quinta-feira, 2 de julho de 2020

POR: EDU PLANCHÊZ MAÇÃ SILATTIAN

eu acredito ser um poeta,
a vida inteira acreditei nisso,
quando eu era menos criança,
compreendia não entender as pessoas,
nem por elas ser compreendido.
assim, passei a conversar com as aves,
com as plantas, com os cogumelos
que nasciam junto as patas dos besouros,
meu mundo era um bambual,
o curiango que voava rasteiro
pelos quebrantos da boca acalorada da noite,
e o frio se fazia personagem
no cinema da minha rica história

hoje aos novecentos e dezessete anos de vida
trago os olhos fincados nos sinos caracteres do sutra de lótus
e não pergunto a mais ninguém o nome que devo ter

estendo um raio de aranha preta até goias
para encontrar meu comparsa diego el khouri
movendo quasares, ouvindo o som fugido das fendas
da parede para nada, por nada,
por ser poeta tal como eu e joka faria,
por ser dragão de carvão mineral
rabiscando mapas orgânicos
no corpo, no próprio corpo, no corpo das horas,
no corpo do escorpião do céu
que vejo da janela do expresso blues




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