terça-feira, 22 de maio de 2018

OUVINDO MORPHINE

Por:Edu Planchêz 


e tudo que guardo nas fronteiras do que penso,
cabe num grão azul de luz,
numa jarra de néctar de jenipapos,
nas gamelas esculpidas por meu pai na lama da casa,
e você nem sabe que um dia sem noite paira nos escombros,
nas palhas que se movem
e para o mistério do que escrevo,
preciso convocar o sufi malungo diego el khouri
para que destampando seus olhos
e os outros olhos do que não sei descrever
se revele no desintegrar dos fantasmas
para lá das muralhas da sala,
para lá das muralhas do ventre,
dos carcomidos livros...
há algo sem sombras na pele da neve,
na pele dos amigos,
no cone das coisas que cabem na geometria
da porta que se abre agora
que escrevo ouvindo morphine

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