(Por Diego EL Khouri)
Que sismas cai sobre a terra
para que eu pudesse observar com calma
o pleno horizonte de escamas douradas?
Que frio é calmo eu sei
mas quem se apresenta de dentes cerrados
a esbravejar inúteis palavras de guerra?
Com medo permaneces calada
e com medo comandas tuas frases.
A minha barba eu não mais faço.
Com ela escondo a agonia inconfessável
que perambula por todos os poros da alma.
Uma adolescência ao lado do crime.
Corpos em combustão. A nuca plena de desejo
dessas mulheres... ah lábios murmurantes
desmedida volúpia que não cessa!
Me excedo em caos liberto
libertino de todas paragens
uma infância imobilizada
no delírio da viagem.
Hoje um poeta velho
num corpo jovem enfermo
cantarolando músicas baixinhas
mostrando o pau pra qualquer uma
o horizonte que se desfez
tecendo lágrimas num mar incomum.
E canto como o último gozo
a estampar essa face sempre cínica
socialista arfante
um bardo a roubar corações
na paixão delirante.
Canto para esse ventre sujo
que moldou minha poesia de escárnio
e essa mãe doente
a eternizar o sofrimento em arte.
Canto para quem move montanhas
e quem nem acredita nelas.
Canto para homens e mulheres
que se entrelacem e virem um corpo só.
Canto para a dona de casa,
o professor e a empregada,
só não canto pra polícia
o estado e essa raça do caralho.
Nem canto para as regras
meu olhar vítreo é um veneno cego
a espreitar na janela
fogo imortal monódico
sem faísca e quimera.
Canto pois desafino
e desafinar é a beleza sem meta
me sinto foragido de mim mesmo
a usar as rimas mais bregas.
Canto com as armas
apontadas para a platéia
desavisada das atrocidades
que vociferam e incomodam tanta regra.
Canto que me deixe
que a fala seja deleite
de quem só sabe berrar.
E eu berro e canto
destroçando leis
em plena praia do leme
pelado mais uma vez.
mais uma vez pelado
em frente a polícia
soco no estômago e porrada
enfim... mais uma poesia.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
ZINE BRENFA - EDIÇÃO NR 01 E NR 02
Por Diego El Khouri e Ivan Silva.
Email para contato:
Diego EL Khouri - elkhouri.diego@hotmail.com
Ivan Silva - isrbaixo@hotmail.com
*Em breve estará saindo a terceira edição.
domingo, 25 de novembro de 2012
sábado, 24 de novembro de 2012
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
JORNADA DIÁRIA
(Por Diego El Khouri)
Preciso de um instante de lucidez.
Atravesso a Avenida Goiás.
Furto um cigarro de um neo hippie bêbado.
Chego no Lago das Rosas, atravesso a Anhanguera.
Penso na língua no meio das pernas
e na poesia que escrevi nas noites belas.
No Novo Mundo me perco, durmo
na Praça Cívica e acordo molhado.
Era uma incômoda chuva de março.
Ouço um blues no Setor Sul.
Tenho desejos de mulher grávida.
Me encarcero então no subúrbio
onde reinam pombos viados e putas universitárias.
E termino no interior sem nenhum puto no bolso.
19,09,08
terça-feira, 20 de novembro de 2012
INFÂNCIA II
(Por Diego El Khouri)
pés de arame
olhar turvo cabeça esquia
esse é o poeta que se perdeu no caminho
trânsfuga de paragens comuns
bebedor de vinho
aquele que se instala em lugar nenhum
amante imoral
que comeu a fruta proibida
e transita por debaixo do coração da cidade
louco bêbado fedido
a barba messiânica esconde o sorriso
um raio de luz
a beleza do olhar
bruma estrelas transparentes
Sodoma acorda
me abrigo e olho
mil montanhas se despedaçando
- cinzas envolventes -
AMPLIAM! SONDAM!
todo o prazer
criança novamenee
filho de Xangô
orixá do trovão
criança incestuosa
a pernoitar noites e noites sobre livros
e tabaco
criança pura engenhosa
volta
volta
volta
acorda
e paralisa o relógio da memória
criança ardente
pele macia sem cicatriz
novamente
Sodoma e Altar
SEM PÁTRIA NEM DEUS
(Por Diego El Khouri)
te devoro enlouquecidamente com os desejos aflorados do instinto comendo seu cu, sua buceta e a agonia que trazemos de séculos de luta e sangue. fantasmas do amor, das sombras, sem pudor algum nos lambemos, barco a deriva, explosões de fogo no céu escarlate, sou seu hoje, de mais ninguém, minha língua ávida, caminho tortuoso do tesão, desce de seus seios depois de morder o pescoço, escorre pela barriga até chegar na zona monumental dos prazeres e chupo sua buceta até estralar (o amor tem seu barulho característico) (...),sou deus do despudor, você rainha do pecado, juntos somos os donos do universo pois paralisamos o destino no sexo, na noite, no olhar, no êxtase, na volúpia sem regras; não temos deus nem pátria, apenas eu e você, mais ninguém.
domingo, 18 de novembro de 2012
LADRÃO CONFESSO
(Por Diego El Khouri)
sinto todas as curvas da estrada
fugitivo de qualquer governo ou polícia
fugitivo nato, trânsfuga, carrapato
sempre do lado de quem está errado
perdi a vida toda lambendo sapatos
roubo livros, comida, ideias passadas
em poesias amassadas no guardanapo
beber até a última gota qualquer viagem
o poeta entra e os pedantes se afastam
se bem que no meio há muitos poetas
que não valem nada.
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