armamento

a não poluição

ao não tráfico de drogas

e sim a legalidade do não químico

a não imposição qualquer

a não aos alimentos transgênicos

a não venda de votos

ao não trabalho escravo

a não propina

a não riqueza concentrada

a não práticas ilegais

a não sectarismo religioso

a não falta de compreensão

a não aos rótulos

a não aos covardes

a não os estupradores

a não os aliciadores de menores

a não os pedófilos

a não a alienação

a não a hipocrisia

a não ingratidão

a não concorrência desleal

ao não esbanjamento

ao não ao ódio

a não vingança

ao não conformismo

ao não ao não ao não

não a tudo que afete

a dignidade

e seja contrário ao amor.

que o poder político

- instrumento de integração -

Semeie o amor com práticas

voltadas apenas ao bem da humanidade

com honra e sem corrupção.

sábado, 5 de março de 2011

SARAU LETRA LIVRE - JANEIRO 2011

Essa é a gravação de um sarau que participei em janeiro desse ano (2011) no Goiânia Ouro em homenagem a  grande escritora Clarice Lispector. Foi registrado apenas o final de minha apresentação perdendo algumas partes e poemas. A descrição do video e postagem na internet é de responsabilidade de minha amiga querida e estranha, a Mariana Pintaluga, hahahaa.


quinta-feira, 3 de março de 2011

CALA-TE DE VEZ! (RETRATO FILOSÓFICO DA POÉTICA DO VIVER)



(Por Diego El Khouri)

Acordar e dormir, simplesmente, é o cárcere na boca faminta da desordem. O que é belo e honroso pra vocês, pra mim fede. Tudo se transforma em acaso quando este, vestido de ignorância e impotência, sorri do marasmo.  Não acho graça em nada que esteja estritamente ligado ao material. É a única centelha que herdei de  Platão. Na constatação filosófica de Schopenhauer a arte opera como uma espécie de redenção e só nela reside a felicidade total. Fora dela o abismo é uma gorda madame nefasta que perambula nos bolsos do capital. Produzir arte para mim não é  a busca do “Retorno Financeiro”. Arte é domínio visual, psicológico e vivencial das práticas humanas que estejam ligadas ao que há de mais belo, puro e inefável da alma do ser interior. Sou livre quando me sinto parte de mim mesmo. A exclusão é aquilo que para mim se transformou em lugar comum. E o que é a arte? A fuga do lugar comum. Cada fanzine que produzo, cada quadro que pinto, cada conto que esboço, é mais importante do que qualquer coisa que eu faço. É meu “delirium tremens”, minha válvula de escape, meu delírio, meu orgasmo. A buceta nua beijando a boca de Deus. O amor em sua total plenitude.

Dormir se tornou capricho vulgar. A sensação de tranqüilidade (prazer fugaz) é uma história relegada ao passado. Nesses vinte e cinco anos de vida, cada segundo, cada minuto estive envolvido nessas coisas atemporais que muito prezo. Cada livro que leio, cada música que ouço, cada palavra que falo, cada bebida que bebo, cada pessoa que amo, cada pessoa que odeio, cada cigarro que fumo, cada sonho que desejo, é pensando e sentindo arte, esse elemento das faculdades humanas inerente as pessoas. “Tântalo na busca insaciável”. Assim me sinto. Disperso e perdido no mundo da restrição. Meu único compromisso é com a ARTE. Se algumas pessoas dizem que ela prejudica o resto das relações de minha vida, eu como artista irremediável, abandono tudo para dedicar com afinco as minhas obras. O homem nada mais é que o receptáculo da poesia. O profeta que perambula no desconhecido. Como Nietzsche nos revelou, o que vale é sentir tudo em total plenitude.  A escada flutuante dos sonhos. Que os ignorantes fiquem em sua pequenas moradias daltônicas, vivendo suas histórias de merda, bebendo suas bebidas chocas, fazendo suas barbas, cortando seus cabelos, escovando seus dentes, vendo suas novelas, ah, suas novelas,  a ventura exposta em cinismo.

A dominação tolhe os membros e corta os braços. Serei visto sempre como o drogadinho molambento sem memória, que sacrifica as ações por fraqueza e se tornou o vagabundo das praças inauditas por estética compulsiva? Não... serei visto como o demônio e assim espero. Um foda-se pra tudo que é eterno e absoluto.

quarta-feira, 2 de março de 2011

QUEIROZ FILHO LENDO DIEGO EL KHOURI

O sonetista  Queiroz Filho de Minas Gerais que hoje reside em São Paulo leu um texto meu (O manifesto em favor a poesia marginal) que aqui coloco nesse blog. É o mesmo texto que o Edu Planchêz da banda Blake Rimbaud e da Voluntários da Pátria  leu. a diferença é que Queiroz fez umas viagens poéticas estranhas transformando o texto em outro. O video foi produzido pela minha irmã, a Sarah EL Khouri.