sexta-feira, 28 de junho de 2013

NAS MÃOS MONSTRUOSAS DE EL KHOURI

(Por Edu Planchêz)

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Diego El Khouri é o homem poesia, o cara palavra, os pincéis, a tela, o fanzine, a caricatura e as tintas. Poeta desvairado  devasso, capaz de tudo, de todas genialidades, de todos os erros, desvarios e deliriuns.  Diego El Khouri parado no canto da página, no meio da imagem raiada na luz virtual virtuosa. Ele é meu amigo irmão aliado, ele o é o planeta e vive nos beirais, nos liames do estar e do não estar: sua glória é destroçar o verbo derreter, multiplicar filhos gritantes por entre os dentes, pelas gengivas vaginas dos lares. Ele escreve com sangue, pinta com sangue, tem o sinal do anjo de asas negras douradas nas riscas dos olhos, o animal devorador de trovões urbanos, trovões que ora cantam, que ora urram, que ora fodem com o foder. Jean-Nicolas Arthur Rimbaud, veio de Charleville, Diego El Khouri dos meandros da mística Goiânia de todos pássaros-anfíbios comedores de lendas e arruaças. Quebrar tudo para continuar quebrando, construir tudo para... Suas palavras batem agora em minha porta, nas paredes dessa caótica e mágica casa em que deliro com meu filho Ícaro Odin Planchêz. A cidade, as cidades, não serão as mesmas quando o paladar da poesia pintura elaborada vertiginosa desse grilo falante, formar um redemoinho em torno de todos os cérebros esqueletos : não ficará ossos sobre ossos, madeiras sobre madeiras, metralhadoras sobre metralhadoras; apenas corpos sobre corpos, o foder sobre o foder. Diego El Khouri Roberto Piva Leão Tolstoi Lord Byron Allen Gisberg Caio Fernado Abreu Florbela Espanca Glauber Rocha Felini... As letras, as tetas do mundo encontram casa nas mãos monstruosas de El Khouri. Oswald de Andrade disse que ser gênio é uma bobagem, ser gênio é ser e não ser Diego El Khouri "menino deus do sexo azul dourado", ouço ele dizer: "de repente sou dragão da lua, sanguessuga sedenta de calor", os bilhões de pontos luminosos da abóbada celeste, "a lanterna dos afogados", o barco e o motor.

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 * texto  assinado por Edu Planchêz, poeta e vocalista da banda Blake Rimbaud. Texto que vai sair em um livro de poesias que estou prestes a publicar.  
Agradeço Edu Planchêz pelo texto! suas palavras gritam no interior da alma, no núcleo primordial da existência, na noite que jamais cessa. (Diego EL Khouri)


terça-feira, 25 de junho de 2013

A ARTE EXPRESSIVA DE BETI TIMM

(Por Diego EL Khouri)




Beti Tim, Nua Arteira, Nua Estrela. Vários nomes para designar essa artista que transita por inúmeros campos da arte visual. Sua arte carregada de erotismo assusta e choca os reacionários, embriaga os mais delirantes e surpreende os pensadores. Eis abaixo a entrevista que fiz com ela:



1)   fale sobre seu início na pintura, quais artistas  marcaram a sua formação e porque  Nua estrela em vez de Beti Timm.

Meu início nas artes foi muito cedo. Desde menina já desenhava. Durante a adolescência senti se  acentuar minha arte e tomar um linha definida, que seriam as figuras humanas, mais precisamente a nudez feminina. Esse foi um período conturbado e turbulento na minha arte. Sofri repressões por parte de minha mãe que dizia que arte não tinha futuro. Passei então a desenhar escondida, e tendo como inspiração, as revistas Grande Hotel da época, que tinham um conteúdo repleto de mulheres sensuais expressadas em desenhos. Sendo assim não tinha nenhum artista que me motivasse, porque não tinha acesso ao mundo das artes. Fui norteada pelo instinto. Depois disto houve uma interrupção de uns 30 anos e somente em 2008 retomei minha arte e com força total. Me inspirei principalmente em Milo Manara, de quem até hoje ainda bebo desta fonte da arte erótica. 
Primeiramente passei a usar Nua Arteira devido a uma oficina de grafite, Arte Urbana que fiz recentemente e precisava de uma assinatura pequena para usar nas ações de rua. "Nua" porque desenho, pinto o nu feminino e "Arteira"  por ser irreverente na minha arte. Nua Estrela surgiu depois que o Faceboock desativou o meu perfil de Nua Arteira, e então optei por Adequar o Estrela e não fugir do tema. Mas assino minha arte apenas como "Nua".


2) O que te motiva a produzir  e como é seu processo de criação?

Sou movida pelo instinto, pela fixação de me expressar através da arte. A arte para mim é como um vício. Preciso diariamente sentir, manusear as tintas ou mesmo lidar com os lápis e com tudo referente a arte. Meu ritmo de produção considero frenético, talvez devido a lacuna que tive no passado. Sinto a necessidade de recuperar esse período perdido. E como sou autodidata, passo a pesquisar sempre, buscando novidades, suportes diferentes, técnicas atuais que eu possa usar. O tempo pra mim na arte é pequeno e frágil.  E minha criação está sempre em frequência acelerada.

   3)  Se você tivesse de classificar sua arte, como a definiria?

 A celebração do corpo feminino unindo a ardente sensibilidade visual da mulher com olhar lúbrico e conquistador do homem. Uma ode ao voyeurismo, uma vassalagem à luxúria.

4 ) Na sua opinião, como anda o mercado de artes plásticas no Brasil?
Ainda limitado, muito restrito aqueles que têm contato afetivo ou econômico com os marchands e donos de galerias de arte ou responsáveis pelo gerenciamento dos espaços públicos de exposição. Inexiste uma política estatal abrangente para estimular o descobrimento e o florescimento de novos talentos.
5) Você consegue viver somente da sua arte?

 A exceção de um pequeno grupo de privilegiados, viver exclusivamente do trabalho artístico ainda é uma quimera em nosso país.

6)  Sua arte está povoada de imagens intensas cheias de volúpia, num erotismo tão intenso que reacionários  chamariam de indecente ou imoral. Pra você há alguma diferença entre pornografia e erotismo e qual a linha tênue que separa esses dois abismos?

Este é um dos meus maiores "problemas" na minha arte. Sou constantemente atacada, ofendida por grupos anônimos que desqualificam minha arte, chamando-a de obscena, ofensiva aos bons costumes. Mas passei a ignorar tais manifestações, justamente por crer que o imoral, o indecente está na visão obsoleta e ultrapassada de quem assim pensa. Não vou mudar minha arte em virtude de uma minoria que se diz ofendida e incomodada. Para mim não há diferença entre a pornografia e o erotismo, a não ser o uso do bom gosto, fugindo da vulgaridade. Portanto a linha tênue que separa os dois é o bom gosto. No entanto arte é arte, não importando como seja expressada.

7) De alguma forma a literatura e o cinema interferem em sua arte? Falo isso devido a postura dramática que vemos em alguns de seus  trabalhos. 

O meu trabalho é resultado das minhas vivências emocionais e culturais. Desta forma a literatura e o cinema influenciam o meu trabalho.
No campo literário destaco, entre muitas outros livros, o Amante de Lady Chatterley, de DH Lawrence, as obras de Jorge Amado, Anna Karenina, de Leon Tolstoi, As Relações Perigosas de Chordelos Laclos e, por último mas não menos importante, Madame Bovary de Gustave Flaubert. Aliás, como ele eu poderia dizer: Madame Bovary c´est moi. Os quadrinhos de Milo Manara, o trabalho de Guido Crepax, Robert Crumb e Carlos Zéfiro também são fontes de referência.

8) Qual sua maior imprudência?
Até hoje não cometi nenhuma imprudência quanto a arte. nesta área tudo é viável. Só tenho algumas restrições quanto aos editais para exposições que participei e não responderam as minhas expectativas.

9) Ainda vivemos sob o símbolo da contracultura?

Creio que sim. A verdadeira arte deve sempre navegar contra a corrente, chocar o bom-mocismo vigente; subverter a moral estabelecida, expor sonhos e desejos ocultos, recalcados, e, no meu caso específico, revelar o esconderijo onde habita o prazer da carne. Arte é subversão.



10) Diga qualquer coisa pra terminar.

Sou uma pessoa que respiro arte. A arte é como um vício maldito. Não encaro a arte como terapia. Quanto mais inquieta, arredia estou mais produzo. Na arte todos os meus delírios são externados e meus demônios exorcizados, ou entram em parceria comigo. Preciso da arte para sobreviver, para alimentar meus devaneios e minhas aflições internas. Minha arte é inquieta e crua, equilibrando-se entre o lúdico e o real.


sexta-feira, 14 de junho de 2013

TÍTULO DO QUADRO: LA BOEMIA

(Por Diego El Khouri)




A noite do boêmio que não dorme, pois a noite nunca dorme. A multiplicação valendo mais que a soma. Bares, bordeis, botecos. Todos se encaminham para sua própria devassidão. A bela boemia que desnuda a alma. O canto negro da noite lasciva.Técnica: lápis 6 B e vivência de boteco. Uma chuva fina para dar o ar melancólico. Casais se amando às escuras. Uns mais ousados do que os outros. “Deus do Boêmio! São da mesma raça/ as andorinhas e o meu anjo louro... Fogem de mim se a primavera passa, se já nos campos não há mais flores de ouro”. Esse meu quadro vez por outra me faz lembrar desse poema do Castro Alves, elogio a doce madrugada das possibilidades.(Diego EL Khouri)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

NO CRISTAL AZUL QUE TRAGO EM MEU PEITO...



(Por Diego El Khouri)


Que jamais se perceba
Umas gotas de sangue na gravura.
Hilda Hist

 no cristal azul que trago em meu peito
e nas pedras fúteis das ruínas também azuis
o sangue monumental das paisagens me subtraem
tolhem membros que precisam caminhar
arrasam plantações no centro do país
lançam corpos ingênuos na trincheira capital
e nas praias vermelhas onde o amor reside
  o mar insiste em secar

o que falar do azul celeste
e dessa roupa que cobre teu corpo?
o cetim dourado das manhãs límpidas
se perdeu na pintura de texturas estranhas

entranhas precisam de bocas para se esfregarem
línguas penetram fundo
no grelo da vida no mar
iceberg
cidades em escombros
tóxicas correntes de venenos
bilís fugitiva
/grudada
no quadro vivo de minha poesia
que exalam xingos e uivos

(peitos e bundas fazem parte da festa)


sem vínculo com neurônios comprados
ou partidarismo tolo de comunistas-nike
as estrelas azuis se mostram azuis
numa luz que nenhum ariano consegue alcançar

sol vermelho-ouro, tempestade-vulcão
a chama mais sacana
e corajosa que se encontra nesse palco

ato falho meu peito sente
e  folhas secas caem no colo
no turbilhão feroz que chamam Morte
o veneno-ópio
se digladia na cara dos acadêmicos
 desavisados

e eu vejo sangue
e  estrelas
 o mar
 o céu

carne podre
doirados  pelos
-- tic tac insuportável --
a música não pára

o morto caminha
sangue se esvai
tempo se morde

a chama vítrea que busco
o olhar que incandesço
me ferve e busca no enredo
da praça dos delirantes
uma forma de fugir e sumir
levando consigo
todos os presentes brilhantes
 as cores na palheta
onde represento pinturas de gosto vulgar

frases pichadas nos muros
janelas alheias quebradas
redemoinhos espalhados
por todos os lados
sexo na frente  dos guardas

na infância o tiro 
no futuro o passado

quantas vezes desafiei autoridades
pelo simples perigo de  sentir-se “além-homem”
como Nietzsche falava?

agora mais silêncio que grito
mais sono
(abismo)

Janelas coloridas
mergulham no conhaque
a raiva de ser poeta
e não palhaço

a noite se afasta
me persegue demônios
uivando para a  lua
a leveza e o olhar

um conhaque prateado
de  glóbulos quentes
entre a noite e o paladar
beija o que é belo e puro
e estrelas, estrelas
se esfregam em cus,
bucetas e falos
sentam, rezam
mas não se calam

olham, penetram
gargalham

sentam, rezam
não se calam

o tiro certo
a palavra errada
 o sonho inquieto
a nova miragem...

vomitar (!)

vomitar
pássaros no céu
com asas e tudo
dentes de raiva
cotovia assassina
bala perdida
 AR 15 
 poesia.

terça-feira, 11 de junho de 2013

TÍTULO DO QUADRO: ALLEN GINSBERG


(Por Diego EL Khouri)



A barba messiânica do poeta bêbado numa festa báquica. olhos embriagados de subversão. A escuridão da madrugada-tempestade revelando personagens. Visões de santo drogado. Allen Ginsberg, profeta beat, nu em corpo e palavras. Desbunde e misticismo oriental. Meditação. Bardo louco que abriu “as portas da percepção” como Blake fizera; visionário Ginsberg plantou e colheu a flor delirante da (r)evolução. Derrubou castelos com sua anarquia. Tudo isso antes que a mente despertasse, "atrás das cortinas e portas fechadas da casa escurecida cujos habitantes perambulam insatisfeitos pela noite, fantasmas desnudos buscando-se no silêncio." (Diego EL Khouri)

sexta-feira, 7 de junho de 2013

ÊXTASE-DAMASCO (PÉS ENTREGUES A NOVOS PASSOS)



(Por Diego EL Khouri)



pela longa estrada dos amores
a cereja translúcida, a maçã-tesão
o aroma bucólico-íntimo
se lançam em meus lábios
todas as vezes que passo
nas raízes brutais
das voluptuosas carnes
que se transformam em fogo
tempestade poética
toda dança que incita
e excita
as estradas dos amores
num campo aberto de delírio

o êxtase-damasco
no vermelho lábio, quente
entre as pernas da musa
floresce mil campos de flores
que se fazem cama, orgasmo
 para a cristalidade dionisíaca do amor

musa fatal que me faz ser poesia
e  cria luzes orgíacas nos olhos vermelhos
dentro da íris diáfana
no calor intenso
que o sol  já queimou

me esquenta em teu colo
esfrega tua vulva em minha face
a poesia me atravessou de fato
farto estava do mundo comum

e rompi  céus,  estrelas
lancei do mapa o rato ordinário

aquele que me travava os passos
se perdeu nas zonas banais
(verme sem rumo)

cá estou dentro do teu corpo
encaixado e louco

você dentro de minha mente
rainha intensa

quero te sempre nua
nesse banquete a dois

 ardendo em febre
sempre seu bardo louco
questionador do mundo

“ a lira do delírio cambaleia
entre os fantasmas”
da velha fantasia

ouço os passos alucinados
de john coltrane, nick drake,  miles davis
e a explosão báquica de lautreamónt
que se confunde com desregramentos rimbaudianos

vejo muito além do que a maioria vê
o despertar filosofal
a sabedoria dos que atravessam pontes
vento suave, tempestades terríveis

só há carros barulhentos na minha alma
carros que berram e poluem
serei o cego que dirige
e ultrapassa feridas em alta velocidade

a corrente ígnea que se rebentou
me sonda, sempre à espreita...
observa fagueira
os barquinhos de papel
que lanço ao mar
rabiscados de poesias inúteis
e algumas frases roubadas

“longe o alvo, e perto a seta”
Sua poesia resgata o felino
Que há em cada um de nós
gladiadores sem nenhuma ordem
(sociedade-rivotril)

o arrepio na nuca-vertigem
é porque estou aqui
e você está aqui

desnudos na freguesia
no seu quarto desnudo
nas maçãs quentes do desejo
chupando sem medo
a beleza sublime-infernal
que há em teu seio


quinta-feira, 6 de junho de 2013

PERANTE MEUS OLHOS

(Por Diego EL Khouri)

Eu fui feito para ser a tormenta, a calmaria jamais
Odeio-a, embora ela seja prenuncio de tempestade.
                   Luiz Carlos Barata Cichetto



o silêncio  me veste
me seduz
me faz pensar, refletir
no tempo
no ar seco de nossa atmosfera

nas folhas verdes
da primavera
nos garotos abandonados
nos subúrbios

nos cancerosos
nos hospitais
que pagam caro pra morrer

na lepra absurda
que dança frenética
na alma dos mesquinhos
que escondem o pão
e não dividem o vinho

nos receios implantados
por uma minoria nojenta
escravizada pelo poder centralizador
dos ególatras moribundos
donos da grana 
que salva e coibi

penso nas criancinhas vítimas na Palestina
com seus olhares de pranto e força
não sabem mais o que é brincar

olho para todos os lados
afim de  ver (me)
mas há um batalhão 
de fantasmas repugnantes
dividindo o mesmo sangue comigo

eles não sabem o quanto eu os odeio

os odeio profundamente
com todas as vísceras revoltas
o olhar no sangue
a boca em fogo intenso

não sabem o quanto
 não sabem...

agarro desesperadamente tua mão
não quero que minha maneira
ridícula de existir nos afaste

e nem  que o meu fracasso
te corte os pulsos
ou te oprima com meu
modo estranho de falar

caminho esguio  sobre teu dorso
renego a última esmola do poeta
na forma mais esdruxula possível

eu sou a regra torta e complexa
o último elemento da razão
 louco peregrino
dragão sem rabo que come teu rabo

pele e pelos se ramificam
através de mim
crio as paisagens mais sombrias
com meu pincel-camaleão

hoje calado porém nunca cego
mijo nos copos dos bares
atravesso  estrelas maiores
voando baixo nos becos, bocas e bordeis
ouvindo ressoar a poesia que corre
nas paredes de suas casas, em suas janelas

in silent Way - miles davis penetrando fundo
bomba que faz sucumbir nações

minha mente quando componho, bebo, trepo, fumo
é guerra nuclear
choque de infinitos decibéis

eu anjo vulgar de falo rijo
me intitulo o rei do universo
o mais forte dos perdedores
o menos idiota dos loucos
deus punheteiro
perdido nas páginas amareladas de Sade
antonin artaud enjaulado
Rimbaud traficante
Ginsberg, LSD,  morfina
toda falange dourada
que sobrevoa por aí
fora do meu alcance

tento inutilmente
que meus braços
me envolvam e sintam
o calor que emana da luz criativa
que produzo nas pinturas

mas é tudo  em vão

as pétalas não tem mais as mesmas cores
o vento não sabe mais o que é o silêncio
a voz emudeceu  de raiva
dos ventres saíram flores
que só baco consegue ver

alexandre grande é minúsculo
perante meus olhos vazios
sou veneno que escorre
das bocas mais famintas e sacanas
de todas as cidades, espaços
- desregrado  sexual
(numa taça de vertigem)

Não... não sou mais o mesmo
que caminha portando dinamites
no letes do esquecimento
ou o delinquente fodendo bucetas
perto da policia truculenta

sou antes de tudo
o transeunte do pensamento
alguém que teve mil vidas
e sobreviveu a todas elas

“perdulário do caos
esbanjador de palavras preciosas”

cachorro louco
filho da puta
miserável, inútil
no rio borbulhante
do sabor concentrado
de sal e pimenta

a luz flamejante dos faróis
tecem bucetas coloridas
desenhadas na pele dos homens
na famosa vila mimosa
recheadas de carne e groselha

nesse banquete já me fartei

certa noite a vista de todos
enquanto chupava meu pau
todo mundo de bocage
veio a tona em minha pele lasciva
sentidos à flor da pele
raios solares
e só em silêncio, nu, de olhos fechados
percebo agora
a voltagem dos sentimentos
de forma livre
anti convencional
sacana
       divinamente sacana
entendo, penso e digo:
meu falo encontrou casa
mas só contigo abrigo


meu falo encontrou casa
mas só contigo abrigo

meu falo encontrou casa
mas só contigo abrigo.