quinta-feira, 18 de junho de 2015

USO SANGUE, NÃO TINTA PARA ESCREVER SOBRE AS ÁGUAS


(Por Edu Planchêz)



                                    
                                               "O poeta é a antena da raça!"
                                                        (Ezra Pound)
                                           "As flores vicejam mais nas páginas dos poetas
                                            do que nos jardins verdadeiros."
                                                     (Rosa Kapila)


Calmaria, parece que nada se move,

que os navios foram parafusados nos freios do mar,
que a baleia das cem bilhões de bocas engoliu
minha guitarra e todos os microfones,
que os versos meus se desprenderam do poema
e mergulharam na escuridão,
nas íris dos olhos do polvo engolidor
de planetas dourados

Mas todos aqui sabem,
o gênio de um escorpião javali   
jamais  se engessa
perante a um mar que não salga,
de um rio que não adoça,
do espadachim que não morre e nem mata   

Uso sangue, não tinta
para escrever sobre as águas,
sêmem, não óleo,
purificar a terra e o ar  

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