sábado, 7 de junho de 2014

PARTO DE UM POEMA




Postei essa semana numa rede social essa frase encontrada no filme Febre do Rato do cineasta Claudio Assis, "não tem nada, não tem espírito coletivo, não tem porra nenhuma. olha lá o festival do eu acanhado, a caravana dos milagres em realização, a lógica do umbigo miúdo, a trepada sem prazer, o futebol sem bola, a porra da boca sem a porra da língua, olha pra isso, olha, olha..." e através disso surgiu um pequeno "duelo" entre eu e a poetisa, performer e artista plástica Sheyla de Castilho. Resolvi então registrar esse momento nesse blog.

Abaixo o "duelo":


E vejo cortes, uma montanha de "fé" em ruínas, o sono dos suicidas que se mantém vivos, a mordida febril no pescoço da volúpia, as nádegas volumosas esperando paus e paus em bucetas cristalinas lutando contra o tédio, a virgem maria e seu catre em gozo fúnebre, a libido de quem ousa viver e os cortes dessa barriga em profunda comunhão com tudo e com nada... A entrada firme pedindo socorro... O sangue dos loucos na fome alheia... Deus bebendo na taça o delirio dos desesperados. (Diego El Khouri)


 eu vejo o desprezo pela fome dos que têm frio, eu vejo o desespero dos que buscam gozo em vão, dos que toleram um abraço e viram o rosto pra não se ver em outros olhos, eu vi me pedirem para me deitar em lençóis sujos de esbórnia e me contentar com o cheiro da morte do amor que não vingou. e ainda vi o aborto de olhos abertos me negando um adeus. (Sheyla de Castilho)



 Não vi a língua da libido em boca nenhuma, nem traguei o vão sumo da desordem maculado na carne pútrida da morte, nem caguei tempestades de palavras no ventre moribundo do amor puro e sem mácula, nem bebi, bandido que sou, a perversão dos ególatras vermes em cálices azuis de cálida demência, nem gozei em bocas sujas o esperma dos loucos e desvairados, pois já sou em essência a boca enfestada de fome carnal, a tempestade de versos sem fé em coisa alguma e o falo submundo da poesia que reina em noites de turbulência e pecado.  (Diego El Khouri)


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