quinta-feira, 3 de março de 2011

CALA-TE DE VEZ! (RETRATO FILOSÓFICO DA POÉTICA DO VIVER)



(Por Diego El Khouri)

Acordar e dormir, simplesmente, é o cárcere na boca faminta da desordem. O que é belo e honroso pra vocês, pra mim fede. Tudo se transforma em acaso quando este, vestido de ignorância e impotência, sorri do marasmo.  Não acho graça em nada que esteja estritamente ligado ao material. É a única centelha que herdei de  Platão. Na constatação filosófica de Schopenhauer a arte opera como uma espécie de redenção e só nela reside a felicidade total. Fora dela o abismo é uma gorda madame nefasta que perambula nos bolsos do capital. Produzir arte para mim não é  a busca do “Retorno Financeiro”. Arte é domínio visual, psicológico e vivencial das práticas humanas que estejam ligadas ao que há de mais belo, puro e inefável da alma do ser interior. Sou livre quando me sinto parte de mim mesmo. A exclusão é aquilo que para mim se transformou em lugar comum. E o que é a arte? A fuga do lugar comum. Cada fanzine que produzo, cada quadro que pinto, cada conto que esboço, é mais importante do que qualquer coisa que eu faço. É meu “delirium tremens”, minha válvula de escape, meu delírio, meu orgasmo. A buceta nua beijando a boca de Deus. O amor em sua total plenitude.

Dormir se tornou capricho vulgar. A sensação de tranqüilidade (prazer fugaz) é uma história relegada ao passado. Nesses vinte e cinco anos de vida, cada segundo, cada minuto estive envolvido nessas coisas atemporais que muito prezo. Cada livro que leio, cada música que ouço, cada palavra que falo, cada bebida que bebo, cada pessoa que amo, cada pessoa que odeio, cada cigarro que fumo, cada sonho que desejo, é pensando e sentindo arte, esse elemento das faculdades humanas inerente as pessoas. “Tântalo na busca insaciável”. Assim me sinto. Disperso e perdido no mundo da restrição. Meu único compromisso é com a ARTE. Se algumas pessoas dizem que ela prejudica o resto das relações de minha vida, eu como artista irremediável, abandono tudo para dedicar com afinco as minhas obras. O homem nada mais é que o receptáculo da poesia. O profeta que perambula no desconhecido. Como Nietzsche nos revelou, o que vale é sentir tudo em total plenitude.  A escada flutuante dos sonhos. Que os ignorantes fiquem em sua pequenas moradias daltônicas, vivendo suas histórias de merda, bebendo suas bebidas chocas, fazendo suas barbas, cortando seus cabelos, escovando seus dentes, vendo suas novelas, ah, suas novelas,  a ventura exposta em cinismo.

A dominação tolhe os membros e corta os braços. Serei visto sempre como o drogadinho molambento sem memória, que sacrifica as ações por fraqueza e se tornou o vagabundo das praças inauditas por estética compulsiva? Não... serei visto como o demônio e assim espero. Um foda-se pra tudo que é eterno e absoluto.

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