sexta-feira, 16 de setembro de 2011

SOMENTE

(Por Diego El Khouri)

Olhos de percepção floral
caminho dentro da noite
no espelho de mil fantasias
onde o peito baleado
é retrato passado
de um olho imaculado.

Caminhas dentro
do dorso do meu pensamento
enquanto as paredes se fecham
apertando meus ombros
e minha melancolia crescendo
que se esvai em sangue
resplandecendo  no céu
de infinitos cânticos
secando meu pranto.

A bala há seis anos alojada na alma
nas engrenagens, nas máquinas
nos tubos e nas válvulas
roendo a garganta
que antes sussurrava poesia
hoje só busca  alegria.

Aqui, , bêbado e pelado
a fumaça chicoteando minha alma
suja cheia de feridas fatiadas
um anjo chulo e drogado
triturado na profecia sem graça
perdida enfileirada no meio do Nada
que sobrevive a sala.

Resquícios subalternos da noite que não cala
sou todo essa vala
sonhos submersos na agonia não falada
aberta como um câncer que não fala
-- só se cala --
perante a noite que sorri dentro de minha casa.

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