terça-feira, 31 de janeiro de 2017

POR DIEGO EL KHOURI

Enquanto existir desigualdade social irá existir pixação (prefiro o termo com x assim como é a grafia que os pichadores utilizam). Pixação é uma "arte-denúncia", a voz daqueles que "não tem voz", um tapa na cara da sociedade e uma maneira explícita de dizer que a sociedade não está nada bem. Todos temos essa necessidade de "existir". A grafia, por exemplo,dos pixos de São Paulo é diferente de Goiânia assim como não tem nada haver com o Rio de Janeiro. Não há necessidade de um diálogo com a população, e sim uma agressão dentro da agressão. Renegar os pixadores é negar o grafite (que nada mais é que um "filho" da pixação) e uma das evoluções do universo pictórico. O Estado (e boa parte da população, principalmente aqueles que pedem a volta da ditadura entre outras barbaridades) não está nem aí em acabar com a desigualdade social, a miséria. Muito pelo contrário. A miséria existe mesmo para manter os poderosos na linha de frente de nossas ações (manipulando,alienando,controlando). A pixação existe pra isso: jogar na nossa cara a todo momento que a nossa sociedade vai mal e que temos que fazer algo urgente.

POR MARCOS CAMPOS

No documentário 'Arquitetura da Destruição' é mostrado que Hitler, com sua lógica higienista, destruiu várias obras de arte moderna, aquilo que ele considerava como arte degenerada. Hoje, as obras consideradas degeneradas, marginais, são cobertas com o cinza do desrespeito à arte transgressora do grafite. Faces da mesma moeda...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

POR DIEGO EL KHOURI

Artista que não lê vorazmente tem o risco de ter uma arte limitada e sem conexão com a ancestralidade mítica de um povo, uma cultura. O estudo sistemático das formas, idéias, ampliam conhecimentos e aumentam as ferramentas para o labiríntico ofício da criação. Mas a vida (a vida inimitável) é tão importante quanto.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

ARGONAUTA DO VENTO

Por: Diego El Khouri

No velho albergue das lamentações
não mais me fixo (não mais)
a vista cansada, por hora fria
recebe no  colo da louca agonia
o "velocino de ouro"
na cauda das "trezentas mil estrelas".

Argonauta do vento do ventre
goiânia/ rio de janeiro/ brasil
as cruzadas dentro da noite
volúpia ardente, "pinturas corporais"
(romper a barreira do som)
The Dark Side of the Moon
para que o sol se abra em folha.

Orfeu no leme, a bússola, a jornada
canto das sereias aos navegantes
aceitando toda a ancestralidade 
que da carne se faz sangue
no ventre se faz orgasmo.

A mulher que amo é doce
carinho escarlate venturoso
que ilumina e aquece
as infinitas percepções
os corações, a "bolsa de sangue"
os alojamentos, os sois
as  paredes aquecidas da alma
que a teia do abraço conduz.

A terra (vernáculo do sol) 
mãos nas raízes
corifeu de pele espetada
anuncia em tom de ameaça
ínvias galerias, arcos da lapa
o perigo, o possível naufrágio 
na busca incensante do eu

Argonauta do vento
 das vestes azuis
cristalizadas na noite 
subalterna dos sentidos
banha-se em rio novo
em novo rito vista-se
molha-se em água-viva
e vira-se para lá (!!)

argonauta do vento voraz
vozes vociferam no ventre vetusto
da cálida manhã.

deuses  lance de dados
mulheres na ilha de lemnos
entranhas desgarradas
lã de ouro do carneiro alado
(budhi/ a luz/ o canto)
espinhos que devoram paisagens
luz frontal do sol
flecha transpassada do guerreiro.

Argonauta do vento voraz
vozes vacilantes venais
serpenteiam, dançam enlouquecidas
Roadhouse Blues
como parto brutal.

Argonauta do vento voraz
vozes viscerais vociferam
"vacinas para as doenças da alma!"

Argonauta do vento voraz
 elétrica poesia banal  
sutra de lótus, boca faminta.

— Nam Myoho Renge Kyo 

— Nam Myoho Renge Kyo 

— Nam Myoho Renge Kyo 

e a jornada não pára jamais...


                ***

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

O TRANSLADO DO ARADO DA MORTE

Por: Diego El Khouri
Argonauta do vento
das vestes azuis
da cachoeira translúcida
do cheiro forte da noite
de sois transformadores
que tudo vê e tudo sente

caminha a passos largos
o translado do arado da morte
o embrião, a gula
o olhar seco, disforme
que segue empinando esculturas
mulher que gera fome
— formas humanas —
acalenta amor
dentro do peito
flores ambíguas
crescidas a esmo (sobrevivem)
o olhar vesgo
preso, encabulado
que arranca do ventre
toda uma história contada.

RELEITURA DA OBRA "CORPO INTEIRO" DO FOTÓGRAFO LEONARD NIMOV


Título: Releitura da obra " Corpo Inteiro" do fotógrafo Leonard Nimoy
Técnica: óleo s/ tela
Dimensão: 40 x 50 cm

Artista: Diego El Khouri

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

COM MEUS CAMARADAS JOGUEI DOMINÓ, DEI UM TRAGO NO CÂNHAMO MISTURADO AO TABACO

Por Edu Planchêz

revirando as tripas do breu do aqui luz,
no azeite do homem
revirado pelos alicates e bisturis
eu ser remendado,
emoldurado por curativos,
pétalas que me cobrem os talhos
construídos pelos exímios cirurgiões
quatorze pontos fecham os túneis
cavados em meu ombro direito,
desenhos da minha particular lenda.
relógio das ricas horas
que passei com os camaradas
que conheci no hospital lourenço jorge
e comemos biscoitos
e comemos rabanada dia 23 de dezembro
antes de dormir,
após a falha tentativa de operar-me
pós estar anestesiado
e em sono profundo
( a máquina de perfurar ossos,
resolveu deixar de funcionar
bem no momento d'eu ser cortado...
dois pinos de titânio
seguram, prendem meu ombro ao braço,
os ligamentos haviam sido rompidos
pós a queda da bicicleta
em plena estrada dos bandeirantes...
com meus camaradas de leito joguei dominó,
dei um trago no cânhamo misturado ao tabaco
para que ninguém notasse o que fazíamos
no pátio das ambulâncias,
nessas noites de quase desespero,
o delírio é um aliado,
diablito necessário, a ponte, a lente
juro saudade de toda a equipe
que cuidou de mim e de meus camaradas,
dos maqueiros, das enfermeiras e enfermeiros,
da farta e deliciosa comida,
das agulhadas constantes,
do sabor da dipirona intra venal.
de ter que dormir com dois cobertores
por conta do intenso frio das enfermarías,
frio esse, que evitam que as bactéria se multipliquem
a morte dos corpos guardados em sacos plásticos,
a silenciosa morte dos que se negam a ajudar,
dividir tudo, dos seus leitos. a solidariedade do irmão,
da irmã aos que sofrem ao nosso lado


segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

POR DIEGO EL KHOURI

Aos 6 anos de idade eu imitava a dança do Elvis Presley (minha primeira grande referência na vida) ouvindo os vinis da minha mãe. Já nessa época ouvia Raul Seixas, Barão vermelho, Rolling Stones, Jimi Hendrix, Elis regina, Caetano Veloso, Titãs, Novos baianos, Secos & Molhados, Janis Joplin. Na adolescência ao ouvir pela primeira vez Sex Pistols  e entender o que era punk rock mudou minha vida. Rasguei todas as minhas calças, estudei profundamente sobre o estilo e "entortei a vida" realmente. Levei isso para as artes. Hoje sou um homem de 30 anos de idade. Muita coisa mudou (não sou museu pra ficar estagnado no passado), mas o lema "do it yourself" do movimento punk e a indignação que ele difundiu ainda é meu motor. Minha arte sempre irá beber nessa fonte.



sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

RÉQUIEM



Título: Réquiem
Técnica: óleo s/ tela
Dimensão: 40 x 50 cm

Artista: Diego El Khouri

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

TEXTO DE DIEGO EL KHOURI

Texto que saiu no blog do escritor Winter Bastos. É editor do zine O Berro e trabalha em vários outros projetos. Tive o prazer de conhecer esse grande ativista em 2010 na cidade de Niterói (Rio de Janeiro). Link da entrevista que fiz com ele: http://molholivre.blogspot.com.br/2011/05/winter-bastos.html


Blog do Winter que saiu esse meu texto: http://expressaoliberta.blogspot.com.br/

ABISMOS E PARAÍSOS
(Por: Diego El Khouri)









Sou um homem sem especialização nenhuma, sem profissão, ritos ou dogmas. Talvez a minha falta de autenticidade e talento me faça ter uma relação diferente com as artes. Não sou o único que trata dessa incapacidade – a "impotência que dá forças". Tom Zé mesmo retrata isso muito bem quando se coloca, não só no contexto histórico (lembrando de sua importância no tropicalismo e sua volta triunfante pelas mãos do David Byrne do Talking Heads) mas também frente a frente ao seu processo criativo. Costumo dizer que meu trabalho é uma espécie de laboratório. Por isso essa necessidade de experimentação: as inúmeras linguagens (poesia, artes plásticas, cartuns, ensaios, aforismos, fanzines, etc). Não tenho cursos, faculdades, autenticidade e muito menos talento. Sou uma sombra, um transeunte pulsando poesia. Com as mudanças significativas que ocorreram na Europa entre os séculos XVIII e XIX, em especial a Revolução Industrial, com o fim das manufaturas e a máquina cada vez tendo um espaço de destaque, obrigou o homem a se especializar em uma coisa só e o tempo impôs essa “mecanização” do indivíduo culminando com a necessidade de “especialização”, essa característica que está além de meu campo de visão ( o time is Money). Não estou alheio a esse mundo e como muitos historiadores também considero os avanços tecnológicos do século XX e XXI como a terceira etapa da Revolução Industrial. O computador, a internet são exemplos disso. Estou ligado no meu tempo e não tem como fugir. Meu passado punk não me deixa desmentir. Mas o fato é que a vida “errante dos poetas”, a existência como uma “viagem inimitável”, a “transgressão dos sentidos”, “os confins da noite” e todo tipo de mergulho, foi e está sendo minha grande fonte de criação. A fragmentação e o dizer “sim à vida mesmo diante de todos seus problemas” que os beats e simbolistas proclamaram (não esquecendo que Nietzsche começou isso tudo), a “distorção psicodélica” do expressionismo alemão, a teoria do inconsciente de Freud, as drogas, a subjetividade do nonsense, a ligação desde sempre com as minorias, a cultura das ruas, os desajustados de toda espécie, moldaram (e vem moldando) meu trabalho. Numa época de total competição, onde “é necessário” pisar na cabeça do próximo indireta ou diretamente, e “vencer na vida” a qualquer custo é implantado através de ideias mesquinhas ausentes de solidariedade, andar contra a maré é para poucos. Não vejo “heroísmo” nisso e sim incapacidade de ser diferente, de agir de outra forma. Na altura da vida, uma existência intensamente sentida, onde experimentei de tudo (ou muita coisa), mergulhado em “abismos” e paraísos”, lutando contra essa falta de talento, me encontro no curso da estrada, e mesmo com tudo contra, a poesia sempre esteve ali, diáfana, forte, presente, em chamas. É pra ela que devoto minha atenção. É nela que mergulho minhas chagas e alegrias. A gênese do delírio.




POR: DIEGO EL KHOURI

eles empunham revólveres, eles impunham granadas, eles impunham suas leis, eles impunham misérias, eles empunham, eles impunham... filas dominicais, eles impunham suas regras banais... e eu com a minha poesia no bolso, minha poesia no bolso, com minha poesia no bolso atravessando a avenida-vertigem... com minha poesia no bolso, com minha poesia no bolso... cantarolando "lucy in the sky with diamonds", "lucy in the sky with diamonds", "lucy in the sky with diamonds"...

sábado, 7 de janeiro de 2017

BAIXA MAR

Poema: Álvaro Nassaralla
Foto: Diego El Khouri

 (26/12/16)

Andava desterrado de alma
como nunca antes
ou como sempre antes,
entre a insolência das acácias e
a insolvência da tarde.

Poderia ilhar-me todo em teus olhos,
alijar bromélias do cerrado para ornar-te os cabelos
com folhas transformadas em mica,
feito conjura de películas amarelas a cada linha do horizonte
decadente: sutura para o sonho de tocar-te a pelo.

Então penetro e teu sorriso amortalha-se em enlevo
como avenidas vazias se abrem para cidade adentro,
ou um carrossel voando abandonado no furacão
com música de pianola de lata
pelos caminhos desgovernados do prazer.

Agora que arriou-se toda a maré,
também estou tonto no prazer das roupas da madrugada
lançadas para fora do jejum.
Suas ancas ferozes escapam sob pena de forca
em direção aos estuários de areia vermelha,
longamente serenando a rua do corpo.

De toda forma,
tenho o mar a torturar-me o desejo,
ardente lágrima que escapa à respiração espessa
enquanto a carícia não se completa
sob o céu envidraçado à poeira de galáxias.

Intimo o íntimo enlaço de caminharmos juntos
pelas areias a perder de vista na costa,
para o mais somente de sermos
o toque cálido do verão,
mas também a saber
que o outono virá oceano luminoso
– significa que me deixe ao abrigo do mundo,
e o vento como minha verdadeira casa,
e o girassol convida tardes roxas de tempo,
sabendo que os defeitos é que emprestam ao entardecer
o doce cheiro da petúnia,
a asa transparecida da cigarra,
o que temos a salvo no coração e não pode ser comprado.

Enquanto te escrevo, vou aprendendo vida
como também caminham juntas e entrecruzadas as linhas do amor e
da sabedoria, até o desejo que se encontra montante em alguma parte
e mesmo que ele sobrepuje a brisa mareada dos portos,
temos de ver: aceitar cada vez mais o outro,
também é ser mais quem se é.

O amor só pode ser maior quando vivemos por um fio
ou quando bancos de areia e formações ficam inteiros à mostra,
nus, aguardentes, deflagrados, rasteira festa das aves bicando a areia:
seu corpo é meu na baixa-mar.



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* Conheci esse grande poeta através do Edu Planchêz em 2012 (em uma das vezes que morei no Rio de Janeiro). 
* Foto tirada em 2014 no sarau João do Corujão no Leblon. -* Detalhe: ele também é descendente de sírios e faz aniversário no mesmo dia que eu: 21 de março. Arianos loucos rs.
(Diego El Khouri)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

RELIGIÃO

Por Waldo Motta

A poesia é a minha
sacrossanta escritura,
cruzada evangélica
que deflagro deste púlpito.

Só ela me salvará
da guela do abismo.
Já não digo como ponte
que me religue
a algum distante céu,
mas como pinguela mesmo,
elo entre alheios eus.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Por Murilo Pereira Dias

antes de espatifar no chão…deu a luz ao último sorriso de arrependimento…e sucumbiu ao silencio fatal…..
e o Sol continuará a brilhar lindo… como se dor alguma estivesse sendo sentida!!!! 

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Por Sarah El Khouri

“Liberdade é um poema de uma só palavra.”

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

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Por Diego El Khouri

edu planchêz de são francisco. diego el khouri de denver. bebemos do mesmo sangue. comemos no mesmo prato e roubamos a mesma bebida. herdeiros direto de homero, villon, alfred de musset, shelley, lautreamónt, byron, burroughs, gregório de matos. edu planchêz/ginsberg/kerouac, neal cassady te espera envolto em fumaça e poesia. grande amigo das pajelanças brutais. da comida farta de versos. do álcool, do fumo e da foda alucinante nos olhos translúcidos da liberdade. e como vc me disse hoje (vc no rio de janeiro, terra dos ditirambos, eu no interior da mítica goiânia): Viva basquiat! Viva basquiat ! Viva basquiat!!









segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS EM APARECIDA DE GOIÂNIA

Coquetel de abertura: 14 de dezembro (2016)
Exposição: de 14 de dezembro à 22 de dezembro. 
Local: Hotel 10
Endereço:Km 511, BR-153 - Jardim Cristal, Aparecida de Goiânia - GO
* O Hotel fica na BR-153 antes do Arroz Cristal


Artistas: Diego El Khouri, José Luis Cavalcante, Omar Souto e  Zezé.



"Expor minha arte ao lado do grande Omar Souto foi uma honra. Um aprendizado sempre conversar com alguém como ele com tanto tempo de pintura: 50 anos de artes plásticas. Exemplo de persistência e dedicação. Sua arte com certeza é atemporal."
Diego El Khouri



































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PINTURAS DE DIEGO EL KHOURI EXPOSTAS NESSA COLETIVA DE ARTES:


Título: Soma, psique, nous
Técnica: óleo s/ tela
Tamanho: 60 cm x 90 cm


Título: Clown na chuva
Técnica: óleo s/ tela
Dimensão: 80 x 100 cm



Título: Clown confusão de cores
Técnica: óleo s/ tela
Dimensão: 80 x 100 cm