domingo, 24 de junho de 2012

LUZ REFLETIDA

(Diego EL Khouri)

olhei para ti como a última
em seus olhos pude ver a luz
era um fogo tão voraz tão intenso
mistura de instinto e sentimento
era como a vida que sorria
nesse infinito desespero
em seus olhos pude a luz pude ver
apalpando com a mão todo o seu querer
aquilo não podia acontecer
ela sob o corpo aquecido do amor
gemia gemia às vezes de raiva
porém muitas vezes de calor
ela era linda e eu um bardo sem pudor
não atendi a consciência
essa destruidora de prazeres
e fui me perdendo em seus delírios quereres
as línguas se digladiavam
enquanto mãos se tocavam aquecidas
esquecendo a alma esquecendo a vida
os pássaros que cantam a marchinha da alegria
fumaça canábica brincando
dentro da Poesia
no bar o garçom só nos atendia
a multidão perplexa perante
os fogos de artifício que cuspia da libido
não ria porém eu ria
dentro das paredes fixas
minha mão atravessou os seus limites
limitado me sinto
ao ver dentro do meu do meu peito o vazio
assim eu me sinto
dentro da minha loucura eu te perseguia
você me perseguia
"o homem é um carnívoro se experimentando"
Michael McClure dizia
o meu músculo crescia
e crescia
e crescia
ultrapassando os limites
como ave como cotovia
e ela via e via e sentia
que aquilo ali não era só Poesia
ela via
e a Poesia-clown sem graça ria
e ela via a Poesia que crescia
abrindo o zíper e crescia
a Poesia o Ritmo a Melodia
e ela via e via gritava e se debatia
e engolia
engolia
engolia
engolia
engolia
a última gota da Poesia.

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