sábado, 6 de outubro de 2012

LAPA


(Por Diego El Khouri)

 sóis contidos na atmosfera lenta
são as vozes que se anunciam no âmago
já adormecido da manhã  tristonha
pura maciez  de pele- carmim
pura boca molhada nessa manhã azul morena que transita pensamentos
corre olhos pela epiderme moscadeira
gosto de volúpia e pecado
nesses copos que arcos direcionam
minha vida de séculos na noite-crápula
ó quanta dor
pelo estômago repousa
após uma internação em São Paulo (!)
há uma triste  final de tarde em qualquer comércio vagabundo
 lei do mercado
"céu trágico"
camadas de ódio e uma infância trancafiada
no futuro que  passou
"epíteto de ordem abstrata
aplicada a um ser material"
"se imagina um adorador nato do fogo"
as punhaladas sucessivas buscam saída
por toda minha barriga
Rio de Janeiro, cidade das possibilidades,
crianças putrefatas
o lindo corcovado
exuberante e covarde
uma  fina corrente sanguínea sobrevoa ipanema
curicica estou
e as dores nupciais da arte
pelos vãos do caminho sobressaem
não há dinheiro a se conquistar
punhado de vermes
os anjos estão em  greve
ermos túmulos de merda
ontogonias formas sucessivas de crimes
boletim de ocorrência senhor el khouri
lapa dos bares que me seduzem
e da beleza que  queima a alma
de pau duro
o amor subtrai angústias
agora sim não há portas
o sentido se perdeu
o que mudou?
apenas um solitário abajur na caverna
o amor em frangalhos
lapa das putas transitórias, dos travestis, das drogas e do abraço correspondido
em corpos suicidas
copos vazios, torpes famintos, boca aberta em transe,
e esse silêncio que se apoderou de mim há mais de ano
e que agora
 cansa
 e me cansa.


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