Hoje, Fabio Barbosa além de escrever de vez em quando no Berro (não com a mesma frequência de antes),ele participa de outros fanzines. O Gambiarra, fanzine feito manualmente, o Pençá (assim mesmo, com ç e acento no a) e o aperiódico Reboco Caído onde fui entrevistado.
Para ter acesso a sua literatura é só acessar seu blog, talvez o blog onde tem mais postagens diárias que conheço:
http://rebococaido.blogspot.com/
Aí vai a entrevista que ele fez comigo. Quem se interessar em ter em mãos os meus zines, o CAMA SURTA e o MOLHO LIVRE e o REBOCO CAÍDO do Fabio é só solicitar no email: diego.doug@homail.com.
DIEGO EL KHOURI
Por Fabio da Silva Barbosa
“Meu nome é Diego El Khouri. Nasci em 21/03/ 1986. Descendente de libanês, filho da exclusão. Antes mesmo de andar, já esboçava vários desenhos e passei minha vida sonhando e respirando arte. Uma criança excluída na infância e pré adolescência tanto na escola, quanto por alguns parentes de “dinheiro”. Apanhava direto na escola por ser um moleque instrospectivo. Nos meus desenhos e textos me vingava dos carrascos. Eu era o palhaço sem graça, que tinha taras estranhas e as escondia com um temor grande. Volta e meia as revelava na minha arte. Meu primeiro livro (não publicado) foi aos 8 anos de idade. Um livro de 100 páginas chamado REI VERGONHA, onde revelo meu ego, minhas inquietações e revoltas, além do desejo de amor e paz reinando em todo planeta. Uma visão idílica da sociedade.”
Diego EL Khouri
Diego EL Khouri
Vamos começar por um assunto crítico: Guerra. Fale sobre o Líbano, a região de onde originou sua família.
Meu avô, Jamil Hanna El Khouri, teve que abandonar seu país de origem, pois seu irmão mais velho, o então ministro do Líbano, Ibrahim Hanna El Khouri, que lutava pela unificação dos países árabes, foi considerado pelo partido de oposição como facista. Meu avô, depois de rodar o
mundo todo, foi parar na cidade de Orizona (Goiás), em 1951. Se apaixonou por Zélia de Castro e se casaram. Tive outros parentes que também fugiram da guerra e vieram parar no Brasil. A cultura árabe é rica e digna. Respira arte e alegria, apesar de tudo. A guerra é apenas um lixo político que ainda sustenta suas paredes. Sempre vi a guerra como um lixo. Ela tolhe os membros e destrói a beleza. Mas a cadeia do mundo ocidental fere muito mais e é essa que eu vivo e que não tem mais cura. Minha essência está completamente ligada a exclusão, desde a minha infância, quando esboçava os primeiros desenhos. Minha vida é uma cadeia de loucos. Minha família sempre foi unida e desunida ao mesmo tempo. Ela é um dos alicerces de minha arte; a minha dor, minha raiva, minha revolta.
Quando você escreve uma mensagem, em algum momento pensa no receptor?
Escrevo apenas para lavar minha alma, exorcizar minha dor e dizer que respiro. Apesar de tudo, ainda respiro.
A verdade existe?
Hoje, pra mim, o que existe é a busca pelo equilíbrio que a vida e alguns astros me impedem de alcançar.
A vida tem sentido?
“As convicções são cárceres” como dizia o filósofo do martelo, grande Nietzsche, meu guru espiritual. Vivo sem os braços e pernas, totalmente mutilado. Anjo desnudo tragando a morte. Como um profeta bêbado, bebo vinho e saboreio o nada. Prefiro ser esse ser pedante e demodé,
totalmente sem graça. Às vezes caio numas e me vem um desespero brutal e cuspo na vida o pior que há em mim, minha vã melancolia. Se a existência é sem sentido ou uma causa perdida, não me interessa mais. Prefiro dançar e abandonar correntes que me impossibilitam de caminhar.
Uma solução final.
Uma noite de extrema volúpia e poesia...
O sofrimento passado foi importante?
Importante para ter a clara noção que tudo passa rápido e temos que buscar aquilo que os gregos sonhavam: Transformar a vida numa obra de arte. Mesmo sendo um milagre vivo da ciência, vi a Morte de perto e ouvi dos médicos “fim de linha”. Vi no rosto de familiares o prazer de me ver fraquejar. Mesmo assim, me sinto em ação. A dor me leva à poesia e a arte, e eu a abraço sem medo. Sentindo as vezes repulsa e desespero, mas entre um sonho e uma punheta, tudo continua em total harmonia com os clowns do universo, os deuses de barbas e metralhadoras nos dentes.
A poesia para você:
A única capaz de não me levar ao suicídio.
Fale sobre sua pintura.
É uma continuação de minha poesia. Gosto de encarar a arte como uma espécie de laboratório. Experimento tudo. Todas as técnicas. Até desenho com sangue próprio já fiz. Este, inclusive, expus no Teatro Basileu, França, nesse ano. O resultado, às vezes, soa estranho... Às vezes indigesto... Bebi na fonte de mestres como Modigliani e Frida Kahlo as cores de minha própria carecterística.Também encaro a pintura com uma salvação.
Os fanzines:
Uma noite de bebedeira e pronto. Criei o fanzine chamado Vertigem, com alguns amigos. Empolgado e com a ajuda da internet, divulguei no Brasil todo. Mas, percebi o descaso dos membros. Queriam que o negócio rendesse, mas não corriam atrás. Depois de um tempo, saí do projeto e sem mim ele morreu. Entrei em outro. Uma bosta! E nada! Foi um longo período. Entrei em projetos de pintura que não renderam nada. Aprendi a trabalhar só. Como sou leigo em computador, dependia dos outros. Passaram os dias e fui desenhando, escrevendo e tal. Chegou um momento que resolvi comprar, no susto, um computador e lancei o zine CAMA SURTA, o “folhetim coprofágico filosófico desimportante” como costumo dizer. Foi num período de críticas e reflexão. É um zine que pretende combater a arte extremamente racional dos dias atuais. Uma volta à um certo parnasianismo. Um parnasianismo corcunda e sem graça.
Projetos:
Continuar editando meu zine e publicar meu primeiro livro de poesias em 2011.
Fui!!!
Tenho problema terrível com o fim. Sempre me corta a alma. Melhor abrir uma cerveja e ver no que vai dar.
Tamo junto
ResponderExcluirCara, eu tinha uma porção de O Berro zine! Curti principalmente sua fidelidade à arte e à criação quando muitos que vieram do underground hoje comentam de maneira esnobe a experiência nos zines e nos botecos com as bandas independentes desfazendo de tudo e de todos. Viva a arte! Viva o Reboco que não caiu! Concreto!
ResponderExcluirindetifiquei muito com o vç pensa e sente
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