quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MANIFESTO DA PORNOESIA NO CAMPO DESABITADO DA MELODIA

 (Por Diego El Khouri)
***


-- Um apelo à pornografia poética.


Missionários da palavra
que travam a inútil batalha da gramática
reivindicamos a orgia socialista
quanto a felação sodomita
somos arcanjos sem papo na língua
quero a poesia cada vez mais vadia
um canto sujo e anarquista
que desenterre da barriga da hipocrisia
uma "verdade" que seja mais bonita
e tragam aos olhos poéticos estranhos medos
que clareiem na mente tanto a causa quanto o efeito
quero a poesia sem nenhum receio
somos seres de pele
aprisionados em mentiras tétricas
louvamos a poesia sem métrica
e aquela que mesmo dentro das regras
perverte os clichês e as frases belas
somos poetas da merda
esporramos pelas pernas queimamos mil cédulas
barbudos homens profetas mulheres sem pudor
num apelo rápido do bardo do século
enfiamos um palavrão desconexo
nas rimas perfeitas e nada belas
enfim quero a poesia suja e brega (!!)
uma explosão de enfinitas putarias
um canto sublime da revolução mística
budista marxista sadomasoquista
que purifique na alma  a agonia
um misto de pau, buceta e paraíso
a real essência da poesia
o caminho derradeiro 
      entre
                       a orgia selvagem
o inóspito campo desabitado
e a melodia sacana mergulhada em psicodélicas miragens.


*** Obra do pintor Toulouse Lautrec

2 comentários:

  1. Esse poema me parece uma autobiografia dos poetas contemporâneos.
    Sentiu ai dentro de sí: a angustia nossa aCUmulada.

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