sábado, 3 de dezembro de 2011

MONÓLOGO DENTRO DA NOITE INFINITA

(Por Diego El khouri digitado por Ivan Silva)

Senhoras e senhores
Trago boas novas
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva-viva!
Cazuza 



Os olhos da noite
atravessam meu fogo.
Durmo dentro de um raro conforto
e mesmo assim é tudo fogo.

Abertas essas janelas
nas horas vagas de tédio.
Um fogo queima e alivia
talvez um necessário remédio.

II

E a bunda chula
grudada nessa cama farta
no escuro da noite falida.

Poetas vagam nos vagões de descarga
alimentando o sereno
num trago voraz de veneno.

--esdrúxulos sentimentos--

(ao tédio que atravessa nossos crânios
um brinde subalterno!)

III

Risadas monódicas
na infância  que me beija.
Sinto a música ecoar a dança
na loucura que fez-me poeta

(língua ferina de merda)

mas 

                                        ainda

                                                                            resta

o amor.

IV

Língua nas trincheiras do acaso
meu Lar:
cortes profundos na alma.

VI

Reza à vela
olhos sem freio.

Nós cuspimos Deus (?)

Na órbita do céu da boca
dançando pelados
na fogueira que beija minha face.

VII

Último verso, último retrato
a mesma agonia.
Sem ti me sinto perdido.
Minha boca que não se alimenta sozinha.
Eu busquei o perigo.
Sou poeta sem vírgulas e sem rima.

VIII

primeiro me fechei à vida
apanhei no dia
beijei a doce melancolia
para que depois
ausente de mim mesmo
me lançasse à vida
me sentisse vivo
amasse o dia
esperasse a alegria
para que no fim
as cicatrizes roubassem
um pouco da minha energia.

IX

luta de classes
dentro do meu estômago
ó reinos desconhecidos
onde reinam a magia
quero o escarro dos seus limites

uns rezam, outros sonham.
eu digo: vixi!!

X

sou belo
quando me sinto eterno
e se estou enfermo
é que na verdade
para o poeta
só existe inferno

XI

a dor da face que 
    se perdeu
nem de longe é
a ausência do seu nome
é antes uma vontade súbita de chorar
solitário à deriva
como marionete suja, doente, desidratada e vulgar
calçando a bota
mais apertada do dia/ numa  prisão suicida/
assim sou eu:
travestido de cores
ausente de fome
profeta do álcool ditirâmbico
cicatrizes que se espalham
desse inóspito lar
minha
alma
C
A
L
E
J
a
d
a

( . )




Voltei das cinzas
para que em seus olhos, ó poesia
eu pudesse respirar
ato que há nove anos procuro.

Goiânia, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Bolívia e a  puta que pariu, me aguardem. 

2012 vou botar pra fuder!!



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