sábado, 24 de março de 2012

MEDALHA ROTA NO CANTO DA BOCA

(Por Diego El Khouri)




Aos medalhões do século que grudam seus lábios
na consciência fétida
dos poetas-loucos
uma última constatação:                           
           
                                                       a mortelevebreve


arquejando os sonhos à sensação inóspita
que o desajeito da alma anuncia
é assim a minha vida todos os dias
a flor que beija a manhã
sem aviso prévio
picotada em inúmeras faces
a camada de ozônio destruída
na boca-bueiro capitalista
a barba reluzente escondendo agonia
da face em máscara medicinal
o barulho sujo dos carros à manhã nucpcial da dor
em fileiras hediondas escravos wave foda espinhos brancos
filetes de esperma
um canto que fere outro que alivia
essa é a rotina todos os dias
o velho-menino bêbado
nas dores do álcool falido
fermentando poesia
ando só sem pai nem mãe
nem ventre nem deus
solta volta enrola e volta
a epiderme religiosa
mergulhada num mar sem fim
prodigiosa imponência lúcida
os cortes as vísceras os rins
essa é a manhã que se insinua pra mim?

Um comentário:

  1. Fantástico, simplesmente bárbaro, plangente como as cordas de um violino e violento como um raio cortando o céu noturno.

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