quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

CATALEPSIA MUNDANA

(Por Samira Hadara)


"Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessai, ai, c
essa!, clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fica no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua,
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o Corvo disse: "Nunca mais."

(Edgar Allan Poe - O Corvo)


Sono impaciente pela noite
Madrugadas de desgastes e pensamentos
Vislumbrar o sangue e o suor se escorrer
Labutas fatídicas tempo perdido
Recomeçar ...recomeçar e recomeçar...
Tento cerzir enormes feridas
Com o mais fino dos fios
E por maior o esmero sempre deixa textura
Cansaço fadiga, olhos em brilho morto
Pernas sem sincronia, já não há mais caminhos
A mente se esgota...evanesce, ela esta anestesiada
Nada mais conflui
Nada se intitula
Nada se renova
Se move
Se pensa
E entre as linhas dos ligamentos neuropepitidianos
Não há mais rede
Sem conexão
Sem chão
Sem terra sem rumo
Ser imóvel no momento, é a parte que te cabe
Os lábios secos
A tez em pauta sob a custódia da gravidade
E nada...mas nada se renova
Conspirações se forjam sobre os pensamentos cadavéricos
Os fantasmas vestem suas roupas de gala
O teatro reinicia uma nova fase
E nada consegue se mover em meus neurônios
Respiração baixa
Pouco oxigênio
Hemoglobinas exauridas
Glóbulos em colapso
Entre os astros lunares e solares
Disfarço , acordo
Dispo minha tristeza
Me transponho em maquiagens
Torturo-me com os saltos
Banho de Amarige
Delineo minhas lentes
Abro a gaveta
Colo um sorriso
Vou para guerra
E finjo que sou feliz.





 Pintura:
Ophelia (1851-52) - pintura célebre de Sir John Everett

Nenhum comentário:

Postar um comentário