segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A ÚLCERA E A VODKA



(Por Vinicius dos Santos)

Se prematuramente deixar de ser
abandonar a existência que clama
deixa em teu criado sua prosa
deixa em tua cama seus versos
Enseje aquilo que te faça
dentre todas as coisas, alegremente
tente não perder a graça
sobreviva, tente e tente
Se ao menor do descompasso
sentir que perde furtivamente
saiba,
do outro lado não existe nada
tão somente ,tão somente

"(Por que não viver? Não viver esse mundo. Por que não viver? Se não há outro mundo, por que não viver. Não viver esse mundo)"
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Ao amigo poeta, pintor pós-expressionista, boêmio, e niilista de Nietzsche, D. el Khouri .

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

AFORISMO

 (Por Diego El Khouri)



Lutando todos os dias pra loucura não virar terra fixa em mim.



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

CATALEPSIA MUNDANA

(Por Samira Hadara)


"Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessai, ai, c
essa!, clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fica no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua,
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o Corvo disse: "Nunca mais."

(Edgar Allan Poe - O Corvo)


Sono impaciente pela noite
Madrugadas de desgastes e pensamentos
Vislumbrar o sangue e o suor se escorrer
Labutas fatídicas tempo perdido
Recomeçar ...recomeçar e recomeçar...
Tento cerzir enormes feridas
Com o mais fino dos fios
E por maior o esmero sempre deixa textura
Cansaço fadiga, olhos em brilho morto
Pernas sem sincronia, já não há mais caminhos
A mente se esgota...evanesce, ela esta anestesiada
Nada mais conflui
Nada se intitula
Nada se renova
Se move
Se pensa
E entre as linhas dos ligamentos neuropepitidianos
Não há mais rede
Sem conexão
Sem chão
Sem terra sem rumo
Ser imóvel no momento, é a parte que te cabe
Os lábios secos
A tez em pauta sob a custódia da gravidade
E nada...mas nada se renova
Conspirações se forjam sobre os pensamentos cadavéricos
Os fantasmas vestem suas roupas de gala
O teatro reinicia uma nova fase
E nada consegue se mover em meus neurônios
Respiração baixa
Pouco oxigênio
Hemoglobinas exauridas
Glóbulos em colapso
Entre os astros lunares e solares
Disfarço , acordo
Dispo minha tristeza
Me transponho em maquiagens
Torturo-me com os saltos
Banho de Amarige
Delineo minhas lentes
Abro a gaveta
Colo um sorriso
Vou para guerra
E finjo que sou feliz.





 Pintura:
Ophelia (1851-52) - pintura célebre de Sir John Everett

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

13/12/2013 - SARAU EM ITANHANGÁ

"Baile de Máscaras e borboletas" , evento promovido pela artista plástica Carol Barroso. Eu fui um dos poetas convocados a ler seus poemas naquele ambiente agradável e com uma arquitetura fascinante retrô, moderna e com contato direto coma  natureza. Neville de Almeida, diretor do filme Dama do Lotação lançado em 1978 foi também uma das pessoas convidadas, além de Edu Planchêz (poeta e vocalista da banda Blake Rimbaud), a atriz Vanessa Nunes,a banda uruguaia Elektromato ( que comandaram o som naquela noite https://soundcloud.com/elektromato/chacarera-inalambrika) , a performance de Priscila Piantanida entre outras atrações. E claro, a  pintura vigorosa de Carol Barroso espalhada pelas paredes da casa. Em breve posto o vídeo da minha apresentação nesse blog. Carol Barroso está de parabéns pelo evento! Por hora algumas fotos do evento:































































Abaixo os dois poemas que recitei no sarau:


VERA FISCHER

 (Por Diego El Khouri)



Vera Fischer sempre será bela
mesmo que suas entranhas ardam
vinagre e alho com catupiri.
Sua beleza é eterna como o vazio.

Assim a concebo na minha mente
ao lembrar de minha infância
quando as escondidas ligava a TV
para vê-la pelada na tela.

A mais bela das mais belas
estilizadas criaturas da mídia.
Seios e bunda e elegância.

Ser místico de um fascínio imponderável.
Com  a mão direita no desejo
lembro de minha infância horas a fio no banheiro.

///

PERANTE MEUS OLHOS

(Por Diego EL Khouri)

Eu fui feito para ser a tormenta, a calmaria jamais
Odeio-a, embora ela seja prenuncio de tempestade.
                   Luiz Carlos Barata Cichetto



o silêncio  me veste
me seduz
me faz pensar, refletir
no tempo
no ar seco de nossa atmosfera

nas folhas verdes
da primavera
nos garotos abandonados
nos subúrbios

nos cancerosos
nos hospitais
que pagam caro pra morrer

na lepra absurda
que dança frenética
na alma dos mesquinhos
que escondem o pão
e não dividem o vinho

nos receios implantados
por uma minoria nojenta
escravizada pelo poder centralizador
dos ególatras moribundos
donos da grana 
que salva e coibi

penso nas criancinhas vítimas na Palestina
com seus olhares de pranto e força
não sabem mais o que é brincar

olho para todos os lados
afim de  ver (me)
mas há um batalhão 
de fantasmas repugnantes
dividindo o mesmo sangue comigo

eles não sabem o quanto eu os odeio

os odeio profundamente
com todas as vísceras revoltas
o olhar no sangue
a boca em fogo intenso

não sabem o quanto
 não sabem...

agarro desesperadamente tua mão
não quero que minha maneira
ridícula de existir nos afaste

e nem  que o meu fracasso
te corte os pulsos
ou te oprima com meu
modo estranho de falar

caminho esguio  sobre teu dorso
renego a última esmola do poeta
na forma mais esdruxula possível

eu sou a regra torta e complexa
o último elemento da razão
 louco peregrino
dragão sem rabo que come teu rabo

pele e pelos se ramificam
através de mim
crio as paisagens mais sombrias
com meu pincel-camaleão

hoje calado porém nunca cego
mijo nos copos dos bares
atravesso  estrelas maiores
voando baixo nos becos, bocas e bordeis
ouvindo ressoar a poesia que corre
nas paredes de suas casas, em suas janelas

in silent Way - miles davis penetrando fundo
bomba que faz sucumbir nações

minha mente quando componho, bebo, trepo, fumo
é guerra nuclear
choque de infinitos decibéis

eu anjo vulgar de falo rijo
me intitulo o rei do universo
o mais forte dos perdedores
o menos idiota dos loucos
deus punheteiro
perdido nas páginas amareladas de Sade
antonin artaud enjaulado
Rimbaud traficante
Ginsberg, LSD,  morfina
toda falange dourada
que sobrevoa por aí
fora do meu alcance

tento inutilmente
que meus braços
me envolvam e sintam
o calor que emana da luz criativa
que produzo nas pinturas

mas é tudo  em vão

as pétalas não tem mais as mesmas cores
o vento não sabe mais o que é o silêncio
a voz emudeceu  de raiva
dos ventres saíram flores
que só baco consegue ver

alexandre grande é minúsculo
perante meus olhos vazios
sou veneno que escorre
das bocas mais famintas e sacanas
de todas as cidades, espaços
- desregrado  sexual
(numa taça de vertigem)

Não... não sou mais o mesmo
que caminha portando dinamites
no letes do esquecimento
ou o delinquente fodendo bucetas
perto da policia truculenta

sou antes de tudo
o transeunte do pensamento
alguém que teve mil vidas
e sobreviveu a todas elas

“perdulário do caos
esbanjador de palavras preciosas”

cachorro louco
filho da puta
miserável, inútil
no rio borbulhante
do sabor concentrado
de sal e pimenta

a luz flamejante dos faróis
tecem bucetas coloridas
desenhadas na pele dos homens
na famosa vila mimosa
recheadas de carne e groselha
nesse banquete já me fartei

certa noite a vista de todos
enquanto chupava meu pau
todo mundo de bocage
veio a tona em minha pele lasciva
sentidos à flor da pele
raios solares
e só em silêncio, nu, de olhos fechados
percebo agora
a voltagem dos sentimentos
de forma livre
anti convencional
sacana
       divinamente sacana
entendo, penso e digo:
meu falo encontrou casa
mas só contigo abrigo


meu falo encontrou casa
mas só contigo abrigo

meu falo encontrou casa
mas só contigo abrigo...

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

SÍNTESE



(Por Diego El Khouri)

suavíssimo Vento de Ventilador Velho,
jacarepaguá fervilhante (inferno),
neal explode  paredões, derruba fronteiras
na flor delirante de infinitas janelas

eu, anjo louco, bêbado, Perdido, gauche cego
o “além do homem”

sou eu mesmo, amarrado no tronco
Chicoteado pela deusa da poesia
pedindo mais e mais Chicotadas

 a luz está presente
seu olhar de raiva também

sêmen
sábados de lua cheia
(sempre cheia)

me reconheço em seus passos, ó poeta,
de singularidade efêmera,
simples, altamente simples


de bandido
a herói
de criativo
a auto plagiador

- alecrim,
AURORA
porrada
manifesto. 

(Rio de Janeiro, dezembro, 2013)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

SHAMIA HASSANI E MALINA SULIMAN - "ARTIVISTAS VISUAIS"

Achei por acaso essa matéria na internet e resolvi postar no MOLHO LIVRE. Gostei muito do trabalho dessas grafiteiras!


(Por Jaque Barbosa)

Shamsia Hassani e Malina Suliman são duas mulheres afegãs marcadas pelos problemas que há anos afetam o seu país: conservadorismo, extremismo religioso, guerras e constantes atentados à liberdade das mulheres. Ambas encontraram na arte e no graffiti a forma de simbolizar as vozes oprimidas pelo regime.
Têm estilos diferentes, mas são as primeiras grafiteiras do Afeganistão. Shamsia e Melina apagam as marcas da guerra, os muros quebrados, os prédios destruídos pelas bombas, com spray e rolos de tinta. Pintam para mostrar para o mundo que o Afeganistão é mais do que aquilo que vemos nos jornais e para incentivar outras mulheres afegãs a não calarem seus anseios de liberdade.
Shamsia tem 24 anos e é formada em Belas Artes, na Universidade de Cabul, e começou como artista digital, até perceber o impacto que poderia causar colorindo as ruas de uma cidade devastada pela guerra com suas mensagens. Pinta mulheres de burca, em poses dominantes e seguras, porque considera que não é a burca que define a liberdade das pessoas, mas sim a paz.

GraffitiAfeganistão1

Apesar de ser reconhecida pelo seu trabalho, Shamsia é obrigada a pintar em lugares fechados e abandonados, ou onde é convidada diretamente, por razões de segurança. Ela mantém uma série chamada Dream of Graffiti, com todas as obras que gostaria de pintar no Afeganistão.

GraffitiAfeganistão2
GraffitiAfeganistão3

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GraffitiAfeganistão6

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Já Malina, tem 23 anos e, além de professora, realizava suas atividades enquanto grafiteira de forma disfarçada, saindo às ruas de Kandahar, uma das cidades mais perigosas do Afeganistão, para espalhar mensagens políticas.
Foi várias vezes ameaçada pelos Taliban e seu pai acabou sendo agredido. Esteve exilada na Índia e voltou recentemente, para continuar seu trabalho pelas ruas.

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