sexta-feira, 15 de julho de 2016

UMA NOVA VIAGEM COM DIEGO EL KHOURI



Vamos relembrar uma entrevista bacana que fiz. Essa é a segunda vez que o carioca (agora radicado no Rio Grande do Sul) me entrevistou para seu zine Reboco Caído. Na ocasião eu estava morando no Rio de Janeiro e vivia um processo desenfreado de loucura psíquica e existencial. Uma catarse que traduzia em meus quadros e poemas. Os tempos são outros, mas a subversão é a mesma. A forma de olhar o mundo é que mudou um pouco. Somos metamoforses ambulantes como dizia raulzito. Fabio da Silva Barbosa é um grande ativista, gladiador da cultura underground, um maluco lúcido e que faz da sua arte função. Indico esse blog, seu fanzine impresso e os livros que publica regularmente.
----------------- Em breve vamos novamente tomar aquela cerveja gelada! Assim espero.

"Poesia… o prato que como, a buceta que fodo, minha alma, meu corpo, meu fígado, rins, o ar, o pensamento, meus desejos, vícios, ânsias, sensações… .. e uma maneira de não enlouquecer definitivamente… "
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 REBOCO CAÍDO
 

Uma nova viagem com Diego El Khouri

06,  fevereiro, 2014

Por Fabio da Silva Barbosa
O número 1 do zine Reboco Caído trouxe um papo com esse cara -http://pt.slideshare.net/ARITANA/reboco-cado-n1-verso-p-visualizao . Nos conhecemos através do Glauco Mattoso. O Glauco mandou um zine que eu fazia na época para o Diego e daí por diante mantivemos contato. Trombamos pessoalmente na primeira viagem que essa criatura fez ao Rio de Janeiro. Foi realmente uma viagem aquele encontro. Durante toda sua estadia nos encontramos diariamente. Quando voltou para casa, continuamos a nos comunicar via internet e trocamos muitos materiais pelo correio. Atualmente ele foi de vez para o RJ (De vez é modo de dizer. Pra sempre é muito tempo) e eu parti para o RS. Mas continuamos por aí, na estrada. E como na estrada as coisas não param de acontecer, decidi que estava mais que na hora de registrarmos mais uma troca de ideias.   
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poesia:
 Poesia…  o prato que como, a buceta que fodo, minha alma, meu corpo, meu fígado, rins, o ar, o pensamento, meus desejos, vícios, ânsias, sensações…  ..  e uma maneira de não enlouquecer definitivamente… 
pintura:
 A continuação  da minha poesia… É meu “retrato” em forma de imagens dessa existência… Tenho um texto chamado “Sobre Minha pintura” que detalho bem minha arte visual. Dá pra encontrar nesse link: http://molholivre.blogspot.com.br/2013/05/sobre-pintura.html
cinema:
Sou muito ligado na crueldade delirante de Stanley Kubrick. Conheço praticamente toda sua obra. Sylvio Back pra mim está no patamar dos grandes. Quem assistiu  filmes como “Cruz e Sousa – o poeta do desterro”, “A guerra dos pelados”, “Yndio de Brasil,  “Lance maior”, etc, sabe do que estou falando. É um cineasta com olhar de poeta e um poeta (sim, ele escreve poesias) com olhar de cineasta. Visceral, intenso! Gosto muito da linguagem  fotográfica de seus filmes.  Glauber Rocha  então… puta que pariu!  “A arte é a dimensão anárquica da matéria onírica”, sempre lembro dessa sua  frase quando vejo seus filmes. Toda a violência e beleza torta do cinema do José Mojica (o eterno Zé do Caixão)  e Peter Baiestorf, outro guerreiro do trash. A pornochanchada. Claudio Assis com seu “Febre do rato” foi uma bela surpresa que conheci ano passado – arte com os dentes cerrados. Estou atualmente  mergulhado nos documentários  fincados no real, no lixo humano, na degradação do ser, em toda essa linguagem que bate de frente com o “poder” (aquele acima da política e que controla e escraviza o mundo), e aponta realmente aquilo tudo que a mídia burguesa manipuladora esconde.  Não me interesso nem um pouco nesses cineastas “bem comportados”,  como Daniel Filho, Roberto Santucci e toda essa galeria de “alegrinha” e”risonha”. Tenho vontade de colocar eles no colo e dar muitas palmadas. Quem sabe um pouco de violência não clareia suas mentes rsss.  Mas sempre Charlie Chaplin vai ser, pra mim, o número  1. Se eu fosse religioso e submisso, coisa que não sou nem um pouco, era  ele que eu chamaria de deus, pode crer  hahahhahaa.
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música:
 Música passa pelos meus poros e alma. É um prolongamento do meu corpo. Uma das coisas mais importantes da minha poesia é o rítmo. É uma das minhas paranoias. Sou um viciado, totalmente viciado.
Tenho um blog de discografias onde vou postando os discos que gosto: http://discografiabar.blogspot.com.br/ -
 dança:
A cura da enfermidade. O êxtase supremo. No meu caso, que não sou profissional, sempre  embalado pelo  álcool ou pequenas pausas  quando pinto um quadro ouvindo Miles Davis. Sempre de mãos dadas com Dionísio. 
teatro:
Ritual, celebração, orgia, desbunde, todos os orixás, deuses demônios… Pra mim, teatro, como todas as artes, tem que andar na corda bamba, beijar a boca dos limites e ultrapassá-los.  Tem que me causar espanto de alguma forma, esbugalhar meus olhos, esmurrar minha face, minha alma.  Depois que abracei a porta do hospício, entendi Antonin Artaud. “Ninguém alguma vez escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu ou inventou senão para sair do inferno”.  O teatro, quando livre, é um gozo, uma bela trepada, uma festa sem tamanho. Posso entrar e sair de todas as portas. E daí?
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 Diego El Khouri:
Alguém que viveu mil vidas e está na vida mil e um… Alguém com uma carga de experiência  intensa e visceral, altamente prazerosa e cheia de espinhos… Me sinto dançando em todas as imagens possíveis. Se quiserem me entender de fato, leiam meus poemas, fanzines, ensaios, contos, vejam minhas entrevistas, minhas pinturas, desenhos. É isso. 
 certo/errado:
Boa pergunta.
caminhos:
Uma vida inimitável e estar cada dia mais de acordo com meus sentimentos e desejos, recuperar minha psique novamente que foi abalada e respirar…Não me ver preso em uma vida castrante e subordinada…  Voar sobre a cidade… Cada vez mais alto.
Da sua cidade natal para o Rio de Janeiro:
Uma mudança natural para uma pessoa como eu, sem raízes nenhuma.

ontem:
Vejo  o “ontem” como um conto louco que passa em minha mente. Está em meus poemas e quadros e na vida louca que levo.
hoje:
Momento lúcido…
amanhã:
Não sei.

2 comentários:

  1. booooommmm saber dessa história, que parada foda ter um Planchez de um lado, o Glauco do outro, e tu dançando no fogo onde a xoxota goza na cara - evoé!

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